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44 titles
- DirectorGary WinickStarsKate HudsonAnne HathawayCandice BergenTwo best friends become rivals when they schedule their respective weddings on the same day.[Mov 02 IMDB 5,1/10 {Video/@@} M/24
NOIVAS EM GUERRA
(Bride Wars, 2009)
"O excesso de futilidade e a implicância em não ter uma cena sequer minimamente original coloca esta comédia romântica no piso qualitativo do seu gênero." (Alexandre Koball)
"Quase escapa de ser um filme banal, ao focar na amizade e não no romance. Quase." (Felipe Tostes)
Comédia romântica observa essa criatura anacrônica conhecida como Bridezilla.
"Amigas de infância crescem sonhando em se casar no Plaza Hotel de Nova York. Aos 30 e poucos anos, ambas estão prestes a relizar juntas seu principal projeto de vida. "Noivas em Guerras" (Bride Wars, 2008) não esclarece, mas parece que a trama se passa nos dias atuais, e não nos anos 50. Piadinha à parte, não dá pra dizer que a nova comédia romântica de Gary Winick (De Repente 30) é um ofensivo anacronismo, porque quem já viu pelo menos um episódio desses reality shows de noivado, como Bridezillas, sabe que de fato resiste ao tempo essa criatura jurássica que é a mulher sem interesses ávida para se vestir de branco. O que o filme de Winick faz é expor as noivas Godzillas - e por tabela expor o espectador - à vergonha pública. Kate Hudson se encontra em seu habitat natural, como a egocêntrica Liv, enquanto Anne Hathaway, a prestativa Emma, está infinitamente melhor em outro casamento, o de Rachel. A tal guerra começa porque a secretária da planejadora de casamentos fez uma confusão e marcou o casório de Emma e Liv para o mesmo dia - e agora nenhuma das duas quer desmarcar. "Noivas em Guerra" não é deprimente por causa das noivas nervosas, mas pelo retrato que se faz delas, e das mulheres em geral (a secretária que faz a burrada tinha que ser a tiazona feia...). Winick vai do chauvinista (a câmera sobe olhando Kate Hudson começando pelas pernas, como se fosse um pedreiro) ao abertamente misógino (faz uma perder o cabelo, a outra ficar laranja, etc). É uma fórmula que já se provou boa de público, a de Noivas em Guerra. Temos várias situações cômicas que apresentam belas jovens como se fossem o Stan Laurel e o Oliver Hardy modernos - a diferença é que o nome da dupla teria que ser A Magra e a Magra - misturadas a momentos de gravidade, o fiapo de melodrama que toca a trama adiante. E nem nessa hora de fazer chorar Winick acerta a mão: a personagem tem dúvidas se deve ou não se casar e o marido faz o favor de roncar na cama... Sem condição." (Marcelo Hessel)
"Hollywood vem se aperfeiçoando na arte de fazer mais do mesmo. Seja repetindo fórmulas, temáticas, estruturas de roteiro, personagens estereotipadas e mensagens água com açúcar no fim. "Noivas em Guerra" é um produto dessa safra: mais do mesmo. O argumento se concentra em duas mulheres opostas, que se completam em uma amizade que dura mais de 20 anos. Liv (Kate Hudson) é a gordinha durona coração-de-pedra que domina a todos, enquanto Emma (Anne Hathaway) é a boazinha que tem medo da rejeição. A amizade é abalada quando, por acidente, a data do casamento de ambas é marcada para o mesmo dia. Elas entram em uma guerra frontal e baixa. O diretor Gary Winick (De Repente 30) sabe que comédias rasgadas atraem público e senta o pé no acelerador. Noivas em Guerra, que arrecadou cerca de US$ 47 milhões a mais do que custou para ser produzido, é uma sequência de situações bizarras envolvendo a disputa das duas, sem muita elaboração de roteiro. Uma sabota a tinta de cabelo da ex-amiga, a outra exagera no bronzeamento artificial da rival, a magrinha explora a tentação por chocolates da gordinha e por aí vai uma série de cenas-confrontos. É óbvio que as situações são engraçadas e funcionam para tirar risadas dos espectadores. Hudson e Hathaway estão confortáveis em suas personagens. Pena que o diretor exija que elas exagerem em todos os trejeitos. Afinal, aposta em dois clichês: a durona medrosa dos traumas do passado e a boazinha que guarda um lado sombrio aguardando para aflorar. Winick não se esforça em deixá-las um pouco mais complexas, tudo é direto e fácil, inicia e se encerra completamente dentro da sala de cinema. Para piorar, há uma narração de Marion St. Claire (Candice Bergen), a organizadora dos casamentos, tão didática como em filmes sobre História. Para salvar, há Kristen Johnston interpretando Deb, uma professora despirocada que usa Emma sempre que pode. Nos momentos em que está em cena, Johnston torna Noivas em Guerra um aperitivo cômico mais interessante e dá força a Hudson e Hathaway. Quando sai, o filme volta a ser o que era: mais do mesmo." (Heitor Augusto)
"A trama é narrada por Marion St. Claire (Candice Bergen e sua voz pouco convencional), uma mulher poderosa no universo dos casamentos novaiorquinos. Ela conta, desde a infância, a história das amigas Liv (Kate Hudson) e Emma (Anne Hathaway), que sempre sonharam com o dia em que subiriam ao altar e trocariam votos de felicidade eterna. Os detalhes de ambos os casamentos eram rígidos, incluindo realizá-los no Plaza Hotel, um dos lugares mais badalados de Nova York. Já adultas, Liv é uma advogada irredutível e respeitada por sua equipe. Ela namora Daniel (Steve Howey). Emma é uma professora de grande coração que geralmente não sabe dizer não aos abusos profissionais de Deb (Kristen Jonhston), sua colega de trabalho. Emma namora Fletcher (Chris Pratt). A vida das amigas é feliz e saudável até que elas são pedidas em casamento e precisam disputar por uma data no Plaza Hotel, pelos convidados, pelos adereços, enfim, por tudo. A trama foi concebida pelos pouco experientes Greg DePaul e Casey Wilson, que decidem ter a temática de casamento como atrativo do longa. Somado a isso, eles possuem a presença das atrizes Kate Hudson e Anne Hathaway, especialmente esta última, em uma fase grandiosa em sua carreira. Porém, não basta ter duas estrelas no elenco para contar uma boa história, basta criatividade e senso de humor. O simpático Vestida Para Casar mostra que, mesmo com os clichês básicos do gênero comédia romântica e do subgênero casamento, é possível se utilizar de artifícios e boas piadas para entreter o público. Em "Noivas em Guerra", DePaul e Wilson não saem do lugar comum. Eles mostram, pelos olhos de uma narradora que pouco importa na película, a amizade avassaladora de Liv e Emma, e o sonho de ambas em se casar com os namorados. De repente, à vista do primeiro problema que poderia atrapalhar a cerimônia de ambas, elas começam a se confrontar fisica e psicologicamente, como se aqueles anos de amizade nem existissem. Tudo bem, o ego delas ficou ferido ao perceber que nem Liv nem Emma estavam dispostas a abrir mão do que queriam pela amizade. Porém, o que poderia ser resolvido facilmente acaba sendo um vulcão na vida delas. Oras, se elas são tão amigas, por que não casarem no mesmo dia, se utilizando do espaço que elas tanto sonharam, com os mesmos convidados, os mesmos arranjos, buffet e tudo mais? Se a amizade delas era tão verdadeira e desde o berço, elas provavelmente aceitariam e ficariam feliz em se casar na mesma ocasião. Quando isso é proposto por Daniel e Fletcher, elas não dão o braço a torcer. Lógico, se isso acontecesse, o filme acabaria com meia hora de projeção. A partir daí, elas viram gladiadoras em busca de machucar a outra. Aquela amizade cheia de sorrisos agora dá espaço a ofensas e trapaças. É exatamente aí que aparece o maior problema: a falta de situações que façam o público reagir com o que está sendo visto em cena. Os clichês acontecem aos montes, enquanto outros momentos novos viram escatologia. Emma fica com a pele dourada e Liv com o cabelo azul. Emma dá doces para Liv, que em momento algum realmente engorda para usar o clichê do vestido não cabe em mim. Nada, nenhuma novidade na trama. O pior de tudo é esperar por novas motivações e pela inteligência das personagens. Já que elas se conhecem tão bem, poderiam inclusive fugir dos clichês e se confrontarem de forma mais pessoal, como acontece na sequência final no casamento de Emma com um vídeo constrangedor sendo exibido. A falta de idéias dos roteiristas permeiam a projeção e fazem com que o momento mais engraçado seja com um grito pouco natural de bitch em cena. O resto pouco importa. Para completar a inexperiência dos roteiristas, o diretor Gary Winick, responsável pelos regulares A Menina e o Porquinho e De Repente 30, não tem facilidade com a narrativa do longa, abusando dos contraplanos mal feitos, além do infortúnio de uma edição ineficaz. Porém, se Winick pode ser lembrado neste filme é por saber conduzir, ao menos, as duas protagonistas. Winick arranca principalmente de Kate Hudson uma naturalidade que há muito tempo a atriz não cedia às telonas. Já Anne Hathaway sabe dosar a personalidade, ora sendo apagada, ora se revelando mais ousada. As duas possuem boa química juntas e talvez isso seja a única motivação para assistir ao longa, já que suas personagens são escravizadas pela falta de criatividade da história. O restante do elenco não passa de meros coadjuvantes cujas vozes não importam muito e nem interferem na trama principal. Nem a própria narradora tem esse poder. "Noivas em Guerra" não cativa, muito menos proporciona bons momentos ao espectador. É daqueles filmes que sabemos o começo, meio e fim, por justamente não nos apresentar a uma história nova, ainda que utilize um tema batido. A sensação final é do mau uso do talento de Kate Hudson e Anne Hathaway e da perda de tempo do espectador." (Diego Benevides)
Fox 2000 Pictures Regency Enterprises New Regency Pictures Firm Films Dune Entertainment Sunrise Entertainment
Director: Gary Winick
56.112 users / 2.360 face
Soundtrack Rock = The Submarines
Check-Ins 79 30 Metacritic
Date 26/09/2012 Poster - # - DirectorRichard EyreStarsCate BlanchettJudi DenchAndrew SimpsonA veteran high school teacher befriends a younger art teacher, who is having an affair with one of her fifteen-year-old students. However, her intentions with this new "friend" also go well beyond a platonic friendship.[Mov 07 IMDB 7,5/10 {Video/@@@} M/73
NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO
(Notes on a Scandal, 2006)
"Tinha tudo pra parecer filme de Super Cine, com roteiro apelativo, interpretações exageradas e drama cafona, mas tudo é muito bem empregado e, se Blanchett está bem, o que Judi Dench faz, da narração em off (que funciona) à atuação em si, é incrível!" (Rodrigo Torres de Souza)
"Aqui a teoria funciona ao contrário: vale mais pelas somas das partes (atuações sobretudo) do que pelo todo." (Heitor Romero)
Prova de que o cinema pode ser a melhor diversão sem abrir as pernas para comercialismos vulgares ou imbecis.
"Outra boa atuação de dame Judi Dench no cinema, melhor filme do diretor inglês Richard Eyre (que já havia feito os ótimos Iris e A Bela do Palco), uma das melhores trilhas sonoras de Phillip Glass para o cinema (mesmo sabendo que ele está fez mais de 70 deles) e um bom trabalho de Cate Blanchett: ''Notas sobre um Escândalo'' é, com tamanho acúmulo de referências, é um dos melhores filme de 2006. Trata-se de um suspense psicológico, bem interpretado, com roteiro esperto de Patrick Marber (autor da peça Perto Demais) e direção arguta, embalado pela marcante trilha do compositor minimalista americano e pela fotografia do aclamado Chris Menges (dois Oscar por trabalhos menores, A Missão e Os Gritos do Silêncio). Conta a história de duas mulheres enredadas, pela solidão de ambas, numa trama de patologia e sofrimento, incompreensões e maldades, que as fará mergulhar no poço escuro e fundo das duas – para citar a música do Chico. Um filme duro. Sheba Hart (Blanchett) é a professora de arte novata numa escola barra-pesada dos subúrbios de Londres (antes recolhíamos as revistas pornôs dos alunos, agora são facas e o crack, e chamam isso de progresso). Atrapalhada, sem conseguir controlar a classe, é ajudada pela bruxa local, Barbara Covett (Dench), a cínica, ácida e perversa professora de história. Infeliz no casamento com Richard (Bill Nighy), Sheba acaba se envolvendo com um de seus alunos de 15 anos, Steven (o irlandês Andrew Simpson) – com direito a cena de limpar a boca de sêmen. São descobertos por Barbara, que vê na situação uma maravilhosa oportunidade de afinal ter uma amiga para a velhice, apavorada que estava com a idéia de terminar sozinha os seus últimos dias. Se ambas já eram infelizes e solitárias antes, a vida torna-se um pesadelo. Barbara torna-se cada vez mais possessiva e ciumenta. Ao não atender a todas suas demandas, Barbara então espalha a notícia do assédio sexual para desgraçar a vida da outra. Só que, numa dessas reviravoltas da vida, acaba indo junto para o buraco – que ela não vê apenas como martírio. A Barbara de dame Judi Dench (dama desde 1998) está acabada, envelhecida, amarga, com uma horrenda tintura de cabelo, responsável pelo humor da trama (humor sarcástico, claro). Fica de longe secando o corpão de Cate Blanchett, sonhando em tocá-lo, até que um dia tenta se satisfazer, resultando num momento constrangedor. A combustão da duas em cena explode em ambientes fechados, claustrofóbicos, escuros - e música exasperante. Richard Eyre é consagrado como um dos maiores diretores de teatro da Inglaterra hoje, formando com Stephen Daldry (Billy Elliot e As Horas) e Sam Mendes (Beleza Americana) a trinca que passou ao cinema com sucesso. Sua especialidade são os atores. Seu olhar mira o que há de pior no ser humano. Seus intérpretes estão sempre bons em cena, dando o melhor de si, quando não em raros momentos de felicidade. Em Notas, apoiado nos diálogos rápidos e ríspidos, leva os atores a darem o melhor de si. Eyre está hoje tanto em Nova York quando em Londres com uma nova e elogiada versão do musical Mary Poppins (ingressos esgotados), além de monopolizar as boas críticas na remontagem do clássico de Henrik Ibsen Heddla Glaber, no West End londrino, exatamente com Bill Nighy. Eyre é diretor do Royal National Theatre, onde já dirigiu mais de 27 peças, algumas históricas, com os melhores atores da Inglaterra: As Bruxas de Salém, com Liam Neeson, Ponto de Vista, com Judi Dench (no Brasil, foi interpretada por Beatriz Segall), Richard III, com Iam McKellen, e Rei Lear, com Iam Holm. Baseado no livro What was she thinking: notes on a scandal, de Zoë Heller, ganhadora do Pulitzer e do Man Boker, o filme foi produzido pela dupla Scott Rudin e Robert Fox, que estão por trás do que há de melhor sendo feito nos últimos anos: Iris, As Horas, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, A Rainha, As Cinzas de Angela, Perto Demais e um longo etc. Rudin é um mago. Sozinho já venceu cinco prêmios Tony de melhor peça: o musical Passion, a magnífica Copenhagen, A Cabra – ou quem é Silvia (de Edward Albee), Dúvida e a melhor do ano passado, The History Boys, também vertida para o cinema. É um artista no seu auge. Se A Rainha vencer o Oscar, Rudin será o primeiro artista da história a vencer no mesmo ano o Tony e o Oscar. Um dos raros produtores a se dedicar, com sucessos, a filmes de orçamento médio de temática adulta, Rudin trouxe sua experiência no teatro para elevar o cinema de sua mediocridade atual – daí se destacar tanto em pouco tempo, dado o deserto atual. Suas contribuições, como este Notas sobre um Escândalo, mostram que dá sim para o cinema ser ainda a melhor diversão." (Demetrius Caesar)
Drama indicado a quatro Oscar oscila da crônica social ao thriller-de-psicopata.
"O acúmulo de grandes nomes em ''Notas sobre um Escândalo''(Notes on a scandal, 2006) é expressivo. No elenco, Judi Dench (a M dos recentes 007) e Cate Blanchett (O Custo da Coragem, O Aviador). No roteiro, o dramaturgo Patrick Marber, célebre autor da peça que deu origem a Perto demais. Na trilha sonora, o compositor Philip Glass, forte no cinema desde a trilogia Qatsi até o Oscar a que foi indicado por As Horas. ''Notas sobre um Escândalo'' recebeu quatro indicações ao careca dourado - não por acaso, atriz principal, atriz coadjuvante, roteiro adaptado e trilha sonora. São quatro performances que chamam a atenção, justamente o que o Oscar valoriza. Acontece que chamam atenção demais, especialmente texto e música. As duas atrizes mantêm o tom de atuação discreto, mas Marber gosta de uma teatralização, ou seja, de sobrecarregar de falas momentos que deveriam ser narrados com imagens. O mesmo acontece com Glass, que compõe de maneira a hiperdramatizar as cenas, uma trilha taquicárdica de arpejos e repetições, parecidíssima com a que ele compôs para os instantes de tensão em As Horas. Reunidos, esses elementos deixam o ar de ''Notas sobre um Escândalo'' não só pesado como às vezes irrespirável. Se a intenção do diretor Richard Eyre (Iris), ao adaptar ao cinema o romance What was she thinking?, de Zoë Heller, era sufocar o espectador com o seu exercício de sensacionalismo, o objetivo foi alcançado - menos por seu trabalho de câmera e mais pela relação de som e encenação. Na trama, Blanchett vive Sheba Hart, uma professora de arte estreante na escola em que Barbara Covett (Dench) leciona História há anos. Sheba é o símbolo do idealismo que ainda não se desiludiu, Barbara representa o niilismo encascado com o tempo. Quando a sensual e atrapalhada novata não consegue domar seus alunos, a veterana acode. As duas ficam amigas - na intimidade, Barbara passa a narrar em um diário a sua aproximação de Sheba. O escândalo do título já se pronuncia, no começo do filme, quando a câmera se detém por segundos em Steven Connelly (Andrew Simpson), aluno de quinze anos. O tempo de tela dispensado ao belo garoto, enquanto Sheba o observa à distância, anuncia o que virá. Aluno e professora têm um caso. Barbara descobre, promete que não revelará o segredo - e, enquanto aconselha Sheba a encerrar a relação indevida, enxerga no episódio a chance de conquistar definitivamente a amizade da sua protegida. Justiça seja feita a Marber, a narração em off do começo do filme, na qual Barbara critica com crueldade a rotina e o estilo de vida de Sheba, é de impacto eficiente (ainda mais quando Dench não deixa transparecer, na sua fisionomia, todos aqueles pensamentos verbalizados apenas para o espectador). Mas não é difícil, com o passar dos minutos, identificar na visão de mundo de Barbara os modos típicos de um stalker, o psicopata carente de atenção que elege uma vítima para ser seu objeto de afeição. A personagem de Dench começa o filme como uma espécie de cronista da mediocridade, mas termina diminuída pela simplificação do thriller-de-maníaco. Se você já viu Louca Obsessão ou Estranha Obsessão sabe bem o que esperar do subgênero - e não é ''Notas sobre um Escândalo'' que o revolucionará. O máximo que o filme consegue, com a ajuda de Philip Glass, é fazer um pouco de barulho." (Marcelo Hessel)
"Barbara Covett (Judi Dench) é professora veterana, numa escola para adolescentes. Em seu diário, ela anota todas as impressões que lhe ocorrem durante o dia, em comentários sarcásticos. É neste diário, que Barbara narra a chegada da professora novata Sheba Hart (Cate Blanchett). Sheba inicia suas atividades repleta de idealismo, mas logo descobre que os alunos estão pouco interessados em suas aulas. Quando de uma briga entre dois deles, Barbara auxília Sheba a controlar a turma. Deste evento, nasce uma amizade entre as duas. Para Sheba, Barbara é a conselheira mais velha, uma mentora. Para Barbara, Sheba é a companheira que ela sempre esperou. Porém, quando Barbara descobre que Sheba está tendo relações sexuais com um aluno de apenas 15 anos, ela vê a oportunidade para dominar Sheba e transformar a vida dela num inferno. "Notas Sobre um Escândalo" aborda o complicado campo dos relacionamentos humanos. Por um lado, a perspectiva duma jovem, erótica, casada com um homem muito mais velho, oprimida pela vida conjugal cotidiana e que vê num menino a oportunidade de libertação e transgressão; por outro, a visão duma senhora, frustrada, com desejos reprimidos, provavelmente homossexual, desesperada pela idéia de morrer sozinha, cujo único confidente são seus diários. O mais curioso deste filme é que, apesar da falha trágica de ambas as protagonistas, nós ainda torcemos e, ao mesmo tempo, odiamos as duas. É como se tanto em Barbara quanto em Sheba estivessem espelhados um pouco de nossa natureza humana, contraditória e vergonhosa. A atuação de Judie Dench é memorável e a característica trilha sonora de Philip Glass sempre em sintonia. Um ótimo filme, angustiante e surpreendente." (Henry Alfred Bugalho)
79*2007 Oscar / 64*2007 Globo / 2006 Urso de Ouro
Fox Searchlight Pictures DNA Films UK Film Council BBC Films Scott Rudin Productions Ingenious Film Partners
Diretor: Richard Eyre
57.372 users / 2.807 face
Sountrack Rock = Toots & The Maytals + Siouxsie and the Banshees
Check-In 96
Date 10/10/2012 Poster - ####### - DirectorSusanne OfteringerStarsNicoTina AumontChristian PäffgenA look into the many lives of Christa Päffgen, otherwise known as Nico; from cutie German mädchen to the first of the supermodels, to glamorous diva of the Velvet Underground, to cult item, junkie and hag. Many faces for the same woman, whom, you realize, just couldn't bring herself to care enough to live.[Mov 10 Fav IMDB 7,2/10] {Video/@@@@@}
NICO ICON
(Nico Icon, 1995)
''Documentário acerca da conturbada trajetória da cantora e atriz Nico (Christa Päffgen — Köln, Alemanha, 16 de outubro de 1938 - Ibiza, Espanha, 18 de julho de 1988)". (Filmow)
*****
''Um olhar para as muitas vidas de Christa Paffgen, também conhecida como Nico; de Cutie Mädchen alemão para a primeira das supermodelos, a diva glamourosa do Velvet Underground, o item culto, drogada e bruxa. Muitos rostos para a mesma mulher, a quem, você percebe, simplesmente não conseguia se importa o suficiente para viver" (Miguel Cane)
Bluehorse Films CIAK Filmproduktion Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF)
Diretor: Susanne Ofteringer
512 users / 67 face
Sountrack Rock = The Velvet Underground + Nico
Check-Ins 576
Date 06/06/2014 Poster - ########## - DirectorRob MarshallStarsDaniel Day-LewisMarion CotillardPenélope CruzFamous film director Guido Contini struggles to find harmony in his professional and personal lives, as he engages in dramatic relationships with his wife, his mistress, his muse, his agent, and his mother.[Mov 07 IMDB 5,8/10 {Video/@@@@} M/49
NINE
(Nine, 2009)
"Boa história (mas apenas para os cinéfilos provavelmente) e musicais totalmente sem graça, sem inspiração, sem boas letras. Uma certa bagunça tão adorável quanto esquecível." (Alexandre Koball)
"A melhor canção de Nine é uma que não foi feita para o filme; e, como um musical, isto é algo terrível. Não tem a energia de Chicago e nem o romantismo trágico de Moulin Rouge. Fellini deve estar se revirando no túmulo, mesmo com a linda fotografia." (Rodrigo Cunha)
"De tempos em tempos, as pessoas teimam com determinados filmes, vendo defeitos onde não tem. Nine é um deles. Se é inferior a Chicago, ainda assim possui belos momentos, como a cena de abertura, a da prostituta Saraghina, e o final com toques freudianos." (Regis Trigo)
"Indiscutivelmente, o filme tem diversas qualidades (fotografia, por exemplo) e momentos belíssimos. Por outro lado, a história jamais conquista o espectador e os números musicais são bastante irregulares, carecendo de mais imaginação." (Silvio Pilau)
"Elenco estelar, fotografia belíssima e referências ao trabalho de Felini não salvam o filme do fracasso. Não há energia, as músicas são sóbrias demais, o que resulta em um musical decepcionante." (Emilio Franco Jr)
"Quando foca em Luisa e Guido Contini, o filme funciona. Mas todo o resto parece desnecessário e mal construído." (Felipe Tostes)
''Refilmar um clássico requer coragem. Mas daí a transformá-lo em musical pode passar facilmente de coragem para estupidez. Mas "Nove", baseado em 8 ½, trouxe elenco e canções que não atentam contra o original de Fellini. Daniel Day-Lewis tem estatura para compor o personagem Guido sem provocar saudades de Marcello Mastroianni. Em volta dele, atrizes lindas como Marion Cotillard, Nicole Kidman, Penélope Cruz e Kate Hudson." (Thales de Menezes)
Faltou a energia de Chicago e o romantismo de Moulin Rouge.
''Depois de Rob Marshall ter dirigido o premiado Chicago, criou-se um alvoroço em torno de Nine, seu próximo musical estrelado por alguns dos maiores nomes da Hollywood recente. Releitura do clássico 8½ de Fellini, deve-se deixar bem claro que esta referência é uma das poucas coisas que Nine tem de bom, e ao utilizar uma boa história já contada e piorá-la inserindo musicais fracos, sem inspiração, monótonos e nem um pouco marcantes, torna-se uma obra totalmente dispensável. Para se ter uma noção da gravidade da coisa, a melhor canção deste musical é uma música clássica que nem foi feita para o filme, e a canção que deveria ser tema, também chamada Nine, acabou sendo excluída antes do corte final. A história de ''Nine'' confunde-se com sua própria produção: tendo seu roteiro sido interrompido pela greve de roteiristas, Rob Marshall parece muito com Guido, seu personagem principal. Ambos têm a responsabilidade de carregar uma grande produção à frente, mas parecem não saber muito bem como e nem o que fazer. Guido foi considerado certa vez uma grande promessa na Itália, com seus primeiros filmes fazendo imenso sucesso. Porém, o que é retratado no filme é a fase ruim do cineasta que, sem idéias para seus novos trabalhos, começa a filmar sem roteiros e dependendo de uma equipe fiel que tenta captar suas idéias soltas e fazer algo sem planejamento, torcendo para Guido gostar e usar em seus filmes, mesmo não tendo nenhuma idéia pré-estabelecida, seja nos figurinos, nos cenários, nas canções etc. Esta confusão na criatividade de Guido reflete-se também em sua vida pessoal: casado com Luisa Contini, uma ex-estrela que abriu mão da fama e do sucesso para viver ao lado do diretor, Guido vive um eterno dilema com a monogamia, já que é louco por mulheres e tem inclusive uma amante fixa, Carla Albanese. Só que Guido realmente ama Luisa, e tenta mudar e ser mais fiel à esposa, mas será que ainda há esperança nessa relação, desgastada ao longo dos anos? ''Nine'' não tem nem um pouco do romantismo trágico de Moulin Rouge - Amor em Vermelho e Rob Marshall não está aos pés de Federico Fellini. Então, mesmo que a história seja a mesma, não há porquê deixar o clássico de lado para ver esta releitura, já que o material original é bem melhor. E se ''Nine'' falha nesse sentido, os números musicais podem fazer tudo valer a pena, certo? Errado. Apostando em seus números musicais para tentar diferenciar, Rob Marshall mais uma vez dá uma de Guido e demonstra estar com problemas de criatividade: 80% dos musicais do filme são passados no mesmo lugar, nos estúdios da Cinecittá, onde o filme de Guido deve ser rodado. Óbvio que, no conceito, a idéia é válida, afinal, aqueles estúdios representam o mundo de Guido; ali dentro, ele é o rei supremo, o universo, o Deus, e aquele cenário é a única coisa que ele tem de concreto do filme. Só que será que, na execução, apenas mudando luzes e atrizes, o resultado pode ser considerado positivo? E já que falamos delas, nada mais justo do que traçar um paralelo entre as beldades escolhidas a dedo e seus números musicais: Luisa Contini é interpretada por Marion Cotillard, a eterna Piaf, uma das poucas que fazem um trabalho realmente bom no longa. Sofrida por saber das infidelidades de seu marido, mas ainda assim ter esperança de salvar o casamento, ela vive em semi-depressão por ter largado uma carreira promissora para viver a vida terrível que vem levando, sem a reciprocidade do marido. Já Penélope Cruz, que interpreta a amante Carla Albanese, novamente demonstra habilidade ao criar uma figura ao mesmo tempo cômica e trágica, pois sabe que vive de ilusões e que, por isso, nunca será feliz por completo, mesmo com a camada de sensualidade que praticamente esconde toda essa tristeza. Kate Hudson participa no possível único número que presta, e que não é por menos que foi escolhido como carro chefe para a divulgação do longa-metragem. Ela interpreta Stephanie, uma repórter que fará de tudo para descobrir os detalhes e o porquê de tanto segredo em torno da próxima obra de Guido. Judi Dench vê todo o seu talento desperdiçado em um musical sem graça e uma personagem que é praticamente uma segunda mãe para Guido, nada além disso. Já Sophia Loren parece mais ser uma homenagem a ela mesma do que uma personagem realmente necessária ao filme, fora que seu musical é bastante constrangedor e suas participações desnecessárias perante a formação do homem que Guido se tornou. E Fergie, apesar de linda, sem dúvidas está lá apenas para fazer número e tornar-se o motivo do pecado na vida do nosso pobre diretor. Todas essas atrizes fazem seus musicais no mesmo já citado cenário, mudando apenas luzes e figuração. Acredite: além de não terem boas letras e coreografias, falham ao não terem um pingo de energia, algo que Chicago esbanjava de sobra, para não ir muito longe em exemplos. E se Nicole Kidman faz o único musical vivido no mundo real, é óbvia também que esta escolha foi feita mais em homenagem à Fellini e sua fonte de A Doce Vida do que como uma cena realmente necessária, faltando apenas Kidman entrar na água. E mesmo sem fazer isso, disputa de forma acirrada com Sophia Loren o prêmio de pior apresentação. E finalmente chegamos a Daniel Day-Lewis: possivelmente o melhor ator de sua geração e oscarizado recentemente por seu trabalho memorável em Sangue Negro, ele se esforça para alcançar uma tridimensionalidade em Guido, que por si só já é admirável, mas o papel é limitado a um mulherengo com bloqueio e que, do jeito que foi construído, não é possível perceber o porquê de tanto alarde em torno daquele homem. Se não consegue administrar nem a própria vida, como quer comandar uma produção gigantesca e milionária? Já que não conseguimos nos apegar a sua causa, ao seu drama, como poderemos torcer por ele? Guido sabe que não pode. Para fechar o caixão, seu número solo também é terrível, não diferenciando muito do casting feminino. ''Nine'' é um lenga-lenga praticamente insuportável, girando em torno desse homem, que tenta, a todo custo, voltar ao sucesso, tanto na vida profissional quanto na pessoal. Mas sua previsibilidade é tão grande que, mesmo tentando disfarçar nome, amante ou enganar produtores, o resultado é sempre previsível e conhecido por todos. Assim como Nine, que se sustenta muito mais em homenagens, aparências e nomes do que em algo original e de qualidade, pois quando tenta fazer algo por essa linha, falha vergonhosamente." (Rodrigo Cunha)
Musical tem boas performances, mas roteiro fraco.
''Nine'' (2009) tem em sua composição ingredientes poderosos: sete belíssimas e talentosas atrizes, Rob Marshall como diretor - cujo musical Chicago foi premiado com 6 Oscars - e uma premissa inspirada por um dos grandes clássicos da sétima arte. No entanto, o prato que sai do forno acaba meio sem sal. Em referência ao 8 1/2 de Federico Fellini, temos o cineasta Guido Contini (Daniel Day-Lewis) e as mulheres de sua vida, a quem ele recorre em busca de inspiração. No entanto, as semelhanças com o filme de 1963 param por aí. Tudo que é poesia nas mãos de Fellini vira obviedade em ''Nine''. Enquanto no clássico italiano entendemos que o personagem está em crise criativa sem que ele nos diga isso em palavras uma única vez, em Nine logo nas primeiras frases Guido agoniza, em uma tentativa de escrever um roteiro, e diz "Página 1, página 1, página 1... Página nada". Na trama, Guido é um cineasta italiano considerado genial, mas cujos últimos filmes foram fracassos de crítica e público, o que faz aumentar ainda mais a pressão e a expectativa sobre seu próximo projeto, que por enquanto tem apenas um título: Italia. O fato de não existir um roteiro é simplesmente ignorado pelo estúdio e pelo produtor Dante (Ricky Tognazzi), que já estão produzindo cenários e promovendo o novo filme junto à imprensa. Os jornalistas, por sua vez, o atacam ferozmente em uma coletiva de imprensa com perguntas demasiado sinceras e incisivas - Será que o maestro já não tem mais o que dizer?. O roteiro inexistente de Italia faz contraste à profusão de mulheres à volta de seu diretor. Temos sua sensual amante Carla (Penélope Cruz, linda como sempre) que precisa de atenção e a anulada esposa Luisa (Marion Cotillard), com quem ele egocentricamente tenta sustentar um casamento, mas sem sucesso. Na mistura também entram Nicole Kidman, que vive a atriz e musa inspiradora Claudia, cuja paixão pelo cineasta não é correspondida; e a atirada jornalista Stephanie, interpretada por Kate Hudson e cujo número musical é um dos mais contagiantes. Como se mulheres de carne e osso não bastassem, Guido também busca na memória a lembrança da prostituta de sua adolescência Saraghina (Fergie) e o fantasma de sua falecida mãe (Sophia Loren). Mas é na figurinista Lilli (Judi Dench, ótima) que Guido busca alento, alguém para lhe passar a mão na cabeça, mesmo sabendo que está errado. Chega a ser irritante a opção do roteiro em mostrar o personagem indo de uma mulher a outra em busca de uma solução - como se uma delas pudesse entregar-lhe um roteiro prontinho e genial - e ainda assim não aprender nada. A cada encontro o personagem permanece o mesmo, com os olhos focados em seu problema, em vez de aproveitar as possibilidades ao seu redor. Se olharmos para o Guido interpretado por Marcello Mastroianni, vemos ali um cineasta sem rumo, mas um homem seguro e plenamente consciente de que não há um roteiro - tentando encontrar uma saída e forte o suficiente para admitir que talvez ela não exista. Já o Guido de Day-Lewis é um menino inseguro, desesperado com a situação em que se encontra, precisando do colo da mãe. O filme também tem seus méritos, é claro. Para quem gosta de uma boa fotografia e lindos figurinos burlescos, aqui temos um armário cheio. Outra coisa que agrada é a maneira como os números musicais são inseridos na história. Ao invés daquele momento constrangedor em que o personagem, no meio de uma frase, simplesmente irrompe em canção, Nine restringe a maior parte das cenas musicais à imaginação de Guido e aos palcos - lugar perfeito para as lingeries exóticas e cantoria performática. O problema de ''Nine'' é a inconstância. O filme alterna momentos totalmente medianos e enfadonhos com outros incríveis, em que os atores entregam ótimas performances. O mesmo vale para os números musicais, com destaque para Folies Bergère, com Judi Dench, Be Italian, com a Fergie, e Cinema Italiano, com a Kate Hudson - que quase dá vontade de levantar no meio do cinema e dançar junto. Somados a esse desquilíbrio dramático, temos também a irritante necessidade hollywoodiana de consolar a plateia e dizer ao público que vai ficar tudo bem. Como cinema, Nine não é dos melhores. Mas se você é fã de musicais pelas canções e apresentações, pode aproveitar melhor." (Carina Toledo)
82*2010 Oscar / 67*2010 Globo
Weinstein Company, The Relativity Media Marc Platt Productions Lucamar Productions Jac Film and Television Guido Contini Films
Diretor: Rob Marshall
33.413 users / 5.271 face
Check-Ins 101
Date 04/02/2013 Poster ####### - DirectorSteve BeckStarsJulianna MarguliesGabriel ByrneRon EldardA salvage crew discovers a long-lost 1962 passenger ship floating lifeless in a remote region of the Bering Sea, and soon notices that its long-dead inhabitants may still be on board.[Mov 03 IMDB 5,4/10] {Video/@@@} M/28
NAVIO FANTASMA
(Ghost Ship, 2002)
''Sean Murphy (Gabriel Byrne) é o capitão da equipe de resgate Artic Warrior, formada pela chefe de equipe Maureen Epps (Julianna Margulies), pelo contramestre Greer (Isaiah Washington) e os técnicos Santos (Alex Dimitriades), Dodge (Ron Eldard) e Munder (Karl Ulban). A principal tarefa do Artic Warrior é encontrar e trazer até a costa navios perdidos ou com problemas em alto-mar. Em uma de suas viagens pela costa do Alasca eles encontram os destroços de um lendário navio italiano que está desaparecido há 40 anos. Porém, o que eles não sabem é que agora o navio é habitado por um ser mortal, que coloca a vida de todos no Artic Warrior em perigo.'' (Filmow)
Uma atrocidade do gênero "terror", que não assusta nem mosca, muito menos diverte.
''Este filme pode ser facilmente definido com uma simples palavra: horrível . É uma das maiores atrocidades lançadas para adolescentes nos Estados Unidos e que vieram parar nos cinemas brasileiros dos últimos meses. Minto: dos últimos anos. O diretor é ninguém menos que Steve Beck, o mesmo do também horripilante (mas um pouco menos) 13 Fantasmas. Esperemos apenas que Beck não resolva fazer uma trilogia Fantasma. Nem mesmo no título o diretor consegue ser original. A história de ''Navio Fantasma'' é sobre um competente grupo de salvamento de navios. Antes de tirarem umas férias merecidas, o grupo recebe uma proposta irrecusável: um rapaz exibe uma foto aérea de um enorme transatlântico, aparentemente abandonado, no meio do Estreito de Bering (região entre o ponto mais Oriental da Rússia e o ponto mais Ocidental do Alaska, ou vocês não gostam de Geografia?). Chegando lá, o grupo descobre que aquele é um famoso navio desaparecido há 40 anos (hein!?) e logo já estão dentro dele procurando por tesouros, que certamente serão encontrados. Aos poucos, os integrantes separados (logicamente) vão descobrindo, um a um, segredos do que provocou o desaparecimento do navio e a morte de todos os seus tripulantes (e de outras equipes que descobriram, como eles, o navio desaparecido). Quem conta esses segredos são fantasmas. Sim, eles mesmos! O problema é que nenhum desses fantasmas assustaria nem uma criança de oito anos, quanto mais um adolescente, que é obviamente o público alvo dessa película. O que falta mesmo é clima. Filme de terror/suspense sem clima de terror/suspense não é filme de terror/suspense. Beck não dá nenhum desenvolvimento a seus personagens e também não cria uma atmosfera fantasmagórica para o navio, o que poderia fazer o filme funcionar um pouco melhor. As imagens, os fantasmas e as situações são jogadas rapidamente à sua frente, sempre apelando para sustos auditivos mais que visuais. Se não fosse pelo título, dificilmente você saberia que estava assistindo um filme do gênero. O diretor (e muitos outros também) deveria entender que rock pesado e explosões enormes não assustam de jeito nenhum, e tiram completamente o clima de terror de um filme. A cena mais legal do filme, e a única que talvez, quem sabe, porventura, numa dessas, etc, que valha assistir é a cena inicial, um verdadeiro banho de sangue que deixaria Jason babando... Mas mesmo tal cena é ridiculamente engraçada (quando deveria ser tensa). A resolução da história, então, é outra palhaçada ainda maior. É puramente cômica e sem pé nem cabeça. Praticamente tudo no filme que tem relação sobrenatural não faz sentido. Bem, talvez seja por ser sobrenatural. Mas que não faz sentido, não faz. Qual a explicação, só para citar um exemplo, de que em dado momento uma pessoa não pode tocar um fantasma (pois ela transpassa por ele) e em outro o toque é totalmente possível e normal? Não dá nem pra cobrar dos atores com um roteiro como esse. O principal ator do grupo é Gabriel Byrne (de Stigmata), e nem ele, competente como é, conseguiria salvar um filme assim. O único ponto positivo de Navio Fantasma (você ainda está lendo isso aqui?) é mesmo a direção de arte. O mesmo ocorreu em 13 Fantasmas, onde a casa e o desenho dos fantasmas, mesmo não sendo assustadores, eram muito bem feitos. Aqui os sets dentro do navio são muito bacanas, embora o filme não os aproveite muito bem. O transatlântico visto no filme é um belo navio. Se o filme fosse bom, deveria ser um navio aterrorizante. Esse filme foi lançado em outubro de 2002 nos Estados Unidos, na semana do Halloween. Talvez da próxima vez seja melhor relançar no cinema clássicos reais do gênero, como O Iluminado, ou mesmo os primeiros filmes das séries Halloween ou Sexta-Feira 13. Pelo menos eles são divertidos e têm a atmosfera que o gênero exige para funcionar. Steve Beck, cuidado com o seu próximo filme... Ou melhor: pessoal, cuidado com o próximo filme de Steve Beck." (Alexandre Koball)
Top 100#12 Cineplayers (Bottom Editores)
Warner Bros. Village Roadshow Pictures NPV Entertainment Dark Castle Entertainment Ghost Ship Films Pty. Ltd. Village Roadshow Pictures
Diretor: Steve Beck
70.038 users / 2.661 face
Soundtrack Rock = Mudvayne
Check-Ins 619 25 Metacritic
Date 01/07/2014 Poster - #### - DirectorJohn SturgesStarsBurt LancasterLee RemickJim HuttonOn its way to Denver, a cargo of whiskey destined for the miners, is sought after by the Temperance League, the U.S. Cavalry, the local Indians and the miners themselves.[Mov 07 IMDB 6,6/10 {Video}
NAS TRILHAS DA AVENTURA
(The Hallelujah Trail, 1965)
''O aclamado diretor John Sturges (Sete Homens e um Destino, Sem Lei Sem Alma) vira todas as lendas do Oeste de cabeça para baixo nesta estupenda comédia sobre o ano em que Denver quase foi devastada por um dilúvio - de whisky - e teve que ter quarenta carregamentos importados trazidos por um território cruel - e sedento!Os premiados Burt Lancaster e Martin Landau juntam-se ao ótimo Lee Remick neste lindamente filmado épico de aventura que tem "Tanto gargalhadas quanto arrepios" (The hollywood Reporter)! Também estrelando Jim Hutton, Brian Keithe Donald Pleasence, esse irrreverente e literalmente seco olhar sobre a fronteira americana é 'possivelmente o western mais engraçado já feito!' (Los Angeles Times)!'' (Interfilmes.com)
Mirisch Corporation, The
Diretor: John Sturges
2.248 users / 122 face
Check-Ins 158
Date 26/05/2013 Poster - #### - DirectorIngmar BergmanStarsEva DahlbeckIngrid ThulinBibi AnderssonThree women in a maternity ward reveal their lives and intimate thoughts to each other, where they face the choice of keeping their babies or offering them for adoption.[Mov 09 IMDB 7,1/10 {Video}
NO LIMIAR DA VIDA
(Nära livet, 1958)
''Cecilia Ellius é trazida para a sala de emergência de um hospital depois que começa uma hemorragia em sua gravidez de três meses. Ela sofre um aborto espontâneo e é colocada no Quarto E, no qual duas futuras mães, Stina e Hjördis, já estão instaladas. Stina é forte e saudável, mas seu bebê está atrasado. Hjördis está esperando uma criança indesejada e já tentou fazer um aborto. Quando a noite chega, o trabalho de parto de Stina começa. Alguma coisa corre mal, mas ainda assim o bebê nasce. Hjördis diz que ela poderá deixar o hospital. Ela telefona para seus pais, confessa tudo e decide que agora quer ficar com o seu filho. Cecilia promete à sua cunhada que vai conversar com seu marido, que não queria a criança. Realizado no mesmo ano do sucesso mundial Morangos Silvestres.'' (Filmow)
"Um dos trabalhos mais sensiveis sobre a maternidade e as reavaliações pessoais que surgem diante da chegada de uma nova vida." (Heitor Romero)
{A verdadeira solidão é um ato de coragem. Atrás do qual um medo se oculta} (ESKS)
1958 Palma de Ouro
Top Suécia #18
Inter-American Productions Jerome Balsam Films Nordisk Tonefilm
Diretor: Ingmar Bergman
892 users / 45 face
Check-Ins 189
Date 06/06/2013 Poster - #### - DirectorJohn FrankenheimerStarsRoy ScheiderAnn-MargretVanityA secret fling between a man and his mistress leads to blackmail and murder.[Mov 05 IMDB 6,2/10 {Video/@}
NENHUM PASSO EM FALSO
(52 Pick-Up, 1986)
''Harry Mitchell (Roy Scheider) é um rico e bem-sucedido homem de negócios, ligado à indústria da siderurgia, dono de capital considerável graças a uma patente com a Nasa, que lhe garante uma caprichada conta bancária. Tem um carrão conversível que ele mesmo reformou em sua rica garagem e uma bonita mulher, Barbara (Ann Margret), que o ama e pretende investir no futuro político, lançando sua candidatura a vereadora. Pode-se dizer que Harry Mitchell tem tudo. Mas, como nós sabemos, quem tem tudo geralmente está querendo um algo mais. E é assim que nosso executivo de meia-idade se envolve com Cini, uma jovem modelo de apenas 22 anos de idade (interpretada pela atual esposa de John Travolta, Kelly Preston). O caso extraconjugal poderia melhorar ainda mais a vida de Mitchell. Porém, como estamos em um filme de John Frankenheimer, e com roteiro do mestre da literatura policial pop Elmore Leonard, é claro que a coisa vai dar mal. Estou falando de 52 Pick-Up, filmão baseado em livro de mesmo nome que foi publicado no Brasil na década de 1970 como Os Chantagistas. Pior sorte teve o filme, que foi inexplicavelmente lançado por aqui com dois títulos diferentes: ''Nenhum Passo em Falso'' e A Hora da Brutalidade (para aproveitar a febre de filmes com Hora no título, tipo A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo...). Depois, quando a América Vídeo lançou-o em VHS, resolveu unir ambos e ficou ''Nenhum Passo em Falso - A Hora da Brutalidade". (E caso você esteja se perguntando, o original 52 Pick-Up refere-se a um jogo de cartas infantil bem popular nos Estados Unidos: um jogador atira um maço de 52 cartas para o alto, de maneira que elas caiam desordenadamente no chão, e o outro jogador precisa remontá-lo através de combinações crescente e descrescente, como no jogo tradicional de Paciência." (Felipe M Guerra)
Cannon Group
Diretor: John Frankenheimer
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Check-Ins 232
Date 27/06/2013 Poster - ### - DirectorJoseph CedarStarsShlomo Bar-AbaLior AshkenaziAliza RosenEliezer and Uriel Shkolnik are father and son as well as rival professors in Talmudic Studies. When both men learn that Eliezer will be lauded for his work, their complicated relationship reaches a new peak.[Mov 06 IMDB 6,9/10 {Video/@@@@} M/82
NOTA DE RODAPÉ
(Hearat Shulayim, 2011)
''Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes de 2011, o filme israelense "Nota de Rodapé" é uma comédia dramática que foge do lugar comum, com uma história inusitada e criativa. Os protagonistas são pai e filho, dois estudiosos do Talmude, o livro sagrado dos judeus. Eliezer (Shlomo Bar-Aba), o pai, é um sujeito rancoroso e solitário, que acredita nunca ter obtido o reconhecimento merecido por seu trabalho. Já o filho, Uriel (Lior Ashkenazi) é um verdadeiro pavão, sempre dando entrevistas sobre suas pesquisas e aparecendo na mídia. Seus livros fazem grande sucesso, o que causa inveja ao pai. No início do filme, vemos Eliezer visivelmente desconfortável, em uma cerimônia onde Uriel está recebendo um prêmio. A tensão entre os dois é evidente. O título do filme, "Nota de Rodapé", se refere a um dos poucos exemplos de reconhecimento público de Eliezer, que se orgulha de ter sido citado, como nota de rodapé, em um livro de um celebrado estudioso do Talmude. As coisas parecem mudar quando surge a notícia de que Eliezer ganhou um importantíssimo prêmio. Depois de décadas de ostracismo, ele finalmente parece prestes a se tornar uma figura conhecida. Contar mais estragaria a surpresa. Basta dizer que uma reviravolta na história ameaça destruir de vez a frágil relação entre pai e filho. O filme é dirigido por Joseph Cedar, um judeu ortodoxo nascido em Nova York, mas que mora desde a infância em Israel. Ele ganhou fama ao dirigir o drama de guerra Beaufort (2007), indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Em "Nota de Rodapé", ele cria uma trama que consegue ser, simultaneamente, engraçada e melancólica. Os personagens são bem escritos, e a relação entre pai e filho é mostrada com toques de humor negro e acidez. Uma ótima surpresa." (André Barcinski)
''Na vida de um filho, a figura do pai surge como o outro, aquele que vai quebrar seu vínculo aparentemente eterno com a mãe. Além de progenitor, é um rival, segundo pensamento bem freudiano. ''Nota de Rodapé'' explora esse embate e todos os pormenores dessa relação de forma contundente. Não à toa, o filme escrito e dirigido pelo israelense Joseph Cedar (Beaufort) venceu a categoria de Melhor Roteiro no Festival de Cannes. Falado em Hebraico, o longa conta a história de Eliezer (Shlomo Bar-Aba) e seu filho Uriel Shkolnik (Lior Ashkenazi), professores que dedicaram a vida ao estudo do Talmude, livro sagrado do judaísmo. Eliezer jamais foi reconhecido por seu trabalho de 30 anos de pesquisa. Seu único feito na vida foi ter uma nota de rodapé no livro de um professor. Por outro lado, Uriel é um acadêmico em ascensão com diversas obras publicadas e que gosta de ser bajulado. Um plano-sequência logo no início evidencia, por meio da expressão do ator Shlomo Bar-Aba, o maior dilema do longa. Enquanto Uriel faz um discurso para agradecer mais um prêmio recebido, a câmera paralisada em Eliezer registra seu transtorno. O personagem está envolto em um misto de inveja e vergonha por ter sido arrebatado por tal sentimento. Exprime uma decepção desoladora por nunca ter ganhado nada. A interpretação dos protagonistas é excelente e dá o tom melancólico da família pouco unida. Já os coadjuvantes, apesar da boa atuação, poderiam ter tido mais destaque. A esposa e o filho de Uriel não têm muito espaço para criar uma identidade dentro do longa. O pai é tomado por um complexo de inferioridade que também mostra uma característica da cultura atual: o velho não é mais visto como um homem cheio de sabedoria, mas como uma pessoa ultrapassada, que é deixada lado e parece inconveniente em contraponto ao pragmatismo dos mais jovens. Apesar de ''Nota de Rodapé'' ser um filme psicológico e profundo, não cai em clichês dramáticos e pedantismo existencialista - exceção louvável nos dias de hoje. Têm momentos engraçados e enquadramentos criativos, além de bom ritmo. Exemplo disso se vê nos dois seguimentos enumerando as razões de pai e filho serem como são. Quando Eliezer é informado que ganhou o Prêmio de Israel, almejado durante décadas, Uriel se vê diante de um dilema, pois é o verdadeiro vencedor. A confusão se dá por causa do sobrenome dos dois. Daí em diante, o filho entra em um conflito próprio após ler entrevista do pai denegrindo seu trabalho superficial. Vingando-se de Uriel ao expor suas falhas como pesquisador, Eliezer parece castigar uma geração que o excluiu. Uma alusão à internet e sua superficialidade imediatista? Certamente. A tradição religiosa é colocada em xeque diante da burocracia e dos tempos pós-modernos, ainda mais quando o assunto se torna familiar. O filme possui diversas camadas, um emaranhado de temas e sentimentos tão complexos quanto a própria vida. Muitas cenas deixam o essencial nas estrelinhas, no que não é dito. A nota de rodapé, nesse caso, diz mais que muitas páginas de um livro." (Cristina Tavelin)
"Escrito e dirigido pelo cineasta americano Joseph Cedar (do excelente Beaufort), "Notas de Rodapé" é um filme simples que mostra de maneira muito verdadeira a relação conturbada entre um pai e um filho. A direção é detalhista, nos joga para a ótica do personagem principal com maestria. Esse último, por sua vez, é interpretado de maneira retilínea, constante e muito correta pelo ótimo ator Shlomo Bar-Aba. Logo nos primeiros minutos já somos apresentados ao rabugento Eliezer Shkolnik e seu incômodo de estar em uma certa solenidade. Seu filho conseguiu se desenvolver muito melhor e sua profissão, recebendo vários prêmios e honrarias que jamais preencheram as mãos do velho Eliezer. O Organizado pesquisador (sempre próximo de seu protetor de ouvido amarelo), caminha a quarenta anos à pé, sempre fazendo o mesmo trajeto de sua casa à biblioteca nacional. Entre alguns fatos curiosos sobre sua vida, se recusou a cancelar sua matéria na faculdade mesmo tendo apenas um aluno matriculado. A única felicidade que percebemos foi a de ter recebido, anos atrás, uma menção em uma roda de rodapé no livro de um autor famoso. Tem um relacionamento conturbado com seu único filho, sente inveja das conquistas do mesmo. Certo dia, o telefone toca e o velho pesquisador recebe a notícia que tanto queria: irá receber o prêmio máximo de pesquisa em seu país. Porém, por conta de um erro, a história se modifica levando a todos os personagens aos limites de suas paciências. Falamos muito do personagem principal, o pai, mas precisamos falar também do filho. A sua relação com seu pai acaba afetando também seu relacionamento em casa, com sua mulher e seu filho. Irritações, indecisões o desespero toma conta do personagem de Lior Ashkenazi, Uriel Shkolnik. Aos poucos os argumentos do passado (porque aquelas situações estão acontecendo) são apresentados ao público de maneira atual, divertida, com bastante expertise. Assim fica fácil do público entender aquele relacionamento com problemas e automaticamente ser fisgado para dentro da história. O longa-metragem tem cenas comoventes acopladas em trilha sonora, assinada por Amit Poznansky, que lembra os filmes americanos do início do último século. Toda a parte de produção, bem detalhista, merece um sonoro elogio. Pré-indicado ao Oscar do ano, "Notas de Rodapé" promete emocionar e levar ao público uma história sólida que se sustenta no relacionamento entre pai e filho e as inversões que ocorrem quando somos apresentados a fatos que mudam uma trajetória. Não deixem de conferir!" (Raphael Camacho)
84*2012 Oscar / 2011 Palma de Cannes
Movie Plus United King Films
Diretor: Joseph Cedar
3.796 users / 1.420 face
Check-Ins 253
Date 22/07/2013 Poster - ###### - DirectorAndrei TarkovskyStarsOleg YankovskiyErland JosephsonDomiziana GiordanoA Russian poet and his interpreter travel to Italy researching the life of an 18th-century composer, and instead meet a ruminative madman who tells the poet how the world may be saved.[Mov 05 IMDB 7,9/10 {Video/@@@@}
NOSTALGIA
(Nostalghia, 1983)
''Em ''Nostalgia'' (Nostalghia, 1983), o cineasta russo Andrei Tarkovski referia-se a uma incapacidade de seu povo. Os russos, dizia ele, não são bons emigrantes. Não se adaptam facilmente a novos costumes, pois são muito apegados às suas raízes. Tarkovski chega a se referir a um apego fatal dos russos a sua cultura, passado, família e amigos. O próprio Tarkovski, ele mesmo confessa, foi vítima desta asfixiante sensação enquanto dirigia Nostalgia na Itália – exilado, não voltaria mais à sua terra natal, vindo a falecer de câncer anos depois, logo após a realização de O Sacrifício (Offret, 1986), seu último filme. O filme acompanha Gorchakov, um poeta russo que vai a Itália pesquisar sobre a vida de um compositor russo que no passado havia sido mandado para lá devido a sua aptidão para a música. Chamava-se Beryózovsky, e viveu na Itália por vários anos, até que foi tomado por uma nostalgia de sua terra e voltou para uma Rússia feudal e atrasada. Pouco tempo depois, enforcou-se. Esmagado pelas lembranças de sua pátria, Gorchakov sente-se um marginal na Itália. Tarkovski esclareceu que a história de Beryózovsky é uma paráfrase da situação de Gorchakov, do estado mental em que se encontra. Desorientado com as impressões com que é bombardeado, também não é capaz de compartilhar suas impressões com as pessoas. É incapaz de incorporar a nova experiência ao passado no qual está preso desde o nascimento. Neste resumo que Tarkovski nos dá de Nostalgia, inclui a si mesmo e confessar admirar os artistas medievais japoneses, que mesmo no auge da fama eram capazes de recomeçar tudo mudando de nome, local e estilo. Surpreendeu-se também ao perceber como a câmera captou seu próprio estado de melancolia por estar longe de casa. De acordo com Tarkovski, isso demonstra que a arte do cinema pode ser um molde da alma do indivíduo. Tarkovski definiu Nostalgia como... O retrato de alguém em profundo estado de alienação em relação a si próprio e ao mundo, incapaz de encontrar um equilíbrio entre a realidade e a harmonia pela qual anseia, num estado de nostalgia provocado não apenas pelo distanciamento em que se encontra de seu país, mas também por uma ânsia geral pela totalidade da existência. Tarkovski nunca pretendeu fazer um cinema comercial. O resultado foi seu crescente desinteresse pelo encadeamento de fatos. No que diz respeito à Nostalgia, ele disse, não fiquei satisfeito com o roteiro até o momento em que ele se unisse finalmente numa espécie de todo metafísico. Sua preocupação estava voltada para o mundo interior da pessoa, sua psicologia. Admite que seja mais vantajoso usar clichês comerciais. Mas insiste... Meu interesse centra-se no homem, pois ele carrega o universo dentro de si; e, para encontrar a expressão para a idéia, para o significado da vida humana, não há necessidade de colocar por trás dela, por assim dizer, uma tela com muitos acontecimentos. Gorchakov morre por ser incapaz de sobreviver à sua própria crise espiritual. Domenico, um professor de matemática se contrapõe ao personagem de Gorchakov. Domenico zomba da própria pequenez e clama as pessoas a resistir. Para ele, as pessoas devem ser resgatadas da insanidade impiedosa da civilização moderna. Gorchakov procura defender Domenico da opinião pública dos bem alimentados e satisfeitos, da maioria cega para quem ele não passa de um lunático grotesco. Como forma de convencer as pessoas de que está realmente preocupado com elas, Domenico ateia fogo em si mesmo. Em Nostalgia, explica Tarkovski, ele procurou desenvolver o tema do fraco. Aquele que não é um lutador, mas que para o cineasta é um vencedor. Em seus outros filmes o tema também foi abordado. Em Stalker (1979), o Stalker fala em defesa dessa fraqueza e como ela é o preço e a esperança da vida. Nunca houve heróis nos filmes de Tarkovski – a única exceção, Tarkovski admite, seria Ivan, em A Infância de Ivan (Ivan Detstvo, 1962). O que encontramos em seus filmes são pessoas cuja força reside em sua convicção espiritual, e que assumem a responsabilidade por outros. O monge Rublev, em Andrei Rublev (Andrei Rubliov, 1966), ou Kelvin, em Solaris (Soliaris, 1972), ou o homem de O Espelho (Zerkalo, 1974), ou ainda Alexander, em O Sacrifício, pessoas que foram capazes de superar sua fraqueza e egoísmo, num mundo em que o oportunismo cresce como um câncer. Tarkovski traça um paralelo direto entre o Stalker e Domenico: Assim como Stalker, Domenico procura sua própria resposta, escolhe sua própria forma de martírio, em vez de ceder à busca cínica e generalizada de privilégio material, numa tentativa de bloquear, com seus próprios esforços, como exemplo do seu próprio sacrifício, o caminho pelo qual a humanidade se precipita irracionalmente rumo à própria destruição. Nada é mais importante do que a consciência, que se mantém alerta e proíbe o homem de se apoderar do que deseja da vida e depois acomodar-se, gordo e satisfeito. Tarkovski insiste que esse homem consciente, movido pela compaixão e não autocomplacente existia na Rússia, e Gorchakov seria uma prova disso. A fraqueza da qual fala Tarkovski está naqueles que são incapazes de manipular outras pessoas em função de seus próprios interesses. Tarkovski está interessado no homem que reconhece que o significado da existência está na luta contra o mal dentro de nós mesmos. A vida cotidiana e a pressão para a acomodação são as forças poderosas que desejam destruir esse homem. Tarkovski assim resume as coisas: (...) Sou fascinado pela capacidade que tem um ser humano de resistir a forças que impelem os seus semelhantes para a competição, para a rotina da vida prática: e esse fenômeno contém o material de muitas outras idéias para meus futuros trabalhos. A imagem final de ''Nostalgia'', onde vemos uma casa russa dentro de uma catedral italiana em ruínas, é uma metáfora da situação de Gorchakov (imagem no início do artigo). Entre o mundo e a tradição na qual sua vida está ancorada, instaura-se uma divisão que o impede de continuar a viver como sempre fez. Por outro lado, admite Tarkovski, essa metáfora também pode apontar para a nova totalidade de Gorchakov, onde as colinas da Toscana na Itália fundem-se ao interior da Rússia. Entretanto, simultaneamente, a realidade o empurra de volta para a Rússia. Tarkovski insiste que esta cena não fala de outra coisa senão daquilo que está acontecendo no interior do protagonista. Embora admita que as obras de arte necessariamente ultrapassem as idéias teóricas elaboradas pelo artista justamente para realizá-las." (Roberto Acioli de Oliveira)
{...Não estava interessado no desenvolvimento do enredo, no encadeamento dos fatos – a cada filme que faço sinto cada vez menos necessidade deles...}
1983 Palma de Cannes
Opera Film Produzione Rai Due (as Rete 2 TV RAI) Sovinfilm
Diretor: Andrey Tarkovsky
9.286 users / 1.416 face
Check-Ins 262
Date 05/08/2013 Poster - ##### - DirectorJean-Luc GodardStarsSarah AdlerNade DieuRony KramerAn indictment of modern times divided into three "kingdoms": "Enfer" ("Hell"), "Purgatoire" ("Purgatory") and "Paradis" ("Paradise").[Mov 10 Fav IMDB 6,8/10 {Video} M/77
NOSSA MÚSICA
(Notre musique, 2004)
{O principio do cinema: ir até a luz e apontá-la para nossa noite. Nossa música. E a libertação? E a vitória? O suicídio é o único problema filosófico sério} (ESKS)
"Nossa Música" é um filme em três capítulos, em três tempos ou ainda em três reinos, como propõe seu autor: Inferno, Purgatório e Paraíso. O Inferno é composto de imagens de conflito, quase todas bélicas. Imagens de um século de cinema que tanto testemunham o apego humano à destruição mútua, como a atração que ela exerce no espectador. No cinema, guerra e heroísmo quase sempre se confundem. Não haja dúvida, portanto, de que tanto o cinema, como nós mesmos, espectadores, estão em xeque. No segundo e mais longo dos reinos, estamos na Sarajevo do pós-guerra, que tenta reencontrar um modo de convivência entre povos que se digladiaram duramente há apenas alguns anos. Todos hão de se lembrar do suplício de Sarajevo, na guerra que há uma década mais ou menos aconteceu nos Bálcãs. Bem, agora é uma cidade pacificada, em reconstrução, recebendo um congresso literário ou algo assim. Lá está também Jean-Luc Godard para falar a um grupo de jovens. Ele tocará em alguns aspectos recorrentes de suas idéias: a de que as imagens foram recobertas pelas palavras é uma delas. Não é a única. Na cabeça de Godard, o mundo é um constante encontro de imagens redundando em idéias. É um problema dos filmes de Godard, é inegável: as coisas que se dizem ali são tão inteligentes que dá vontade de parar o filme para anotar, como quando lemos um livro. Outro problema é o da história que nunca se conta. Nessa parte, coloca em tensão palavras e imagens, como a não aceitar a supremacia de um sobre outro. E, de pensamento em pensamento, termina por nos propor um filme de aventura. Não bem o filme de aventura a que estamos acostumados. A aventura se dá entre nós e a tela, na permuta constante de idéias que Godard nos propõe. Talvez esse seja o menos inquieto dos filmes recentes de Godard. Como se o velho rebelde houvesse aceito que do inferno ao purgatório, da guerra à paz, do massacre à reconstrução, da arma ao livro, é nesses tempos que se desenvolvem nossa música e nosso martírio." (* Inácio Araujo *)
"Jean-Luc Godard é daqueles cineastas que intimidam. Sua cinegrafia é tão exuberante que qualquer novo lançamento deste septuagenário é aguardado com muito interesse pela crítica e também pelos cinéfilos. Por isto, é bem-vinda a chegada às telonas de sua mais recente obra, ''Nossa Música'' (Notre Musique, 2004). Trata-se de um filme perturbador. Dividido em três partes - Inferno, Purgatório e Paraíso -, aborda a força dos símbolos visuais e a sua manipulação na chamada Era das Imagens em que vivemos. Inferno é uma colagem de registros de guerra, em preto e branco, alguns reais, outros produzidos em obras cinematográficas alheias, em especial as norte-americanas. De cara o capítulo anestesia o espectador com brutais aparições de poderio bélico. Em seguida, Godard engata o Purgatório, onde, ele mesmo um personagem, embarca para Sarajevo para fazer uma palestra sobre o poder do cinema. Neste momento, as paranóias do velho esquerdista aparecem de maneira bem elaborada. Entre discursos filosóficos, heróis do passado surgem quase como aparições fantasmagóricas, espectros da História que regressam para atormentar. Dos indígenas norte-americanos à efervescente questão Israel/Palestina, tudo mistura-se neste caldeirão que é Sarajevo, mais uma vítima das inúmeras sangrentas guerras modernas. Neste purgatório, atrás de perdão, Godard tem um breve contato com uma jornalista israelense de pais palestinos, que também busca sua redenção. É com ela que o diretor constrói uma das mais belas passagens do filme, quando a garota visita a Ponte Mostar reconstruída, formalizando a sua expiação de culpa. Por fim, em Paraíso, a mesma jornalista encontra a paz, depois de revelado seu principal objetivo, em uma praia protegida pela Marinha dos EUA - numa alusão metafísica quase marxista, se é que isto é possível. Godard se abre a algumas concessões para este final da película. De todo modo, sabe muito bem do que quer falar, o que quer mostrar, e o faz com contundência, com domínio da metalinguagem. E apesar de alguns dos seus maneirismos típicos e do tom acusatório, mostra uma honestidade raríssima na Sétima Arte da atualidade." (Danilo Corsi)
"Godard pode ter amadurecido com sua técnica e suas experimentações com imagens, luzes e sons, como sempre gostou de fazer. Mas continuou um aborrecente revoltado, imaturo, com seus protestos panfletários e necessidade de ser do contra apenas por ser." (Heitor Romero)
Avventura Films Les Films Alain Sarde Périphéria France 3 Cinéma Canal+ Télévision Suisse-Romande (TSR) Vega Film
Diretor: Jean-Luc Godard
2.232 users / 151 face
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Date 07/08/2013 Poster - ####### - DirectorLuchino ViscontiStarsMaria SchellMarcello MastroianniJean MaraisA humble clerk courts a woman who awaits her lover's return night after night.[Mov 10 Fav IMDB 7,8/10 {Video/@@@@}
NOITES BRANCAS
(Le Notti Bianche, 1957)
''Mario (Marcello Mastroiani) se apaixona por Natalia (Maria Shell) numa noite de inverno, sobre uma pequena ponte. Mas o coração da moça já tem dono: um homem que a deixou e prometeu que voltaria um dia. todas as noites, ela vai para ponte na esperamnça que o príncipe encantado retorne. Rodado num impressionante cenário de estúdio que reproduz todo um bairro de Livorno.''Noites Brancas'' é um filme com que Visconti pretendeu dar um antirrealismo ao seu cinema. Todavia, sob o lirismo inegavelmente alcançado, o fime ainmda conserva uma grande dose de realismo. A atmosfera pobre do lugar, com direto a moradis precárias e mendigos nas rua, tem uma presença concreta e marcante. A chuva,a neblima, a neve e o frio, por sua vez, parecem de verdade, como se o filme ainda estivesse submetido as condições climáticas do mundo real. Trata-se de uma espécie de neorrealismo de estúdio, por mais paradoxal que seja. ''Noites Brancas" influenciaria New York, New York (Scorsese) e O Fundo do Coração (Coppola), filmes ambiciosos que também buscaram reconstuir cidades em estúdios e promover, pelo artifício, uma explosão de poesia e fantasia utópica." (Luiz Carlos Oliveira Jr)
"Sou um realista no sentido mais alto da palavra, sou um realista da alma humana": Luchino Visconti bem que poderia ter se servido dessa resposta de Dostoiévski para contra-atacar aqueles que o criticaram, quando do lançamento de "Noites Brancas", por se afastar do neo-realismo. Por longa data, esta foi considerada uma de suas obras menores. Hoje, o adjetivo só se aplica se nos restringirmos às dimensões da produção. De resto, essa espécie de peça de câmara pode ser vista como síntese de seu estetismo visionário. Na (ir)realidade de "Noites Brancas" encontramos a plena expressão desse universo viscontiano em que meios e objetos tendem a formar uma realidade autônoma e o belo a constituir uma espécie de quarta dimensão da imagem. Aqui, Visconti se deixou atrair pelo contraste entre a irrealidade dos encontros noturnos entre Marcello Mastroianni e Maria Schell e a realidade (o despertar desagradável) dos seus dias." (Tiago Mata Machado)
"Noites Brancas" de Luchino Visconti é um dos meus filmes preferidos. Baseado no livro homônimo de Dostoievski, conta a história de Mario (Marcello Mastroianni), um jovem funcionário que foi transferido para a pequena cidade de Livorno. Lá, o personagem vive uma existência bastante solitária, pois não conhece ninguém além da família de seu chefe e da senhoria de sua pensão. Essa rotina, no entanto, é quebrada quando Mario se encontra com Natalia (Maria Schell), uma moça bela e triste que aguarda ansiosamente pelo retorno de um misterioso homem. Mario, é claro, se apaixona pela moça e ambos passam a se encontrar, noite após noite, compartilhando as dores dessa espera agonizante. O filme, além de contar uma bela história de amor, é importante pela sua inovação estética. Como se sabe, Luchino Visconti foi o cineasta que produziu algumas das mais importantes obras daquilo que convencionalmente foi chamado de neo-realismo italiano. Em linhas muito gerais, esses filmes eram marcados pelo esforço de representar com fidelidade a degradação da realidade social italiana em decorrência da guerra. Esse efeito era alcançado por meio de certos procedimentos: filmagens em espaços abertos, sem a construção de cenários; utilização de atores amadores; a temática preferencial era aquela que atentava para os modos de vida das classes operárias… Com Noites Brancas, Visconti abandona esses procedimentos. A fotografia do filme, sobretudo, rompe com a forma usual, não utilizando nenhuma tomada em espaço aberto. Tudo é feito dentro de um estúdio, no qual foi construída uma Livorno fantasiosa e onírica. A cidade emana um ar decadente e melancólico. Tudo é muito triste. Os efeitos de luz deixam as ruas e as construções com um leve ar irreal. O mais interessante é que o aspecto da cidade vai se transformando de acordo com os sentimentos dos personagens. Aquele aspecto sombrio e triste vai dando lugar a uma cidade mais jovem e alegre. As luzes ganham vida e a neve, que começa a cair apenas no final do filme, criam uma nova Livorno. É nesse momento que a dolorosa espera é suspensa e a felicidade não parece algo tão distante. Por essa razão, alguém disse que a Livorno viscontiana é uma cidade metafísica, na qual a realidade está misturada com o sonho e com o desejo. Esse aspecto onírico consegue materializar o espírito dos personagens: solitários que precisam se abraçar com força em seus próprios sonhos e desejos, aos quais a força da realidade é insuportável. É impossível não se comover com as lágrimas de Mastroianni. Lágrimas que trazem todo o peso da realidade, sempre mais forte que qualquer sonho ou desejo." (Ensaios Ababelados)
1957 Lion Veneza
Cinematografica Associati Rank Film Vides Cinematografica
Diretor: Luchino Visconti
8.398 users / 480 face
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Date 09/09/2013 Poster -####### - DirectorWim WendersStarsRüdiger VoglerHanns ZischlerLisa KreuzerA traveling projection-equipment mechanic works in Western Germany along the East-German border, visiting worn-out theatres. He meets with a depressed young man whose marriage has just broken up, and the two decide to travel together.[Mov 07 IMDB 7,7/10 {Video}
NO DECURSO DO TEMPO
(Im Lauf der Zeit, 1976)
"Wim Wenders e filme de estrada é obra-prima na certa." (Heitor Romero)
''Aos amigos e amigas da comissão de ética do comando local de greve da ADUFS, porque toda greve esta sempre num decurso do tempo… Existe um problema na crítica cinematográfica que é a de definir com precisão o que é um cinema de arte. Toda obra cinematográfica não seria ela mesma uma obra de arte? Difícil responder de chofre uma questão como essa. Talvez essa questão de cinema de arte seja semelhante à aquela enfrentada por Santo Agostinho quando tentou definir o tempo. Pensava o santo, quando não me perguntam o que é o tempo, sei do que se trata, mas quando me pedem uma definição exata, não a tenho. Podemos aplicar, com reservas, esse pressuposto agostiniano para definir o tempo ao problema do cinema de arte: acreditamos saber o que seja um cinema de arte, mas quando vamos ao papel e com calma, já não sabemos. Arriscamos uma dica: há algo num filme de arte que é perene e que não há num filme exclusivamente comercial e de entretenimento. É como se um “filme de arte” nos colocasse questões que transcendem a sua época e permanecem como um desafio no tempo para além de conjunturas especificas vividas por todos nós. Um cinema de puro entretenimento esgota-se nele mesmo e muito pouco fica na memória para ser trabalhado fora das salas de exibição. Para uma compreensão mais direta: um filme de arte nos faz mobilizar todos os sentidos possíveis de nosso corpo/alma e nos coloca imaginariamente diante de questões decisivas da existência. Um filme de arte tem compromisso de engajamento com a existência situada no sentido sartreano. Numa perspectiva dessa natureza, entendemos o cinema do alemão Wim Wenders. Mais especificamente, destacamos o filme: Im lauf der zeit (1976), traduzido como “No Decurso do Tempo”. Titulo por si só, filosófico ou de arte por natureza. Segundo os principais estudiosos da obra cinematográfica de Wenders, esta película situa-se numa espécie de trilogia iniciada com Alice nas cidades (1974) que mostra um jornalista alemão obrigado a tomar conta de uma menina abandonada pela mãe enquanto vaga pelos EUA para terminar uma reportagem. Iniciaria aqui um “road-movie” que seria uma marca constante de Wim Wenders em outros filmes marcantes. O segundo filme da trilogia é Falso movimento (1975) que trata da viagem de uma trupe improvisada de atores por vários lugares da Alemanha. Uma recorrência ao preto e branco e a lugares e paisagens pouco vistos nos cartões postais germânicos. O road-movie é saída, movimento, viagem sem destino certo, mas é acima de tudo, saída si mesmo para um outro desconhecido e misterioso através de uma câmara cinematográfica. Segundo Fréderic Gros num belíssimo livro de filosofia, Caminhar: uma filosofia, o grande road-movie da filosofia teria sido Sócrates. Como se sabe, ele não conseguia ficar quieto, sobretudo quando o mercado grego funcionava e havia grande afluência de pessoa. Sócrates fazia da sua saída de si um caminhar constante em direção ao conhecimento de si mesmo através de um diálogo com um outro. Percebemos esse elemento socrático nos filmes de Wenders. No caso de “No Decurso do Tempo” isto é explorado de maneira impressionante. O filme trata de uma estranha amizade encontrada ao acaso por dois homens e numa paisagem das estradas entre as duas Alemanha ainda divididas em plenos anos 70. O técnico de projetores Bruno e o suicida em potencial Robert ficam amigos e partem numa viagem pelas decadentes rodovias alemãs. Solitários e introspectivos (o filme tem poucos diálogos para o normal de um filme de arte), os dois estão em busca de algo que só vai ficando claro no decorrer do filme e do tempo. A esperança deles é terminar a jornada encontrando um significado para as suas vidas. Só que isto não esta dado em nenhum momento do filme. O sentido para uma vida esta no decurso e não necessariamente no inicio ou no fim. Nada mais filosófico e existencial do que esta compreensão da existência. O filme é ao mesmo tempo uma celebração das coisas simples ou como na poesia de Manoel de Barros uma louvação das grandezas do ínfimo. Um ônibus velho e cheio de latas de filme a serem exibidos, um lugar de morada do personagem Bruno (que não sabemos de onde vem e pouco ficamos sabendo da sua história mambembe). Robert aparece pela primeira vez no filme guiando um fusca em direção loucamente a um rio e depois saindo dele pelo teto numa alusão a uma forma de desapego total. De cidade em cidade eles vão exibindo filmes e procurando entender o desaparecimento do cinema de int erior e o seu fascínio mesmo no ocaso. A vida é movimento e mudança. Por mais que isto nos seja duro e caro. Passam as pessoas que amamos, passam as coisas que temos, passam os sonhos e a vida vai ficando mais rica e nostálgica. A verdadeira dialética do pertencer e ser livre. Há um bonito momento no filme em que Bruno se lamenta ao afirmar que a vida é como a saudade das mulheres que amamos e que deixamos ou fomos deixados. O perder algo precioso nos transmite algo de mágico e doloroso ao mesmo tempo. O filme é também uma alegoria com o próprio cinema que esta entrando no seu fim, mas que resiste enquanto utopia. Em dois momentos precisos, o personagem Bruno encontra pessoas que refletem sobre o sentido do cinema no mundo de hoje. Se vale ou não a pena continuar exibindo filmes ou se não seria melhor abandonar o trabalho com a arte cinematográfica. E assim, relacionamos a vida ao cinema. Os principais filmes de Wim Wenders nos passam a ideia de que o sentido p ara uma vida é uma construção feita por nós mesmos com a ajuda da arte. A dimensão radical do imaginário nos faz avançar num road-movie particular que é vivido por todos, mesmo que inconsciente. Como nos informa o poeta compositor Walter Franco: viver a afinar o instrumento. De dentro pra fora, de fora pra dentro. Serviria de epigrafe para este filme magistral de Wenders." (Romero Venâncio)
1976 Palma de Cannes
Top Década 1970 #49
Bauer International Cinegate Europa Filmes Kinowelt Home Entertainment Ripley's Home Video Sandrew Metronome Distribution
Diretor: Wim Wenders
2.292 users / 134 face
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Date 18/092013 Poster - - DirectorDavid JacobsonStarsMichelle MonaghanWillem DafoeStephen DorffCharlie Rankin, recently released from prison, seeks vengeance for his jail-house mentor William "The Buddha" Pettigrew. Along the way, he meets the ethereal, yet streetwise, Florence Jane. They embark on a unlikely road trip, careening towards an unlikely redemption and uncertain resolution.[Mov 01 IMDB 5,3/10] {Video/@} M/19
NA TRILHA DA VINGANÇA
(Tomorrow You're Gone, 2012)
TAG DAVID JACOBSON
{esquecível}Sinopse ''A trama é uma adaptação do romance de Matthew Jones F., sob o mesmo título. Dorff viverá Charlie Rankin, um ex-presidiário que tem um caso com uma estrela pornô decadente, Florença, enquanto aguarda para cumprir uma missão: ter a honra de matar um antigo companheiro da prisão, conhecido como Buda, que lhe mantinha sob proteção em troca de toda sorte de favores. Neste cenário, Rankin se dividirá entre o sentimento avassalador por Florença e sua violenta obsessão."
Deed Films Good Deed Entertainment
Diretor: David Jacobson
1.494 users / 103 faceSoundtrack Rock Kid Congo & The Pink Monkey Birds / Screamin' Jay Hawkins and the Chicken Hawks
5 Metacritic
Date 16/11/2014 Poster - # - DirectorLukas MoodyssonStarsMira BarkhammarMira GrosinLiv LeMoyneThree girls in 1980s Stockholm decide to form a punk band -- despite not having any instruments and being told by everyone that punk is dead.{Video/@@@@@} M/87
NÓS SOMOS OS MELHORES
(Vi är bäst!, 2013)
''Duas garotas de 13 anos, meio sem querer, vão formar uma banda de punk rock. A época é o início dos anos 1980 e todas as pessoas em volta delas insistem em dizer que o punk morreu. Que nada. Enquanto o cineasta sueco Lukas Moodysson realizar filmes sobre adolescentes com seu olhar desafiador para o mundo, o punk viverá. Com 11 filmes no currículo, Moodysson, 45, já dirigiu jovens em dois filmes com ótima passagem por festivais: Amigas de Colégio e Para Sempre Lylia. Agora, em "Nós Somos as Melhores", ele se baseia numa HQ criada por sua mulher, Coco Moodysson, para mais um retrato teen. O filme é punk na medida em que suas protagonistas se rebelam contra absolutamente tudo. A família, a escola, os códigos de conduta e vestuário, o que os outros gostam de ler ou escutar. Enfim, tudo enche as meninas de tédio. As protagonistas Bobo e Klara são protestos ambulantes personificados em garotas que tentam ser feias para negar sua adesão ao que todos esperam delas - Klara usa cabelo moicano e Bobo corta o seu para parecer um menino. E as duas não têm exatamente os mesmos problemas. Uma sofre com a mãe solteira de comportamento errático. A outra tem pais legais, mas eles são tão legais que deixam a garota envergonhada em várias situações. Entre episódios de bullying pesado, as duas formam uma banda de rock. Como não sabem tocar nada, a opção pelo punk é natural. Com bateria e baixo emprestados de um centro comunitário para jovens, começam a surrar seus instrumentos. E, claro, passam longe de qualquer coisa parecida com música. O rumo delas muda quando surge a instrumentista talentosa Hedvig, outra jovem da idade delas, mas loira e linda, uma princesa irretocável. O roteiro ganha uma outra perspectiva com a formação do trio. Enquanto Bobo e Klara cresceram num ambiente agressivo a elas, Hedvig está trocando sua adolescência "perfeita" por um mundo conturbado. E logo trata de cortar o cabelo para virar punk. Moodysson se afasta de dois modelos consagrados dos filmes para adolescentes. O primeiro mostra garotos desajustados que conseguem se enturmar (A Garota de Rosa Shocking, de 1986, e outros do americano John Hughes). Já o segundo reúne crônicas de iniciação sexual, geralmente feitas com boçalidade por americanos e com certa sensibilidade por franceses. Mas transar e conquistar um lugar na turma não estão no topo da lista de prioridades dessas suecas. Se elas passam uma mensagem para a plateia, esta é algo como lute muito por aquilo em que você acredita. E o espectador sai do cinema mais feliz." (Thales de Menezes)
Anarquia despretensiosa.
''O que mais cativa no novo filme de Lukas Moodyson é a fina harmonia entre realidade e fantasia sob os pontos de vista de três garotas de doze anos lá com seus problemas pessoais particulares – pais que brigam, pais que se divorciam, pais opressores, pouca popularidade na escola – que vão à forra com tudo que lhes revolta quando resolvem montar uma banda punk, após as idealizadoras Bobo e Klara verem Hedvig, de criação cristã, executar uma performance em um violão durante o concerto e ficarem obcecadas em tornar a conservadora garota numa rebelde. A leveza incomum do filme na carreira do diretor tornou a ternura pelos seus personagens justificada: há um sentimento de descoberta em Nós somos os melhores! intimamente ligado ao punk rock; a indignação não se sabe com o quê, o sentimento de descoberta de um novo mundo, a adoção de uma estética visual e sonora agressivo ao olhar conservador, o espírito irresponsável; atributos que sempre tornaram o rock tão popular e muitas vezes falha em ser traduzido em algumas tentativas em outra mídia, muitas vezes perdida entre um excesso de zelo historiográfico ou uma tentativa de sofisticar o produto. ''Nós Somos os Melhores!'' é um filme punk em sua essência, onde o olhar de criança não precisa ser explicado de maneira pedagógica, didática; apenas se sente um problema, e se grita contra ele, e posteriormente vê o que se faz com ele. Embutido com a temática musical, os ritos de passagem daquelas garotas que estão deixando de serem meninas para se tornarem adultas, e ainda estão em um meio de caminho confuso, cheio de dúvidas, onde a câmera está sempre íntima em seus closes, sempre perto, explorando as relações entre as três garotas de forma tragicômica. O primeiro porre, o primeiro amor, a primeira música tocada, as primeiras frustrações e decepções – são explorados silêncios estranhos, diálogos e discursos empolgados e absurdos e bagunça inconsequente tem um ar quase improvisado em sua estrutura pretensamente solta, onde as personagens vagam por uma Suécia ao mesmo tempo assustadora e atrativa, com sua neve urbana, onde tons negros e cinzentos encontram o branco, em uma tradução bastante perceptível do amadurecimento vindo dali; quando os primeiros conflitos adultos aparecem, as personagens saem do isolamento dos seus quartos e andam por ruas, prédios e metrôs enquanto são obrigadas a crescer apesar dos pesares e das frustrações; a mãe que sempre traz um namorado novo para casa, os pais que nunca param de brigar, o conservadorismo cultural... Ser adolescente sempre foi brigar com o mundo – e Nós Somos os Mehores! quer fazer isso com o queixo erguido, cara e coragem. Ao contrário do peso temático e dramático de filmes anteriores do diretor, como Para Sempre Lilya, pouco se resvala em terenos mais pesados, apesar de oportunidades não faltarem; por tudo ainda ser inocente, mesmo o que causa revolta não é encenado em tom contemplativo ou destrutivo, mas antes com curiosidade, timidez e inocência – inocência esta que jamais é perdida ao longo do filme: apesar de não poder resolver todos os problemas, e suas personagens logo perceberem isso já que a atitude punk não impressiona muita gente, o que faz com que elas tenham que encarar constantes provocações, aguentar castigos e repreensões e comprar briga mais de uma vez. Por alguns momentos, assim como certos filmes levam o espectador com sua pathos, o punk rock parece a resposta de tudo. Há um sentimento de catarse no caos de um show de rock que poucas experiências podem igualar; um sentimento de perigo, de afrontação e sobretudo exorcismo pessoal. Uma falta de ordem para combater uma ordem decadente. ''Nós Somos os Melhores!" se dá melhor quando não tenta tanto narrar, levar uma história para frente, enquanto o que é encenado basicamente é uma transição e um ato de rebeldia; quando tenta amarrar demais a bagunça generalizada das meninas, não é tão interessante que as longas cenas onde elas discutem, se divertem ou tentam aprender a tocar. Certos personagens vem e vão, sem muita função dramática, com poucas sequências, desviando a atenção do foco principal. Essa previsibilidade narrativa, que quer contar de qualquer jeito uma história linear, pode soar incômoda por vezes, mas no geral, o espírito de diversão rebelde inerente na obra de Moodyson coloca o filme entre um dos mais cativantes do ano." (Bernardo D.I. Brum)
2013 Lion Veneza
Date 22/11/2014 Poster - ######## - DirectorNicholas RayStarsHumphrey BogartGloria GrahameFrank LovejoyA potentially violent screenwriter is a murder suspect until his lovely neighbor clears him. However, she soon starts to have her doubts.{Video}
NO SILÊNCIO DA NOITE
(In a Lonely Place, 1950)
"Na Hollywood do filme noir, ninguém era inocente.A inocência parece que havia sido banida do gênero policial após o final da guerra. A essa desconfiança, Nicholas Ray acrescenta ainda a solidão do roteirista acusado de assassinato, em "No Silêncio da Noite". Aqui, Humphrey Bogart, no papel do roteirista, está longe de ser o detetive determinado de outros filmes. É a caça, não o caçador. Mas é ao dar-lhe esse tipo de papel que Ray estabelece as diferenças de seu cinema. À culpabilidade inerente a todo suspeito de filme noir, acrescenta essa densidade peculiar, torturada, de Bogart, que pode se exprimir também na atitude sarcástica do roteirista." (* Inácio Araujo *)
"Clímax cuidadosamente montado, de arrepiar. O caminho até ele, porém, não é menos poderoso e interessante, apesar de Dix ser quase caricatural." (Alexandre Koball)
"O mais belo e amargo dos filmes." (Daniel Dalpizzolo)
"Nasci quando ela me beijou, morri quando me deixou, e vivi algumas semanas enquanto me amou. - Coisa linda, de arrepiar." (Rodrigo Cunha)
"Com o tempo, 'No Silêncio da Noite" adquiriu a fama de "clássico", de "obra-prima", e de ser um dos "melhores filmes a falar sobre Hollywood". Até hoje, depois de revê-lo várias vezes, pergunto-me onde estão todas essas virtudes. Continuo procurando... " (Regis Trigo)
"Fraco filme noir que fracassa com os maneirismos do diretor e é salvo em alguns momentos por Bogart e pelo roteiro tortuoso." (Demetrius Caesar)
"Daqueles que enchem os olhos de lágrimas e deixam o coração na mão." (Heitor Romero)
"Se o cinema é a melodia do olhar, No Silêncio da Noite é um disco inteiro de Chet Baker; tão opressivamente triste quanto intensamente belo." (Bernardo D I Brum)
Nicholas Ray em seu ápice no manejo psicológico dos personagens.
"O crítico Jean-Luc Godard escreveu na Cahiers du Cinéma certa vez que o maior diretor de cinema do mundo seria a fusão entre Nicholas Ray e Anthony Mann. Para ele, Mann era um grande diretor de ação externa, enquanto Ray sabia como ninguém trabalhar o plano emocional. Esse potencial de Ray com o manejo psicológico atinge o seu auge na construção de Dixon Dix Steele, personagem central do drama noir No Silêncio da Noite, de 1950. Steele é um roteirista de Hollywood que há muito não produz; exatamente desde que partiu para o front na Segunda Guerra Mundial. As marcas deixadas pelo conflito tornaram-no uma pessoa instável e violenta, ainda que de caráter sem manchas. Até que um dia ele se torna o principal suspeito de ter assassinado uma mulher. Sequer abalado, conta com a ajuda de uma vizinha, que de álibi se transforma no grande amor de sua vida, até que a sua natureza agressiva acabe despertando dúvidas nela a respeito de sua inocência. Um dos diálogos de "No Silêncio da Noite" traduz muito da concepção fílmica de Ray observada por Godard. Quando Steele pergunta a futura defunta qual é sua idéia de filme épico, ela responde que é um filme muito longo onde acontecem muitas coisas. E é esse tipo de tratamento que Ray não abordava, tanto é que aqui toda a problemática da investigação do assassinato fica em segundo plano – assim como a crítica aos bastidores de Hollywood –, enquanto a transformação de Steele como pessoa se enxerta como mote. De habilmente cínico ao romanticamente apaixonado, Ray conduz com propriedade a mudança que ocorre em seu personagem principal, interpretado por Humphrey Bogart em, talvez, seu melhor trabalho no cinema. Infelizmente, Ray não consegue ter o manejo suficiente para dar conta dos gatilhos dramáticos que fazem fluir a trama. Soam artificiais, por exemplo, as seqüências da ficcionalização do estrangulamento em um jantar, e do desequilíbrio de Steele ao saber que a amada esteve na delegacia para um depoimento e não lhe contou – motivo para uma desembestada saída de carro e uma posterior briga de trânsito. Para não culpar somente a Ray pela falta de maior sutileza, há de se creditar essas cenas também ao roteirista Andrew Solt, que não escreveu algo mais plausível para o chamado segundo ponto de virada, eternizado pelos manuais de roteiro de Syd Field. Curiosamente, quando o filme começa a caminhar para a resolução, Ray e Solt abdicam de toda a estrutura narrativa construída anteriormente para mergulhar fundo no melodrama. Há uma seqüência típica de um filme de Douglas Sirk: Laurel Gray (Gloria Grahame), a tal amada de Steele, ao começar a desconfiar do namorado, passa a tomar pílulas para dormir; há um plano fechado de um relógio, para depois aparecer a imagem dela se debatendo na cama fundida com outras, como a da massagista e a do capitão de polícia, emolduradas por vozes em off. A seqüência se fecha com a frase a morte o fascina... ela gargalha sozinha, ainda em transe, e a música se torna grandiloqüente. O que há de melhor no roteiro de No Silêncio da Noite é que seus personagens são postos à prova por outros personagens, criando sempre uma ponta de dúvida. Por pelo menos duas vezes isso acontece: uma, com a já referida cena de Steele induzindo um casal a reproduzir a cena do crime (e a iluminação somente nos olhos de Bogart não é nem um pouco sutil); a outra é quando a massagista coloca em questão os verdadeiros sentimentos de Laurel Gray por Steel ao afirmar que no início havia a terra, os filmes vieram mais tarde. O final, amargo na resolução e na repetição do Eu nasci quando ela me beijou, morri quando me deixou, e vivi algumas semanas enquanto ela me amou, retoma o nível da primeira hora do filme, na qual Ray apresenta o melhor de seu cinema. Steel, ao perder Gray, contradiz uma das mais célebres frases do filme, a do detetive Brub que diz que é difícil dizer o que Dix sente; nós nunca o entendemos. Naquele momento, sabemos exatamente a dor do personagem." (Andy Malafaya)
"É, "No Silêncio da Noite" (1950) é o definitivo filme clássico da fase de ouro da grande Hollywood. Hum, um filme com Humphrey Bogart no elenco. Hum, um filme dirigido por Nicholas Ray. Hum, e então? Hum, um roteiro bem trabalhado. E hum,… Para terminar de vestir o filme com toda a elegância de um clássico de Hollywood, vamos concluir: uma direção de fotografia simplesmente de matar. Hum. Caramba, um filme Noir lindamente filmado por um diretor respeitado dentro do mundo cinematográfico, tendo no elenco Humphrey Bogart (sim, o mesmo de Casablanca), e… Chega! Já basta. Já deu para entender o motivo de No Silêncio da Noite ser um clássico que vive até hoje encantando e mexendo com a sensibilidade de muitos. E como se já não fosse o bastante, o filme faz questão de conquistar diretamente os cinéfilos: sendo o personagem principal um roteirista cinematográfico, este interpretado por Humphrey Bogart, obviamente faz do filme um metalingüístico trabalho artístico. Mesmo não fazendo parte do estilo mais marginal do gênero Noir, No Silêncio da Noite reserva uma lista de assuntos adultos ao espectador, assim como todo verdadeiro Noir. O Noir é um gênero que com seu estouro na década de 1940, abriu muitas passagens para os cineastas da época; tratando de assuntos mais adultos sob formas visionárias, os filmes pertencentes ao gênero deram aos artistas uma maior liberdade de criação. Perdeu-se a ingenuidade. O Noir falou de assassinatos, nazismo, abusos sexuais e outras coisas mais. No Silêncio da Noite, embora seja um Noir mais romântico, não perde sua parcela de filme com tom de marginalismo, e a trama por si só já explica tal afirmação. A trama do filme gira em torno de Dixon (Humphrey Bogart), que por sua vez vive atormentado pelas frustrações do trabalho como roteirista; além de tudo, o protagonista torna-se alvo de uma investigação de assassinato a uma jovem. Mesmo não sendo tão ousado o bastante para executar cenas explícitas de violência, por exemplo, as idéias violentas que pairam nos minutos de duração da obra já são capazes de tirar as crianças da sala. É um filme romântico, pois bem, mas não devemos esquecer que é um Noir, e a violência certamente tem seu lugar cativo. O personagem de Humphrey Bogart vive em um equilíbrio típico dos heróis do gênero, entre o amor e o ódio. Dixon é um personagem complexo, mas não tão diferente de muitas pessoas reais que normalmente convivem conosco. Dixon é um personagem dividido. No Silêncio da Noite faz uma análise psicológica detalhada dos personagens, e bastante convincente. O ser humano por si só é um ser sem rumo, indeciso. Em um momento podemos estar batendo palmas de felicidades, e em outro podemos estar batendo palmas furiosas de ódio. Bipolar. Humphrey Bogart, um ator como poucos, deu ao seu personagem um corpo quase perfeito; além da boa construção do personagem, temos também um ator que quase chega ao nível da perfeição. Humphrey Bogart cumpre muito bem o seu papel de homem durão que dá o braço a torcer pelo amor de uma mulher. De um lado, um Dixon violento e descontrolado, que em um momento de fúria pode fazer coisas terríveis – vide a inesquecível cena onde Dixon desce de seu carro para agredir outro motorista, com uma pedra em mãos -, e de outro, um Dixon apaixonado loucamente. Sim, o personagem de Bogart tem alma de artista. Muito humano. Nasci quando ela me beijou, morri quando me deixou, e vivi algumas semanas enquanto me amou. O talento de Ray como diretor é indiscutível. O diretor filmou em preto-e-branco de forma deliciosa. No Silêncio da Noite possuir uma pá de cenas antológicas que provavelmente passariam despercebidas nas mãos de algum diretor qualquer. Por exemplo, na cena onde ocorre uma simulação de um crime ocorrido na trama, temos uma excelente utilização da câmera e das luzes. A cena em questão se passa em um jantar na casa de Dixon; o protagonista revela sua teoria sob uma forma nada sutil, e um tanto sórdida, descrevendo como o próprio acha que o crime ocorreu (e a iluminação somente na face de Humphrey Bogart). Não somente em cenas avulsas, Nicholas Ray encanta com sua manipulação quase ímpar com a câmera. Ray mistura drama, romance e suspense em um filme que nasceu para ser clássico. É um filme próprio. É um filme dele e de seu elenco para os espectadores, e para o público não há presente semelhante pertencente ao gênero. E sabem de uma coisa? Hum, eu amei este filme. Adeus, Dix." (Vitor Ramos)
{Sempre achou que toda a gente o queria lixar. Na verdade, ninguém o queria lixar. Mas quando alguém acha que toda a gente o quer lixar, acaba sempre por haver uma pessoa que faz esse papel} (ESKS))
Nasci quando ela me beijou, morri quando me deixou, e vivi algumas semanas enquanto me amou} (ESKS)
"A despeito da fúria que os toma como uma doença, os homens de Nicholas Ray são frágeis feito crianças, vulneráveis às iniquidades de um mundo que se recusa a abraçá-los. A resposta ao deslocamento, como quem responde a um pai, é sempre um cavo grito de cólera. Não há nada de inexplicável na raiva que Dixon sente, ela é apenas o desespero dos solitários, aqueles que em verdade ninguém narrou como Nick Ray (por se tratar em muito de narrar a si mesmo). Como para Jim Stark, Jim Wilson, Ed Avery, Johnny Guitar, a violência de Dixon é faísca do seu descompasso para com esse mundo que não o reconhece. A primeira cena de No Silêncio da Noite tem nos olhos de Dixon, refletidos no retrovisor, o único alento humano em contraste com a frieza da cidade que corre do lado de fora. Asfalto, pessoas, luzes, prédios, e dois olhos perdidos no espelho de um carro, último elemento relacionável do quadro. É possível ser sozinho na cidade”, diz Ida Lupino a Robert Ryan em Cinzas Que Queimam. Dixon procura ir à forra com qualquer um que cruze seu caminho porque todos são estranhos a seus olhos, vultos incomunicáveis, miragens que povoam um lugar desolado, uma terra estrangeira (mesmo e principalmente as amizades que o cercam, rostos torpes e indistintos na noite). É por isso que Dix passa a vida procurando esta mulher de quem, como ele mesmo diz, não sabe o nome, não sabe como se parece, não sabe onde encontrar. Diferente dos vagabundos habituais do film noir, homens doentes, aleijados emocionais, Dix é um romântico em busca de alguém como ele nesse deserto, alguém que seja capaz de reconhecê-lo na neblina. Há somente dois personagens livres de qualquer culpa em No Silêncio da Noite: Dixon e Mildred, a garota assassinada. No noir de um modo geral, mas principalmente nos filmes de Nicholas Ray, o mundo não é apenas um lugar hostil, é em si mesmo uma entidade maligna. Dixon e Mildred são vítimas de uma ordem que não permite a esse universo criado por Ray o cultivo do belo. É bobagem pensar, por exemplo, que Dixon poderia encontrar e, além disso, permanecer com sua amada para o resto da vida. Só lhe é concedido o encontro para que ele possa provar da perda, de uma dor que ainda não conhecia. Não há lugar aqui para a redenção, para o que é limpo; tudo está submetido a essa concepção draconiana das coisas, que tritura os corpos entre suas engrenagens. Nada pode a força humana contra a impiedade dessa máquina. É por isso que a única personagem pura, tola e genuinamente feliz em No Silêncio da Noite é morta com quinze minutos de filme. Dixon tem a companhia de quatro personagens ao longo do filme: Charlie, o ator decadente, Brub, o velho parceiro da guerra, Mel, seu devotado agente, e Laurel, a mulher que ama. Brub se aproxima de Dix porque tem um caso para resolver, Laurel (ainda que venha a se apaixonar) quer apenas deixar de ser uma atriz de segunda, Charlie o visita uma vez por semana pra conseguir uns trocados, e para Mel, o único que parece nutrir uma legítima preocupação por ele, não se sabe até que ponto vale a amizade pelo homem ou o interesse pelo talento do cliente. Todos os quatro desconfiam dele, todos armam pelas suas costas. Brub o convida para jantar esperando lhe arrancar alguma pista, Laurel planeja fugir acreditando ser ele o assassino, Mel não hesita em roubar de sua mesa, sob um pretexto afiadíssimo, o roteiro pronto e levá-lo ao estúdio enquanto ainda é tempo. Não se sabe bem até que ponto Laurel e Mel estão cuidando de Dix ou de si mesmos. Enquanto isso, Dix parece ser o único a não desconfiar de ninguém em falso, o único em No Silêncio da Noite que é claro em todas as suas ações, seja no momento de se entregar sem volta a uma mulher ou em não esconder um impulso de raiva para o benefício dos presentes. “Diga para procurar um homem como eu, mas sem o meu senso artístico”, é como ele se despede de Brub na noite do jantar. Dix é uma presa fácil no mundo porque é o único personagem transparente, incapaz de não ser rigorosamente o que de fato é. Por isso precisa de proteção, por isso a cena em que Laurel, Mel e Charlie o colocam na cama para dormir, com um versinho de ninar e um beijo de boa noite, é o momento-chave de toda a epopeia de Ray em torno do homem solitário. Muito da beleza nessa solidão está na rejeição absoluta dos seus heróis, isolados inclusive do próprio espectador. Há essa [falsa] troca de protagonistas em No Silêncio da Noite. Começa de fato quando Laurel é convidada à delegacia pela segunda vez, sozinha e às escondidas de Dix (a quem ela deixou dormindo). Inadvertidamente, Ray faz de nós cúmplices de uma suspeita que só ganha forças com o passar do tempo. A cena da briga no asfalto é o argumento final para condená-lo, quando ele afasta a mão para alcançar uma pedra na beira da estrada e seus olhos (um Bogart à margem de qualquer comparação) se acendem como duas tochas. Até este momento vemos Dix cada vez menos enquanto, por outro lado, acompanhamos Laurel em tudo o que ela faz. Sabemos dos seus segredos trocados com a massagista, do pedido de socorro à mulher do sargento, de detalhes do seu passado. Conhecemos todos os seus medos. Dix, ao contrário, não nos deixa saber se sua próxima reação será um sorriso ou uma explosão de raiva. É quando Ray disfarçadamente torce os gêneros e, a um noir que já passava da metade sem um antagonista definido, a ideia de Dix como assassino e Laurel como a vítima em perigo passa a fazer todo sentido. Dixon e Laurel estão na cozinha. É uma bonita manhã, uma luz morna invade o quadro por todos os lados. Ele prepara o café enquanto ela ainda se esforça para acordar direito. Qualquer um que nos visse agora saberia que estamos apaixonados. O que faz desta uma das cenas mais belas e terríveis que Ray já filmou é o segredo que o espectador compartilha com Laurel. É saber da dúvida que a assombra, que a faz amar e temer o mesmo homem, porque nós o tememos também. Estamos do lado de Laurel agora. Ray aproxima a câmera de seu rosto a cada sobressalto, os acordes da trilha pesam a cada expressão de medo nos seus olhos e marcam um suspense muito bem definido: a tensão, a iminência de perigo; dois personagens em cena, um a ameaça, outro o ameaçado. Se todos os amigos de Dix voltam-se em segredo contra ele, nós não deixamos por menos. A ação que se segue é acompanhada com o público como cúmplice, levado junto de Laurel ao agente de viagens, sabendo do seu plano de fugir antes do casamento, sabendo da armação entre ela e Mel para que Dix receba a notícia do melhor modo possível (e para que eles possam se safar mais facilmente). Na cena da comemoração do noivado, com todos reunidos no restaurante, o espectador é um a mais na mesa que sabe a verdade e sabe o que todos escondem de Dix. Por alguma trucagem maligna que Ray enreda, também nós damos as mãos no conluio para enganá-lo. Se por cânone no noir a femme fatale é a perdição do homem, o objeto introduzido para instaurar a desordem, aqui ela surge como salvação de uma alma em ruína. No Silêncio da Noite é uma espécie de verso no tecido do film noir, onde vemos as coisas em oposição ao que são realmente, como deveriam ser, mas que conduzirão ao mesmo velho destino dos homens sem esperança da linhagem de Lang, Tourneur, Preminger. Dixon, como ele mesmo diz na fala mais icônica do filme (“… I lived a few weeks while she loved me.”), estava morto até encontrar Laurel, e só depois de se apaixonar sua vida volta aos eixos. Poderia ser qualquer um, mas que se pegue Almas Perversas de contrapeso, este noir definitivo: o homem comum com uma vida comum que entra em colapso quando esbarra em uma mulher na rua. Dix, ao contrário, volta a trabalhar, volta a sorrir, volta a fazer planos. Tudo isto para terminar não muito diferente de Edward G. Robinson no filme de Lang: apagando-se num fade out enquanto caminha de cabeça baixa para fora do quadro. Ambos têm a chance de provar da felicidade só para despencarem de um lugar mais alto, a única diferença é que Lang deixa isto bem claro em Almas Perversas. A femme fatale de No Silêncio da Noite é extraordinária porque nos tem do seu lado a maior parte do filme. Ela nos confidencia seus segredos, divide sua aflição, seu medo, até que a decisão de fugir e de magoar Dix deliberadamente passa a fazer sentido ao espectador. Mas a personagem de Gloria Grahame não é a respeito de maldade e premeditação como a de Joan Bennett, ela é apenas mais uma vítima, e é esta absolvição final que faz de No Silêncio da Noite o mais belo e o mais triste dos filmes, uma nota sobre a perda, sobre o que não tem mais volta. Quando Laurel atende o telefone e fica sabendo da inocência de Dix, e os dois se olham por uma última vez, fica claro que, por um leve desencontro, diabrura do tempo, já é tarde demais. Como se a vida lhes fosse arrancada do corpo neste instante, ambos sabem que perderam um ao outro, que a pessoa pela qual se apaixonaram já não existe mais. Há agora um vácuo, um vulto, mais um rosto indistinto na sombra como todos os outros do reino de Dix, o nooble prince que só tem a própria vida a governar. E ele sabe agora, na calma do olhar derradeiro, que a culpa não é de Laurel. Culpa-se o mundo, númen maldito contra o qual não há refúgio ou artifício. E em face do amor desfeito, Dixon retira-se solenemente para o esquecimento de um fotograma escuro, porque a romaria dos homens toma o rumo certo nessa hora: de volta à estrada onde começou, vai diluir-se na velha correnteza urbana, no ventre oco do mundo, no silêncio franco da noite." (Luis Henrique Boaventura)
Top 200#189 Cineplayers (Usuários)
Top Década 1950 #35 Top Romance #41 Top Suspense #33
Date 29/11/2014 Poster ######## - DirectorHenri DecoinStarsSara MontielMaurice RonetFranco FabriziCasablanca 1942. While French Police Chief Maurice Desjardins is busy having careless fun with some loose girls, members of the French Resistance kill a man at the harbor and steal his briefcase full of important documents from the Third Reich. At an apartment building in the distance, Andre Kuhn watches the whole operation through his powerful binoculars. He is posing as a businessman but actually working as a spy for the Germans a fact totally ignored by his live-in girlfriend Teresa Villar, a beautiful Spanish singer who works at El Dorado Night Club. Andre telephones Max von Stauffen, the head of German Intelligence in Casablanca, to inform him of what he has just witnessed. Max tells him to stay put until he arrives in order to get the information personally but, by the time he reaches Andres apartment, he finds him dead with a gun shot on his temple. At El Dorado is show time and Teresa performs to an appreciative audience. In her dressing room she finds Max von Stauffen who notifies her of Andres assassination and the whole spy business. Teresa is both surprised and devastated by the news. Max promises to avenge Andres death and asks for her assistance to achieve that goal. Not quite knowing how she can help, Teresa accepts. Later that night Max instructs Police chief Maurice to arrest Teresa and bring her to Intelligence headquarters. In spite of her protests, Teresa is arrested and thrown in a cell where she spends all night. The following morning she is led to von Stauffens office and he apologizes for the incident explaining that it was necessary for his plans to capture Andres killers. By arresting her, she is now publicly perceived as at odds with the Nazis and more likely to be trusted by the French resistance. From now on Teresas job will be to continue charming the public at El Dorado while befriending certain men that Max considers suspects of anti-German activities. Teresa agrees reluctantly believing it is her duty to help catch her boyfriends assassin and Max strengthens his control over her by retaining her passport. With all matters taken care of, the Nazi official releases Teresa to Maurice with instructions to take her back home. During the drive back, Maurice openly flirts with Teresa much to her annoyance. Meanwhile, a Swiss named Lucien and his comrades in the French resistance are trying to decipher the documents seized from the man they killed at the harbor. Unfortunately they cant break the code and decide to wait for their leader whom they call El Lobo (The Wolf) to get his opinion on the matter. Lucien doesnt know that he is the first suspect targeted by von Stauffen and assigned to Teresa. At El Dorado, Lucien is in attendance with some friends and Teresa spots him from the stage. She flirts with him using all her powers of seduction and is finally asked to join him at his table. After a few drinks, Lucien takes her to his place where, in more intimate surroundings, Teresa tries to dig information from him but he is more interested in romancing her. However, they are interrupted by Luciens comrade Pierrot and Teresa manages to listen to their conversation. They talk about an Arab native who assisted in the harbor attack and is now demanding more money since his camel was killed in the shooting. Lucien tells Pierrot to come back later for a meeting and sends him away. Alone again, Teresa continues seducing Lucien but they are interrupted again, this time, surprisingly by Police Chief Maurice who arrives with a gang of male and female revelers. Suddenly, there an impromptu party going on and Teresa tries to leave but is stopped by Maurice who seems intent in befriending her. She stays at the party and is later driven back to her hotel by Maurice who asks her about her feelings for Lucien. She slips away without giving him a straight answer. Later that night, back at Luciens, there is a formal meeting of the Resistance attended by the mysterious El Lobo, who happens to be Maurice. He orders Pierrot to kill the money-hungry Arab with the dead camel and reminds all that there is a war going on and that they should all be ready to kill whenever necessary. He stresses the point that sometimes is necessary to kill a friend before allowing him to be arrested and tortured by the Nazis. The following morning Teresa meets with von Stauffen and gives him a detailed account of what transpired the previous night. He finds her story quite interesting and tells Teresa that the Secret Service will try to catch the Arab native and get from him the necessary information to catch Lucien. That way Teresa will not be suspected by anybody and she can continue her work for the agency. Teresa is quite surprised and even amused when Max orders her to concentrate her efforts now on Maurice since she considers him a womanizer good-for-nothing clown but the officer is quite serious about the request. Soon the Nazis locate and arrest the native with the dead camel who, upon interrogation, reveals the identity and whereabouts of Pierrot. Meanwhile, Teresa and Maurice are all over Casablanca romancing and having fun. All of the sudden, at the street market place, there is a big commotion and they see how the police has cornered Pierrot. Maurice catches up with the action and cold-bloodily kills Pierrot while Teresa watches in horror. The Nazis are also upset since their orders were to catch Pierrot alive. Visibly shook up, Maurice leaves with Teresa and they go back to her place where Maurice tries to justify his actions by confessing the truth about his life but she stops him. Teresa has realized that she truly cares for him and doesnt want to know anything that she might have to report to Max later. With show time approaching, Teresa and Maurice drive to El Dorado . He stays in the audience while she goes to her dressing room to change for the nights performance. Teresa is shocked to find Lucien hiding there who informs her that the Nazis are after him and that he must talk to Maurice immediately. Teresa locks him up and, during her performance, passes the dressing room key to Maurice who immediately understand whats going on. Maurice tries to help Lucien escape but he is caught anyway by von Stauffen and his men. After these developments, Teresa knows that Maurice and his closest comrades must leave the country at once. However all visas and travel permits have been suspended by Max and the only way to travel abroad is with documents stamped with the Secret Service seal. Teresa suggests that she could help obtain the seal and Maurice all of the sudden realizes that she works for the Germans. However he loves her and trusts her and, as it is, she is the only hope. Next they stop at a building where Maurice collaborators run underground radio communications. They have received a message from a U.S. submarine that is willing to wait offshore to pick them up in case they can get out of Casablanca. Maurice informs them of Teresas offer and convinces them to give her the chance to try, although they are not too happy to trust a Nazi spy. At Secret Service headquarters, Teresa meets with Max and gives him information about the underground radio operation and other details. While briefly alone in the office she goes into Max desk, finds the seal and stamps the documents that will allow Maurice and his friends to flee the country. In the desk she also finds her own passport but leaves it there so that Max doesnt suspect anything and the men have time to get away. Outside she turns over the documents to Maurice and lies to him about her passport assuring him that she has it and will meet him in Lisbon in a few days. Actually she knows she is doomed and will never be able to leave Casablanca alive. At El Dorado Teresa sings again what might be her last song. In her dressing room von Stauffen waits for her. He already knows what shes done and his duty is to put her in jail where she would certainly be tortured and killed. However, he is impressed when she tells him that she did it for love and would do it again if necessary. She is ready to face her destiny. Max draws from his pocket her passport, stamps it and hands it over to her while reminding her of the next flight to Lisbon. Teresa can hardly believe this turn of events and thanks Max profusely. He exits while pointing out that he had always cared for the safety of his agents. Offshore, Maurice and his friends are safely in their way to freedom. THE END.[Mov 04 IMDB 5,3/10 {Video}
NOITES DE CASABLANCA
(Noches de Casablanca, 1963)
''Teresa (Sara Montiel), aclamada cantora espanhola de um cabaré em Casablanca, se vê envolvida em um caso de espionagem. Em 1942, a cidade era uma encruzilhada e um ninho de intrigas, devido à invejável posição geográfica da Europa e da África. O noivo de Teresa é assassinado por membros da Resistência Francesa, ao descobrir que era colaborador dos nazistas. Max, chefe de Abwehr em Casablanca e homem extremamente inteligente, convence Teresa a colaborar com ele, vingando assim a morte de seu apaixonado. Ela torna-se a melhor colaboradoa de Max, e nesta atividade vem a conhecer Maurice, comissário da polícia local. Ele aparentemente é um galanteador bobalhão, mas Teresa logo percebe que, na verdade, ele é o traidor que Max tanto procura, Teresa só não esperava se apaixonar por ele. Agora ela terá que decidir entre trair o seu país, ou trair seu coração." (Filmow)
Finanziaria Cinematografica Italiana (FICIT) Intercontinental Productions Producciones Cinematográficas Balcazar
Diretor: Henri Decoin
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Date 24/12/2013 Poster - - DirectorPablo LarraínStarsGael García BernalAlfredo CastroAntonia ZegersAn advertising executive comes up with a campaign to defeat Augusto Pinochet in Chile's 1988 referendum.[Mov 05 IMDB 7,4/10 {Video/@@@@} M/81
NO
(No, 2012)
"Monótono, direção de atores ruins, a história poderia ter rendido muito mais. Boa ideia não plenamente desenvolvida." (Demetrius Caesar)
"Mesmo com uma abordagem quase documental, inclusive com uma fotografia que remete a imagens da época, Larrain surpreende com um filme ágil e divertido, que até pode ser acusado de suavizar o tema. Mas é instrutivo e extremamente agradável de assistir." (Silvio Pilau)
"A direção de Larrain (superior à de Ben Affleck) e a reconstituição de época (destaque para a fotografia) cumprem o objetivo de nos inserir no contexto social e político em questão, mas a obra não é poderosa como Munique ou Todos os Homens do Presidente." (Rodrigo Torres de Souza)
''É um estranho filme "No". Trata do plebiscito que poderia ou não estender o governo Pinochet no Chile. Um plebiscito feito para a ditadura vencer, claro. Tudo levava a oposição democrática à perdição, entre outras no seu próprio purismo doutrinário. É quando surge o publicitário (ou o que chamamos pejorativamente de marqueteiro) Gael García Bernal e propõe uma maneira de traduzir todo o complexo programa dos antiditadura em algumas imagens e palavras de ordem. O "No" (quer dizer não, é evidente) implica renunciar a muitas coisas, até mesmo aceitar certas distorções programáticas. Mas é o que dá chance de vitória. O filme exalta os fins e não se ocupa dos meios. Mas tudo isso é um caso a pensar." (* Inácio Araujo *)
''Tudo o que importa em "No" é a eficácia. No enredo, Gael García Bernal é o publicitário encarregado de transformar em palavra de ordem as intenções da oposição chilena a Pinochet. A oposição já imagina que o plebiscito foi preparado apenas para agradar uma opinião pública mundial para quem a ditadura pegava mal. O personagem de Gael não se conforma com a ideia. É ele que cria o "No", não, a resposta dos chilenos a Pinochet. O "No" se espalha. A luta política vira uma festa. Ganha-se com isso ou perde-se? Bem, o no venceu. Da mesma forma, o filme se baseia na eficácia, nas formas simples, no didatismo, para chegar a seus fins. Como no "No", algo se perdeu, mas não foi tudo.'' (** Inácio Araujo **)
*****
''A ambiguidade é a força de "No". Estamos num Chile prestes a decidir entre a democracia e a continuidade da ditadura Pinochet. Foi a própria ditadura que propôs o plebiscito, certa da vitória. Mas propôs porque havia uma reivindicação forte (não apenas local, aliás) e sobravam denúncias contra os militares. A coisa ia mal para os democratas, até que um jovem publicitário (Gael García Bernal.) propõe uma campanha diferente... E tudo muda. Porém aí ganha força a tendência ao Não. E a ambiguidade cessa, porque os militares decidem mostrar outro tipo de força que não propriamente política. O que se ganha e o que se perde com a espetacularização de uma campanha política? Eis algo que ainda não tem resposta (tem custo, sabe-se): eis um capítulo interessante do universo audiovisual, político e publicitário em que o filme de Pablo Larraín se move com agilidade. '' (*** Inácio Araujo ***)
"Ditaduras da América Latina, torturas, desaparecidos políticos e resgates da memória de suas vítimas tornaram-se temas tão recorrentes em filmes brasileiros, argentinos e chilenos recentes que é difícil evitar a impressão de assunto gasto, apesar de respeitável.
"No", dirigido pelo chileno Pablo Larraín, ao contrário, mostra o quanto essa questão só se esgota quando tratada como um conteúdo valoroso por si ou como acerto de contas. O ator Gael Garcia Bernal (à dir.) interpreta o publicitário René Saavedra no filme chileno "No", do diretor Pablo Larraín. O longa, vencedor da Quinzena dos Realizadores do último Festival de Cannes, do prêmio de melhor filme na escolha do público da Mostra de Cinema de São Paulo e semifinalista nas indicações de filme estrangeiro ao próximo Oscar, reencena o episódio que marcou o início do fim da ditadura de Augusto Pinochet. Depois de 15 anos no poder, desde o golpe que derrubou o presidente socialista Salvador Allende em 11 de setembro de 1973, o general Pinochet convocou em 1988 um plebiscito para obter, via dispositivo democrático, mais oito anos no posto de chefe de Estado. O sim e o não disputaram espaço na TV, confrontando duas opções políticas. Mais importante, a campanha pelo "não" pôde aproveitar, pela primeira vez, as brechas da censura para expor a face negativa da ditadura, o avesso do progresso econômico percebido como vantajoso pelos partidários de Pinochet, a fatia da sociedade beneficiada pelo regime. "No" refaz cada momento-chave dessa situação, apresenta os interesses em jogo e, como deixa claro no título, toma partido, não segue os passos da suposta neutralidade das ficções baseadas em fatos reais. A escolha de Gael García Bernal, ator capaz de provocar na plateia respostas sempre positivas, que variam do simpático ao lindo, é peça fundamental da conquista de posições. Outro recurso valioso para a eficiência emocional de "No" é a sugestão de uma imagem de época com o uso do U-matic --o suporte em vídeo no qual eram feitas as reportagens de televisão. Tais astúcias, no entanto, poderiam culminar em uma boa peça de propaganda, uma representação pedagógica para os mais jovens dos tempos sombrios de outrora. Focar o relato quase o tempo todo em torno de René Saavedra, o publicitário interpretado por Bernal, insere um subtexto irônico e leva o filme a ultrapassar os limites das crenças partidárias. Como publicitário, Saavedra aborda o não como um produto, organiza a campanha seguindo as fórmulas de persuasão da propaganda e, para o horror dos puristas, demonstra como, desde sempre, a democracia funciona com base em discursos que tornam legítimos seus processos. Essa transição para a real política arranca o filme do universo das ficções que ingenuamente creem elucidar o passado por meio da denúncia de injustiças e distingue o trabalho de Larraín como um dos mais inteligentes do cinema político contemporâneo." (Cassio Starling Carlos)
Pablo Larraín fecha sua trilogia sobre Pinochet questionando as ilusões do consumismo.
"Este comercial está inserido em um contexto social. Hoje o Chile é um país que pensa no futuro, diz o publicitário René Saavedra (Gael García Bernal) antes de apresentar uma peça a seu cliente, um fabricante de refrigerante. Conhecemos o discurso, esperamos o cinismo, mas que cara-de-pau de René: o Chile neoliberal de Augusto Pinochet só pensa no agora, e não no futuro, porque afinal é o imediatismo que faz do capitalismo o que ele é. É esse imediatismo, entre outras coisas, que Pablo Larraín discute em ''No'', candidato chileno ao Oscar e filme que encerra a trilogia do diretor sobre a ditadura no país (Post Morten trata do golpe em 1973 e Tony Manero, do período de maior repressão, 1978). Transcorre o ano de 1988, as torturas são passado. Pressionado pelo resto do mundo, Pinochet anuncia um plebiscito para decidir se continuará no poder. A oposição - um balaio de partidos nanicos de esquerda - tem então a difícil missão de convencer o povo a dizer não para um governo totalitário que deu ao Chile estabilidade econômica. Não fica clara no início a razão de René aceitar comandar, durante um mês, os 15 minutos diários na TV que formam a campanha do Não. Os esquerdistas o respeitam porque René é filho de militante e viveu exilado no exterior, mas, de volta ao Chile, o publicitário visivelmente usufrui da prosperidade dos anos Pinochet: tem carro esporte, casa na praia, presenteia o filho com ferrorama, anda de skate pelas ruas como se vivesse mesmo num comercial. Falta, porém, ao solteiro René, afastado de sua mulher militante, o produto central da publicidade: uma feliz família tradicional. Assim como o Don Draper de Mad Men, René é atacado na base da sua crença, tiram-lhe a imagem perfeita do consumismo: uma rotina sem sustos com filhos saudáveis e uma esposa contente. Ao acabar com o casamento de René, Pinochet lhe nega essa projeção de normalidade. É em busca de restabelecer essa ilusão, portanto, e não para atender a um chamado de responsabilidade social, que o protagonista se coloca a serviço do "Não". Larraín faz dele um grande anti-herói não só porque percebemos seus defeitos (como o ego na rixa contra o diretor dos comerciais) mas principalmente porque, no fundo, René acredita nas mentiras que vende. Então faz sentido que a campanha do Não seja formatada como um comercial, com jingle e tudo. Mais do que isso, para dialogar com a memória visual do período, Larraín, que em 1988 tinha 12 anos, filma No inteiramente em U-Matic, tecnologia de gravação em videocassete que era usada pela publicidade na época. A imagem desfocada (às vezes parece que estamos vendo um filme 3D sem óculos), estourada no encontro com a luz, dá ao filme uma cor volúvel de sonho, como a ilusão que René tanto tenta resgatar. Se o personagem reage entorpecido ao fim do plebiscito, não é pelo resultado exatamente, mas por presenciar a alegria - esse conceito tão abstrato - materializada diante de si. A câmera de Larraín se fixa no rosto de Bernal nesse momento, para em seguida, no plano que mostra o coletivo da campanha, pegar apenas a silhueta de René em contraluz. Dissolve-se no bem comum a conquista pessoal, o imediatismo. Corta para o povo na rua. O publicitário caminha na multidão com o filho e, por um instante, não parece dar pela falta da mulher." (Marcelo Hessel)
Quando Larrain encontra Ben Affleck.
''No'' tem uma linha de narração que muito se assemelha ao recente Argo (idem, 2012), de Ben Affleck. Os roteiros de ambos se casam por meio de passagens parecidas e de elementos de dramatização idênticos. Extraídos de uma fórmula pouco arriscada, os dois contam histórias verídicas por meio de herois individuais que, de alguma forma apoiados em famílias momentaneamente descontruídas, conseguirão êxitos aparentemente impossíveis. Dentro desta receita, contextualizam o espectador com cenas reais em meios às ficcionais, trazem informações históricas, criam momentos de drama com liberdade em relação aos fatos - assim podem trazer falas mais cinematográficas para o andamento do que é contado - e, ainda, acrescentam humor de tanto em tanto tempo para refrescar a plateia durante um filme sério, tenso, mas capaz de ser leve quando, sabe-se lá por que, julgaram necessário. Por esses motivos, apesar de bons filmes, os dois sucumbem em parte a uma olhada mais criteriosa. Em '''No'', Pablo Larrain conta o plebiscito convocado pelo governo do ditador Augusto Pinochet, em 1988, para dar uma falsa aparência de legitimidade popular ao seu governo autoritário. O referendo, aliás, fora convocado apenas como forma de arrefecer as pressões internacionais e mostrar que o povo concordava com o governo dele. O que ninguém esperava, nem mesmo os partidários do Não, era que a propaganda fosse capaz de despertar na população a sensação da chegada de novos tempos. Assim, abria-se a porta para a derrubada do governo ditatorial. E, enfim, o começo de um novo Chile, como pregavam os jargões vendidos pelo publicitário René, interpretado por Gael García Bernal. Profissional novo e de relativo sucesso, ele é chamado para trabalhar pela opção Não na eleição. Pouco engajado politicamente, René aceita o desafio muito mais interessado no potencial publicitário da empreitada do que nos ideais dos grupos de esquerda. Ele é um cara de fora que aparece com a visão de mercado para vender um produto, no caso, a queda do regime. Ele está longe das estratégias políticas dos partidos de oposição, que torcem o nariz para seus métodos. Os militantes de esquerda acreditavam na necessidade de mostrar um Chile de opressão e mortes arbitrárias, de total ausência de liberdade, como forma de chamar a atenção da população para o problema. O primeiro desafio de René, portanto, é interno. Enquanto ele prefere explorar o sentimento de mudança, por meio das mesmas técnicas pensadas para comerciais de refrigerantes, todos exaltando a juventude e a chegada de novos tempos, os políticos de oposição preferiam denunciar a cruel realidade chilena sob o comando de Pinochet. Isso porque alegavam que o plebiscito seria manipulado - e por isso perdido -, mas era a única oportunidade de levar a agenda da democracia ao conhecimento das massas. Era um pequeno, mas precioso tempo de televisão para, pela primeira vez depois de anos, mostrar uma visão de sociedade diferente da que estava no poder. Com a estratégia desenvolvida por René, toda a equipe dos comerciais do Não começa a ser vigiada constantemente e ameaçada por soldados do exército. O clima de paranoia reforça o ar de missão impossível da empreitada, assim como em Argo, mas aqui caminha para um final mais sóbrio. Até lá, a ameaça surge de todos os lados. O chefe de René na agência de publicidade, além de tudo, trabalha para a campanha do Sim, em contato direto com generais do exército. Só que No tem uma fórmula que pasteuriza momentos históricos para uma digestão agradável. Tem semblante de que se aprofunda nos fatos, mas nunca os desenvolve satisfatoriamente, além de apelar para a família como elemento dramático fundamental. Mas vale ressalvar a fotografia proporcionada pela câmera U-matic da década de 80, que transmite a impressão de imagens de arquivo. O maior problema é que No, às vezes, passa a ideia de estar mais interessado no sucesso da publicidade como negócio de venda do que na própria história da queda da ditadura. E são nesses momentos, em que o roteiro parece querer ser vendável para o máximo de pessoas possíveis, na mesma lógica da campanha do No, é que Plabo Larrain vê seu filme perder força." (Emilio Franco Jr)
85*2013 Oscar / 2012 Palma de Cannes
Fabula Participant Media Funny Balloons Canana Films
Diretor: Pablo Larraín
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Date 28/12/2013 Poster - #### - DirectorRobert FloreyJoseph SantleyStarsGroucho MarxHarpo MarxChico MarxDuring the Florida land boom, The Marx Brothers run a hotel, auction off some land, thwart a jewel robbery, and generally act like themselves.{Video}
NO HOTEL DA FUZARCA
(The Cocoanuts, 1929)
''Groucho é o gerente de um hotel na Flórida que tenta extorquir todos os seus hóspedes e funcionários. Enquanto isso, Chico e Harpo investigam uma denúncia de roubo de jóias acontecida dentro do hotel. Primeiro longa dos irmãos Marx." (Filmow)
Date 13/01/2015 Poster - ##### - DirectorDarren AronofskyStarsRussell CroweJennifer ConnellyAnthony HopkinsNoah is chosen by God to undertake a momentous mission before an apocalyptic flood cleanses the world.{Video/@@} M/68
NOÉ
(Noah, 2014)
"As qualidade de Noé não chegam ao status de suas pretensões. Aronofsky, experimentando o épico, não consegue empreender (talvez por limitações de estúdio) suas marcas de seus grandes dramas, ainda assim entrega uma obra divertida como ficção." (Alexandre Koball)
"Ingênuo na 1a metade, "Noé" acerta o passo quando abandona o tom de fantasia à la "O Senhor dos Anéis" e "Transformers", pára de se preocupar com o vilão, e se concentra no dilema religioso do protagonista. Crowe (um novo Charlton Heston?) se sai bem." (Régis Trigo)
"Se visto como uma história de fantasia (exatamente como deve ser), é um filme competente, com um protagonista complexo e momentos inspirados - como a sequência da Criação. Ainda assim, é excessivamente longo e traz Aronofsky em seu modo mais comercial." (Silvio Pilau)
''Sim, fizemos muita coisa errada; pecamos e merecemos ser castigados. Concordo com tudo, mesmo com o dilúvio com que Deus cobriu a Terra. Mas, com tudo isso, "Noé" é demais: isso não merecemos. Nem a duração que parece maior do que o dilúvio nem as imagens pomposas ou o andamento monótono. Não falta no mundo quem saúde "Noé" como um épico sério, até notável. Nessas águas nadarão, talvez, admiradores do Cisne Negro do mesmo Darren Aronofsky. Desse naufrágio safa-se a interessante concepção da arca. Ela transmite a ideia de peso que poderia ter a epopeia, mas que aparece mais claramente na mão pesada de Aronofsky.'' (* Inácio Araujo *)
A arca da fuzarca.
''Existem alguns gêneros cinematográficos que foram morrendo ao longo dos anos, pelas mais diversas razões, e que vez por outra são ressuscitados por cineastas para alguma releitura ou mesmo tentativa de adaptação para contextos mais contemporâneos. O faroeste, por exemplo, fez sucesso absoluto no cinema americano até meados dos anos 1960, quando foi entrando em declínio de popularidade e praticamente sumiu. Porém, de tempos em tempos, há sempre algum cineasta se arriscando com alguns conceitos, estruturas e estilo herdados pelos faroestes, fora os que de fato o abraçam por inteiro, como recentemente fez Quentin Tarantino. No entanto, até o momento, nenhum cineasta ousou mexer com aquele que talvez tenha sido o gênero mais complicado de se atualizar e tornar comercialmente viável para o público de hoje: o épico bíblico. Claro que houve diretores que dirigiram épicos bíblicos depois que o gênero deu uma sumida, mas nenhum com tanto senso de espetáculo e delírio de grandeza como Darren Aronofsky em ''Noé''. Afinal, os antigos épicos baseados em relatos bíblicos, a exemplo de Sansão e Dalila e Os Dez Mandamento, ambos de Cecil B. DeMille, tinham todos essa característica de superprodução, e precisaram de um gordo orçamento para ganhar a atenção do público. Aronofsky, uma vez tendo conseguido a credibilidade que tanto lutou para ter, escolheu justamente uma das histórias mais megalônomas da Bíblia, em que Deus ordena a Noé (vivido por Russell Crowe) e sua família que construam uma arca para abrigar todos os animais e pessoas dispostas a aceitar seus mandamentos, antes que um dilúvio de proporções globais engula todo o planeta. Dada a verba concedida para que Aronofsky filmasse uma história desse porte, não chega a ser o mais importante notar a grandiosidade das sequências de ação, mas sim entender a abordagem que ele faz da história bíblica, agora que adentrou em um terreno que hoje é muito mais difícil transitar do que há 60 anos. Tão difícil, que ninguém sabia exatamente o que esperar do filme. A maioria dos espectadores – fãs, não fãs, indiferentes, e desconhecedores de Aronofsky – não conseguiram sequer medir uma expectativa para Noé. As perguntas foram muitas: será um filme de teor religioso? Questionará a existência ou inexistência de Deus? Será ou não fiel ao relato bíblico? Como vai conciliar o respeito pelos que acreditam na veracidade da Bíblia com os que consideram o relato apenas uma história fantasiosa? As dúvidas foram tantas que o diretor precisou ir até o Vaticano para pedir concessões ao Papa para filmar a história à sua maneira, sem seguir à risca o que a Bíblia diz. Pois bem, a intenção do diretor foi alcançada, pois seu olhar ateu sobre tudo isso é só questionamento. Ele jamais se propõe a responder qualquer uma dessas questões, apenas junta um amontoado de ideias e reescreve o relato segundo seu olhar de cineasta, não disposto a tomar qualquer lado que seja. O Noé de Aronofsky acaba, por fim, sendo fiel somente ao que qualquer blockbuster se propõe: entreter. Portanto, não é de estranhar que seu relato misture criacionismo a evolucionismo, recorra ao apócrifo livro de Enoque e tire de lá um vilão que se contraponha à figura heróica de Noé, fora uns monstrengos de pedra que tocam o terror, jogue Matusalém (Anthony Hopkins) no meio da salada (sendo que na Bíblia não há relatos da convivência entre os dois), insira uma mensagem ambientalista e interprete as escrituras sagradas conforme suas ideias pessoais. Mesmo o personagem principal acaba se encaixando no perfil de outros protagonistas do cineasta, que luta contra tudo e contra todos, inclusive contra suas próprias convicções, para chegar ao seu objetivo, tal qual a bailarina obcecada pela perfeição em Cisne Negro (Black Swan, 2010), o incansável pugilista de O Lutador, e o matemático obstinado de Pi. Assim sendo, a relação de Noé com Deus se mostra a abordagem mais dúbia e arriscada da produção, já que, nas entrelinhas, se pressupõe que o homem jamais entende e verdadeiramente apóia o plano divino de executar a humanidade – apenas obedece, talvez por uma questão de puro instinto de sobrevivência, talvez pela inabalável fé. E para sustentar tamanha miscelânea de ideias, ele recorre à pura aventura cinematográfica, que se perde lá pelas tantas, mas que o tempo todo busca tirar o fôlego da plateia (a arca em si foi de fato construída dentro das medidas especificadas pela Bíblia, o que torna tudo muito mais atraente). Se em algum momento nesse longo caminho de duas horas e meia há alguma procura por verdades, tudo acaba sendo literalmente engolido pelas águas do dilúvio, inclusive o próprio Aronofsky. Acertando muito mais quando aposta no puro entretenimento, e dando umas patinadas quando tenta de alguma forma ir um pouco além (como sempre patina, vide Fonte da Vida [The Fountain, 2006]), o diretor acaba provando que seu forte é o cinema pipoca. Ambição ele tem de sobra para tocar esse tipo de cinema, e ao conseguir ressuscitar esse conceito de filme bíblico, adaptá-lo e torná-lo comercialmente viável para um público que hoje é tão mais desconfiado e cético, Aronofsky enfim parece ter se encontrado ali no meio daquela arca em polvorosa." (Heitor Romero)
''A história de ''Noé'' na Bíblia é breve. E como é praxe no livro sagrado, suscita mais dúvidas do que oferece respostas. Está lá que Deus decidiu eliminar a humanidade porque se arrependeu de sua obra. Escolheu Noé, o último homem justo, para construir uma arca e salvar a ele, sua família e um casal de cada espécie animal. Deu especificações técnicas sobre o tamanho da embarcação e avisou que iria inundar tudo. A Bíblia é exígua em detalhes e qualquer cineasta que se propusesse a levar a história para as telas teria de preencher lacunas, muitas delas. O diretor Darren Aronofsky (Cisne Negro), apaixonado pelo texto desde a adolescência, juntou-se ao produtor Ari Handel para transformar o conto bíblico em filme. A dupla tomou diversas decisões e liberdades, algumas engenhosas, outras não. O resultado, infelizmente, deixa a desejar. O poeta e ensaísta inglês Samuel Taylor Coleridge disse certa vez que para compreender as Escrituras era preciso exercer a suspensão voluntária da descrença. Para quem lê, pode até funcionar. Mas o filme não poderia se furtar a responder perguntas básicas: Como Noé construiu a arca – sozinho ou com a ajuda de alguém além dos filhos? Como foram os dias de convívio dele com milhares de animais dentro da embarcação? Como os alimentou e impediu que não comessem uns aos outros? Mesmo supostamente tendo vivido séculos – quando a arca ficou pronta Noé tinha 600 anos -, construir uma gigantesca nau sozinho e sem tecnologia não é algo muito plausível. Em Noé, o filme, Aronofsky e Handel resolvem o problema com uma solução também improvável: gigantes de pedra, chamados de guardiões, formam a equipe de marceneiros de Noé. O filme justifica sua existência como sendo anjos amaldiçoados por Deus presos em corpos feito de rocha na Terra. É preciso muito boa vontade para engolir os transformers de pedra do filme. Principalmente quando, mais adiante, são usados para enxertar ação na história numa cena de batalha campal que remete o espectador a um universo de ficção científica. Perde-se neste momento (e em tantos outros) a impressão de estar assistindo a uma trama bíblica. Falta aquele tom solene e épico que Cecil B. DeMille soube imprimir em filmes como Os 10 Mandamentos e Sansão e Dalila.O impacto que a fábula de ''Noé'' tem com o público está relacionada em parte com os animais; imaginá-los vindo aos pares para a arca, de todas as espécies. A cena está no filme, criada integralmente por computação gráfica. Depois a bicharada é deixada de lado. Como é difícil imaginar milhares de animais dentro uma embarcação à deriva sem alimentação e convivendo pacificamente, os realizadores optaram por uma saída astuta: todos ao entrar na arca hibernam. Uma ideia inteligente, mas que deixa no espectador a sensação de que os bichos mereceriam mais destaque. Outra solução equivocada se desenrola já na arca. Como a Bíblia não traz nenhuma descrição de como foi o dia-a-dia de Noé à deriva, Aronofsky e Logan desenvolvem um conflito entre o patriarca e sua família. Um embate que poderia ter sido melhor aproveitado se propusesse uma reflexão a cerca da decisão a que Noé se vê impelido a tomar. O filme, no entanto, não explora o conflito interior do personagem, mas seu embate com a mulher, filhos e nora. Ao final, uma cena tola e desprovida de emoção, envolvendo Noé e dois bebês, encerra o conflito. Quando finalmente a arca repousa seu calado no Monte Ararate, sabemos que o filme está prestes a acabar. E a distância que separa você da tela continua lá, presente. Devíamos estar nos importando mais com Noé e os seus, mas simplesmente não conseguimos. Seria preciso uma "suspensão voluntária da descrença" também com os realizadores. Mas aí já é crença demais, é fé." (Roberto Guerra)
''Para contar no cinema uma das histórias mais grandiosas da humanidade, o que se espera é um filme grandioso. E "Noé" apenas finge ser um. O ator é um nome de peso, com Oscar e tudo. Há tecnologia e dinheiro para criar a arca gigante e o dilúvio. Tudo narrado em tom épico, certo? Mas Russell Crowe está péssimo, a arca é só um caixote boiando numa banheira e a história, simplória, tem batalhas que parecem rejeitadas de O Senhor dos Anéis. O diretor Darren Aronofsky vem de dois belos acertos, O Lutado e Cisne Negro, este um filme surpreendente. É evidente que fica difícil alguma surpresa quando todo mundo já sabe o roteiro: Noé é o homem escolhido por Deus para construir a arca, colocar nela sua família e um casal de cada espécie animal na Terra, para repovoar o mundo depois do dilúvio divino. Aronofsky simplifica a história ao máximo e tudo deságua num irritante filme esquemático e de pobreza visual. Quando Noé conta a história da criação do mundo para sua família, imagens estáticas são trocadas em ritmo acelerado, como se fosse a vinheta de abertura da série de TV The Big Bang Theory. A entrada dos animais na arca poderia ser um bom ingrediente para imagens espetaculares, mas os resultados na tela não têm brilho algum. Criar os bichos gráficos deve ter dado um trabalhão, que é matado em cenas curtas, numa direção nada inspirada. Quando ''Noé'' precisa impedir que uma grande horda entre à força na arca, quem aparece para ajudá-lo são os Guardiães, gigantes de pedra que Deus abandonou na Terra. Essas criaturas dormem escondidas como rochas amontoadas e, se Noé é ameaçado, se erguem para lutar, feito desajeitadas versões dos robôs de Transformers. O elenco poderia fazer a diferença, mas não consegue. Anthony Hopkins surge como Matusalém, avô de Noé; sua vocação atual se resume a tipos idosos sábios, como seu Odin na franquia Thor. A mulher e os filhos de ''Noé'' são lindos. Jennifer Connelly fica deslumbrante até coberta pela lama do dilúvio. Russell Crowe assume de vez o lugar de Charlton Heston de sua geração, ambos atores encorpados, de voz grave e missões heroicas. Heston foi gladiador em Ben-Hur e Moisés em Os Dez Mandamentos; Crowe ficou célebre em Gladiador e foi opção óbvia para ''Noé''. Reformatar a humanidade é demais para um ator preso a uma única expressão durante todo o filme. Se havia alguma chance de criatividade no roteiro, estava na loucura crescente de Noé durante sua missão, mas Crowe é incapaz de demonstrar tanta sutileza. Com mais de duas horas, o filme vai cansando. Recorrendo a outro sofrido personagem bíblico, é preciso paciência de Jó para aguentar "Noé".'' (Thales de Menezes)
72*2015 Globo
Date 23/02/2015 Poster - # - DirectorLars von TrierStarsCharlotte GainsbourgStellan SkarsgårdStacy MartinA self-diagnosed nymphomaniac recounts her erotic experiences to the man who saved her after a beating.[Mov 10 Fav IMDB 7,4/10] {Video/@@@@@} M/64
NINFOMANÍACA - VOLUME 1
(Nymphomaniac: Volume 1, 2013)
"Antes, as pessoas cultivadas diziam não assistir aos filmes brasileiros porque só têm sexo. Agora, será o caso de inverter o discurso: não verão filmes brasileiros porque só eles não têm sexo. É o que nos deixam os estrangeiros Azul É a Cor Mais Quente, Um Estranho no Lago e, agora, "Ninfomaníaca", primeira parte do pornô prometido pelo dinamarquês Lars von Trier - e que completaria o que já denominaram trilogia da depressão (com Anticristo e Melancolia). São filmes que solapam a cuidadosa arquitetura da indústria (americana, em particular), em que o normal e o pornô devem fingir que são de mundos diferentes, como se a sexualidade só pudesse ser exercida verbalmente. Com uma hora e cinquenta minutos, esta é a primeira parte das aventuras de Joe - a segunda terá duas horas e dez minutos, mas trata-se, no dizer de Von Trier, mestre do marketing cinematográfico, de versão censurada. Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada num beco por Seligman (Stellan Skarsgard), sensível o bastante para acolher a mulher batida e abatida. E não uma qualquer: Joe garante-lhe que não é exatamente uma boa menina. A primeira parte do filme vai se dedicar às experiências eróticas que Joe narra e Seligman tenta compreender. Para Joe, a sexualidade se mostrará evidente e misteriosa, prazerosa e tortuosa. Podemos observá-la em dois aspectos: a iniciação sexual é o mais estranho deles, pois envolve uma competição, com uma amiga, para ver quem transa mais durante uma viagem de trem. Estamos, portanto, longe da ideia de afeto, mas também da de prazer. Assim como em Anticristo e Melancolia, parece haver algo de irrecuperável no humano. A sexualidade, em Joe, não é angústia, felicidade, gozo. Não é nada, a rigor. É um ato desprovido de sentido, embora sempre em busca de sentido. O segundo aspecto, ao contrário, é carregado de sensibilidade e envolve a infância, a ligação com o pai e a falta de ligação com a mãe. Ligações pesadas, à maneira nórdica, de que resultará uma das cenas mais fortes, no leito de morte do pai (Christian Slater). Algo de muito próprio no cinema de Von Trier, além do humor, se manifesta com clareza: as relações pessoais, em particular as familiares, são movidas por forças incontroladas (talvez incontroláveis), misteriosas, que se manifestam sob as convenções. Isso faz delas eventos muito particulares e, em especial em "Ninfomaníaca", daqueles que o espectador tateia, em busca de um significado, mas nunca escapa ao encantamento estranho das imagens. Em "Ninfomaníaca", o que se vê são cenas de pornô soft. Versão censurada? Talvez. Em todo caso, nessa fase mais juvenil de Joe, quem se destaca é Stacy Martin, atriz de uma beleza que lembra Sylvia Kristel, artista que teve a carreira arruinada pelas cenas de sexo de "Emmanuelle". Espera-se que Martin tenha sorte melhor." (* Inácio Araujo *)
"Aristóteles dizia que a tragédia devia despertar piedade e terror. Lars von Trier, portanto, não faz tragédia, posto que inspira antes de tudo terror e quase nenhuma piedade em sua filmografia, principalmente em seus três últimos filmes, Anticristo, Melancolia, e agora, em seu mais recente, "Ninfomaníaca - Volume 1". Mas, nem por isso, ele deixa de carregar uma ancestralidade trágica. Sua pergunta incessante é: há sentido na vida, no universo, no corpo, no desejo? Suas protagonistas sofrem na carne a resposta aparentemente negativa a esta agonia. Sua arte se move em dois níveis: o radicalmente contemporâneo e o absolutamente eterno. Toda grande arte deve ser assim: encarnada na vida cotidiana e aberta ao espírito do infinito. Por isso, a espiritualidade negativa exposta no Anticristo e em Melancolia assume em "Ninfomaníaca - Volume 1", a forma da carne feminina que pinga de desejo. A protagonista Joe (interpretada por Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin) narra a história de seu desejo, um desejo que só encontra o vazio em seu movimento. Sua cosmologia é a do terror, sua ética é a do niilismo, sua política é a do deboche. Lars von Trier exala o odor de Sade. A cosmologia de Von Trier carrega o tom cruel de uma percepção de mundo que desde a antiguidade (Pérsia, cristianismo antigo gnóstico e maniqueu, bogomilos e cátaros na Idade Média, Marquês de Sade no século 18) atormenta o imaginário espiritual ocidental: Deus é mau? A natureza é perversa? Somos um animal numa jaula? "Ninfomaníaca - Volume 1" é uma polifonia a serviço da negação do sentido. Em meio à polifonia, a voz que faz o solo é a do pecado da luxúria (único resto que a irreligiosa Joe retém da religião) devastando a vida de gente como a esposa de um de seus inúmeros amantes (vivida por Uma Thurman) e sua rede de sentimentos construídos ao longo de 20 anos. Entre a idiota crença contemporânea na revolução sexual e a agonia da luxúria como marca do sexo livre, Von Trier opta pela segunda. Joe, a mulher dona de seu corpo, se vê como um animal numa jaula, andando de um lado para o outro, indo pra lugar nenhum." (Luis Felipe Ponde)
{Quando ainda somos, a morte não chegou. Quando a morte é chegada, já não somos mais}
"Ignora-se a linha 'sexo como libertação' para debater o aprisionamento do corpo. Mas se é para falar de sexo doentio, Shame é superior. Para o que foi propagandeado, Ninfo é comportado, mais conceitual. Só que Von Trier é sofisticado e a narrativa captura" (Emilio Franco Jr)
"Bastante irregular, flertando com o pretensiosismo nas chatíssimas digressões metafóricas de Seligman, mas ainda assim ousado e filmado com habilidade por Von Trier. Parece uma obra incompleta, que necessita do segundo volume." (Silvio Pilau)
"Ninfomaníaca é estranhamento menos orgânico do que a obra de Trier - soa mais gratuito e episódico - e até menos ousado do que se poderia esperar. Ainda assim, o diretor expõe como poucos verdades que muitos não teriam coragem de colocar na tela." (Alexandre Koball)
"É um filme pesado que certamente não funciona sozinho (e nem foi pensado como tal), mas até aqui soou gratuito, raso demais no tema principal (e complexo em devaneios) e com Uma Thurman roubando a cena. Até o sexo, que é o real foco, é decepcionante." (Rodrigo Cunha)
"Mais convencional do que aparenta, Trier troca o grafismo, a polêmica, e a perversão, por muita teoria, filosofia, e transforma a discussão do conflito entre sexo x prazer x culpa numa espécie de filme-tese. Inconclusivo, mas ainda assim interessante." (Régis Trigo)
"Exercício de exibicionismo e narcisismo do diretor. Filma tudo com o rigor e a eficiência de seu cinema, mas com uma falsa sofisticação, com tiradas pseudo-intelectuais, e exageros propositais da narrative que tornam o todo um tanto banal." (Demetrius Caesar)
"O cineasta sempre forçou a barra, mesmo em seus melhores trabalhos, mas aqui suas reflexões carregam uma filosofia vazia de didatismo excruciante, que as vezes esquece que é cinema, que faz rir involuntariamente." (Gabriel Papaléo)
"Obra incompleta à parte, o que se vê é um filme que não diz a que veio, se pra tratar de uma patologia com seriedade, de maneira sombria ou através de metáforas estapafúrdias. Grande Stacy Martin, que livra a experiência de ser mais chata e vazia." (Rodrigo Torres de Souza)
Produtores mutilam e quebram novo filme do diabinho dinamarquês, mas ainda assim ele diz a que veio... ao menos nesse início.
"Talvez não exista tarefa mais difícil para um jornalista nesse início de ano do que escrever uma crítica do novo filme de Lars Von Trier. A essa altura, todo o mundo já sabe que o cara endoidou de vez e resolveu fazer algo que ele intitula como erótico, ou pornográfico para alguns. Lá pelas tantas, Lars deixou claro que seu filme teria mais de quatro horas de duração; mais precisamente, quase cinco. Pelo mundo, os produtores associados chiaram com a impossibilidade de colocar esse tanto de material em sessões regulares, e aproveitaram que já teriam de colocar um cabresto no filme para anunciarem que as condições eram duas: dividi-lo ao meio, para lançamento em duas partes; e retirar da produção todo o excesso de pornografia existente na obra. Ora pois, ninguém percebeu que com isso a proposta corria sério risco de descer pelo ralo? Para espanto do planeta, Von Trier acatou ambas as decisões e entregou sua obra para avaliação alheia, que agora concede entrega para o público o primeiro volume do material (a distribuidora no Brasil, Califórnia Filmes, promete para março o segundo). Eis a dificuldade: como analisar uma obra obviamente incompleta? E como avaliar uma obra que deveria tratar de um tema tão explosivo, se o material passou por censura interna, podendo ter descaracterizado suas intenções? Com as mãos atadas, nos resta rezar para março não tardar, já que nossa visão/análise se permitirá muito mais acertada diante da obra completa, mesmo que mutilada (e "cenas do próximo capítulo" ao fim da sessão nos mostra o quão se intensifica o todo com o acréscimo do outro volume). Do que ficou claro, temos a direção sofisticada do dinamarquês, em contraste absoluto com o universo abordado, ainda raso e tratando pelas bordas o poço sem fundo onde a protagonista Joe parece mergulhar, e de onde é resgatada aqui na primeira cena. Destruída moral e fisicamente, ela é levada para a casa de um homem que pretende cuidar de seus ferimentos e aceita ouvir seu relato. Acontece que Joe, desde cedo (muito cedo!), tem uma ligação não-saudável com o ato sexual, e com a adolescência isso vem à tona. Logo que se livra de sua virgindade, Joe embarca numa espiral sexual que vai esbarrar em inúmeras passagens (dividida por Von Trier em capítulos) repletas de situações degradantes e com o reencontro constante com um mesmo homem, que a segue da adolescência até o início da vida adulta, marcando o primeiro laço fixo de uma mulher repleta de dor e desespero. Mas pelo quê? Como eu disse, tudo ainda está pela metade, como se estivéssemos observando apenas o início do quadro que se sabe bem maior. A protagonista Charlotte Gainsbourg, por exemplo, ainda é apenas narradora aqui, com suas cenas sendo desempenhadas pela jovem Stacy Martin, linda, intensa e muito talentosa. No elenco de astros, poucos destaques maiores que não a inspirada direção de Von Trier e do seu novo encontro com o impressionante Manuel Alberto Claro, que volta a fotografar de maneira magistral seu trabalho. A realçar apenas a cena/capítulo intitulado Mrs. H, praticamente protagonizado por uma incandescente Uma Thurman, no que talvez seja o melhor momento de sua carreira; se valendo de diálogos que parecem joias, Thurman se reinventa e se junta ao time de atrizes que simplesmente explodem nas mãos do diretor, num momento impressionante. Sem condições de precisar o material incompleto, ficamos todos nós na expectativa do projeto para que possamos, enfim, montar todas as peças de mais um quebra-cabeça da mente mais controversa da cinematografia dinamarquesa, sabendo ao menos que todas as alfinetadas aos seus detratores e críticos foram feitos nos simbólicos diálogos entre Joe e seu salvador (vivido por Stellan Skarsgaard), sem nunca parecer didático ou deslocado da trama maior. Em março, poderemos constatar o tamanho do impacto da obra.'' (Francisco Carbone)
Lars von Trier propõe investigação de sensações mas não se dispõe ao risco.
''Como aqueles comerciais de refrigerante que vendem atitude, ser controverso é moeda de troca em festivais de cinema, e com base nisso Lars von Trier se estabeleceu como grife "autoral" a partir do Dogma 95. Condicionar seu trabalho a bater a expectativa do público pode ser um problema, porém, como mostra ''Ninfomaníaca - Parte 1'' (Nymphomaniac). Primeiro porque há de cara um ruído de mercado. Von Trier fez um pornô de cinco horas sobre uma mulher viciada em sexo, mas para ser exibido nos multiplexes "de arte" do mundo todo - a demanda gerada pela grife - abriu duas concessões: dividir o filme em dois e permitir uma versão mais curta sem sexo explícito. Esta Parte 1, com seu elenco internacional substituído por dublês nas discretas cenas de sexo, então está longe do Von Trier de 1998 que filmava sem pudor pirocas ao vento em Os Idiotas. E não bastasse terminar de repente, o filme ainda vem com cenas-do-próximo-capítulo nos créditos finais; a Parte 2 estreia em março. É legítimo perguntar se o poder da grife Von Trier não daria ao cineasta autoridade para bancar, comercialmente, sua versão integral e original. A questão é que parece mais confortável para o dinamarquês preservar sua imagem pública de autor incompreendido: o filme abre com uma cartela revoltosa que diz que Ninfomaníaca foi reeditado com a permissão mas sem a participação do diretor. Quando a geração de expectativa se torna um modo de operação, o perigo maior nem é, necessariamente, deixar de cumprir essa expectativa, e sim procurar formas de atingir por igual todo esse heterogêneo público-alvo que cresceu disforme, atraído pela controvérsia. Von Trier - que já foi mais safo e menos megalomaníaco - cai nessa armadilha, e Ninfomaníaca é um filme que adota uma cafona postura professoral para tentar dar conta de uma experiência sensorial para multidões. Isso fica claro já nos primeiros planos, em que a câmera passeia lenta por um beco e vai isolando os barulhos do ambiente, como a chuva sobre superfícies diversas, para que fique latente que estamos em um filme de sensações. Então podemos ver Joe (Charlotte Gainsbourg), a tal ninfomaníaca, largada machucada no chão, antes de ser acudida por Seligman (Stellan Skarsgård), o velho para quem ela contará a sua história de vida em oito capítulos, quatro em cada filme. Quando Joe aparece pela primeira vez e o filme substitui aquele barulhinho de chuva por uma música da banda alemã de metal Rammstein, volta à cena o velho Von Trier do choque, mas o fato é que Ninfomaníaca resulta muito menos polêmico do que prometia. Há o humor negro característico do diretor (particularmente no capítulo com Uma Thurman), mas o que dá o tom nesta Parte 1 é mesmo o didatismo, na proliferação de hipertextos - o sexo enquanto pesca, o sexo enquanto música, o sexo enquanto botânica - e na relação entre Joe e Seligman. Porque a dinâmica que se estabelece entre os dois personagens é menos uma interlocução de desafios - em que Joe seria uma Sheherazade das Mil e uma Noites testando seu rei a cada história contada - e mais uma situação de filtragem. Personagem oportunamente erudito, e infelizmente desprovido de duvidosas intenções, Seligman faz o intérprete que facilita o trabalho de traduzir o filme. Ninfomaníaca almeja ser uma investigação de sensações, mas termina sendo uma aborrecida catalogação de sensações. Na cena em que Joe reconta a sua primeira relação sexual e Seligman identifica ali, na quantidade de estocadas tomadas pela virgem, um padrão de números de Fibonacci, é inevitável pensar que Von Trier está no fundo trollando o espectador. (Ele ironiza a própria obsessão com o hipertexto, na hora em que Joe questiona a veracidade da história de Seligman sobre garfos de bolo na Revolução Russa.) Trote ou não, a certeza que fica é que Ninfomaníaca vai render muito naquelas rodinhas de discussão, onde todos poderão dizer que viram pela primeira vez no cinema um softcore matemático." (Marcelo Hessel)
Top Bélgica #30 Top Dinamarca #31 Top Erótico #3
Zentropa Entertainments Zentropa International Köln Heimatfilm Film i Väst Slot Machine Caviar Films Concorde Filmverleih Artificial Eye Les Films du Losange European Film Bonds Caviar
Diretor: Lars von Trier
58.642 users / 19.171 face
Soundtrack Rock = Steppenwolf + Rammstein
Check-Ins 511 41 Metacritic
Date 18/04/2014 Poster - ########## - DirectorLars von TrierStarsCharlotte GainsbourgStellan SkarsgårdWillem DafoeThe continuation of Joe's sexually dictated life delves into the darker aspects of her adulthood, obsessions and what led to her being in Seligman's care.[Mov 10 Fav IMDB 6,8/10] {Video/@@@@@} M/60
NINFOMANÍACA - VOLUME 2
(Nymphomaniac: Volume II, 2013)
"Ninfomaníaca é estranhamente menos orgânico do que a obra de Trier - soa mais gratuito e episódico - e até menos ousado do que se poderia esperar. Ainda assim, o diretor expõe como poucos verdades que muitos não teriam coragem de colocar na tela." (Alexandre Koball)
"O encerramento desta besteira que Trier fez; um chamado soft porn, que na verdade filma muito melhor a dor do que o prazer. E o perfil da Ninfomaníaca? Sobrou muito pouco para este episódio 2. Tem clima, mas inacreditavelmente falta conteúdo." (Rodrigo Cunha)
"Surpresa para ninguém, Lars von Trier filma as cenas de masoquismo melhor, muito melhor, do que as de sexo: a dor e o tormento para ele são muito mais vivos e excitantes que o prazer, ainda mais sexual. A digressão sobre a solidão é o melhor do filme." (Demetrius Caesar)
"As reflexões propostas por Von Trier, assim como seu ataque direto à hipocrisia, ficam mais claras no segundo volume, que se arrisca mais do que a "comportada" primeira parte. Ainda oscila entre erros e acertos, mas provoca e faz pensar." (Silvio Pilau)
''Agora já é possível ver as coisas com mais nitidez: a primeira parte de Ninfomaníaca era antes de tudo uma introdução às questões que o Volume 2 desenvolve.,Recapitulando: no 1, tratava-se de promover o encontro de Joe (Charlotte Gainsbourg) com o homem que a acolhe, Seligman (Stellan Skarsgard). Ambos iniciam uma espécie de diálogo filosófico que ajuda a introduzir Joe, seu pai, suas relações com a natureza e o sexo, servindo-se de metáforas propostas por Seligman. O Volume 2, além de estabelecer com mais clareza o papel dos dois (o conhecimento pelo corpo, de um lado, e pelos livros, de outro), os tornará idênticos em ao menos um sentido: o afastamento da sociedade e de suas leis. Seligman retira-se como uma espécie de religioso, o que é menos interessante. Joe entrega-se plenamente à busca de saber que árvore ela é (no "Volume 1", em seus passeios no bosque, com o pai, ela aprendeu que a cada árvore corresponde uma alma). Desta vez, a primeira lição séria quem dá é Joe, ao criticar o politicamente correto: quando existe algo delicado a atormentar a sociedade, suprime-se a palavra, em vez de tratar o problema. Eis a essência da sociedade humana, a seu ver: a hipocrisia. Do outro lado está o desejo. Incontrolável e incontornável, no seu caso. Desejo que em princípio aproxima os seres. No caso de Joe, porém, afasta-os em definitivo. Ela descobre-se antissocial. A ninfomania a impossibilita de exercer quase todas as atividades, mas, antes de tudo, a desvincula do sentimento. A experiência do sentimento, para ela, equivale a uma espécie de correção política da sexualidade: o amor por um homem, a maternidade e mesmo a amizade só a desviam de sua busca. Já a sexualidade a afasta do mundo não apenas como destino a sofrer, mas como destino reflexivo: é ela que revela, em sua radicalidade, a fragilidade de nossas leis sociais. Ou antes: revela todo o sacrifício que essas leis impõem aos homens para que possam viver em comum. Joe, à maneira de um Sade, recusa esses sacrifícios. Outros lhe serão impostos. Von Trier preserva a mesma escrita: os tiques de câmera, o distanciamento, o tom pessimista. A aspereza com que trata o destino dos homens remete no entanto à moral rígida da escola nórdica. Não será por acaso, com certeza, que Joe, que revira e tortura o próprio corpo em busca de saber quem é, encontra-se com Seligman, o assexuado, aquele para quem o conhecimento não pode provir do corpo nem da experiência: ele não tem nada a dizer, tudo que pode é traduzir a experiência de Joe em palavras, isto é, em distância. Nas alternativas desse diálogo encontra-se muito da beleza de Ninfomaníaca (1 e 2), um dos grandes momentos de seu autor.'' (* Inácio Araujo *)
''Se o volume um de Ninfomaníaca é uma boa preparação, "Ninfomaníaca - Volume 2" é o perfeito acabamento de uma obra de integridade irretocável. Lembrete: apesar do apelo publicitário lançado por Lars von Trier, não se trata de um filme pornográfico. É mesmo seu oposto. Ali, Joe (Charlotte Gainsbourg, atriz rara) é recolhida à morte pelo assexuado Seligman (Stellan Skarsgård). Aliás, são dois assexuados, pois toda a existência de Joe resume-se às tentativas de reencontrar sua sexualidade. De encontrar, talvez, a si mesma. Seligman, ao contrário, nada busca. Essa oposição favorece o diálogo entre os dois. Um filme pornô? Nada mais distante. Para Von Trier o sexo é sombrio. É com ideias assim que somos confrontados nessa belíssima e terrível obra-prima.'' (** Inácio Araujo **)
''Eu não consigo sentir nada!! Foi com essa frase que Lars von Trier cortou o Volume I e qualquer prazer que poderia existir em Ninfomaníaca. Agora, na segunda parte, voilà: deu vazão à toda insensibilidade germinada anteriormente e finalizou um retrato da sociedade contemporânea de forma ímpar. Enquanto os corpos estão expostos em carne viva ao longo das duas obras - na escatologia provocada pela loucura, nas marcas de dor desenhadas pelo masoquismo -, as almas estão profundamente secas como árvores no inverno. A primeira parte se atém com afinco às raízes da protagonista, enquanto este desenrolar tem mais movimento para alcançar o desfecho. Começa do amanhecer de Jerome (Shia LaBeouf) e Joe (Stacy Martin) após a primeira noite de amor e percorre a relação quase infantil do par, durante a qual a personagem tenta voltar a sentir algum prazer. A transição para Charlotte Gainsbourg no papel principal ocorre de forma abrupta, mas muito bem colocada para expressar sua maturidade. A jovem Joe sorria. Já mais velha, fecha-se em si mesma e no tal egoísmo feminino indicado em Anticristo, tanto que há referência direta à emblemática cena da criança caindo da janela. Mas não se engane com a suposta ideia de misoginia semeada no início da trilogia da depressão (composta por Anticristo, Melancolia e Ninfomaníaca), quando acusaram o diretor de jogar os males do mundo nas mulheres. Em ''Ninfomaníaca - Volume II'', Joe segue relatando sua história a Seligman (Stellan Skarsgård) e logo de cara conta sobre uma visão mística que teve durante a primeira masturbação. Acreditou ter encarado duas santas, entre elas, Virgem Maria. O ouvinte ironiza e destaca o fato de a personagem ter visto a representação da ninfomaníaca Messalina e da maior prostituta da Babilônia. Essa eterna caça às bruxas do prazer feminino, pelo qual mulheres são julgadas como santas ou devassas segundo a expressão de seu desejo, definitivamente não foi obra de von Trier. Fica mais claro ao longo desta parte que o cineasta coloca o espectador no lugar de Seligman - o homem feliz, de bem, cheio de pudores e com incríveis teorias para interpretar qualquer questão. Mas, outro mérito do longa, é não colocar Joe no superficial lugar de heroína; suas contradições parecem deixá-la tão imersa quanto o outro num profundo jogo de hipocrisia. Os personagens travam um embate sem fim entre opostos: Deus e o Diabo, castidade e sexo, felicidade e sofrimento, masculino e feminino. Tudo isso numa mistura sem fronteiras como se os dois fossem apenas aspectos exagerados de um mesmo sistema. Joe narra suas tentativas de recuperar a sensibilidade principalmente por meio do masoquismo. A violência sistematizada pelo jovem K (o excelente Jamie Bell) a várias mulheres é cruel, doentia, assim como o ambiente hospitalar que a reveste. O personagem mais famoso com essa alcunha reside em O Processo, de Franz Kafka. Não há de ser mera coincidência, ainda mais com a ênfase dada aos sistemas de violência implicados no filme. ''Ninfomaníaca - Volume II'' também se aproxima mais dos problemas de comunicação. A tão divulgada cena do ménage à trois envolve a falta de palavras e uma tentativa de entendimento por meio do corpo, algo que faz muito sentido no cerne da trama. Já na discussão entre Joe e Seligman sobre hipocrisia, a personagem de Gainsbourg fala sobre tabus e como a sociedade acredita se livrar do mal extirpando apenas as palavras. Livra-se da forma, da fala, mas o conteúdo permanece logo abaixo da superfície. O ótimo Willem Dafoe entra em cena para direcionar a suposta perversidade de Joe a uma finalidade corrompida. Se, na primeira parte, a personagem domina os demais, na segunda, é dominada, vira um instrumento nas mãos dos homens. Um discurso sobre a liberdade sexual feminina precede justamente um desfecho que resume perfeitamente o machismo. Com atores impecáveis, um roteiro profundo e bem filmado, Lars von Trier talvez tenha feito a obra que melhor traduz os dias de hoje, jogando luz ao debate sobre gênero, moralismo e sexualidade, além de enfatizar a apatia angustiante da busca excessiva por prazer.'' (Cristina Tavelin)
''Quando a primeira parte de Ninfomaníaca foi lançada nos cinemas (leia a crítica aqui), a provocação de Lars von Trier se voltou às diversas cenas de sexo real. Alguns se decepcionaram por não ser tão polêmica assim, dividindo opiniões e deixando a dúvida sobre o conteúdo artístico inserido no longa. Em “Ninfomaníaca – Vol. II”, o diretor dinamarquês se estabelece como um dos melhores artistas da atualidade, sabendo se apropriar de boas histórias e mostrando ao que realmente veio. Sem necessidade de apresentar novamente os personagens após o coito interrompido entre os dois volumes, a trama começa exatamente onde terminou, sendo totalmente necessário ter visto a parte anterior para retornar à narrativa. Agora, Joe (Charlotte Gainsbourg) conta a Seligman (Stellan Skarsgard) uma fase complicada, quando passou pela falta de apetite sexual enquanto tenta constituir família com Jerôme (Shia LaBeouf). Para tentar sentir algo novamente, ela tenta de tudo enquanto o marido está fora a trabalho, desde seduzir seus vizinhos a terapias de sadomasoquismo com K (Jamie Bell). O próprio Jerôme se diz incapaz de alimentar o tesão de Joe, autorizando suas fugas matrimoniais. Enquanto isso, ela também é direcionada a um grupo de ajuda para tratar a abstinência. Seu corpo também começa a reagir após tantos anos de entrega. Se na primeira parte as exageradas metáforas de Seligman davam o tom para a história de Joe, aqui a relação entre os dois é o principal foco. O roteiro de Von Trier faz até deboches autorreferentes em relação à estrutura da sua própria película, de forma que ameniza o esdrúxulo conhecimento teórico de Seligman sobre o mundo para dar espaço ao crescimento de seus personagens. Aliás, é o Seligman de Stellan Skarsgardque surpreende do começo (meio?) ao fim. O homem pacato também tem seus segredos que virão à tona devido à relação simbiótica com Joe. Após a performance soberba de Stacy Martin, agora acompanhamos Charlotte Gainsbourg na vida adulta da protagonista. A atriz se tornou musa de Von Trier e prova, a cada filme, a qualidade do seu trabalho. O olhar de Joe sempre revela muito sobre o transtorno, dividida entre o prazer e a vida familiar, que exige uma presença que ela parece não estar apta a dar. Joe passa por momentos infernais, deixando de lado a polêmica das cenas de sexo para abrir espaço para a abordagem psicológica e comportamental da personagem na fase madura. O elenco também ganha o reforço de Jamie Bell na pele de K. A densidade dramática do personagem extrapola seus diálogos e ações, fazendo com que o público imagine como funciona o interior dele. Willem Dafoe aparece como o mentor de Joe, enquanto Mia Goth realizando um trabalho exemplar como a jovem P. Infelizmente, nenhum se destaca ao nível de Uma Thurman. As opções técnicas do diretor também permanecem como na parte anterior, se abstendo mais dos grafismos para não tirar a atenção do que realmente importa. Von Trier não nega que o sexo é o leitmotiv, tendo que passar por ele para contar o que aconteceu no começo da história de Joe. Talvez não precisasse de tantos detalhes para chegar ao ponto dramático que queria, mas o diretor opta por exercitar o lado voyeurístico do espectador. Assim, quando a trama realmente revela suas intenções dramáticas, a narrativa evolui consideravelmente. Discorrer sobre qualquer detalhe neste sentido seria spoiler, mas Ninfomaníaca muito se relaciona com Dogville e a marginalização da sociedade, cheia de falsas condutas, pessoas destruidoras e relações invertidas, além da discriminação do papel feminino. A sensação de impotência, com perdão do termo, frente às situações sem volta elaboradas pelo roteiro são semelhantes ao filme estrelado por Nicole Kidman. O grand finale às escuras, arquitetado com maestria pela cabeça de Von Trier, é épico. Dessa forma, o desfecho de Ninfomaníaca se torna superior ao volume anterior por dar mais atenção ao drama do que ao sexo. É interessante como Von Trier humaniza seus personagens, para em seguida desumanizá-los de maneira crua e objetiva. O cinema que ele faz ainda procura seu espaço entre as grandes plateias, que ainda valorizam muito mais a polêmica do que a narrativa conjunta vista em cena. Ao final da sessão, fica o gosto amargo pelo mundo e a certeza de que o diretor não costuma errar quando escolhe uma história para contar." [b}(Diego Benevides)
Top Bélgica #33 Top Dinamarca #33 Top Erótico #4
Zentropa Entertainments
Diretor: Lars von Trier
39.817 users / 4.429 face
Soundtrack Rock = Talking Heads + Beck
Check-Ins 512 34 Metacritic
Date 25/03/2014 Poster - ########## - DirectorAlexander PayneStarsBruce DernWill ForteJune SquibbAn aging, booze-addled father makes the trip from Montana to Nebraska with his estranged son in order to claim a million-dollar Mega Sweepstakes Marketing prize.[Mov 06 IMDB 7,9/10 {Video/@@} M/86
NEBRASKA
(Nebraska, 2013)
''Ainda estamos longe da temporada de prognósticos sobre quem deve levar indicações ao Oscar, mas Alexander Payne e seu "Nebraska" decidiram adiantar a corrida pelo prêmio mais popular do cinema mundial. Em sua primeira exibição, ontem, no Festival de Cannes, o longa foi aplaudido três vezes. Payne, que já possui duas estatuetas pelos roteiros adaptados de Sideways (2004) e Os Descendentes (2011), agora dirige um texto original de Bob Nelson sobre Woody, um idoso alcoólatra (Bruce Dern) que fica obcecado com a ideia de viajar para Omaha, maior cidade do Estado de Nebraska, e recolher um prêmio de US$ 1 milhão que pode nem existir. Sem conseguir demover o pai do projeto, David (Will Forte, do Saturday Night Live), um vendedor de aparelhos de som, decide levá-lo nessa peregrinação para provar que o prêmio não passa de um embuste. Em uma espécie de Uma História Real (1999) protagonizado por um idoso mais encrenqueiro, Payne aproveita para falar com um humor melancólico não apenas sobre a relação entre pai e filho mas também sobre como a crise financeira afeta o interior dos EUA e os próprios ideais do sonho americano. Não era minha intenção [tecer um painel social]. Mas quando filmamos, havia casas com placas de vende-se. Adicionamos outras. Foi uma combinação de decretos divinos e intenções da nossa parte", afirma o cineasta. Eu recebi o roteiro nove anos atrás, quando a situação econômica era outra. Naquele momento, eu estava cansado de dirigir dentro de um carro, brinca o diretor, em referência às filmagens do road movie Sideways. Vejo ''Nebraska'' como um filme da era da depressão e, por isso, escolhi exibi-lo em preto e branco, conta o cineasta, que filmou em cores para não prejudicar contratos com canais de televisão (que costumam torcer o nariz para longas em preto e branco). Payne concluiu a produção do longa na semana passada, mas há algum tempo a imprensa americana celebra a atuação de Bruce Dern. Escanteado nos últimos tempos, o veterano de 76 anos, indicado ao Oscar por Amargo Regresso, mas conhecido mesmo por papéis de assassino nos anos 1960 e 1970, virou o alvo dos holofotes. Quando li o roteiro, sabia que precisava correr atrás do papel, conta Dern. Ao terminar de filmar, notei algo engraçado. Não era próximo do meu pai, mas acabei encontrando outro no set: Alexander, que me pressionou até o limite e depois me carregou no colo. É um gênio. Em seu primeiro projeto depois de Os Descendentes, que concorreu a cinco Oscar no ano passado, inclusive o de melhor filme, Payne volta ao seu Estado natal, o que foi essencial para que topasse dirigir o texto de um roteirista iniciante. "Não teria feito este longa se não tivesse nascido em ''Nebraska", afirma o cineasta. Mas sou de Omaha, cidade grande. A região que retratamos era exótica mesmo para mim. A descoberta de um interior de tradições antigas e velhas rixas é o verniz de "Nebraska". No meio do caminho para o local em que haverá a coleta do suposto prêmio, pai e filho precisam parar na casa da família, onde as histórias do passado se juntam à mesquinharia do presente na fórmula choro + risos que Payne sabe equilibrar como poucos diretores. Com a adição da mulher de Woody (June Squibb, hilária), o trio tenta lidar com o fato de a família e alguns velhos amigos desejarem uma parcela de uma recompensa que nem existe. Alexander nunca pede nada aos atores. Ele me entregava os diálogos e observava como a cena ficava, conta Squibb, que fez As Confissões de Schmidt (2002) com o diretor, luxo que Will Forte não teve. Estou acostumado a atuar em comédias malucas, então fiquei preocupado por sair da minha zona de conforto", confessa Forte. Não achava que fosse possível trabalhar com um diretor do calibre de Alexander Payne." (Rodrigo Salem)
"No hall do cinema alguém mencionou os comerciais da Master Card pra definir o filme e até então não encontrei nada melhor que pudesse ser dito sobre ele." (Daniel Dalpizzolo)
"Payne entrega um belo filme sobre velhice e sobre família (do ponto de vista negativo/realista). A escolha do preto-e-branco, estética, é bem-vinda, mas gostaria de ter visto aquelas paisagens maravilhosas a plenas cores." (Alexandre Koball)
"Não é tão intenso quanto poderia ser, mas não deixa de ser uma bela jornada de pai e filho." (Rodrigo Cunha)
"Payne aproveita o road movie de "Lua de Papel" e a melancolia de "A Última Sessão de Cinema", e faz um filme assumidamente bogdanovichiano, um retrato atual, humano e desolador do interiorzão da América. Dern, Forte e Squibb em grandes momentos." (Régis Trigo)
"Payne cria um retrato sobre a crise econômica americana atual, em uma combinação de humor e melancolia que funciona bem na maior parte do tempo. Pena que resvale na caricatura em alguns momentos, jamais chegando a ser tudo o que prometia." (Silvio Pilau)
"Os personagens são cheios de nuances e a abordagem sobre cada um deles é bem tênue, mas na hora da verdade Payne arrisca um preto no branco, em mais de um sentido, e faz um filme maduro e belo, de elenco monstruoso, sem que suas opções soem pretensiosas." (Heitor Romero)
"Belo e leve retrato sobre a sociedade americana atual, imersa numa crise financeira e de valores. O dinheiro, pura e simplesmente, é o objetivo de vida, não importa o meio para atingi-lo. O egoísmo é geral. O que ainda move os jovens e idosos?" (Emilio Franco Jr)
"Gosto de como Payne estiliza a misantropia de seu protagonista. É levemente crítico e tende ao apelo social como urgência em contestar valores. Bom de se acompanhar, pena que sofra para empolgar. A fotografia reina." (Marcelo Leme)
"Payne chega no auge da carreira com um filme sobre o outono. O fim do outono. Um olhar de despedida sobre o que a vida fez com a gente, e o que fizemos com a nossa vida. Elenco sobrenatural, um dos grandes de 2013." (Francisco Carbone)
Payne retorna em filme emocionante e divertido sem ser piegas.
"Nebraska" (idem, 2013) é o mais novo filme de Alexander Payne, um diretor que o que tem de pouco prolífero, tem de consistência em qualidade e tema. Sua filmografia evolui constantemente e com grande sensibilidade sobre temas como família, perdão, complexas relações entre seus personagens principais, mas sem perder o bom humor, e sempre de forma pouco arrogante. Mesmo em um filme em preto e branco, e com um roteiro tão profundo, poucos filmes no ano de 2013 serão tão palatáveis para um grande público. Assim como Argo (idem, 2012), no ano passado, é difícil encontrar um filme que fale tão abertamente e tão honestamente com tantas pessoas, e a baixa rejeição ao filme pode fazer desse pequeno e despretensioso filme um azarão na próxima temporada de prêmios. Bruce Dern (escolhido melhor ator em Cannes) interpreta Woody Grant, um homem idoso e alcoólatra que recebe uma carta pelo correio avisando que ganhou 1 milhão de dólares. Uma clara propaganda enganosa, mas que o faz embarcar numa road trip com seu filho, o frustrado David Grant (Will Forte), um vendedor não muito bem sucedido e com sérios problemas no relacionamento. A viagem traz a tona todos os problemas de relacionamento esperados que os anos de excesso de bebida de um, e a falta de força e personalidade do outro, poderiam trazer. Como se isso já não fosse o suficiente para gerar um bom estudo de personagens, somos rodeados por figuras incríveis, que transitam entre o insuportável e o imprescindível, seja pela esposa de Woody (incrível June Squibb, com as melhores tiradas), ou o filho bem sucedido do casal Ross (Bob Odenkirk), ou os milhares de personagens que vagam pela cidade de Hawthorne. O roteiro, o primeiro que Alexander Payne filma sem ser de sua autoria, merece muito do mérito do filme. Embora seja difícil em um filme tão redondo, onde tudo funciona tão bem em seu devido lugar, apontar algo que se destaque, é no roteiro de Bob Nelson que está o coração do filme, numa história tão simples, mas tão emocionante, e ao mesmo tempo engraçada e divertida. É o coração do filme, ainda que sua genialidade as vezes possua um timing que lembre o de uma sitcom. Dá pra sentir a piada se formando, os atores levantando as bolas que serão cortadas em seguida. Não que isso seja ruim, pois o resultado final funciona. E como todo bom momento cômico, nos faz rir, o que é o essencial. Durante o curto período que acompanhamos os personagens no filme, temos apenas pequenas imagens sobre o que deve ter sido a vida de cada um deles, e como as relações podem ter se deteriorado. Não sabemos tudo o que viveram, mas compreendemos as suas dores. Não esperamos o perdão, mas entendemos a necessidade de querer lidar com tudo o que aconteceu. A idade avançada de Woody e sua falta de lucidez ocasional trazem um tom de urgência, de finitude. Ele não tem muito tempo para corrigir seus erros, e nem pretende. Will, que poderia desistir de seu pai, e não ser julgado por isso, tendo em vista tudo o que passou e os constantes abusos verbais que sofre, insiste, pois sabe que pode ser sua última chance de salvar a relação que mais deu errado em sua vida. "Nebraska" pode ser considerado um road movie. Mas a viagem que importa é muito mais dos personagens, das suas relações. E o que poderia ser uma história triste, melancólica e pesada, se torna divertida, ainda que reflexiva. Um dos raros casos de filmes emotivos, sem ser piegas, engraçado ainda que inteligente, de fácil identificação com o grande público, sem ser medíocre." (Felipe Tostes)
''Nos filmes de Alexander Payne com frequência as pessoas têm um trajeto a cumprir. Pode ser numa estrada (Sideways) ou num território delimitado (Os Descendentes), o certo é que o percurso é em grande medida incompreendido pelo viajante. No caso de "Nebraska", Woody Grant é um homem que sai de Montana a pé, disposto a chegar até o Nebraska, onde receberia o grande prêmio que supõe ter ganho. Grant nos comove seja porque é um velhinho, seja porque o processo de esclerose é manifesto, seja ainda porque Bruce Dern está espetacular em sua pele. Ou seja, tem todos os motivos para preocupar os que lhe são próximos. A polícia, primeiro, que de tempos em tempos o encontra caminhando solitário. A mulher, em seguida: brava senhora em mais de um sentido, que procura botar um pouco de razão numa cabeça que nunca teve grande apego à razão. Grant pode ser descrito, na melhor das hipóteses, como um sonhador. Na pior, como um alcoólatra. Provavelmente ambos. Outras pessoas concernidas pelo drama são os filhos Ross, um apresentador de TV com carreira promissora, e David, que se assemelha mais ao pai, quer dizer, está mais para fracassado. É David quem se dispõe a levar o pai até a capital do ''Nebraska''. Nesse filme de muitas virtudes, de tensões sutis porém profundas, não há como não atentar à fotografia em preto e branco. Normalmente, o preto e branco - quando feito nos dias de hoje - aparece como um maneirismo. Aqui ele se impõe sem sombra de pernosticismo, ou mesmo de remissão a tempos passados. Ele está lá, talvez, porque essas vidas sejam assim, porque o filme exija certa secura que as cores tendem a sabotar: o preto e branco entra sem pedir licença, sensível e preciso como o filme.'' (* Inácio Araujo *)
"Desde As Confissões de Smith, pelo menos, os filmes de Alexander Payne nos confrontam com pessoas que buscam a si mesmas. Assim era em Sideways - Entre Umas e Outras e em Os Descendentes. Não que "Nebraska" seja melhor, não é esse o ponto. Mas há algo de tremendamente estranho e sedutor na ideia de um velho senhor que sai pela estrada, a pé, na rota Montana/Nebraska, a fim de reclamar um prêmio que acredita ter ganho. Quem sai em busca de si mesmo é, de certa forma, um homem senil, ou que pelo menos já não compreende o mundo em que vive. Sua busca é, portanto, retrospectiva (um retorno à cidade em que cresceu), mas também envolve o restante de sua família. Uma brilhante fotografia em preto e branco e um brilhante Bruce Dern como Woody Grant, ajudam o filme a ser belo como é." (** Inácio Araujo **)
Enquanto roteirista, Alexander Payne continua um ótimo diretor de atores.
''A escolha pelo preto-e-branco é o primeiro sinal de que Nebraska se dispõe a flertar com o passado. Depois vêm os efeitos na imagem: fusões, fades e transições, ferramentas do cinema clássico, hoje em desuso. A trilha country melancólica de Mark Orton completa o pacote evocativo. A questão é saber se o roteirista e diretor Alexander Payne, um autor tipicamente contemporâneo, com suas tendências ao cinismo e à auto-ajuda, de filmes como Sideways e Os Descendentes, é capaz de fazer uma elegia de fato ao passado que ele busca na sua Nebraska natal, ou se teremos outra de suas comédias dramáticas cheias de nostalgia fake daquilo que se evitou viver. Bruce Dern faz Woody Grant, um velho alcoólatra que acredita ter ganho US$ 1 milhão em um folheto de assinatura de revista. Ele precisa viajar de Montana, onde vive, até Lincoln, a capital do Nebraska, para reclamar o prêmio - sandice que seus parentes passam os dias tentando demover. Cansado, enfim, de sair pelas ruas atrás do pai, que insiste que vai viajar a pé para o Nebraska, David (Will Forte) aceita acompanhar Woody de carro até Lincoln. Esse é o início do filme-de-estrada de Payne, que seleciona imagens na rodovia - caminhões, motoqueiros, maquinário agrícola, celeiros - já como um primeiro passo do seu resgate de uma velha América, a potência industrial dos muscle cars e do faça-você-mesmo. Quando David e Woody passam ao lado de um trem cargueiro, o velho baixa o vidro para enxergar melhor essa remota lembrança do Sonho Americano, o desbravar sobre trilhos. ''Nebraska'' se desenrola como uma versão light e condensada do romance As Correções, de Jonathan Franzen (que a HBO desistiu de transformar em série de TV por achar que seria deprimente demais). Tanto o livro quanto Nebraska partem de um choque de gerações para criticar a modernidade (o home theatre que funciona como uma cela de prisão, boa sacada do filme) e restabelecer o valor das coisas feitas para durar. Como é habitual, Payne se sai muito melhor na parte cômica de suas comédias dramáticas. Premiado em Cannes pelo papel, que originalmente ficaria com Jack Nicholson (que fizera antes As Confissões de Schmidt com Payne), Bruce Dern exercita aqui um timing de humor preciso, assim como June Squibb, que interpreta a esposa de Woody. São os dois que trazem alma a Nebraska. A Will Forte resta o ingrato papel de panaca, numa caracterização impessoal que nos lembra das fraquezas do roteirista (a cena do soco é tão artificial quanto a redenção de Paul Giamatti tomando vinho no fast food em Sideways). A fotografia pensada para maquiar esse tour guiado pode dar a impressão de que ''Nebraska'' está muito acima dos filmes anteriores de Payne, mas não se engane: embora seja lembrado sempre no Oscar na categoria de roteirista, ele continua sendo um ótimo diretor de atores, e não muito mais que isso." (Marcelo Hessel)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo / 2013 Palma de Cannes
Paramount Vantage FilmNation Entertainment Blue Lake Media Fund Echo Lake Entertainment Bona Fide Productions
Diretor Alexander Payne
75.039 users / 25.892 face
Soundtrack Rock = Chicago
Check-Ins 536 45 Metacritic
Date 20/04/2014 Poster - ###### - DirectorScott WaughStarsAaron PaulDominic CooperImogen PootsFresh from prison, a street racer who was framed by a wealthy business associate joins a cross-country race with revenge in mind. His ex-partner, learning of the plan, places a massive bounty on his head as the race begins.{Video/@@@@} M/39
NEED FOR SPEED - O FILME
(Need for Speed, 2014)
"Entra facilmente em um Top 10 recente de filmes mais inúteis. Ele não é um desastre por si só, mas tudo, absolutamente tudo dentro dele, é medíocre e irrelevante. Faz jus, porém, à série de jogos de mesmo nome." (Alexandre Koball)
''Need For Speed'' é uma série clássica de jogos de corrida que teve início há exatas duas décadas, em 1994. Estourando com a geração PlayStation e passando por modificações ao longo dos anos, o fato é que os games nunca tiveram uma história própria, mas sempre foram apenas (bom) entretenimento para os fãs de street race. É bastante curioso, portanto, que seja feito um filme a partir do sucesso da franquia nos consoles. Como adequar a proposta de pura diversão interativa dos jogos à linguagem cinematográfica, com começo, meio e fim, personagens, motivações, drama, etc? Que história contar? A ausência de respostas minimamente satisfatórias a essas questões básicas fica evidenciada no fraco resultado da adaptação. Dirigido por Scott Waugh, o longa acompanha Tobey Marshall, um piloto e dono de uma oficina de carros no subúrbio de Nova York que, ao ser traído covardemente por seu arquiinimigo (no sentido mais clichê possível mesmo), busca vingança e justiça. Para isso, claro, ele contará com o inabalável apoio de seus inseparáveis companheiros de corrida de rua e da oficina, que, inexplicavelmente, conseguem roubar jatos e helicópteros para auxiliá-lo na sua jornada de cruzar os Estados Unidos em um Ford Mustang em menos de 45 horas para alcançar seus objetivos. Desenvolvendo-se de forma óbvia e tosca, o roteiro, de responsabilidade dos irmãos John e George Gatins, aposta em personagens caricatos e unidimensionais, que em nenhum momento despertam o interesse ou criam qualquer tipo de identificação com o espectador. Nem mesmo o ótimo Aaron Paul, o protagonista e dono de todo o foco narrativo do longa, é capaz de segurar uma trama tão frágil. Personagens entram e saem de cena sem que saibamos exatamente quem são, por que agem daquela forma ou mesmo qual a relação deles com Tobey e sua turma, de forma que a interação entre eles e as motivações criadas em torno dela soam vazias e artificiais. A direção de Waugh, por sua vez, é irregular e demasiadamente afetada em vários momentos. Câmera tremida, lenta, zoom excessivo, mudanças no eixo; o diretor parece não saber muito bem como – e quando – fazer uso de tais recursos em prol da narrativa, parecendo mais preocupado em assinar o filme com um certo estilo próprio do que em construir uma história que caminhe com as próprias pernas, sem que precise de truques desnecessários para prender a atenção do espectador. Pretensão que, diga-se de passagem, falha de forma colossal, beirando o constrangedor. Apesar disso, as cenas de ação funcionam relativamente bem. O que, convenhamos, não é um feito digno de muitas comemorações, uma vez que o mínimo que se espera de um filme de ação é… que as cenas de ação funcionem! De todo modo, elas são realizadas de forma eficiente e, mesmo que orquestradas por uma trilha sonora pouco inspirada, conseguem provocar certa (pouca) empolgação e divertir de maneira razoável. Aqui, justiça seja feita, é digno de registro o mérito de Scott Waugh em colocar câmeras subjetivas dentro dos carros em momentos-chave durante as sequências de perseguição, estabelecendo um vínculo direto com o público fã do jogo que deu origem à fita e causando uma sensação claustrofóbica e angustiante que se encaixa perfeitamente no contexto. Assim, escorregando fatalmente na concepção do roteiro e com uma direção irregular, que faz confusão na hora de utilizar determinados recursos, e apesar de eventuais acertos, Need For Speed passa longe da alta expectativa nutrida por alguns. O que prova mais uma vez que adaptar games para as telonas é tarefa das mais complicadas, provavelmente a mais difícil dentre todos os tipos de adaptação entre mídias. Criar personagens marcantes e dar vida a um universo que só existe no imaginário interativo proporcionado pelos jogos é algo que, se não for cuidadosamente planejado, tem tudo para dar errado. Como deu aqui." (Arthur Grieser)
Excesso de velocidade.
''Quando se ouviu falar da adaptação cinematográfica que seria feita da série de videogames Need for Speed, houve uma certa reação mista sobre a notícia: enquanto que a geração Playstation e os aficionados por street race enxergaram motivos para alegria e euforia, os mais céticos se mostraram desconfiados com a decisão de levar para as telas uma série de jogos que, basicamente, consiste em infindáveis perseguições de carros turbinados, tudo regado com muita violência. Assim sendo, reações mistas ao resultado do filme também já eram esperadas, e para os dois tipos de público citados acima, ''Need for Speed – O Filme'' apresenta o resultado já esperado para cada um. Errado mesmo seria exigir algo realmente sólido ou, digamos, de nível artístico da adaptação de um game que não se apoia em nenhuma história concreta, mas mesmo assim existem obrigações à cumprir além do mero entretenimento, como a apresentação de personagens que consigam nos despertar interesse e ao menos uma narrativa que nos mantenha presos à poltrona durante os minutos da projeção. Need for Speed – O Filme falha miseravelmente em ambos os quesitos. Roteirizado pelos irmãos John e George Gatins, o filme nos apresenta Tobey Marshall (Aaron Paul, da famosa série Breaking Bad), um piloto que após ser traído por seu sócio Dino (Dominic Cooper), acaba injustamente condenado à prisão devido a morte de seu melhor amigo, Pete (Harrison Gilbertson). Ao sair da prisão, Tobey começa a arquitetar um plano para fazer justiça com as próprias mãos, ao passo que Dino coloca a cabeça do jovem corredor a prêmio. A história não nos traz um fiapo de criatividade ou inventividade, e nem possui obrigação para tal, restando ao diretor Scott Waughn (do drama de guerra Ato de Coragem) a tarefa de construir um bom veículo de entretenimento para o público desejoso por grandes cenas de ação envolvendo os potentes carros, algo no que o filme obtém pouco êxito. Não há como negar que certas sequências impressionam pelo grau de realismo, mas depois do que a franquia Velozes e Furiosos já nos apresentou, por exemplo, pouquíssima coisa impressiona aqui. De fato, a direção de Waughn é caótica e deveras irregular na maioria do tempo, com sua câmera apostando em diversos truques para tentar trazer algum nível de tensão para as cenas de perseguição, mas que apenas as transformam em cenas deveras incômodas aos olhos. Os fãs do jogo, entretanto, deverão sentir-se satisfeitos. Os personagens unidimensionais também pouco ajudam no interesse pela obra. Estereotipados e mal definidos, o roteiro obviamente escrito às pressas pelos irmãos Gatins nos impossibilitam de conhecer as figuras na tela mais a fundo, o que dificulta a identificação do público com estes personagens, uma vez que pouco conhecemos suas personalidades e a própria interação entre Tobey e sua turma. Jamais sentimos que os personagens se encontram em verdadeiro perigo, o que apenas acentua o entretenimento vazio que é o filme. E devido ao excesso de velocidade com que Need for ''Speed – O Filme'' busca sua conclusão, o resultado acaba ficando na linha do medíocre. Há duas ou três cenas divertidas, mas é muito pouco para salvar um filme que, na maioria do tempo, demonstra ser apenas mais um em meio aos vários produtos de entretenimento lançados por Hollywood. No mais, fique com o jogo mesmo." (Rafael W. Oliveira)
Top Filipinas #1
38 Metacritic
Date 23/03/2015 Poster - #### - DirectorFrank CapraStarsBing CrosbyColeen GrayCharles BickfordA horse trainer who has fallen on hard times looks to his horse, Broadway Bill, to finally win the big race.[Mov 06 IMDB 6,2/10] {Video}
NADA ALÉM DE UM DESEJO
(Riding High, 1950)
''Homem sonha em dedicar-se às corridas de cavalo, e para isso quer abandonar o cargo na empresa do sogro. Só a cunhada põe fé nessa loucura. O filme é uma refilmagem de Broadway Bill, dirigido pelo próprio Capra em 1934." (Filmow)
Paramount Pictures
Diretor: Frank Capra
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Date 01/05/2014 POster - ##