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323 titles
- DirectorRichard BrooksStarsDiane KeatonRichard GereTuesday WeldA dedicated schoolteacher spends her nights cruising bars, looking for abusive men with whom she can engage in progressively extreme sexual encounters.[Mov 08 IMDB 6,6/10] {Video/@@@@@}
A PROCURA DE MR. GOODBAR
(Looking for Mr. Goodbar, 1977)
"A Procura de Mr. Goodbar é um bom filme. É um desses filmes que deixam boa impressão, mas escapam a memmória. Há Diane Keaton, que sempre é uma garantia, e Richard Brooks, um bom realizador." (* Inácio Araujo *)
"A Procura de Mr. Goodbar" é talvez a primeira e possivelmente uma das últimas vezes que a sexualidade feminina foi vista como um aspecto normal da existência. Pode-se aegumentar que não chega a ser normal a trajetória de Diane Keaton, que após ser abandonada por um homem, encosta os preconceitos católicos e busca o prazer de cada dia, enfretando bravamente a selva machista. O que a torna única é o fato dessa mulher já não ser a mulher fatal do passado (memo que possa fazer estragos), nem uma militante feminista que faz da cama um campo de batalha da guerra dos sexos. Ela passa ao largo desses clichês, e é isso o que faz interessante, antes de mais nada, este filme de Richard Brooks." (** Inácio Araujo **)
*****
''Um estranho filme e uma estranha personagem, já que Theresa Dunn (Keaton) é, de dia, uma educadora e, de noite, procura nos bares para solteiros um homem que responda a suas inquietações existenciais. Essa busca do equilíbrio por meio do desequilíbrio faz de Theresa muito mais que um personagem feminista (embora sua origem, o peso do catolicismo dos pais, induza a crer nisso). Isto é, ela não deixa de representar o feminismo, mas há algo de trágico que a leva mais longe. E Diane Keaton ajuda o personagem a viver. Filme convulsivo, desequilibrado, mas belíssimo.'' (*** Inácio Araujo ***)
Deficiencia auditiva, compulsão sexual.
"O filme é baseado na história real de uma professora de deficientes auditivos, uma mulher reprimida sexualmente que de dia dá aulas como professora de crianças surdas, e à noite procura o prazer nos braços de homens desconhecidos. "A Procura de Mr. Goodbar" mostra o lado mais escuro de encontros ocasionais em busca de sexo. Nem sempre os compulsivos sexuais conseguem manter o anonimato, já que têm um problema que pode atingir qualquer pessoa, independentemente de idade, sexo ou classe social. Pode acontecer com engenheiros, advogados, comerciantes, desempregados, médicos, professores e até artistas famosos e presidentes. Um dos exemplos mais ilustrativos de que não há pistas para identificar um compulsivo sexual na rua é o caso da dedicada professora primária Roseann Quinn, americana de 28 anos que inspirou o drama. Durante o dia, a fervorosa católica dava aula para crianças surdas, e era considerada um modelo de bom comportamento. A noite, a moça assumia sua compulsão por sexo, frequentando bares de Nova York em busca de parceiros. Voltava para casa sempre acompanhada de um homem diferente, um dos quais seria o responsável por seu trágico assassinato. O caso chocou os Estados Unidos, na década de 70, e serviu de inspiração para o enredo de um livro e filme de mesmo título." (Patricia Simone)
50*1978 Orcar / 35*1978 Globo
Paramount Pictures
Diretor: Richard Brooks
4.360 users / 511 face
Soundtrack Rock = Donna Summer + The Commodores + The O'Jays + Boz Scaggs
Check-Ins 28
Date 14/07/2012 Poster - ######## - DirectorMartin RittStarsSophia LorenAnthony QuinnPeter Mark RichmanAnthony Quinn and Sophia Loren star as longtime widower Frank and recently widowed Rose, lonely hearts who discover something special in The Black Orchid, a sensitive comedy romance directed by Martin Ritt (Norma Rae, Murphy's Romance).[Mov 05 IMDB 6,3/10] {Video}
A ORQUÍDEA NEGRA
(Black Orchid, 1958)
''Recentemente viúva, Rose Bianco (Sophia Loren) se sente indiretamente responsável pela morte de seu marido, Tony, um bandido que foi assassinado por membros de uma quadrilha rival. Ela sente-se assim pois queria comprar várias coisas e, como o marido não tinha dinheiro, enveredou para o crime. Para se sustentar e ao filho, Ralph (Jimmy Baird), Rose trabalha várias horas por dia fazendo flores artificiais. Um viúvo, Frank Valente (Anthony Quinn), sente-se atraído por ela e tenta convencê-la que a ama. Além disto há um outro problema: a filha dele, Mary (Ina Balin), está fazendo uma forte oposição para esta união." (Filmow)
“A Orquídea Negra" é um bom melodrama sobre o romance entre a viúva de um mafioso assassinado, e um viúvo que mora ao lado. Embora não seja um de seus melhores trabalhos, o filme é bem dirigido pelo cineasta Martin Ritt. Seu grande trunfo, entretanto, é poder contar com duas grandes estrelas nos papéis principais: Sophia Loren, perfeita no papel da viúva Rose Bianco, e de quebra, brindando os espectadores com sua beleza aos 24 anos de idade; e Anthony Quinn, igualmente perfeito como o viúvo apaixonado. Entre os coadjuvantes, o melhor desempenho é o apresentado pela atriz Naomi Stevens. Estreando no cinema, Ina Balin, aos 21 anos, faz o papel da filha Mary Valente." (70 Anos de Cinema)
1959 Lion Veneza
Paramount Pictures
Diretor: Martin Ritt
521 users / 27 face
Check-Ins 39
Date 06/08/2012 Poster - ######## - DirectorMervyn LeRoyStarsSpencer TracyFrank SinatraKerwin MathewsA crusty, eccentric priest recruits three reluctant convicts to help him rescue a children's leper colony from a Pacific island menaced by a smoldering volcano.[Mov 09 IMDB 6,1/10] {Video}
A HORA DO DIABO
(The Devil at 4 O'Clock, 1961)
''Um veterano padre, excêntrico e alcoolotra, recruta três relutantes condenados, a ajudá-lo a socorrer uma colônia de crianças leprosas, em uma ilha do Pacífico, ameaçada por um vulcão." (Filmow)
"Baseado no livro homônimo de Max Catto, "A Hora do Diabo" não é um grande filme, embora mereça ser visto por aqueles que apreciam filmes de aventuras ou que sejam fãs do excelente ator, Spencer Tracy. Embora conte com dois ótimos atores coadjuvantes, Frank Sinatra e Grégoire Aslan, Tracy é quem carrega o filme nas costas. Realizado pelo cineasta Mervyn LeRoy, que consegue manter um bom ritmo do início ao fim, sua trama é bastante interessante, ao falar de um padre que se acha em crise de fé, a ponto de estar para ser substituído e, que, ao enfrentar os problemas que se abatem sobre a ilha onde se encontra, consegue reavê-la. Não se trata, portanto, de acompanhar seu trabalho missionário, mas de falar sobre a fé em Deus, sua perda e o processo para reconquistá-la. Nessa mesma linha, o filme apresenta a história de três prisioneiros ateus que chegam à ilha e que terminam como os heróis que dão suas vidas para salvarem pessoas que nem conhecem, principalmente crianças. A fotografia de Joseph Biroc e os efeitos especiais são outros pontos a destacar, especialmente nas seqüências que mostram a erupção vulcânica e suas catastróficas conseqüências." (70 anos de Cinema)
Columbia Pictures Corporation
Diretor: Mervyn LeRoy
1.219 users / 81 face
Check-Ins 41
Date 13/08/2012 Poster - ##### - DirectorJohn MooreStarsLiev SchreiberJulia StilesSeamus Davey-FitzpatrickAn American official realizes that his young son may literally be the Devil incarnate.[Mov 01 IMDB 5,4/10] {Video/@@} M/43
A PROFECIA
(The Omen, 2006)
Um terror totalmente dispensável, que utiliza-se de uma data do calendário para se empurrar para o espectador.
''Cercado de um lançamento comercial em nível mundial extremamente cuidadoso por parte do estúdio – o famigerado, para muitos, dia do capeta – 06/06/06, esta refilmagem de A Profecia pode dar a sensação errada: um trailer caprichado e uma boa parte técnica, além de todo o clima montado em torno da data, certamente acabarão influenciando parte do público, que acabará tendo a impressão, muitas vezes errônea, de que viu algum novo filme de terror bom. A Profecia proporciona também alguns sustos bem baratos, mas que, encaixados em momentos-chave da produção, trazem um impacto grande, alterando a percepção do espectador mais sugestionável. O filme, na verdade, é uma grande porcaria, com o perdão da expressão! Apenas, como foi dito, a parte técnica se sobressai. O clima montado por uma caprichada fotografia, em algumas poucas cenas (veja bem, muito poucas mesmo, como uma cena que se passa dentro de um cemitério), é o único ponto menos ruim da produção. Além de um roteiro corrido, que atropela muitos fatos importantes e explicações do romance original, deixando o espectador tentando adivinhar o que diabos estava acontecendo em muitos momentos, o filme possui interpretações no máximo medíocres, e sua principal figura, a reencarnação do Demônio, que aqui é incorporado por um guri de sete anos de idade, proporciona a pior delas. Seamus Davey-Fitzpatrick, que interpreta Damien nesta nova versão, ocupa praticamente todo o seu tempo em tela tentando convencer com um olhar demoníaco (o mesmo do trailer), que encara os personagens e, em dado momento, o próprio espectador, o que é no mínimo algo de mau gosto. O máximo que ele consegue com isso, na prática, é proporcionar momentos de sono, visto que o personagem ficou tão mal construído (a correria do roteiro citada no parágrafo anterior) que não representa ameaça real em nenhum momento, embora o filme teime em insistir que sim, como em uma constrangedora cena de Damien encarando um policial. A culpa é mais do diretor John Moore do que do ator (que não chega nem perto, por exemplo, da ruindade de Jake Lloyd, de Star Wars Episódio I), pois Moore não conseguiu criar uma atmosfera favorável à sua atuação, com algo mais bizarro ou temível, como um filme desse gênero pediria. A sensação que fica, no final das contas, é de um apanhado de cenas desconexas e forçadas. O restante do elenco, que conta com Mia Farrow (aqui desperdiçada como uma babá irritante, mal justificada pelo roteiro), também não consegue dar sustentação ao filme, que fica dependente totalmente de uma atmosfera bacana (no máximo), só que insuficiente para salvá-lo da total mediocridade. Bem, 06/06/06 já passou, então deixemos esse filme para o limbo e não demos mais atenção a ele. Assim estaremos contribuindo para possíveis continuações não acontecerem. A série original teve várias, nenhuma melhor do que o primeiro, o que é bem previsível. Essa refilmagem é mais um trabalho que ninguém pediu e ninguém quis, mas que ainda assim vem sendo empurrada em um número enorme de salas de cinema ao redor do mundo. Faltou citar as cenas de morte, dignas da série de terror adolescente Premonição. Para um filme que quer ser levado tão à sério, por aí você vê o nível..." (Alexandre Koball)
''Há exatos 30 anos, foi lançado nos cinemas um dos maiores clássicos do terror: A Profecia. Dirigido por Richard Donner, o filme marcou o gênero de horror também por render mais de US$ 60 milhões somente nos EUA (cifra bastante polpuda se pensarmos nos padrões monetários da época). Esta introdução pode parecer inútil se você já conhece o genial filme que deu origem a esta refilmagem. Mas existe toda uma geração que não o conhece e é especialmente para esse público que A Profecia é destinado. ''A profecia'' do título está relacionada ao nascimento do anti-Cristo, conforme prevista na Bíblia. Sua ascensão deve acontecer em uma data bastante cabalística: 6 de junho de 2006. Ou 06/06/06. E, como Iron Maiden já disse, 666 é o número da Besta. A ação acontece cinco anos antes, em Roma, onde nasce o filho de Robert (Liev Schreiber) e Katherine Thorn (Julia Stiles). Norte-americanos, estão na cidade porque Robert é assistente do embaixador dos EUA. Só que o filho dos dois morre logo após o parto e o padre do hospital propõe que Robert adote um bebê que nascera na mesma hora cuja mãe morreu. Com medo da reação de Katherine ao saber que perdeu o filho e, possivelmente, a possibilidade de engravidar novamente, Robert concorda com a adoção, mas não conta à esposa. A bela criança cresce, mas, em sua festa de cinco anos, coisas estranhas começam a acontecer. A babá de Damien (o estreante e assustador Seamus Davey-Fitzpatrick) comete suicídio no meio da festinha, na frente de todos os convidados. Drama? É só o começo. Ao mesmo tempo em que situações bizarras acontecem cada vez mais, o padre Brennan (Pete Postlethwaite) passa a perseguir Robert a fim de alertá-lo em relação à profecia. É quando começa uma verdadeira saga pela Europa. Robert, convencido de que a história que o padre Brennan contou é verdade, após algumas confirmações, une-se ao fotógrafo Keith (David Thewlis) numa jornada em busca das adagas que podem acabar com o anti-Cristo, mesmo ele sendo apenas uma criança. Um fato que agrava a situação é a contratação de uma nova babá. A senhorita Baylock (Mia Farrow) é enviada pelo demônio para proteger o menino. Literalmente. Nessa verdadeira moda de se produzir refilmagens, ''A Profecia'' cai como uma luva. A direção de John Moore é segura, cheia de classe e estilo. O roteiro, escrito por David Seltzer (que também assina o texto do primeiro filme) é muito parecido com o de 1976. Claro que há algumas adaptações para contextualizá-lo em nossa época - como os sinais do Apocalipse descritos na Bíblia e interpretados em acontecimentos atuais. Mas os fatos da história são os mesmos. Por isso, a produção pode não funcionar muito bem com quem já conhece o longa original. Os sustos são previsíveis para esse público. Mesmo assim, Moore é capaz de envolver o espectador de uma forma soberba. Apesar de usar de alguns clichês do gênero - como a chuva intermitente pontuando os momentos mais tensos -, o diretor chega a algumas conclusões na direção de arte que fazem com que esta refilmagem seja especial. Vale destacar, também, a escolha de Seamus Davey-Fitzpatrick para o papel de Damien. Apesar de entrar mudo e sair calado - seria generosidade dizer que o menino fala mais do que cinco frases durante o filme -, ele é capaz de ser assustador. Bastante assustador. Isso trabalhando somente o olhar ambíguo, ao mesmo tempo doce e diabólico. Para os fãs do cinema de terror dos anos 60 e 70, a presença de Mia Farrow causa um sorriso no rosto. Afinal, foi em O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, que ela se tornou conhecida. ''A Profecia'' não decepciona tanto os fãs do original quanto os de terror em geral. É um filme de terror elegante, como os feitos antigamente, na época em que o anterior foi lançado. Nada de centenas de litros de sangue (só algumas dezenas, na verdade), nem assassinos em série esquartejando pessoas. O assassino em série aqui é o Diabo. Tem algo mais assustador e cheio de classe do que isso? (Angelica Bito)
Twentieth Century Fox Film Corporation 11:11 Mediaworks
Diretor: John Moore
42.327 users / 1.314 face
Check-Ins 45
Date 03/09/2012 Poster - # - DirectorJustin ChadwickStarsNatalie PortmanScarlett JohanssonEric BanaTwo sisters contend for the affection of King Henry VIII.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video/@@@} M/50
A OUTRA
(The Other Boleyn Girl, 2008)
"O filme faz uma bagunça histórica, tornando um rei o bobo da corte. Filme funciona como novelão, todavia." (Alexandre Koball)
''As tramas e a vida privada das realezas européias da idade média sempre serão prato cheio para livros e filmes. Com mais ou menos embasamento histórico, as diferenças culturais entre nossa época e aquela despertam o interesse de qualquer um mais ou menos interessado no comportamento humano. ''A Outra'' trata de uma história que é conhecida mesmo por nós brasileiros - a quem normalmente pouco da história mundial é realmente transmitido: o caso de Ana Bolena, a plebéia que tornou-se rainha da Inglaterra, ao mesmo tempo em que convenceu o então rei Henrique VIII a quebrar os laços com a onipotente igreja católica e criar a religião Anglicana. Vários nomes conhecidos no elenco, mas na direção um nome novo. Justin Chadwick dirige seu primeiro longa para o cinema - até então só tinha dirigido filmes televisivos ou episódios de seriados. Ele sai-se muito bem nessa primeira investida. Seu retrato do século XVI é bastante interessante, especialmente no cuidado com o figurino e na excelente fotografia. O inglês usa filtros para simular a iluminação proveniente da chama das velas utilizadas então, assim como aproveita bem a luz natural. As cores do filme são quase um personagem, fortes e quentes nos momentos em que a trama está se armando, sutil e fria quando acontece a reviravolta que levará ao final da fita. E ele também demonstra uma boa mão com seus atores. As irmãs Bolena, se foram minimamente parecidas com Natalie Portman e Scarlett Johansson, realmente causaram um problema ao rei Henrique. Ambas são lindas e atuam bem, mas não há como negar que Natalie é muito superior artisticamente a Scarlett. Nenhuma delas é inglesa, e ambas poderiam ter cuidado mais do sotaque, como também Eric Bana no papel do rei. Jim Sturgess como o irmão Bolena responsabiliza-se por boa parte do sotaque inglês na fita. Os pais, Mark Rylance e Kristin Scott Thomas, atuam como bons veteranos, que deixam seus jovens protagonistas brilharem. Não há atuações excelentes, mas também não há ruins. Antes que os historiadores joguem suas pedras, vale a pena assistir, inclusive pelo lado histórico. Correto ou não, devemos sempre nos lembrar de que, afinal, é um filme, com duração de quase duas horas, e que jamais poderia ser suficientemente acurado para manter o interesse. Sabendo que muito ali é exagerado e incorreto, ainda assim o básico da história é mantido, e muito bem apresentado." (Tiago Mota)
''A história de Ana Bolena é notória quando se estuda os acontecimentos na corte inglesa do século 16. O que A Outra faz é jogar luz sobre sua irmã, Maria, praticamente ignorada pelos historiadores, mas igualmente marcante na corte do rei Henrique VIII.Tendo como base o best seller A Irmã de Ana Bolena, de Philippa Gregory, o drama de época foca nos bastidores da história das irmãs Bolena. Em busca de ascensão social, o Sir Thomas Bolena (Mark Rylance) resolve apresentar sua filha mais velha, Ana (Natalie Portman), ao rei Henrique VIII (Eric Bana), aproveitando que ele está insatisfeito com sua esposa, Catarina de Aragão (Ana Torrent). Parece bizarro um pai estimular sua filha a ser amante do rei, mas é mais ou menos assim que as coisas funcionavam na corte inglesa. Ana é impetuosa, de personalidade forte, diferentemente de sua irmã caçula Maria (Scarlett Johansson), que acaba de se casar com o filho de um mercador. Mas é sua timidez que encanta o rei inglês. É quando um jogo de sedução começa entre as duas irmãs e o monarca, jogo leva toda a família à ruína. Esteticamente, ''A Outra'' é muito em construído, tanto na direção de arte quanto no figurino - assinados por David Allday Elizabeth: A Era de Ouro) e Sandy Powell (O Aviador), respectivamente. Os atores mostram boas atuações, com destaque principalmente para Natalie. O que é natural, já que sua personagem é a mais interessante da trama. O filme, na realidade, serve mais como um veículo para a exposição das duas belas protagonistas, o que ajudaria a levar as platéias mais jovens a se interessar pelo drama de época - gênero que, normalmente, atrai o público mais maduro. No entanto, a história é desenvolvida de uma forma superficial, apesar de ter um recorte interessante desta história. No entanto, A Outra cumpre o papel de não ser tão entediante; rico esteticamente, tem um ritmo que entretém, apesar da forma rasa como a trama histórica é tratada. Algumas importantíssimas passagens históricas, como o fato da filha de Ana e Henrique VIII ter sido Elizabeth - uma das mais reconhecidas monarcas da Inglaterra - e as conseqüências do rompimento do rei com Roma, são apenas citadas, denotando a falta de compromisso do longa com a História. Fica óbvio que A Outra não pretende ser um aula de História, mas sim sobre a relação das duas irmãs. Mas, se a idéia for aprender mais sobre os fatos históricos, é melhor ficar com o livro de Philippa Gregory." (Angelica Bito)
Columbia Pictures Focus Features BBC Films Relativity Media Ruby Films Scott Rudin Productions
Diretor: Justin Chadwick
67.580 users / 4.392 face
Check-Ins 46 34 Metacritic
Date 04/09/2012 Poster - ### - DirectorAlan J. PakulaStarsWarren BeattyPaula PrentissWilliam DanielsAn ambitious reporter gets in way-over-his-head trouble while investigating a senator's assassination which leads to a vast conspiracy involving a multinational corporation behind every event in the world's headlines.[Mov 05 IMDB 7,2/10] {Video}
A TRAMA
(The Parallax View, 1974)
''O filme narra a história de um repórter, Joseph Frady (Joe), que investiga uma possível conspiração na morte de um senador norte-americano, possível candidato à presidência. O atentado acontece em Seattle, em plena comemoração do dia da independência. O repórter não consegue presenciar o assassinato mas outra jornalista, Lee Carter, sim. Três anos após o incidente Lee procura Joe, apavorada, afirmando que alguém está matando todas as testemunhas que estiveram presentes no local. Ele não acredita na história, tratando Lee com sarcasmo e ceticismo, até que ela aparece morta dias depois. Até então Joe é demonstrado como um jornalista decadente, ex-alcoolista, em busca de uma reportagem que reerga sua carreira. Seu editor, Bill, bem mais velho, não incentiva o repórter na investigação, pois se baseia no inquérito sobre a morte do senador, que concluiu a inexistência de uma conspiração e apontou um único culpado, o atirador. Joe insiste mesmo assim e segue sozinho com a investigação. O filme se desenrola em um suspense, onde uma testemunha após a outra é assassinada e Joe se torna um alvo. Ao entrevistar uma das testemunhas em um barco, ocorre uma explosão e o jornalista é considerado morto. Aproveitando-se disto ele se infiltra na Parallax Corporation, uma organização que recrutaria assassinos profissionais e que seria responsável pelos atentados. Dias depois seu editor também é morto e Joe presencia mais um assassinato, agora do senador Gillingham, durante o ensaio de um comício. Neste ponto da história o jornalista, encurralado, também é morto. No final nada é desvendado pela Justiça, mais uma vez. Analisando o comportamento de Joe, percebemos ao longo do filme que este toma para si a função de um investigador, um detetive, pois não compartilha a história com ninguém – talvez por medo de perder a exclusividade – e não hesita em tomar atitudes perigosas como entrar na casa de policiais envolvidos na conspiração para buscar evidências (como no início do filme onde investiga a morte de uma testemunha em uma pequena cidade) ou roubar o veículo do mesmo para fugir. Também não busca suporte externo profissional para conduzir a investigação (polícia, CIA, FBI) e utiliza de identidade falsa para entrar na Parallax Corporation. Na busca pelas respostas o repórter acaba não zelando pela própria vida, o que resultou no total desconhecimento da conspiração pela população e pela Justiça, já que os únicos que sabiam de toda a história, ele e o editor, acabaram mortos. Dessa maneira o Jornalismo não cumpriu sua função de informar ao público algo importante, talvez por imprudência do repórter. Também se fizermos uma análise mais profunda, podemos notar um tom de crítica ao sistema judiciário pois, no momento em que os inquéritos e os relatórios chegam a uma conclusão, se gera o consenso entre as pessoas, abrindo poucas brechas para questionamentos do tipo será que foi isso que realmente aconteceu? ou será que todas as possibilidades foram consideradas?. Desta forma, o filme demonstra o papel do Jornalismo como um instrumento de fiscalização dos acontecimentos mas, se os resultados não chegam à população, o esforço é em vão." (Camila Collato)
Thriller tenso de dar nó na cabeça é um dos melhores exemplos de filmes a buscar uma atmosfera de paranóia conspiratória.
''Após o assassinato do presidente John Kennedy, em 1963, as teorias conspiratórias se multiplicaram para reforçar ainda mais o clima de paranóia que caracterizava a sociedade norte-americana, durante a Guerra Fria com a União Soviética. Passando por uma renovação criativa na mesma época, Hollywood captou com propriedade esta sensação, em uma série de thrillers tensos que lidavam com a idéia de perseguidores invisíveis e conspirações político-ideológicas. Um dos mais interessantes exemplares desta safra, e talvez um dos menos conhecidos, é “A Trama” (The Parallax View, EUA, 1974), excelente trabalho assinado por Alan J. Pakula. Em termos de conceito, “A Trama” é descendente direto de Sob o Domínio do Mal (1962). No entanto, ao acrescentar à trama uma atmosfera pesada de paranóia, Pakula atualiza a idéia da corporação que age à margem da legalidade, interferindo nos destinos políticos e econômicos da nação sem que o Governo ou as pessoas percebam. O filme fez sucesso na época do lançamento, mas acabou relegado a segundo plano por outros grandes lançamentos que abordaram o tema conspiração de forma semelhante, como os também ótimos A Conversação (1974), de Coppola, e Todos os Homens do Presidente (1976), este último também dirigido por Pakula. A história é centrada no jornalista Joe Fredy (Warren Beatty), repórter de um jornal de segundo escalão. Talentoso e ao mesmo tempo ignorado por causa do passado de ex-alcoólatra, ele é compelido a investigar a existência de uma conspiração por trás do assassinato de um influente senador, depois que uma ex-namorada, também jornalista, aparece morta, supostamente por ataque cardíaco. Ocorre que a mulher havia procurado Fredy, dias antes, para informá-lo sobre uma série de acidentes envolvendo as testemunhas do crime. Fredy não acredita, mas é obrigado a reavaliar o caso depois que a mulher vai parar no caixão. O desenrolar é imprevisível e conduz a um final maravilhoso, de cair o queixo mesmo – inusitado, surpreendente, emocionante e filmado de modo extraordinário por Pakula e seu colaborador mais valioso, o fotógrafo Gordon Willis. É a fotografia de Willis o elemento mais importante para imprimir à história a atmosfera inigualável de tensão e paranóia que Pakula deseja estabelecer. Willis filma tudo com lentes grande-angulares, mostrando a ação de longe, muito longe, com os personagens freqüentemente se transformando em pontos minúsculos, esmagados pela paisagem. Associadas ao uso abundante de contraluz, especialidade que tornou Willis conhecido em Hollywood como Príncipe das Trevas, estas paisagens panorâmicas obrigam o espectador a prestar máxima atenção (em diversas tomadas, são necessários vários segundos para localizar as pessoas). Também deixam a platéia em dúvida sobre o que está sendo mostrado na tela. Isto é intencional. Desta forma, o espectador é mantido na mesma posição de Joe Fredy: pressente que por trás dos acontecimentos parece haver alguma força invisível se movendo, mas não sabe exatamente aonde nem como vê-la. Como ele, nós entendemos que há algo acontecendo, mas não conseguimos ver o quadro completo, apenas uma parte dele. A trilha sonora discreta e eletrônica de Michael Small fornece um tom insistentemente dissonante, e sublinha o conceito de paranóia que exala do filme como um todo. No centro disso tudo, um polêmico teste psicológico que influenciou dezenas de filmes por vir, de Vidas em Jogo (1999) a O Suspeito da Rua Arlington (1999). Um detalhe fundamental é que “A Trama”, com a maior parte das grandes obras filmadas no período, não é um filme muito dialogado. Fredy não conversa sobre suas descobertas, pressentimentos e teorias com quase ninguém (o faz apenas com o chefe, em duas rápidas ocasiões), mantendo tudo para si mesmo, e esta estratégia obriga o espectador a juntar as peças e tirar conclusões por conta própria. Além disso, a longa e espetacular seqüência final é bastante silenciosa, e isto pode incomodar bastante os espectadores acostumados a receber conclusões mastigadas como papinha de neném. Filmaço." (Rodrigo Carreiro)
Doubleday Productions Gus Harbor Productions
Diretor: Alan J. Pakula
8.933 users / 574 face
Check-Ins 47
Date 05/09/2012 Poster -### - DirectorEdward D. Wood Jr.StarsBela LugosiTor JohnsonTony McCoyA mad doctor attempts to create atomic supermen.[Mov 04 IMDB 3,7/10] {Video/@@}
A NOIVA DO MONSTRO
(Bride of the Monster, 1955)
"Nem o efeito curiosidade salva essa coisa medonha. É constrangedor ver as atuações de quinta categoria e a direção desajeitada de Ed Wood." (Alexandre Koball)
"Dessa vez Ed Wood conduz seu filme corretamente, mas novamente, o pior de tudo é a história bizarra e os efeitos técnicos. Percebe-se que sua história, ainda que bizarra, é melhor conduzida, tem um início, meio e fim, os personagens são desenvolvidos (pouco, mas são), as cenas não chega a ser tão constrangedoras, não tem aqueles diálogos ridículos e sem noção, a forma com que as coisas vão se revelando e acontecendo é convincente, parece que é tudo certinho no seu devido lugar: Tem um vilão, sua intenção é mostrada, tem o mocinho, tem um clímax, enfim. Mas todos os filmes aparentemente não tem esses elementos? Sim. Mas nos filmes de Ed Wood não. Bela Lugosi em mais uma parceria com o diretor, interpreta o Dr. Eric Vornoff, o único dos 3 filmes da parceria, onde ele tem um verdadeiro papel. Vornoff é um cientista, adivinham, adivinham? Ele é um cientista maluco. Vornoff está determinado a aperfeiçoar sua experiência e criar seus Humanos superdesenvolvidos, através de um raio atômico que ele vem estudando. Isolado numa espécie de pântano e casa mal-assombrada, ele cria no seu lago um polvo gigante. Após o sumiço de duas pessoas, as autoridades locais ficam em alerta e a jornalista Janet Lawton resolve ir até o local pra investigar e fazer uma matéria. Na verdade, não se sabe o porque de ser “A Noiva do Monstro”, apenas no final que percebemos o porque do título e isso por causa de uma cena, não porque o filme se trata disso. Como uma espécie de Goonie Vornoff cria o Lobo, que o ajuda nas experiências, e aparentemente é uma figura amigável. Ed wood dá um tom diferente e até mesmo coerente no seu filme, tornando-o suportável de se assistir. O diretor explora personagens, acrescenta reviravoltas no seu roteiro com a chegada do Prof. Vladimir, consegue equilibrar o mistério e uma certa seriedade. E pensar que este filme foi feito antes da aberração Plano 9 e parece que Ed Wood perdeu todo o controle ou se esqueceu de tudo o que havia realizado aqui. Agora vamos falar da coisa mais tenebrosa do filme: O polvo gigante. Ainda que melhor do que os vampiros, o diabo, os discos voadores e as outras pérolas criadas pelo diretor, esse polvo mecânico consegue ser mais convincente. A cena final, percebe-se que o diretor voltou a cair na canastrice ao simular uma briga de uma pessoa com o polvo mecânico, sendo que este nem funcionando estava, por isso o ator teve que fingir está sendo atacado, balançando os tentáculos do monstro, sem ao menos disfarçar. Um erro comum nos filmes do diretor. A pesença da trilha sonora é mais adequada, um pouco medonha, qua funcionou corretamente com as cenas mais assustadoras, se é que posso dizer assim, pois assustar, obviamente o filme não assusta.Ainda que ruim criticamente falando, consegue ser divertido e menos irritante de se assistir. São vários os aspectos que mostra a diferença deste filme com os demais da filmografia do diretor. Como eu disse, a trilha sonora, o roteiro menos bizarro, a ausência dos diálogos risíveis. Pode até ser ironia mas talvez este aqui seja um dos menos conhecidos do diretor pelo fato de ser o mais certinho e não é toda a aberração como nos outros filmes, por isso não ganhou fama. Mas ainda é um filme curioso de se assistir, aliás toda a filmografia do diretor traz um pouco de curiosidade." (Adinhu S de Souza)
Rolling M. Productions
Diretor: Edward D.Wood Jr.
4.654 users / 274 face
Check-Ins 52
Date 12/09/2012 Poster - # - DirectorLuis LlosaStarsJon VoightJennifer LopezEric StoltzA "National Geographic" film crew is taken hostage by an insane hunter, who forces them along on his quest to capture the world's largest - and deadliest - snake.[Mov 01 IMDB 4,4/10] {Video/@@@} M/37
ANACONDA
(Anaconda, 1997)
''Grupo entra na Floresta Amazônica com o objetivo de fazer um documentário sobre uma tribo indígena e, durante a jornada, conhecem Paul Sarone (Jon Voight), um insano caçador que deseja capturar viva uma anaconda, uma cobra que pode atingir doze metros de comprimento.'' (Filmow)
Cinema Line Film Corporation Columbia Pictures Corporation Iguana Producciones Middle Fork Productions Skylight Cinema Foto Art St. Tropez Films
Diretor: Luis Llosa
59.059 users / 1.644 face
Soundtrack Rock = Ziggy Marley and The Melody Makers + Mack 10
Check-Ins 61 20 Metacritic
Date 20/09/2012 Poster - # - DirectorHarald ZwartStarsSteve MartinJean RenoEmily MortimerInsp. Jacques Clouseau teams up with a squad of International detectives who are just as bumbling as he is. Their mission: Stop a globe-trotting thief who specializes in stealing historical artifacts.[Mov 01 IMDB 5,3/10] {Video/@@} M/36
A PANTERA COR-DE-ROSA 2
(Pink Panther 2 , 2009)
"A imensa maioria das piadas são recicladas e sem a menor graça, e o filme jamais consegue encontrar o tom. Existem cenas constrangedoramente ruins. Só não é um desastre total porque há uma ou outra risada genuína." (Silvio Pilau)
"Absolutamente inútil, mas tão divertido quanto o primeiro - o que é bom o suficiente para uma tarde de sábado de poucas pretensões." (Alexandre Koball)
Filme está melhor do que o primeiro. O que não quer dizer muita coisa...
"Steve Martin já foi um comediante engraçado. Desceu dos palcos de comédia stand-up para ganhar fama em Hollywood. Mas dos seus últimos filmes, o único que realmente chama a atenção é o drama Garota da Vitrine, que ele escreveu e protagonizou. Quando o assunto é fazer rir, suas tentativas já não funcionam mais. E não é seu estilo de humor que ficou velho, foram as suas escolhas que começaram a ser cada vez mais óbvias (do ponto de vista comercial) - e erradas (do ponto de vista artístico). E está aí ''A Pantera Cor-de-Rosa 2'' (The Pink Panther 2, 2009) para provar tudo isso. A trama é vazia como a redoma que guardava o diamante Pantera Cor-de-Rosa, novamente roubado. Para tentar solucionar o crime à sua maneira, lá está o Inspetor Clouseau. Mas dessa vez ele não está sozinho. Foi reunido um "dream-team" da investigação, formado pelo italiano Vicenzo (Andy Garcia), o britânico Pepperidge (Alfred Molina) e o japonês Kenji (Yuki Matsuzaki), além do francês Clouseau (Martin), que recebe ajuda de Ponton (Jean Reno) e Nicole (Emily Mortimer). Um novo elemento chega depois e chama a atenção pela sua beleza. É Sonia, interpretada pela linda Aishwarya Rai Bachchan, estrela de Bollywood que faz sua estreia em Hollywood. Sua personagem junta-se ao grupo por ser uma biografista especializada no principal suspeito do crime, o gatuno conhecido como Tornado. Tudo é tão mal pensado e concretizado que nem o suposto quadrilátero amoroso que se esboça entre Sonia-Clouseau-Nicole-Vicenzo consegue se fechar. Pior do que o sotaque francês-falando-inglês (e do bigodinho) de Martin, é o amontoado de clichês utilizados na construção dos outros detetives. Garcia faz o italiano sedutor com lenço no pescoço. Molina é o inglês cheio de si - só faltou pedir para interromper as investigações para tomar o chá das cinco. E o japonês Matsuzaki é um nerd quase babão apegado às últimas tecnologias. Não sei quanto foi o cachê dos atores, mas imagino que Alfred Molina e, principalmente, Jean Reno não precisavam passar por isso. E prefereria nem falar de John Cleese, que um dia já foi um Monty Python. E antes que me acusem de qualquer coisa, já digo que não sou do time que é completamnte contra remakes. Só acho que eles têm de propor algo mais do que apenas fazer dinheiro. É triste ver a diferença do astuto, mas atrapalhado Clouseau de Sellers para a encarnação pateta e sortuda criada por Martin, e não adianta eles tentarem me enganar com a inclusão do karatê (homenagem ao Clouseau de Peter Sellers), nada ali consegue me convencer a te indicar o filme. E olha que melhorou muito em relação ao primeiro! Se continuar nessa progressão, lá pelo episódio 25 eles estarão equilibrados com o pior dos filmes da fase Blake Edwards." (Marcelo Forlani)
''A Pantera Cor-de-Rosa 2'', décimo filme protagonizado pelo inspetor Jacques Clouseau, nada mais é do que a continuação dessa nova franquia do personagem, pontuada pela atuação de Steve Martin como o atrapalhado inspetor. E, de fato, a mudança do ator é fator que muda completamente os rumos desta franquia atual à original, protagonizada por Peter Sellers. Os tempos mudaram e as demandas do público também. Continuação do longa de 2006, ''A Pantera Cor-de-Rosa 2'' traz o inspetor de volta à ativa quando um conhecido ladrão de luxo conhecido como Tornado volta a atacar, roubando uma série de relíquias históricas ao redor do mundo, ameaçando também o diamante rosa que dá nome ao filme. Como resposta, as autoridades mundiais escalam um time de investigadores para descobrir a identidade do larápio: o italiano Vicenzo (Andy Garcia), o inglês Pepperidge (Alfred Molina), o japonês Kenji (Yuki Matsuzaki) e a bela Sonia (Aishwarya Rai Bachchan), profunda conhecedora dos costumes de Tornado. O Inspetor Chefe Dreyfus (John Cleese, que substitui Kevin Kline no papel) é obrigado a tirar Clouseau do ostracismo como policial de trânsito quando é obrigado a apontá-lo como o representante francês nesse time. As investigações dão terreno de sobra para que o atrapalhado investigador possa conduzir suas trapalhadas, humilhando não somente a si mesmo, mas também seus colegas. Assim como no primeiro filme, a única graça está na atuação de Martin, que encontra no inspetor francês uma bela oportunidade de exercitar seu talento no humor exagerado, centrado o sotaque do personagem. Não falta a piada do inspetor tentando falar hamburguer, como no primeiro longa. Mas, ao explorar os mesmos elementos do primeiro filme, ''A Pantera Cor-de-Rosa 2'' não empolga. A inclusão novos personagens não acrescenta muito ao roteiro - escrito pelos estreantes Scott Neustadter e Michael H. Weber, além de Martin -, que se torna repetitiva ao reciclar os mesmos elementos de narrativa do primeiro filme. As situações vergonhosas nas quais o protagonista se insere são exageradas demais, beirando o surreal. Claro, o fato dele ter uma professora de bons modos para que deixe de cuspir frases politicamente incorretas é uma brincadeira esperta ao explorar o fato de que, hoje em dia, comediantes precisam prestar atenção em não ofender ninguém em tempos tão sensíveis. Mas A Pantera Cor-de-Rosa 2 não consegue arrancar mais do que alguns sorrisos amarelos, representando um fraco exemplo do que Steve Martin é capaz de fazer para conseguir fazer o espectador rir." (Angelica Bito)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Columbia Pictures Robert Simonds Productions
Diretor: Harald Zwart
25.689 users / 629 face
Check-Ins 62 30 Metacritic
Date 21/09/2012 Poster - ## - DirectorLuke GreenfieldStarsRob SchneiderColleen HaskellJohn C. McGinleyAfter receiving organ transplants from various animal donors, a man finds himself taking on the traits of those animals.[Mov 02 IMDB 4,8/10] {Video/@@@} M/43
ANIMAL
(The Animal, 2001)
''Marvin Mage (Rob Schneider) é um fracote que sempre sonhou em ser um policial mas nunca teve físico para tal profissão. Sua vida era um completo fiasco até sofrer um grave acidente automobilístico, que quase o matou. Para salvar sua vida, um cientista decidiu por fazer uma inovadora cirurgia, que reconstruía seu corpo com órgãos de animais. A experiência dá certo, e, a partir de então, Marvin fica famoso e se torna um superpolicial. Porém, logo os novos órgãos fazem com que Marvin passe a ter instintos animais, que se manifestam nas piores horas e das maneiras mais bizarras possíveis.'' (Filmow)
Revolution Studios Happy Madison Productions
Diretor: Luke Greenfield
36.465 users / 836 face
Soundtrack Rock = Survivor + The Offspring + Inner Circle + Marvin Gaye + INXS + Train
Check-Ins 81 18 Metacritic
Date 24/09/2012 Poster - ## - DirectorShawn LevyStarsSteve MartinKevin KlineJean RenoBumbling Inspector Clouseau must solve the murder of a famous soccer coach and find out who stole the infamous Pink Panther diamond.[Mov 02 IMDB 5,3/10] {Video/@} M/38
A PANTERA COR-DE-ROSA
(The Pink Panther, 2006)
"Para acreditar que o remake de ''A Pantera Cor-de-Rosa'' vai dar certo, o espectador precisa acreditar que: 1) Steven Martin é engraçado; 2) Kevin Kline é bom ator; 3) e, o mais difícil, que Beyoncé Knowles é uma atriz. Como Martin não está engraçado, Kline é ator de parcos recursos e Beyoncé só é uma atriz quando está de costas e de boca fechada, o que temos é uma tremenda decepção. Como o diretor Shawn Levy não tem um décimo do talento de Blake Edwards e Steve Martin como roteirista também não é lá grandes coisas, esse filme resulta em constrangimento para quem o assiste. Um horror. Esse remake serve para medir o quanto o cinema regrediu nos últimos anos. Ao apostar que as platéias são imbecis e incapazes de entender humor inteligente e de bom gosto, o resultado é obras como essa, um acinte à inteligência, um atentado ao bom gosto. Jamais a equipe reunida conseguiria repetir a elegância de Blake Edwards em sua série (que nem é o seu melhor trabalho). Na verdade, o filme de 1963 era um veículo para David Niven, estrela da época, e Peter Sellers nem era a primeira escolha do elenco (era Peter Ustinov). Mesmo fazendo um filme de encomenda e escancaradamente comercial, Edwards conseguiu tornar-se insuperável, com a clássica trilha e Henry Mancini e o cartoon da pantera, que abre o filme. Esse remake é do tipo de filme em que é melhor ver o trailer do que o filme inteiro. O humor rasteiro e preconceituoso dos produtores levou os atores a ridicularizar a França, em desgraça nos EUA desde que foi contra a invasão do Iraque (franceses são os vilões de Hollywood hoje: em Munique, em Mestre dos Mares, até em Johnny English). Jean Reno, que faz o parceiro de Clouseau, faz aqui seu mais infeliz papel em língua inglesa. Nem os filmes de ação e luta marciais que fez anteriormente colocaram-no em situações tão grostescas e deprimentes. Nada contra remakes – até porque a obra em questão nem é lá essas coisas. O problema aqui é a imbecilidade, o humor escroto, a falta de talento (ou o que é considerado talento hoje em dia, como a música de Beyoncé) e a certeza de que, na mente dos produtores de Hollywood, está um público medíocre. Nós seríamos incapazes mentais dispostos a engolir obras infames como essa, que merecem nosso mais veemente repúdio." (Demetrius Caesar)
''Existe uma grande expectativa em torno desta nova versão do clássico de humor “A Pantera Cor-de-Rosa”. De um lado, aqueles que assistiram aos filmes dos anos 60 e 70 devem estar se perguntando se o novo exemplar será tão engraçado quando os estrelados por Peter Sellers. De outro, quem nunca viu os longas originais, vê no remake a chance de descobrir o que este título tem de tão especial. Para ambos os públicos, porém, a resposta não será das mais satisfatórias. A despeito de todo o suspense em torno da produção, este “A Pantera Cor de Rosa” não passa de uma comédia das mais medianas. Ou seja: tem seus momentos engraçadinhos, e só. O filme traz novamente à ativa o inspetor Jacques Clouseau (Steve Martin, em atuação exagerada, à la caras e bocas) que justamente por ser atrapalhado, foi escolhido pelo chefe (Kevin Kline, este sim, bem) para solucionar um assassinato e o roubo de uma jóia preciosa. O objetivo do chefe é que o subordinado se dê mal e, assim, ele mesmo possa solucionar o mistério, colhendo os louros. Em sua missão, Clouseau investigará, entre outros, a namorada do morto, interpretada aqui pela cantora Beyoncé Knowles (em atuação apagada) e contará com o auxílio de seu fiel escudeiro (papel de Jean Reno) e de sua devota secretária (Emily Mortimer, também em cartaz em Ponto Final, outra estreia). A partir daí, dá-lhe trapalhadas mil baseadas em um já datado tipo de humor físico, comum aos filmes originais da antiga cinessérie. O problema é que hoje, convenhamos, quase ninguém mais ri só por que alguém leva um tombo na escada ou é perseguido por uma bola gigante. Mas o filme também tem lá suas sacadas. Em uma delas, por exemplo, o ator Clive Owen, que chegou a ser cotado para ser o próximo James Bond nos cinemas (e não ficou com o papel), interpreta o agente 006, um bom espião, mas não bom o suficiente para receber o número do amigo mais famoso. Há também a melhor piada do remake, esta reservada para o final: a forma como Clouseau chega ao momento da verdade e desmascara o assassino é hilária. O desfecho é uma pista de como todo o filme poderia ter sido muito mais divertido se tivesse investido em um humor mais cerebral. Não o fez e, pena, perdeu sua chance de encantar novas gerações." (Edson Barros)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Columbia Pictures Robert Simonds Productions International Production Company Montecito Picture Company, The
Diretor: Shawn Levy
53.977 users / 931 face
Soudtrack Rock = Yello
Check-Ins 84 35 Metacritic
Date 21/09/2012 Poster - # - DirectorAlejandro G. IñárrituStarsEmilio EchevarríaGael García BernalGoya ToledoAn amateur dog fighter, a supermodel, and a derelict assassin, all separately struggling to find love, find their lives transformed by a devastating car wreck in Mexico City.[Mov 02 IMDB 8,1/10] {Video/@@@} M/83
AMORES BRUTOS
(Amores perros, 2000)
"O que acontece aqui é uma desestabilidade na interconexão das tramas paralelas, muito por razão da força e veracidade de determinadas histórias despertarem bem mais o interesse que as demais. Apesar dos pesares, não deixa de ser um bom filme." (Junior Souza)
"Duras histórias paralelas bem amarradas num filme que se beneficia de sua longa duração para aumentar a angústia do público - que não desiste do "martírio", a fim de presenciar o desfecho daquelas terríveis realidades." (Rodrigo Torres de Souza)
Amores Brutos inicia uma trilogia de brilho e confirma a hipótese de que raros são os mestres que conseguem repetir a grandiosidade da obra-prima.
"Alejandro Gonzáles Iñárritu é um cineasta mexicano de 45 anos. Foi descoberto em 2000, com a produção de ''Amores Brutos'' (Amores Perros), um filme – com o perdão da simplificação – sobre a perda, os amores, a esperança e os problemas nos relacionamentos. O sucesso surpreendeu: era uma produção latina, com atores latinos e recursos latinos e, ainda assim, ganhou a crítica e o público internacional. A partir daí, Iñárritu virou destaque dos grandes jornais e das semanais norte-americanas e conquistou o bilhete de entrada para Hollywood. No ano seguinte, o diretor fez 21 Gramas, filme que se passa nos Estados Unidos e segue o mesmo padrão do primeiro: três histórias, que se encontram em determinado momento, e provocam reflexões sobre a perda e sobre os relacionamentos. Desta vez, os atores são todos americanos, incluindo grandes nomes como Sean Penn, Benicio Del Toro e Naomi Watts. A semelhança com o primeiro filme levou Iñárritu a pensar em uma trilogia. O terceiro e último filme, então, veio em 2006, Babel. Nele, o diretor vai do México para o mundo. As várias histórias se passam nos Estados Unidos, Marrocos, Japão e México. A produção também foi grandiosa, com um orçamento de 25 milhões de dólares, e atores como Brad Pitt e Cate Blanchett, além da volta de Gael García Bernal, que atuou em Amores Brutos. Os três filmes têm muito em comum: a fórmula da narrativa com cronologia não-linear para mostrar o mesmo acontecimento repetidas vezes, sob o ângulo de cada personagem – os flashs vão e vêm na tentativa de explicar a história de cada um; os três são montagens tensas e dinâmicas, que deixam o espectador apreensivo; e os três são filmes emocionais, com a intenção de comover e paralisar, longe de qualquer pretensão intelectual. ''Amores Brutos'' ficou de lado depois que a trilogia se completou. Recentemente, com a explosão de filmes que têm Gael García Bernal no elenco, o filme foi relembrado e voltou às prateleiras de indicações. Mas o mérito ficou com o filme todo, e não só com Gael: ''Amores Brutos'' se manteve na sessão de favoritos por ser o melhor filme da trilogia. Os dois milhões de dólares usados para produzi-lo foram suficientes para superar os outros dois, mesmo com um orçamento mais de dez vezes menor. Nele, Iñárritu explora três histórias relacionadas com cachorros – daí o nome original, Amores Perros – que se cruzam em uma batida de carro. O cunhado que gosta da cunhada, um casal de amantes e um quase morador de rua que sofre a perda da família que abandonou têm a vida mudada a partir do acidente. As histórias são bem costuradas. O diretor deu conta das informações essenciais para que cada personagem seja conhecido a fundo e ele não se perdeu na vida de cada um. Nos cortes, nos closes e nos ângulos de filmagem, entramos na história para participar da vida daquelas pessoas. Os takes são de tal forma significativos que não são necessárias mais de duas cenas de cada personagem para termos a sensação de que somos íntimos dele. E o fato de a câmera acompanhar os movimentos físicos dos personagens aumenta a impressão de que estamos próximos. A filmagem parece ter sido feita com uma câmera de mão, para que nós possamos acompanhar os passos, a corrida e os choques de cada um da história. No entroncamento das vidas dos personagens, fica evidente a relação entre pessoas de realidades sociais, culturais e econômicas muito diferentes. Além disso, Iñárritu faz com que as pessoas dependam uma da outra na narrativa. Nesse momento, o diretor consegue fazer com que nos sintamos angustiados assistindo o filme, refletindo sobre quando precisaremos de alguém que não conhecemos. Iñárritu conta a vida das pessoas prestando atenção em todas outras as pessoas que cruzam o caminho dela. Ele deixa no ar a questão do destino, de quantas vezes cruzamos com pessoas nas ruas sem perceber e quantas vezes conhecemos alguém achando que nunca o vimos antes, apesar de ter passado tantas vezes no nosso caminho. O drama que Iñárritu propõe é contundente, com imagens que grudam na mente. ''Amores Brutos'' consegue ser um filme violento sem sangue e armas. As atuações são impecáveis e ajudam a dar consistência para a narrativa, além de afastar o risco de as histórias cheias de sofrimento se tornarem melodramas de novela. O elenco principal é, sem dúvida, uma atração imperdível do filme. Com destaque para Emilio Echevarria, que faz o papel de Chivo, o morador de rua. Os atores que compõem a ficha técnica da produção competem de igual para igual com os nomes do topo da lista de Hollywood que atuam nos outros dois filmes da trilogia de Iñárritu. Os quatro prêmios de cinema que recebeu e a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro comprovaram a grandeza de ''Amores Brutos'' e mostraram que as dificuldades do cinema latino-americana só engrandecem os bons filmes produzidos nessa região do mapa. O efeito que Iñárritu consegue em ''Amores Brutos'' poucos filmes hollywoodianos alcançam. O diretor comove o espectador ao mesmo tempo em que o deixa na posição de frieza e indiferença à condição humana. A comoção vem pela perplexidade: o filme termina e o espectador está congelado na frente da tela, impressionado com a quantidade de finais infelizes; a frieza vem pelo motivo da comoção: a tragédia com os cães, a morte, o sofrimento e a dor desses animais espalha a compaixão e a revolta com o fim deles; a culpa vem logo em seguida: não entendemos por que a emoção aflorada veio pelos cachorros e não por algum personagem do filme, já que todos, sem exceção alguma, têm um final infeliz, com perda e sofrimento. As duas horas e meia de filme poderiam ser editadas sem prejudicar a narrativa. Mas os pequenos buracos na história parecem propositais: são o momento de um silêncio angustiante, em que vivemos a dor do personagem como se fosse nossa. Se a trilogia de Iñárritu é sobre a perda, é "Amores Brutos'' que consegue passar a mensagem. Nenhum dos dois outros da trilogia transmitem em tamanha proporção o recado de que todos somos também aquilo que perdemos." (Gabriela Mayer)
"Pessoas diferentes, de classes sociais distintas, que provavelmente nunca se encontrariam na vida, vêm seus destinos se cruzarem tragicamente numa movimentada esquina da cidade do México. Assim é ''Amores Brutos'', drama policial que estréia neste final de semana nos cinemas do Brasil. São três histórias que mudam radicalmente de trajetória depois de um violento acidente de automóvel. O jovem Otávio está apaixonado por sua cunhada, Susana, com quem planeja fugir. A modelo Valéria tenta uma nova vida ao lado do amante Daniel, que acaba de abandonar a esposa. Enquanto isso, um misterioso andarilho assassina friamente um executivo, aparentemente sem motivo algum. Um ponto em comum une estes personagens tão diferentes: os cães. De uma forma ou de outra, os cachorros terão importância fundamental para a vida de cada protagonista. Não por acaso, o título original do filme - Amores Perros - poderia ser traduzido literalmente como Amores Cães. Agressivo e bastante sanguinolento, ''Amores Brutos'' discute a violência urbana sem meias palavras. Não é, definitivamente, um filme para quem tem estômago fraco. A crítica internacional gostou muito: ele foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro - representando o México - e foi muito premiado nos festivais de Cannes e Chicago. Talvez seja um pouco de exagero. Suas duas horas e meia de projeção poderiam ser facilmente editadas sem prejuízo nenhum à narrativa. Mas, mesmo assim, é um filme que prende a atenção e revela o talento e a competência do diretor Alejandre Gonçalvez Iñarritu, um estreante que soube costurar com eficiência as três histórias que seguem paralelas durante o filme." (Celso Sabadin)
73*2001 Oscar / 58*2001 Globo / 2000 Palma de Cannes
Top 250#163
Top 200#64 Cineplayers (Usuários)
Top Editores #85 Top Década 2000 #20 Top México #1
Altavista Films Zeta Film
Diretor: Alejandro González Iñárritu
134.663 users / 9.643 face
Check-Ins 95
Date 13/10/2012 Poster - ## - DirectorF.W. MurnauStarsEmil JanningsMaly DelschaftMax HillerAn aging doorman is forced to face the scorn of his friends, neighbors and society after being fired from his prestigious job at a luxurious hotel.[Mov 08 IMDB 8,1/10] {Video}
A ÚLTIMA GARGALHADA
(Der Letzte Mann, 1924)
*****
''A triste história de um idoso porteiro do elegante hotel Atlantis, em Berlim, que é obrigado a deixar o cargo que ama por ser considerado velho demais, passando a exercer a função de criado do banheiro masculino do mesmo hotel, é contada neste tocante “A Última Gargalhada”, dirigido por F. W. Murnau. Orgulhoso de seu trabalho, mas já sentindo o peso dos anos, um idoso porteiro (Emil Jannings) do hotel Atlantis, em Berlim, é afastado de seu cargo e realocado na função de criado do banheiro masculino, o que provoca grande impacto na auto-estima do velho homem, que até então era tratado com grande respeito por sua família, seus amigos e seus vizinhos. Escrito por Carl Mayer, “A Última Gargalhada” toca diretamente na ferida do capitalismo, mostrando como a perda do emprego pode provocar sérios danos financeiros e psicológicos no cidadão, e, conseqüentemente, pode provocar um efeito desastroso na auto-estima da pessoa, dependendo do grau de afinidade que ela tinha com seu cargo. Este devastador efeito é ilustrado com competência por Murnau, que filma o porteiro em ângulo baixo (contra-plongèe) quando ele ainda está em seu pomposo uniforme, transmitindo a sensação de poder e respeito que o velho sentia, o que contrasta com a câmera em plongèe (filmado por cima) que passa a predominar a narrativa quando o porteiro é transferido para outro cargo, diminuindo o protagonista diante do espectador. Além disso, o diretor utiliza ainda em diversos momentos a câmera sob o ponto de vista do porteiro, num movimento interessante e até mesmo diferenciado para sua época. Vale à pena notar também como tudo em “A Última Gargalhada” é muito orgânico, ou seja, pertence ao universo diegético do filme, evitando que o longa soe artificial, como a mensagem no bolo que serve para nos informar sobre o casamento ou a notícia no jornal que informa ao espectador de que forma o porteiro irá se tornar rico, evitando letreiros e explicações, o que é muito elegante. Além de sua interessante temática, “A Última Gargalhada” reserva ainda uma pequena brincadeira de Murnau, que gera muitas reflexões. O diretor insere um final alternativo, que apesar de parecer totalmente fora de propósito, acaba conseguindo nos confortar, ainda que de uma maneira estranha, pois sabemos que não estamos vendo o verdadeiro final da estória. E é aí que surge uma interessante questão para ser debatida: porque não nos sentimos completamente satisfeitos com o final alternativo se nas duas situações estamos falando de uma ficção? Porque assumimos que o primeiro final é verdadeiro e o segundo não é? Esta interessante discussão sobre a linguagem cinematográfica gerada pelo longa já seria razão suficiente para considerá-lo um grande filme. Mas Murnau não para por aí, indo além da discussão sobre a linguagem cinematográfica ao apresentar, ainda que em menor escala do que em outros filmes como O Gabinete do Dr. Caligari, forte influencia do expressionismo alemão, como durante a chegada do porteiro em sua casa, com todos os vizinhos olhando, seguida pela inundação de olhos e bocas gargalhando que Murnau joga na tela, num momento que retrata muito bem o marcante visual do cinema expressionista. As características marcantes do expressionismo, com imagens distorcidas, como o prédio que parece estar caindo sobre o porteiro quando ele volta pra casa com o uniforme roubado, refletem muito bem o estado de espírito do personagem, que naquele momento sentia o mundo pesando em seus ombros. Além disso, a direção de fotografia de Robert Baberske e Karl Freund carrega nos tons escuros, fazendo com que o porteiro por muitas vezes desapareça na escuridão, como no primeiro final solitário no banheiro. Em contrapartida, o final alternativo feito para o espectador tem um tom mais leve e iluminado, que reflete a felicidade do protagonista. É interessante notar também como a cultura alemã está presente com muita força nos simbolismos da narrativa, como o uniforme, que remete ao cargo e é alvo de veneração do porteiro, e o botão caído, que simboliza a queda daquele homem. Esta adoração pelo status era algo tipicamente alemão no período. E além do aspecto visual, a própria atuação exagerada de Emil Jannings casa perfeitamente com o estilo expressionista, que buscava transmitir através de imagens fortes e distorcidas o sentimento dos personagens. A dor e a tristeza do porteiro ao perder o emprego que era seu grande orgulho ultrapassam os limites da tela e se instalam no coração do espectador, que sofre junto com ele. Utilizando os aspectos marcantes do expressionismo para contar uma história tocante, ''A Última Gargalhada” ainda abre espaço para uma interessante reflexão a respeito da linguagem cinematográfica, o que lhe garante um lugar de destaque entre as importantes obras do cinema expressionista." (Roberto Siqueira)
''Retirar de um homem os elementos que lhe dão orgulho de ser quem é equivale a priva-lo de qualquer brio ou honra para, assim, reduzi-lo a nada. Tal infelicidade é experimentada pelo porteiro de hotel magnificamente interpretado por Emil Jannings em ''A Última Gargalhada'', clássico absoluto do diretor alemão F. W. Murnau. Neste sentido, a profissão exercida pelo personagem se confunde com sua própria felicidade, afinal, é a partir dela e de sua indumentária que aquele homem obtém o prestígio e o respeito de seus pares. A partir do momento em que sua avançada idade o leva a ser remanejado para a função de servente de banheiro o velho porteiro é obrigado a se despir de seu quepe, seu casaco e, por conseguinte, de sua vaidade. Por isso, o ar imponente e efusivo de outrora cede espaço para uma postura curvada e um semblante derrotado. Tentando a qualquer custo manter a aparência de antes perante os vizinhos, o homem furta o uniforme, agora utilizado por alguém mais jovem, para com aquele se trajar nos momentos de retorno do trabalho. Mas, eis que sua desgraça se completa quando inevitavelmente a verdade é descoberta, ocasião em que imediatamente o suposto porteiro passa a ser motivo de chacota. Triste e verdadeiro A Última Gargalhada revela um tocante trabalho de Murnau que aqui – apesar da costumeira classificação da obra como expressionista – evoca os primeiros traços do que viria a se tornar o cinema surrealista por meio de curiosas e bem construídas seqüências de sonhos cujos méritos consistiam em demonstrar a fuga da realidade buscada pelo protagonista. Murnau, na verdade, não se preocupa em limitar sua narrativa em torno dos elementos da estética surrealista, preferindo, por outro lado, concentrar-se na correta construção dramática de uma história capaz de dispensar por completo os intertítulos característicos do cinema mudo, feito esse que é brilhantemente obtido e talvez só repetido por Kaneto Shindo em seu A Ilha Nua – trabalho esse realizado quando a sonorização já era uma realidade de longa data. Por fim, ainda que o epílogo feliz – imposto pela produção dos estúdios UFA – destoe do conjunto da obra, Murnau acaba de maneira inteligente tirando proveito do mesmo, seja através da sincera justificativa previamente apresentada, seja pelo tom poético concedido a história de um personagem que por mais humilhado que tenha sido em seu passado, não hesita em compartilhar sua atual riqueza entre aqueles que hoje o rodeiam, mas que antes ou estavam ao seu lado ou lhe davam as costas." (Dario Façanha)
Top Década 1920 #11 Top Alemanha #9 Top Comédia #37
Universum Film (UFA)
Diretor: F.W. Murnau
8.029 users / 509 face
Check-Ins 601
Date 22/06/2014 Poster - ######## - DirectorPeter MedakStarsNatasha HenstridgeMichael MadsenMarg HelgenbergerAn astronaut gets infected with alien DNA during the first mission on Mars and runs amok on earth. Preston and Laura team up with a peaceful, genetically re-engineered Sil to track the monster down.[Mov 03 IMDB 4,1/10 {Video} M/19
EXPERIÊNCIA II - A MUTAÇÃO
(Species II, 1998)
Depois do episódio com o DNA alienígena, que gerou uma série de mortes e a resposta às perguntas sobre vida inteligente em outros planetas, o governo decidiu pela clonagem de Sil, a híbrido do primeiro filme, gerando Eve (Natasha Henstridge), para aprender a combater o inimigo no caso de uma possível invasão. Enquanto Eve é mantida no mesmo laboratório da outra cobaia do filme anterior, a América pode se orgulhar por finalmente conseguir mandar o Homem à Marte, mais precisamente Patrick Ross (Justin Lazard, de Soldado Universal – O Retorno), filho do Senador Judson Ross (o veterano James Cromwell, visto recentemente em O Artista), com sua equipe formada também por Dennis Gamble (Mykelti Williamson, de Premonição 4). Em solo marciano, Patrick colocou a bandeira americana, disse alguma frase de efeito, e coletou material para análise, incluindo mais DNA alienígena, deixado lá como armadilha para futuros exploradores. Esse é o argumento inicial do longa ''Experiência II – A Mutação'', lançado três anos depois do original, tentando pegar carona no seu sucesso, mas falhando consideravelmente. Se a ideia de clonar um inimigo para aprender a destruí-lo já não seria suficientemente absurda, o roteiro de Chris Brancato vai mais além ao misturar astronautas, uma cabana de filhotes alienígenas, uma vacina baseada numa anemia, sexo com prostitutas ignorando a busca pelo parceiro perfeito, comunicação telepática e criaturas indestrutíveis. Parece que elas querem continuar acasalando, mas, ao invés de aproveitar os dois astronautas contaminados para o feito, o furo no roteiro é tão grande que as criaturas do espaço optam por escolher humanos até a hora em que Patrick descobre a existência de Eve e decide encontrá-la. O astronauta Patrick aproveita a fama adquirida pela conquista espacial e sai transando com meio mundo para depois recolher as crianças e levá-las até um local isolado. Enquanto isso, Eve cresceu sem ter contato com os homens, embora assista a séries de TV como Os Gatões (!!!). É através da televisão que ela aprende a se comunicar e até a dirigir (!!!), permanecendo dócil até o momento em que conhece seu parceiro alienígena e decide fugir dali. Sabendo da força e capacidade das criaturas, principalmente pela demonstração de Sil em sua fase infantil, sabe-se lá porquê o laboratório americano não optou por utilizar vidros resistentes e uma segurança capaz de evitar a fuga. Com uma ameaça à solta, Dr. Laura Baker (Marg Helgenberger, mais bonita do que no filme anterior) entra em contato com Press Lenox (Michael Madsen), para que ele mais uma vez cace as criaturas, com um bom incentivo financeiro. Ele agora já não é mais um assassino do governo, trabalhando com militares em testes de segurança de bancos e embaixadas. Apesar disso, sua eficiência para encontrar os alienígenas é quase nula, tendo como base o primeiro filme e a sequência que ocorre num supermercado. Press conta com o apoio cômico de Dennis, provavelmente substituindo Forest Whitaker, que escapou de manchar sua carreira a tempo. Se os motivos para assistir ''Experiência II - A Mutação'' estão voltados apenas para Natasha Henstridge, a decepção também será evidente. A atriz aparece pouco, sem os excessos de nudez e sedução do anterior, dando espaço para outras garotas que Patrick encontrará pelo caminho. Ainda assim, o filme cumpre sua função erótica, enchendo a tela de peitos, sem deixar de lado o sangue e gore, únicas qualidades do longa. Se no primeiro Sil era discreta, exibindo aos poucos sua forma original, aqui há todos os tipos de nojeiras, tentáculos, criaturas estranhas, além de vísceras e sangue para todo lado. O roteiro confuso e exagerado, a cargo de Chris Brancato (que atualmente só trabalha em episódios de séries e filmes para a TV), ainda se esforça para buscar novos caminhos, porém acaba se esbarrando em repetições como a fuga da alienígena e a necessidade de perpetuação da espécie. Todo o esforço para evitar o nascimento de um filhote no primeiro filme cai por terra quando Patrick inicia uma batalhão de pequenas criaturas, sem a agressividade do exemplar de Sil. Embora a situação pareça fora do controle, e esteja envolvendo políticos, os fatos são facilmente abafados sem que precisem explicar o desaparecimento das vítimas. Na continuação, a natureza dos alienígenas é mais explorada, ainda que o seu planeta não seja apresentado, com apenas a menção da Galáxia Magellanic. Os aliens teriam visitado Marte há milhões de anos, aniquilando toda a vida existente como um câncer. Deixando rastros no solo marciano, o objetivo das criaturas seria perpetuar a espécie e destruir outros planetas. Há, pela primeira vez, a exibição de um exemplar masculino da espécie, na pele do astronauta Patrick: uma criatura quadrúpede, diferente do visual de Eve ou Sil. Assim como o anterior, foi feita uma novelização da obra, trazendo mais detalhes da produção. Escrito por Yvonne Navarro, a obra traz curiosidades sobre a personagem Sil, como a sua habilidade em artes marciais, aprendida somente pela TV. E também aproveita para tapar alguns buracos como a cena em que Sil é atingida por metralhadoras. A regeneração de sua pele se deve à evolução da espécie, que teria desenvolvido uma membrana capaz de se proteger das balas, e também não seria abalada por envenenamento por gás, como mostrado em certo momento no filme. ''Experiência - A Mutação'' II foi o último filme da série exibido nos cinemas. Em sua estreia, chegou a ocupar a quarta posição do box office, embora as críticas, em sua maioria, tenham sido negativas. James Berardinelli, da Variety, fez uma análise pessimista da produção, mas deixou evidente suas qualidades: há boas doses de sangue, gore, sexo simulado e carne nua que o previnem de nunca se tornar chato. Funciona como um filme B, repleto de efeitos especiais e ação! Dirigido sem surpresas por Peter Medak (de séries como a nova versão de Além da Imaginação), Experiência II não contém um elenco de estrelas como o original, nem uma participação mais efetiva de Natasha Henstridge, mas, ainda assim, pode divertir com sua explosão de nojeiras e o confronto de dois alienígenas. Apesar dos efeitos especiais mais bem elaborados, é claramente uma produção caça-níqueis, desnecessária e repleta de clichês do gênero. Pode divertir, se você não esperar muito!" (Marcelo Milici)
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) FGM Entertainment
Diretor: Peter Medak
20.116 users / 271 face
Soundtrack Rock = Apollo 440 + B.B. King
Check-Ins 201
Date 11/06/2013 Poster - ## - DirectorChris MarkerStarsÉtienne BeckerJean NégroniHélène ChatelainThe story of a man forced to explore his memories in the wake of World War III's devastation, told through still images.[Mov 10 Fav IMDB 8,4/10] {Video}
A PLATAFORMA (unofficial)
(La Jetée, 1962)
"Poderia dizer que é isso que realmente procuro no Cinema: um grande roteiro, emoção, inteligência, entretenimento, e um final estupefador." (Alexandre Koball)
"Traíndo um princípio básico do Cinema - a imagem em movimento - Chris Marker realiza uma das maiores aproximações já feitas à memória e seu poder de despertar as mais extremas sensações. Acaba, por fim, gerando uma experiência de força inimaginável." (Daniel Dalpizzolo)
"Impressionante não apenas pela influência no gênero, mas por sustentar ainda hoje toda a sua força, transformando as imagens estáticas em cenas repletas de atmosfera e emoção. De quebra, a história é sensacional." (Silvio Pilau)
"A imagem não se movimenta, mas é puro cinema. É como na vida real, tudo acontece num turbilhão de imagens aceleradas, mas na memória o que sobra são frames dos momentos mais marcantes. " (Heitor Romero)
"La Jetée", filme francês, feito no pós Segunda Guerra Mundial, em 1962, é um marco para a história da fotografia e cinema do mundo, no qual, Chris Marker, utiliza-se do mecanismo das imagens fixas, fotográficas, para criar uma narrativa ficcional, um foto-romance, como ele o auto-intitula. Chris Marker, ao fazer esse filme com um misto de ficção científica com documentário, reportando fatos da época, nos mostra que é possível, com poucos recursos, sim fazer uma obra genial, de tal importância no ano em que a fez. É interessante perceber que dentre tantas características da imagem-movimento que se destacam dentre a feitura de um filme, ao invés dele utilizar a ideia de fotogramas em movimento, a fim de recriar a imagem em movimento na tela, o instante em movimentação, ele opta justamente pelo contrário: a imagem parada ilustra perfeitamente bem a ideia do movimento e da realidade na tela. Movimentos de câmera dão vivacidade às fotografias que estão paradas, estáticas, mas que ganham vida e diferentes interpretações que surgem de tais movimentos. A montagem também influencia de maneira tal, que, em diversas cenas, sentimos a impressão daquelas imagens sucessivas, colocadas em planos seqüenciais, estarem movimentando-se. Porém, elas não poderiam estar, pois seus fotogramas não estão ajustados em proporção de número e velocidade para que isso aconteça. A montagem exerce papel grandioso e claro no entendimento e formação do filme. Uma montagem tão expressiva e tão dinâmica em certos pontos, como os em que o homem é submetido aos experimentos, ou quando ele corre na plataforma de Orly, ao encontro daquela mulher, que habitava a sua mente, nos mostra que, apenas com fotos, impressões de movimento, de sofrimento, de angústia são repassadas ao expectador da mesma forma que um filme normal passaria. (ou até de melhor forma.) Uma das cenas mais marcantes do filme é quando a personagem feminina que habita a mente do homem escolhido pelos cientistas, pisca os seus olhos, um movimento nos frames do filme, revelando que, naquele momento sutil, a fotografia que é supervalorizada durante o filme inteiro foi medida e repensada e ali, não aparece de forma a expressar algo, mas sim, a esconder algo que está a mostra sempre: o vazio do tempo, tudo parado, um tempo indefinido. Quando há o piscar de olhos aquele tempo indefinido passa a ser definido como um tempo que acontece ali, naquele momento e que é efêmero, como uma imagem em movimento de um piscar de olhos. Outro ponto que podemos perceber na análise de tal filme é que notamos a imagem é “flicada”, mostrando rastros de movimento que na verdade não existem ali, pois as fotografias não estão dispostas a formar “frames” de tal forma que o movimento aconteça de verdade. O som também exerce um papel fundamental no filme. Quando as experiências são feitas nos locais subterrâneos, percebemos os balbucios que são recorrentes e reverberam no espaço, montando uma paisagem sonora diferente e uma percepção de espaço nova: a subterrânea. O filme em questão nos mostra uma nova forma de se fazer narrar uma história. História essa que perpassa os tempos, estando no passado, presente e futuro ao mesmo tempo e agora. Impressionante como tal ficção científica se faz dessa forma, mas sem serem necessários maiores recursos de novas tecnologias ou técnicas mirabolantes na curva dramática do filme: apenas com pequenas adaptações de histórias de guerra (Primeira e Segunda Guerras Mundiais) e projeções de como estaria o ser humano no futuro o filme se desenvolve e se desenlaça de uma forma que não sentimos falta de elementos como, uma imagem em movimento. A fotografia estática acaba compondo o conjunto geral. Para finalizar, deixo aqui uma questão intrigante: o fato de o filme ter sido construído na base de fotografias estáticas não o fez diminuir seu mérito, pelo contrário, o aumentou ainda mais. Mostrando que as técnicas estão aí para serem usadas, e, apesar de tal técnica ser mais usada no documentário, não quer dizer que não se possa construir uma ficção científica dali." (Roseane Morais)
"O advento da internet teve um impacto óbvio no acesso à produção artística e cultural. Graças à rede qualquer pessoa pode ler os clássicos da literatura Shakespeariana, ouvir os melhores tangos de Piazzolla ou assistir aos registros cinematográficos mais obscuros sobre o tráfico de mulheres na Europa oriental. E também graças à rede o senso comum de arte como um objeto de consumo da elite está sendo desconstruído, na medida em que a internet está cada vez mais presente em todos os estratos da sociedade. O meio artístico que talvez tenha sido mais afetado por essa revolução digital foi o cinema. Por ser o tipo de produto cultural que tem mais inserção nas classes mais baixas é no cinema que o novo público está construindo novas opiniões e ampliando seus horizontes. A facilidade em conhecer novas vertentes acabou criando certa rejeição em assistir filmes comuns por parte desses novos expectadores. Eles agora só querem filmes “cabeça, inteligentes”, que tenham uma história e fujam do atual padrão explosões/besteirol/assaltos fantásticos/comédias românticas. Surge assim uma nova audiência para muitas produções que nem sempre são apreciadas o tanto quanto deveriam, já que subvertem a hegemonia dos blockbusters. Quando se fala em subverter o molde tradicional de cinema, a primeira coisa que vem em mente é a gama de filmes que não seguem uma ordem cronológica. Gaspar Noé em 2002 fez isso no filme Irreversível, Chistopher Nolan e Alejandro Iñárritu em 2000 produziram respectivamente os filmes Amnésia e Amores Brutos nesta mesma linha, assim como Quentin Tarantino fez em 1994, com sua película Pulp Fiction. Usando essa técnica de edição os respectivos diretores transformaram tramas simples em coadjuvantes que disputam espaço com a narrativa, mas que na verdade não mudam o sentido e a essência dos filmes. Amores Brutos é um filme sobre amor e Amnésia é uma ode à vingança, simplesmente. É na inversão de papéis que reside a inovação desses diretores. O cineasta francês Chirs Marker entende bem de inovação. Dentre os 65 filmes que realizou, estão obras experimentais que esbarram na pergunta clichê é ou não é cinema, como IMMEMORY (1997), que é um quebra-cabeças interativo em forma de CD-ROM composto por fragmentos distorcidos da memória de Marker. Não só isso, como também a noção de documentário é subjetiva na visão do diretor, que insere em seus trabalhos inúmeras referências filosóficas adquiridas durante suas viagens pelo Japão e vários outros países, como visto no seu documentário A.K. (Japão, 1985) sobre a vida do cineasta Akira Kurosawa. Extraído dessa vasta experimentação cinematográfica o curta-metragem ''La Jetée'' (França, 1962) é talvez o mais conhecido filme de Chris Marker e com toda certeza é o filme que demonstra melhor a ousadia despretensiosa do diretor. Uma ficção científica toda feita em fotos estáticas, "La Jetée" viaja pelas memórias de um sobrevivente que guarda a lembrança infantil de um assassinato logo antes de Paris ser devastada pela hecatombe nuclear da 3ª guerra mundial, onde a única esperança da humanidade, condenada ao subsolo por causa da radioatividade, é mandar uma pessoa através do tempo para pedir ajuda. Pontuado por uma narração característica de documentários, mas com notáveis inserções estilísticas, "La Jetée", paradoxalmente, conta com a presença de muito movimento em imagens absolutamente paradas. Um trabalho de iluminação maravilhoso e um fotografia impecável conferiram ao curta uma fluência e uma ambientação tão ricas quanto a de qualquer filme normal. A personagem, escolhida para a brutal experiência de viagem temporal por causa de suas fortes lembranças, percorre passado, presente e futuro (nunca nessa ordem) com o propósito de encontrar um salvação para a raça humana, mas acaba encontrando a mulher que figura em sua memória nas idas e vindas pelo espaço-tempo, e por fim sua morte, narrada pela única frase que revela alguma intenção no filme: …no momento em que o homem percebeu o enviado do futuro, compreendeu que é impossível escapar ao tempo, e que aquele momento, gravado em sua memória desde criança era, na verdade, o instante de sua própria morte. Sem bradar nenhuma quebra de paradigmas, Chris Marker realiza uma obra que não é sobre esse ou aquele assunto, mas é sim um manancial de referências e críticas sobre várias questões da sociedade contemporânea. La Jetée é uma crítica óbvia à guerra e ao perigo nuclear, é uma história de amor, é um estudo da lembrança, é uma mensagem de repúdio à industria farmacêutica que faz testes cruéis para fins supostamente nobres e é principalmente a maior das subversões do molde tradicional de cinema: um filme verdadeiramente maravilhoso que fique marcado nas nossas memórias." (TemPraQuemQuer)
Top 100#57 Cineplayers (Editores)
Top 200#143 Cineplayers (Usuários)
Top Década 1960 #18 Top França #20 Top Ficção Científica #6 Top Romance #22
Argos Films
Diretor: Chris Marker
18.226 users / 2.098 face
Check-Ins 599
Date 13/08/2014 Poster - ########## - DirectorJerzy SkolimowskiStarsPeter McEneryClaudia CardinaleEli WallachBased on satirical short stories by Sir Arthur Conan Doyle about a vain, egotistical Etienne Gerard, a French brigadier serving during the Napoleonic Wars. He thinks he's the best soldier and lover that ever lived and intends to prove it.[Mov 03 IMDB 4,8/10] {Video}
AS AVENTURAS DE GERARD (unofficial)
(The Adventures of Gerard, 1970)
''Baseado em histórias curtas satíricas de Arthur Conan Doyle sobre um aventureiro e egoísta Etienne Gerard, um brigadeiro francês que serve durante as Guerras Napoleônicas. Ele acha que é o melhor soldado e amante que já viveu e pretende provar isso." (Filmow)
Sir Nigel Films
Diretor: Jerzy Skolimowski
182 users / 19 face
Check-Ins 595
Date 08/08/2014 Poster - ### - DirectorTodd LincolnStarsAshley GreeneSebastian StanTom FeltonA couple is haunted by a supernatural presence that is unleashed during a college experiment.[Mov 01 IMDB 4,1/10] {Video/@} M/18
A APARIÇÃO
(The Apparition, 2012)
"O conteúdo some da cabeça minutos após a exibição. É a própria definição de filme genérico, sem personalidade e sem qualidades aparentes." (Alexandre Koball)
*
''A Aparição'' provavelmente merece um lugar de destaque na lista de coisas mais bizarras e toscas e podres e assustadoras (no sentido ruim da coisa) e idiotas de 2012. Tanto que a introdução mistura elementos de filmagens encontradas com o estilo convencional que todo mundo está careca de saber. Aliás, que introduçãozinha mixuruca de uma figa, viu? Antes eu tivesse ouvido os conselhos da minha banda favorita: Não era amor, era Cilada. Ci-la-da. ''A Aparição'' narra a história de um casal que vai passar uns dias numa casa deserta e tem a péssima descoberta de que não estão sozinhos lá. Uma entidade muito cabra da peste (e que se cansou de dar de beber para o Jeremias José, do bairro do Salgado) resolveu que seria divertido atormentar o casal púdico e que se diverte jogando Street Fighter ao invés de … ahnm… aproveitar que os pais não estão em casa. Logo depois da intro fajuta (e o Anderson Leonardo gritando Cilada-Cilada-Ci-la-da no meu pensamento), você descobre que a Fernanda Lima tem uma sósia. A tal da vampira maluca da Saga Crepúsculo se revela uma atriz pouco inspirada e que só tem um belo sorriso ao seu favor, além de parecer demais com a nossa querida modelo brasileira. Os poderes de prever o futuro parecem ter abandonado Ashley Greene em A Aparição. Primeiro na época em que o agente dela a convenceu de que seria uma boa ideia assinar contrato para estrelar um filme de terror (continuo ouvindo a música), e depois pelo fato da personagem se deixar levar por um namorado estranho e cheio de segredos. Será que ela não desconfiou nem quando descobriu que o melhor amigo do namorado era o Tom Felton (Draco Malfoy, da série Harry Potter)? É bem engraçado até. A personagem descobre um monte de vídeos secretos do rapaz (sextapes? é claro que não!) e assiste uma experiência científica com o capeta, na qual uma das participantes é arremessada na direção da parede e simplesmente desaparece. Quando o namorado volta para casa, Greene/Fernanda Lima simplesmente coloca a mão na cintura, faz cara de namorada ciumenta (tipo aquela do Facebook), e pergunta: “Você estava se pegando com essa quenga aqui?” e ignora completamente o fato da guria ter se fundido com a parede. Moral da história: muito cuidado com quem você resolve dividir uma casa. Antes de resolver compartilhar a mesma gaveta do armário, procure saber se o seu namorado (ou namorada), por acaso tem relações com um grupos ocultistas, satânicos, é afiliado a algum partido político, torcida organizada, ou simplesmente é fã de Abba. Cuidado para não descobrir tudo de uma vez e quando for simplesmente tarde demais para você escapar. ''A Aparição'' poderá agradar um ou outro adolescente que permanece em fases iniciais de apreciação do verdadeiro cinema de horror. Felizmente, eu acredito que o bom gosto prevalecerá e o longa-metragem ficará fadado ao esquecimento. Infelizmente, não posso retomar minhas horas perdidas, mas se puder fazer a gentileza de evitar que o mesmo aconteça com você, ficarei me sentindo realizado. Fuja para as colinas, jovem leitor." (Tulio Dias)
Top 200#152 Cineplayers (Bottom Usuários)
Warner Bros. Dark Castle Entertainment StudioCanal Studio Babelsberg Motion Pictures Studio Babelsberg
Diretor: Todd Lincoln
14.875 users / 6.660 face
Check-Ins 592 13 Metacritic
Date 04/08/2014 Poster - # - DirectorDon ManciniStarsChantal QuesnelleFiona DourifJordan GavarisAfter her mother's mysterious death, Nica begins to suspect that the talking, red-haired doll her visiting niece has been playing with may be the key to recent bloodshed and chaos.[Mov 03 IMDB 5,6/10] {Video/@@}
A MALDIÇÃO DE CHUCKY
(Curse of Chucky, 2013)
''Quando um pacote misterioso chega à casa de Nica (Fiona Dourif), ela não liga muito. Porém, depois da misteriosa morte de sua mãe, Nica começa a suspeitar que o falante boneco de cabelo vermelho, com quem sua sobrinha está brincando, pode ser a resposta para o contínuo e sangrento caos.'' (Filmow)
"Chucky volta a ter um teor um pouco mais sério depois dos dois últimos besteiróis, o que é um passo positivo para a franquia. O brinquedo ainda consegue gerar alguns calafrios e, acho, depois de 25 anos, isso é algo a se congratular." (Alexandre Koball)
Universal 1440 Entertainment
Direção: Don Mancini
18.841 users / 20.767 face
Check-Ins 587
Date 24/07/2014 Poster - ## - DirectorAndrzej ZulawskiStarsSophie MarceauFrancis HusterTchéky KaryoA bank robber tries to return his girl, but crazy way of life coupled with insane company make the case only worse.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/@@@}
A REVOLTA DO AMOR (unofficial)
(L'amour braque, 1985)
''Após um assalto a banco bem sucedido, Micky viaja para resgatar sua namorada Mary, que foi tirado dele pelos irmãos Venin. No caminho para Paris, ele encontra Leon, um neurótico e sonhador, a quem ele e seus colegas consideram um idiota. Leon então segue Micky por toda a parte mesmo sem saber exatamente quem ele é, até encontrar Mary e se apaixonar por ela. Inspirado no romance O Idiota, de Fiódor Dostoiévski.'' (Filmow)
{O cheiro é a prova. Não se deixa amigos doentes no fundo da velhice} (ESKS)
Sara Films
Diretor: Andrzej Zulawski
468 users / 42 face
Check-Ins 578
Date 09/06/2014 Poster - ##### - DirectorMark RobsonStarsLana TurnerLee PhilipsLloyd NolanA peaceful New England town hides secrets and scandals.[Mov 07 IMDB 7,2/10] {Video}
A CALDEIRA DO DIABO
(Peyton Place, 1957)
''Enquanto Constance e os outros pais da arrumadinha e perfeita cidade de New Hampshire lutam para manter seus filhos adolescentes na linha, escândalos acontecem ao seu redor, resultando na revelação de que nada nesta pequena cidade realmente é o que parece ser." (Filmow)
****
''Drama quase clássico, de grande sucesso e influência, que deu origem a Dallas e Twin Peaks"[ (e que também originou uma série de TV, exibida de 1964-69, estrelada por Mia Farrow e Dorothy Malone). Baseado em famoso best-seller autobiográfico de Grace Metalious, foi o primeiro papel maduro de Lana Turner, que ainda belíssima e com muita presença e charme interpreta a mãe de uma moça de 18 anos (muito atrapalhada por seu péssimo galã, o inexpressivo Lee Phillips, com um ridículo e falso cabelo grisalho). O filme era extremamente sugerido para a época e causou furor não apenas a cena do estupro, discreta pelos padrões de hoje (e que deve ter ajudado Arthur Kennedy e Hope Lange a serem indicados ao Oscar de Coadjuvantes), mas também por mostrar a vida sexual dos adolescentes, coisa tabu na época. O filme foi indicado ainda para outros sete prêmios (Atriz para Lana, para Russ Tamblyn ex-ator infantil e malabarista em sua melhor chance no cinema além de West Side Story, e Diane Varsi como Coadjuvantes, Filme, Direção, Fotografia, Roteiro Adaptado), sem ganhar nenhum. A protagonista Diane, sensível e diferente, que foi descoberta para este filme, era uma jovem muito talentosa que largou a carreira no auge, em parte porque sofreu acidente em filmagem, que a deixou com uma cicatriz no rosto. Depois virou hippie e morreu cedo. O filme logicamente não tem mais o mesmo impacto da época, já que foi muito imitado e os costumes mudaram. O elenco de apoio também é irregular, com atuações datadas, mas ainda impressiona e graças ao trabalho do diretor Mark Robson, subestimado montador de Orson Welles, é padrão para melodrama dos anos 50. Edição miserável, sem nenhum extra. A americana tem comentários em áudio de Tamblyn e Terry Moore, Making of e noticiário da época, onde a autora Metalious deixou claro o escândalo que o livro provocou em sua cidade natal, que a rejeitou. Aliás, o nome do filme serviu para designar toda cidadezinha pequena que esconde seus escândalos." (Rubens Ewald Filho)
{Lembre-se, os homens veem mais do que pensam. Um decote faz mais pelo futuro de uma garota do que uma enciclopédia} (ESKS)
30*1958 Oscar / 15*1958 Globo
Twentieth Century Fox Film Corporation Jerry Wald Productions
Diretor: Mark Robson
3.722 users / 477 face
Check-Ins 575
Date 02/06/2014 Poster - #### - DirectorWes CravenStarsBrandon Quintin AdamsEverett McGillWendy RobieTwo adults and a juvenile break into a house occupied by a brother and sister and their stolen children. There, they must fight for their lives.[Nov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@@}
AS CRIATURAS ATRÁS DAS PAREDES
(The People Under the Stairs, 1991)
''Sem conseguir sair de uma casa fortificada que pertence a um casal misterioso (Everett McGill e Wendy Robie), um garoto pobre (Brandon Adams) se vê lançado de repente em um pesadelo. Logo percebendo a verdadeira índole dos moradores homicidas, o menino se confronta com sádicos dispositivos de segurança, torna-se amigo de uma menina esquiva que sofreu abusos e, por fim, descobre o segredo das criaturas ocultas nas profundezas da casa." (Filmow)
{Queime no inferno por fugir de lá e queime no inferno por ensinar a sair de lá} (ESKS)
*****
''O horror não está no horror, como diz Júlio Bressane. Ao menos no início de "As Criaturas Atrás das Paredes", não. Pois Fool, jovem negro, tem problemas de assustar, como a mãe morrendo de câncer, enquanto a família está sendo despejada. É isso que justifica o assalto que fará a uma das casas da rua. Má escolha! Logo descobrirá um repertório assustador de armadilhas e objetos que denunciam o sadismo dos donos da casa. Mais: descobrirá o estranho, terrível ruído que denunciará presenças mais que misteriosas naquele lugar. O que será mais terrível: aquela casa ou o mundo? Wes Craven faz terror para lembrar que, assim como os pesadelos, a perversidade invade os filmes, mas não age apenas na tela. Daí esse fim de domingo tão tormentoso quanto talentoso." (* Inácio Araujo *)
Alive Films Universal Pictures
Diretor: Wes Craven
Check-Ins 574
Date 30/05/2014 Poster - ##### - DirectorFisher StevensStarsAl PacinoChristopher WalkenAlan ArkinA pair of aging stickup men try to get the old gang back together for one last hurrah before one of the guys takes his last assignment - to kill his comrade.[Mov 07 IMDB 6,5/10 {Video/@@@@} M/41
AMIGOS INSEPARÁVEIS
(Stand Up Guys, 2012)
"O elenco chama a atenção. Mas imagine um "Os Mercenários" sem a parte de ação - só com as velhas lembranças. As reviravoltas do roteiro são fracas e o ritmo paciente também não empolga. Um filme, portanto, mediano." (Alexandre Koball)
''O que está acontecendo com Al Pacino? Estará sofrendo do mesmo mal de Robert De Niro, que parece ter perdido a capacidade de ler um roteiro e avaliar o tamanho do abacaxi? E Christopher Walken? E Alan Arkin? Será que nenhum deles leu o roteiro de "Amigos Inseparáveis" antes de filmar? Aos 73, Al Pacino volta ao cinema e à bandidagem em "Amigos Inseparáveis" Com um elenco desses, as expectativas eram as mais altas possíveis. Mas "Amigos Inseparáveis" é uma grande decepção. Chega a ser melancólico. O filme é uma comédia policial sem graça e sem ação, que reflete a carência de bons papéis para atores mais velhos em Hollywood. No filme, Al Pacino interpreta Val, um criminoso que sai da cadeia depois de 28 anos e encontra seu velho comparsa, Doc (Christopher Walken). Doc está em crise de consciência, já que tem a missão de matar o amigo a mando de um mafioso e tem até a manhã do dia seguinte para cumprir a tarefa. O roteiro usa o truque da contagem regressiva, em que o clímax é estabelecido desde o início e o filme vira uma corrida contra o tempo. Toda a história se passa em uma noite, quando os dois velhos amigos saem para farrear e encontrar outro companheiro, Hirsch (Alan Arkin). É inacreditável que atores tão talentosos e experientes não tenham conseguido detectar a ruindade do roteiro, cheio de piadas sem graça, situações inverossímeis e diálogos estapafúrdios. Há uma longa piada envolvendo uma overdose de Viagra, que periga ser a pior coisa já filmada por Al Pacino. E Christopher Walken parece até constrangido em falar um texto tão ruim. Mas o pior coube a Alan Arkin, numa sequência em que leva duas mulheres para a cama para mostrar sua potência sexual. Chega a ser constrangedor. Muito se fala na infantilização do cinema norte-americano. Mas, tão ruim quanto essa síndrome de Peter Pan, é a negação da velhice nos filmes hollywoodianos, em que personagens mais velhos só são felizes quando agem como adolescentes, dirigindo carrões envenenados e paquerando gatinhas na pista de dança. Que atores icônicos como Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin tenham se prestado a isso é desanimador. (Andre Barcinski)
''Respeito os produtores de Red – Aposentados e Perigosos, Caubóis do Espaço, Antes de Partir e do inédito Last Vegas que, apesar do retorno comercial incerto, persistem no combate ao preconceito etário com um elenco central composto exclusivamente de atores da velha guarda, sem a participação de astros badalados para fisgar o público jovem. Mas enquanto esses mesmos produtores não enxergarem que o lugar-comum e a repetição de piadas envolvendo disfunção erétil, aqui exageradas, não estão à altura da reputação de seu elenco, a paródia com gosto de homenagem só renderá tolices como este Amigos Inseparáveis - cujo título nacional, voltarei a insistir, prova que a distribuidora nem deve ter assistido ao filme antes de batizá-lo. Brincando com a reputação construída por Al Pacino e Christopher Walken em suas carreiras, o roteiro de Noah Haidle reaproxima dois ex-gangsteres há 28 anos separados (e não inseparáveis), após um deles, Val, cumprir sua pena pela morte do filho de Claphands (Mark Margolis) que, para vingar-se, exige do outro, Doc, a morte do amigo até a manhã do próximo dua. Sem coragem de puxar o gatilho, Doc abre o jogo com Val, que aceita com tranquilidade o destino anunciado, desde que possa reviver em suas últimas horas os velhos tempos, levando-os a resgatar o amalucado Hirsch (Alan Arkin) da clínica de repouso em que se encontra. Com um tom marcadamente episódico e opções limitadas para o desfecho, que por vir à cabeça recorrentemente termina distraindo do que está acontecendo, a ideia de ver Al Pacino e Christopher Walken livres para fazer o que entendem melhor bastaria para redimir a narrativa caso o conjunto de situações desenvolvidas tivesse credibilidade. Em vez disso, Al Pacino entorna um frasco de perfume e aspira o pó de cápsulas de medicamentes, ou ainda rouba um carro cujo motorista, comodamente, deixou aberto com as chaves no contato. Se os eventos padecem de inverossimilhança, a direção preguiçosa do estreante Fishers Stevens é complacente em excesso e não estimula o elenco a desenvolver seu talento, torcendo para que aceitemos de bom grado o feijão com arroz que tem a oferecer. Nem mesmo a química entre Pacino e Walken e a participação providencial de Alan Arkin, que dá uma injeção de ânimo na narrativa, superam a rotineira reparação dos erros do passado e as inconsistência narrativas como a demora de Val e Doc, durões, para unir-se contra um inimigo em comum. “É como os velhos tempos”, afirmaria Doc, para quem só posso responder que não, antigamente vocês faziam filmes melhores." (Marcio Sallen)
70*2013 Globo
Lionsgate Sidney Kimmel Entertainment Lakeshore Entertainment
Diretor: Fisher Stevens
40.031 users / 12.281 face
Soundtrack Rock = Jon Bon Jovi + Muddy Waters + Elvin Bishop
Check-Ins 573 32 Metacritic
Date 29/05/2014 Poster -######## - DirectorJ.J. AbramsStarsChris PineZachary QuintoZoe SaldanaAfter the crew of the Enterprise find an unstoppable force of terror from within their own organization, Captain Kirk leads a manhunt to a war-zone world to capture a one-man weapon of mass destruction.[Mov 08 IMDB 7,8/10] {Video/@@@@} M/72
ALÉM DA ESCURIÃO - STAR TREK
(Into Darkness - Star Trek, 2013)
"Tem a mesma energia do filme anterior, o que novamente o configura como um grande filme-pipoca. Bem (mesmo) acima da média dos blockbusters recentes. Spock é o personagem mais divertido (claro!), mas para manter o nível precisa-se mudar um pouco o rumo." (Alexandre Koball)
"Não existe um filme de ação inesquecível sem um bom vilão. Star Trek já havia se renovado para um novo público com eficiência no longa de retorno, mas nesse ele eleva tudo ao nível megalomaníaco. Como as cenas de ação, em terra ou no espaço, são boas!" (Rodrigo Cunha)
"Ótimo e barulhento filme, bastante chorado, que resgata o humanismo original da série dando-lhe novos contornos. Atores bons nos respectivos papeis, sotaques ressonantes e diversos: delícia de cinemão." (Demetrius Caesar)
"Sensato e até melhor que os originais, o filme traz no meio de suas virtuosas cenas de ação incitações de apelo global com referências a contemporaneidade. Funciona em tudo que arrisca. J.J. Abrams aprimora a série Star Trek." (Marcelo Leme)
"A sequência do reboot de 'Star Trek' vai aonde nenhum dos outros exemplares conseguiu: atinge com força os mais nostálgicos e encanta e envolve a nova geração que está descobrindo a Enterprise. Benedict Cumberbatch é um monstro." (Rafael W. Oliveira)
Indo bravamente onde nenhum filme de ação/aventura foi neste ano.
''Logo na primeira cena de ''Além da Escuridão – Star Trek'', a plateia encontra o protagonista James Kirk, interpretado por Chris Pine, correndo em meio a uma floresta tentando fugir desesperadamente de um grupo de nativos. Após conseguir certa distância de seus perseguidores, Kirk pula na água e chega, finalmente, à sua nave, que decola salvando-o do perigo. Como no Cinema nada é feito por acaso, é quase impossível não associar essa cena inicial com a clássica sequência de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark, 1981), na qual Indiana Jones passa por uma situação semelhante em uma floresta sul-americana. Talvez seja coincidência, porém, sabendo que o diretor J.J. Abrams é admirador confesso de Steven Spielberg, fica clara a homenagem a um dos maiores clássicos do cinema de aventura. Na verdade, ao prestar essa homenagem ao seu ídolo, Abrams deixa claro desde o início aquilo que pretende com seu filme: entregar uma grande aventura aos moldes de Indiana Jones, com personagens carismáticos, cenas de ação empolgantes e muita diversão para o público. Pois J.J. Abrams pode dormir tranquilo. Além da Escuridão – Star Trek não somente cumpre o objetivo, superando o já competente trabalho anterior, como também pode, sem qualquer exagero, ser considerado um sério candidato a melhor filme de ação do ano. Escrito por Damon Lindelof, Roberto Orci e Alex Kurtzman, a obra se aproveita de toda a exposição realizada em Star Trek e parte do princípio de que o espectador já conhece aqueles personagens. Assim, o roteiro dá a Abrams a oportunidade de evitar digressões e fugir de um início mais lento para partir diretamente para a história propriamente dita, garantindo ao filme uma maior dinamicidade desde os seus primeiros minutos. E poucos cineastas atuais sabem construir tão bem um filme de puro entretenimento quanto J.J. Abrams. Consciente da necessidade de equilibrar o espetáculo de efeitos especiais com o desenvolvimento dos personagens (algo que provavelmente aprendeu assistindo aos filmes de Spielberg), o diretor é preciso e pontual na construção de sua narrativa, costurando as cenas grandiosas com momentos mais íntimos que realmente geram empatia entre a plateia e a tripulação da Enterprise. Auxiliado por piadas e momentos de humor que funcionam de verdade (Você? Feliz?), Além da Escuridão – Star Trek é bastante eficiente na criação de uma atmosfera de camaradagem entre Kirk, Spock, McCoy e o resto da equipe, estabelecendo a relação entre os personagens como o grande lastro da história. Em determinado momento, por exemplo, o grande vilão do filme diz a Kirk: Minha tripulação é minha família. Você entende isso? A plateia sabe, sem precisar ouvir a resposta do protagonista, que ele entende. Assim, Abrams e seus roteiristas garantem ao filme aquilo que é essencial em uma produção do gênero: a criação de um laço emocional entre os personagens e o espectador, algo cada vez mais raro em produções multimilionárias. Além da Escuridão – Star Trek consegue transparecer o aspecto humano de sua história. O resultado disso é que as cenas de ação deixam de ser apenas explosões e efeitos especiais, tornando-se momentos de tensão para a plateia, que se preocupa com o destino daqueles personagens. E o cineasta sabe utilizar isso a seu favor, elaborando cuidadosamente sequências que mexem com os nervos da plateia. É interessante analisar, por exemplo, a cena que traz Kirk e John Harrison pulando de uma nave para outra. Abrams não se apressa para a ação propriamente dita e constrói também o momento pré-salto, garantindo a tensão ainda antes de os dois personagens partirem para o espaço. Dessa forma, quando o salto realmente acontece, o espectador já está fisgado e sentado na ponta da cadeira. Além disso, ''Além da Escuridão – Star Trek'' também acerta ao reconhecer que, para deixar a plateia no limite, também é preciso oferecer uma real ameaça aos mocinhos, elemento básico de uma produção do gênero. Entra aí o antagonista interpretado de forma impecável por Benedict Cumberbatch. John Harrison já nasce como um dos grandes vilões dos últimos tempos: mais inteligente, mais rápido e mais forte que a tripulação da Enterprise, o personagem realmente consegue transmitir uma sensação de perigo, levando o espectador a duvidar de verdade se Kirk e Spock serão capazes de superá-lo. Claro que, no fundo, todos sabem que os mocinhos sairão vitoriosos, mas o que faz a diferença é sentir que isso pode não acontecer. E, nesse sentido, a atuação de Cumberbatch é irrepreensível. Ao mesmo tempo em que soa incrivelmente ameaçador, com uma forma de falar e uma postura que transmitem superioridade e desdém, o ator (que ganhou destaque ao encarnar a versão moderna do detetive mais famoso do mundo na série britânica Sherlock Holmes) ainda consegue encontrar no personagem uma motivação que justifique suas ações. Cumberbatch possui um belíssimo monólogo, que se encerra em lágrimas, sobre seus antigos companheiros, escapando da armadilha das superproduções de aparecer apenas como o inimigo a ser morto pelos heróis. Vale dizer ainda que ele não está sozinho nesse time: as atuações de Além da Escuridão – Star Trek são todas eficientes, com os atores encontrando em tela uma química e uma verdade que supera a possível artificialidade de uma produção desse tamanho. Chris Pine e Zachary Quinto, por sinal, que conseguiram de forma louvável criar uma dinâmica própria para a relação entre Kirk e Spock, compartilham um momento de pura emoção na despedida de um deles através de uma porta de vidro. Como se não bastasse, o roteiro de Lindelof, Orci e Kurtzman ainda ousa ao realizar comentários sobre a época atual em nosso planeta – algo que, aliás, a série original sempre fez. O enredo de Além da Escuridão – Star Trek faz menções sutis a questões maiores, como o terrorismo ou a justificativa de entrar em guerra com outro país apenas para caçar um homem (América, alguém?). Porém, mais uma vez conscientes do tipo de filme que estão fazendo, os roteiristas e Abrams não permitem que esses comentários se tornem o centro da narrativa, deixando-os à margem da história. Talvez possa ser dito que os realizadores abordaram uma questão séria de forma superficial e sem a devida reflexão, mas é preciso ter em mente que, em sua essência, Além da Escuridão – Star Trek nada mais é do que um filme-pipoca e, nesse sentido, simplesmente trazer à tona conceitos como esse já o coloca anos-luz à frente da maior parte do que se faz no gênero. Imprimindo um ritmo eletrizante à sua narrativa, que em momento algum cansa o espectador, J.J. Abrams ainda constroi algumas das grandes cenas de ação dos últimos tempos. Ainda que, vez por outra, o cineasta ceda ao espetáculo por si só, com uma montagem desnecessariamente epiléptica e alguns planos confusos, na maior parte do tempo as sequências movimentadas de Além da Escuridão – Star Trek são realmente empolgantes, como o já citado pulo entre as naves, o momento em que a Enterprise perde a gravidade ou até mesmo o duelo entre Spock e o vilão sobre um carro voador, no qual Abrams aplica de forma eficaz diversos planos aéreos. Da mesma forma, o diretor ainda se revela um perfeito discípulo de Spielberg ao saber exatamente quando utilizar a ótima trilha de Michael Giacchino para ressaltar o tom grandioso de seu filme, escolhendo momentos pontuais para aumentá-la como em grandes aventuras já vistas no cinema. Embora tenha seus deslizes, como alguns momentos de trama bastante apressados ou o irritante sotaque russo do personagem de Anton Yelchin, ''Além da Escuridão – Star Trek'' é um representante de alto nível do cinema comercial norte-americano. Há emoção, há tensão, há risadas e há, acima de tudo, uma sensação de querer passar novas aventuras com a tripulação. Hoje, se aventura tem um nome, ela não é mais Indiana Jones. É Enterprise." (Silvio Pilau)
''Além da Escuridão - Star Trek'' foi cuidadosamente arquitetado para atingir de forma certeira os Trekkers fanáticos. Mais do que isso, J.J. Abrams prova mais uma vez ser habilidoso na arte de transformar histórias complexas em obras acessíveis, capazes de agradar a todos os públicos. Não é à toa que ele foi escolhido pela Disney para dirigir o novo Star Wars. A sequência do filme de 2008 é extremamente divertida e consegue superar o primeiro; com cenas de ação de tirar o fôlego e homenagens a momentos clássicos da extensa mitologia de Jornada nas Estrelas. Depois de uma abertura impressionante, nas selvas de um planeta habitado por uma civilização primitiva, é a vez do terrorista John Harrison (Benedict Cumberbatch) entrar em ação para desestabilizar a Frota Estelar. O vilão ataca pontos estratégicos e foge para o planeta dos Klingons, império militarista que hostiliza a Federação dos Planetas Unidos há algum tempo. Com o perigo de iniciar uma guerra, a tripulação da Enterprise é enviada para caçá-lo. Cumberbatch está perfeito como antagonista e é um vilão imponente. Suas motivações o humanizam, apesar dele ser extremamente frio e mais perigoso do que Nero (Eric Bana) foi no primeiro. Harrison é manipulador e deixa os espectadores intrigados o tempo todo sobre suas intenções. Ele, sozinho, é responsável por toda a brutalidade da produção. Em contraste com a seriedade do vilão, o humor está novamente presente no ponto certo. As piadas entre os personagens dão um tom leve, mesmo nos momentos mais tensos. Simon Pegg, como Scotty, rouba cada cena em que aparece e mostra ser indispensável para o sucesso da franquia. A relação entre os personagens está mais madura e as tiradas soam mais naturais. Entretanto, é a evolução de Kirk (Chris Pine) que mais chama atenção entre os mocinhos. O lado rebelde do garoto o leva ao fundo do poço, mas diante da ameaça ele se transforma, aos poucos, no capitão ousado e habilidoso que todos conhecem. Ao lado de Zachary Quinto, como Spock, fazem uma dupla imbatível. Novamente a parte técnica impressiona. O visual está impecável e os efeitos em terceira dimensão foram bem utilizados. E é claro que em Imax 3D as coisas ficam ainda melhores, principalmente o som. Definitivamente vale a pena pagar um pouco mais caro pela experiência. O problema é o uso exagerado da trilha sonora, criada para gerar uma atmosfera grandiosa, porém cansativa. O ritmo frenético ainda causa mudanças drásticas de cenário e faz músicas de ritmos diferentes colidirem. Isso é resultado da forma como o filme foi montado. Embora a urgência da situação enfrentada pela tripulação da Enterprise justifique a rapidez dos acontecimentos, faltam pausas para os espectadores respirarem entre as cenas de ação. A vantagem, ao menos para o diretor, é que assim fica mais fácil esconder alguns furos de roteiro. Com Além da Escuridão, Abrams solidifica Star Trek como uma das séries mais bem-sucedidas da atualidade e prepara o terreno para apresentar situações ainda mais complexas no futuro. Embora profundidade não seja parte dos objetivos do cineasta, diversão e respeito ao espectador são. O elenco dá credibilidade ao longa e, em troca, os personagens passam a ser amados por uma nova geração." (Daniel Reininger)
''Desde o instante em que os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci reintroduziram o conceito de viagens no tempo no reboot Star Trek de 2009 e alteraram a cronologia de Jornada nas Estrelas em consequência do encontro da então inexperiente tripulação da Enterprise com o Spock original Leonard Nimoy, diversas possibilidades surgiram para o futuro da franquia, muitas das quais são aproveitadas com êxito por este Além da Escuridão e que, combinadas com a narrativa de J. J. Abrams que é tão ambiciosa quanto é reverencial, rendem um dos mais empolgantes e emocionantes filmes da série. Homenageando logo na cena inicial a série sessentista criada por Gene Roddenberry, o roteiro escrito por Kurtzman, Orci e também Damon Lindelof explora um planeta habitado por uma civilização primitiva e, a partir desta missão, economicamente restabelece as conflitantes mas complementares personalidades de Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto) e McCoy (Karl Urban, de Dredd). O primeiro, impulsivo, não hesita em contrariar o regulamento da Federação para salvar a vida do segundo, cujo mantra “as necessidades de muitos superam as necessidades de poucos” o impelia ao autossacrifício, enquanto o último tecia conselhos um tanto divertidos e movidos sobretudo por emoção. Certo é que, finda a missão que quase causou a morte de sua tripulação, Kirk é rebaixado à posição de imediato no comando da Enterprise abaixo do mentor Pike (Bruce Greenwood), apenas para recuperá-la após o terrorista John Harrison (Benedict Cumberbatch) dizimar parte da frota da Federação e obrigá-lo a ingressar em uma missão de vingança rumo ao longínquo planeta Kronos, terra dos beligerantes Klingons. Sem estar limitado a ser uma ficção-científica de ação, Além da Escuridão, assim como outros exemplares da série, parte de sua premissa simples mas eficiente para discutir a tensão geopolítica (ou uni-política) e a necessidade da humanidade em, embora gozando paz, buscar novas armas, no caso John Harrison, e guerras que poderão eventualmente produzir o efeito contrário e provocar sua própria destruição. O que nos leva ao drama de Spock que, depois de testemunhar seu planeta ser destruído, vislumbra a possibilidade de morrer com incrível tolerância e frieza, mesmo para seus padrões lógicos. Desde ai, J. J. Abrams com enorme inteligência subverte as expectativas de quem conhece o cânone da franquia – sobretudo A Ira de Khan - e prepara terreno para não apenas reimaginar eventos banais, como a decisão de investir Sulu (John Cho) no comando interino da Enterprise, o primeiro passo antes de ser comandante de sua própria nave em A Terra Desconhecida, mas também de momentos capitais, os quais por óbvio não irei revelar. Tudo isso sem confundir reverência por despersonalização, e Além da Escuridão é autossuficiente como seu comandante e ousado para intercalar batalhas no espaço com ações pontuais em solo que, a despeito do transtorno obsessivo compulsivo de Abrams por flares luminosos e da montagem tresloucada e comprometedora na versão 3D, são dirigidas com competência e valorizam a coesão da tripulação e a importância de cada membro, não apenas de Spock e Kirk. Por sinal, se este permanece arrogante, irresponsável e imprudente, levando-o a realizar falsos julgamentos e ser manipulado por todos, às vezes com tamanha facilidade que põe em cheque sua capacidade em liderar a tripulação, aquele, mesmo sem a solenidade da voz de Leonard Nimoy e permitindo que eventos óbvios passem despercebidos debaixo de seus olhos, enfim deixa que a emoção penetre em sua carcaça racional, criando um personagem dividido entre o sentir e o não sentir e que culmina no momento poético em que lhe perguntam como você escolhe não sentir?. Aliás, como escolher a melhor atuação entre os tripulantes? Se Simon Pegg, o Scotty, seria minha escolha natural justamente por ser o mais divertido, não poderia esquecer da energia que Anton Yelchin traz a Chekov, da segurança de Zoe Saldana como Uhura, ainda que o romance com Spock seja supérfluo, ou de John Cho, Alice Eve e Karl Urban, mesmo que agora com um papel reduzido. Por outro lado, não resta dúvidas de que Benedict Cumberbatch destaca-se sempre que surge em cena, encarnando um vilão assustadoramente pálido, dono de uma voz gélida e robótica que confere maior ênfase à sua pronúncia silábica, e surpreendentemente complexo, senão observe o momento em que ele vira as costas para Kirk e Spock a fim de que eles não assistam a seu lapso de fragilidade durante uma revelação importante. Embora cometa deslizes, e até agora espero a nave inimiga recuperar a capacidade de tiro (seria em 3 minutos, mas passam 30 e nada disto acontecer), e comprometa uma decisão corajosa do clímax com uma solução rasgadamente óbvia e inverossímil mesmo neste universo futurista, Além da Escuridão – Star Trek, com uma sensacional trilha de Michael Giacchino, sugere que os 5 anos prometidos de exploração do universo e descoberta de novos mundos e civilizações possam ser poucos para a quantidade de emoções que a nova e ótima fase da franquia ainda nos reserva. A partir de agora discutirei um ponto controvertido, ou melhor, dois, recomendado apenas para quem assistiu ao filme) Revelada a verdadeira identidade de John Harrison como sendo o mítico Khan, a capacidade de cura de seu sangue e a esperteza de J. J. Abrams em homenagear eventos originais ao mesmo tempo em que os desvirtua, decepcionou-me a maneira com que Além da Escuridão ignora sua decisão ousada e traga Kirk de volta à vida após morrer contaminado por radiação no núcleo da Enterprise. Antes, para situar quem não viu A Ira de Khan e não se incomoda com um SPOILER deste filme, o desfecho é exatamente o mesmo, exceto que quem morre é Spock, ocasião em que foi necessário um filme inteiro para ressuscitá-lo, A Procura de Spock. Agora, é a vez de Kirk amargar o gosto da morte – e o roteiro fez um trabalho genial em sugerir, a todo instante, que a vítima seria de novo Spock para subverter essa expectativa somente no final – porém com uma ressalva: sua salvação não é apenas uma cura, mas uma autêntica ressurreição, e isto contradiz inclusive a lógica do próprio Khan que seria, então, imortal. Mais, afronta a inteligência do público e perde a oportunidade de enriquecer a luta entre Spock e Khan, afinal, no instante em que está finalmente consumido por algum sentimento, no caso a vingança, é esta quem pode por em risco a vida do seu melhor-amigo caso ele mate Khan. Como você escolhe não sentir, perguntaria Kirk, e nesta única situação, Spock finalmente estaria sem resposta alguma." (Marcio Sallen)
''Em tempos remotos, numa galáxia não tão distante chamada Hollywood, viviam seres cheios de criatividade e boas ideias: os roteiristas. Hoje, esse povo foi substituído por androides, cuja noção de narrativa se resume a empilhar personagens caricatos em cenas com explosões e usar efeitos especiais e 3D para anestesiar plateias. "Além da Escuridão - Star Trek", de J.J. Abrams, deve ter batido algum recorde intergaláctico de contagens regressivas: cada vez que o roteiro estacionava em uma cena, os roteiristas ""três!"" inventavam uma bomba-relógio ou algum dispositivo que ameaçava destruir o universo. Fora a mania de explicar a periculosidade: Se não desligarmos a rebimboca da parafuseta em cinco segundos, o Accelerator Tabajara vai liberar feixes de radiação rocambólica destruidora! OK, é só diversão. Mas, por US$ 180 milhões, seria demais pedir uma história minimamente divertida e não essa gororoba que preencher tempo entre as explosões? Hollywood chegou audaciosamente a um lugar onde nenhum homem jamais esteve: onde a qualidade não importa, se você tem efeitos especiais e 500 mil salas para lançar um filme.'' (Andre Barcinski)
Paramount Pictures Skydance Productions Bad Robot Auckland Audio
Diretor: J.J. Abrams
341.364 users / 88.975 face
Soundtrack Rock = Beastie Boys + Conway + Albert King
Check-Ins 565 43 Metacritic
Date 16/05/2014 Poster - ####### - DirectorBen StillerStarsBen StillerKristen WiigJon DalyWhen both he and a colleague are about to lose their job, Walter takes action by embarking on an adventure more extraordinary than anything he ever imagined.[Mov 05 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/54
A VIDA SECRETA DE WALTER MITTY
(The Secret Life of Walter Mitty, 2013)
TAG BEN STILLER
{onírico}Sinopse
''Walter Mitty (Ben Stiller) é o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias da tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples, perdido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O’Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O problema é que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última edição da revista. É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é obrigado a embarcar em uma verdadeira aventura.''
"Inspirador. Somente a cena com Major Tom já paga o filme. Há muito mais em Ben Stiller do que a crítica média indica." (Alexandre Koball)
"Stiller tem o coração no lugar certo, e emprega uma lógica visual interessante ao filme, mas a previsibilidade do enredo, a inverossimilhança e a falta de sutileza na forma de passar a mensagem acabam por enfraquecer o resultado final. Poderia ser mais." (Silvio Pilau)
"Filme que tem seu valor, porém exige uma identificação maior com o personagem, um toque mais profundo no espectador, e é somente e justamente essa a minha justificativa para a nota. Walter Mitty simplesmente não interessa a Rodrigo Torres, apenas." (Rodrigo Torres de Souza)
"Prefiro o Ben Stiller de 'Tropic Thunder', mas seu jeitão que oscila entre o sensível e o humor bobalhão também funciona quando bem dosado, como é o caso aqui. As cenas onde seu personagem entra em transe são um achado." (Rafael W. Oliveira)
"O único elogio que posso fazer sem ressalvas a ''A Vida Secreta de Walter Mitty'' é que seu trailer foi certamente o mais empolgante e promissor que vi no ano passado, já que este novo trabalho de Ben Stiller como diretor após as ótimas comédias Zoolander e Trovão Tropical raras vezes atinge o ápice das possibilidades que a premissa oferece, e o motivo disto são as escolhas questionáveis assumidas pelo próprio Stiller e o humor imaturo que não corresponde ao clima agridoce da narrativa e, especialmente, ao personagem. O pior nisso tudo é que, enquanto meu coração é amolecido por Space Oddity, a canção tema do protagonista cantada por David Bowie, sinto a estranha sensação de que desejava ter gostado incondicionalmente dessa história universal e por mais que me esforce nesse sentido – em vão, é bom frisar – descubro novos argumentos para não fazê-lo. Baseado no conto de James Thurber escrito em 1939 e que rendeu uma adaptação de 1947 (a qual não vi), datas que comprovam portanto a atemporalidade da história, o roteiro escrito por Steve Conrad não encontra grandes obstáculos em situar a ação no século XXI quando o capitalismo e as corporações devoraram a individualidade em favorecimento da produção, embora paradoxalmente exigissem aquela como chave de sucesso, e no processo distorceram nosso entendimento a respeito da quintessência da vida ou, menos rebuscado, a sua essência e sentido. É neste mundo que vive Walter Mitty (Stiller), o diligente Gerente da Seção de Negativos da Time e, de várias formas, um fóssil animado, pois a transição da revista para a internet e o fim da tiragem impressa inevitavelmente extinguirão seu cargo. Entretanto, o que há de mais curioso em Walter são os constantes apagões em que sonha acordado com a vida incrível (ou melhor, “incrível”) que não possui – o cartaz de Peter Sellers em Doutor Fantástico é de uma ironia esmagadora neste sentido, ao mesmo tempo em que dá dica das tantas vidas imaginas por Walter. Até que, ao comemorar 42 anos, data que apenas sua família lembra, ele engole a insegurança, receios e introspeção para procurar ao redor do mundo pelo negativo perdido enviado por Sean O’Connell (Sean Penn), que simbolizaria a já citada quintessência. Para tanto, conta com a ajuda de Cheryl Melhoff (Kristen Wiig), por quem nutre um amor platônico que sequer é capaz de exteriorizar através de um site de relacionamentos problemático. Sobre esses pequenos elementos, Ben Stiller apóia-se para ilustrar de forma econômica, pacata e condizente com o personagem-título um mundo de cores e figurinos desinteressantes e design de produção quadrado e genérico – isto é bom -, em que, com quatro cortes rápidos, saímos de um escritório ordinário a um corredor idem, deste à fachada de um prédio para enfim termos a visão do condomínio onde devem residir vários Mittys. Pessoas que, iguais a nós, cada vez mais retraem-se para dentro de um casulo invisível regrado por um imprescindível orçamento mensal. Com base nisso, a identificação é inevitável e não há mistério nenhum quanto as maneiras com que a narrativa apelará ao sentimento do espectador. O que não a exime de vários problemas, sendo o principal a incapacidade de Ben Stiller em adotar o tom que a narrativa exigia, no caso uma pegada dramática com pinceladas discretas e bobas de humor. Mesmo os sonhos de Walter, que seriam o aspecto mais pitoresco porém não determinante de sua personalidade, logo consomem a autenticidade do personagem. Se é divertido vê-lo batalhando com Ted Hendricks (Adam Scott) e destruindo Nova Iorque por causa de um boneco, afinal isto reflete a ingenuidade do protagonista que entende que o vilão deve ser derrotado pelo mocinho em uma luta épica, a sátira grosseira a Benjamin Button em nada reflete o senso de humor de Walter visto na narrativa. Algo que se repete inclusive até fora do seu universo imaginário, como na confusão feita entre ereção e erupção ou a revista no raio-x, cenas que ao lado de outras poderiam ser eliminadas sem prejuízo algum à narrativa. A composição de Ben Stiller, que nunca considerei um bom ator, também patina além da conta. Ainda assim, o ator acerta na inflexão tímida da voz, receando de que a qualquer momento poderá falar alguma bobagem, e, à medida que avança na sua jornada, cresce a segurança e firmeza que sempre lhe faltaram. No entanto, repare que com elas vem o velho hábito de empregar traços de desespero na voz – a marca registrada do ator… em comédias -, e a título de exemplo, comediantes como Jim Carey, Steve Carell e Will Ferrell quando participaram de dramas souberam deixar de lado a faceta engraçada ou a converteram no agridoce. Que é o que Stiller quase alcança. Já Kristen Wiig nada pode fazer com uma personagem unidimensional que é apenas o interesse romântico do herói. Mas é no terceiro ato que as más decisões de Stiller tornam-se mais evidentes. Primeiro, o encontro inevitável com Sean O’Connell não sobrevive à expectativa construída no decorrer da narrativa nem tampouco ao talento de Sean Penn, e, se uns afirmarão que a jornada é a maior recompensa do viajante, Walter talvez não tenha aprendido nada provando ser incapaz até de seguir um simples conselho do sujeito relacionado ao negativo. Não o fez; agora suponhamos que a revelação da foto misteriosa fosse satisfatória – não é -, então tanto o roteiro quanto a direção não sabem o que fazer quanto a isso. Se o conteúdo fosse real, esticaram o boneco Stretch Armstrong além da conta; caso seja um sonho de Walter, para mim mais plausível, Stiller falha em cortar no momento exato – nos olhos vidrados – em que semearia a dúvida. Por mais que eu quisesse ter gostado de ''A Vida Secreta de Walter Mitty'', há equívocos demais que nem se eu me desligasse igual ao personagem-título poderia deixar passar em branco. Droga, Ben Stiller!" (Marcio Salen)
''Adaptação livre do conto homônimo de James Thurber, publicado em 1939 - e levado às telas pela primeira vez em O Homem de 8 Vidas (1947) -, "A Vida Secreta de Walter Mitty" é um tipo de fábula surrealista que mistura drama, comédia e aventura. Walter Mitty (Ben Stiller, que também dirige) é um homem simplório que trabalha no arquivo fotográfico de uma revista. Para escapar de um cotidiano banal, ele se imagina como protagonista de aventuras extravagantes, que mostram sua terrível necessidade de autoafirmação. Quando seu emprego é ameaçado, a realidade o obriga a agir como em seus devaneios e ele embarca em um périplo cheio de percalços e situações picarescas que muda para sempre sua vida. Um dos melhores aspectos do filme é a atuação de Stiller, em um papel que o leva a exercitar um registro diferente da irreverência exagerada que o caracteriza, mesmo que os habituais excessos do ator surjam aqui e ali. Mitty é um ingênuo, alguém quase invisível para os colegas - até para Cheryl (Kristen Wiig), pela qual se sente atraído, mas não tem coragem para se declarar. É um personagem que desperta empatia. A moral da história é repleta de bons sentimentos, o que talvez explique o lançamento próximo ao natal. O filme parece dizer que, se os sonhos movem a vida, podemos transformá-la dedicando-nos a torná-los realidade. Banhado em nostalgia, o sentimentalismo excessivo prejudica o todo. A dosagem equivocada entre drama e comédia também não ajuda e estabelece um ritmo errático. Outro problema são alguns personagens secundários, como a estereotipada Cheryl, o fotógrafo aventureiro Sean (Sean Penn), que poderia ser mais do que o oposto exato de Mitty, e o chefe arrogante (Adam Scott), ineficaz na crítica aos jovens executivos que agem com frieza extrema." (Alexandre Agabiti Fernandez)
{Se eu gosto de um momento pessoalmente, eu não gosto da distração da camera} (ESKS)
''Inspirado num conto escrito em 1939 por James Thurber e que já dera origem a um longa (medíocre) estrelado por Danny Kaye em 1947, ''A Vida Secreta de Walter Mitty'' é, em sua superfície, uma obra sobre um homem frustrado que usa a imaginação como maneira de escapar de seu cotidiano entediante e vazio – e se digo “em sua superfície” é porque, na realidade, este trabalho dirigido e protagonizado por Ben Stiller acaba soando mais como um filme de autoajuda, apelando para frases feitas e imagens que não ficariam deslocadas em uma apresentação em PowerPoint sobre as virtudes de Acreditar Em Si Mesmo. Adaptado por Steve Conrad (O Sol de Cada Manhã, À Procura da Felicidade), o roteiro acompanha o personagem-título (Stiller), que, responsável pela seção de negativos, é covarde a ponto de hesitar em enviar uma simples piscadinha para uma colega de trabalho através de uma rede social. Surpreendido pela notícia de que a publicação foi vendida para uma corporação que pretende extinguir a edição impressa e transformá-la apenas em uma revista digital (o que realmente ocorreu em 2000), Walter se vê numa situação complicada ao receber os mais recentes negativos do famoso fotógrafo Sean O’Connell (Penn) e perceber que um deles está faltando – justamente o escolhido para ilustrar a última capa da revista. Determinado a corrigir o erro, o sujeito parte numa jornada em busca de O’Connell que o leva à Islândia, à Groenlândia, ao Himalaia até descobrir que a resposta, ao melhor estilo O Alquimista, encontrava-se nele mesmo. Enquanto na ainda mais machista década de 40 a opressão vivida por Walter surgia representada, no filme original, por sua mãe e pela noiva, desta vez as ansiedades do herói são provocadas pela impessoalidade e pela brutalidade das grandes corporações – uma tendência que o Cinema norte-americano vem explorando de forma cada vez menos sutil há cerca de uma década. O curioso, porém, é notar como Ben Stiller parece não compreender exatamente o que o roteiro está buscando fazer, já que, enquanto Conrad desenvolve uma história disparada pela frieza do capitalismo, o filme em si investe pesadamente no merchandising, trazendo inserções grosseiras de bancos, pizzarias e sites de relacionamentos, entre outros. Além disso, se no conto e no primeiro filme as viagens imaginárias de Walter Mitty eram disparadas por um cotidiano opressivo, aqui o sujeito surge mais como um sonhador naturalmente incorrigível, o que elimina parte de seu arco dramático – algo que é parcialmente corrigido pelo interesse amoroso representado por Kristen Wiig, que, sem oportunidade de exercer seu talento cômico, cria uma personagem gentil que, mesmo sem possuir uma beleza convencional, se estabelece como um objetivo romântico adorável. E se as transições entre realidade e fantasia eram óbvias nas versões anteriores, Stiller também acerta ao investir numa abordagem sutil, o que eventualmente leva o próprio espectador a se questionar, em certos momentos, se o que está vendo é apenas a imaginação do personagem em ação. Mergulhado numa paleta fria que aposta no cinza como forma de representar a tristeza da vida de Walter, o filme rapidamente ilustra a personalidade reprimida do protagonista ao trazê-lo na metade inferior do quadro e diminuído em um mundo sem cores – e, neste sentido, o design de produção é inteligentíssimo ao representar a redação da Life como um ambiente no qual as reproduções gigantescas das capas servem como contraponto à pequenez de seu funcionário ao trazerem os rostos colossais de personalidades que representam tudo que ele jamais conseguiu ser. Assim, quando gradualmente Walter vai substituindo suas roupas em tons pasteis e cortes conservadores por outras em tom vermelho e estilos mais casuais, percebemos como sua viagem já está exercendo efeitos sobre sua personalidade sem que isto precise ser exposto através de diálogos. E que mesmo assim estas mudanças sejam mastigadas para o espectador e expressadas verbalmente é um grande desapontamento. Aliás, é justamente a insistência do roteiro de Conrad de tratar o público como um coletivo de idiotas incapaz de compreender suas grandes mensagens que acaba prejudicando o projeto – o que inclui até mesmo a necessidade de revelar o conteúdo do negativo 25 quando já estávamos perfeitamente satisfeitos com a ideia de enxergá-lo como um símbolo autoexplicativo que se tornaria muito mais eficaz quando deixado se desenvolver na imaginação de cada um. O mesmo, aliás, vale para o belíssimo instante no qual o fotógrafo vivido brilhantemente por Sean Penn decide apreciar uma visão rara sem tentar registrá-la com sua câmera – e que, mais uma vez, acaba sendo parcialmente arruinado pela insistência do filme em explicar exatamente a mensagem ali contida. No entanto, o maior pecado de ''A Vida Secreta de Walter Mitty'' é mesmo sua confusão diante das próprias mensagens – e se sua postura diante das corporações já soava contraditória, a coisa se torna pior quando percebemos que, depois de tentar estabelecer que o protagonista poderia encontrar mágica e aventura em sua própria vida, estas surgem não como belezas cotidianas, mas como eventos fantásticos como encontros com tubarões famintos, vulcões em erupção e assim por diante. Em outras palavras: de acordo com o filme, podemos ser felizes, sim, em nossas próprias realidades. Desde que estas envolvam gastos pesados no cartão de crédito enquanto viajamos para locações magníficas e mergulhamos numa lógica fantasiosa, tornando-nos a representação do homem comum – mas um que seja, claro, digno de figurar numa capa de revista." (Plabo Villaça)
Devaneios também artísticos.
''Falar sobre a vida é sempre um convite fácil para o cinema. As pessoas têm mesmo problemas com sua existencialidade, quase sempre incompreendidas, insatisfeitas com si mesmas, mas nem sempre fazem algo para mudar. Obras que dialogam nesse sentido acabam ganhando notoriedade, um certo apelo, especialmente quando vêm de alguém popular como Ben Stiller, pois a tendência é que esse alcance seja ainda maior. Conhecido ator de comédia, muitas vezes subestimado (gosto dele), é um cara eficiente no que faz e que de vez em quando resolve aprontar por trás das câmeras, como no belo e surpreendente Trovão Tropical (detesto Zoolander). Desta vez, ele nos apresenta A Vida Secreta de Walter Mitty, um indie americano da moda, estilo Alexander Payne, que mistura drama e comédia para fazer o público pensar, sentir uma mensagem, mas sem a mesma eficiência.Walter Mitty (Stiller) é um cara com um emprego na tradicional revista Life, responsável pelos negativos enviados pelos fotógrafos para a redação. Só que a empresa foi vendida e a nova proprietária decide que ela atuará apenas no ramo online, reduzindo bruscamente o espaço físico e gerando demissões. Um dos fotógrafos mais respeitados da revista, Sean O’Connell (Sean Penn), envia um negativo como sugestão de capa para a última edição, mas Walter simplesmente não sabe onde está tal imagem. Comprometido, resolve ir atrás de Sean, um andarilho sem endereço fixo, descobrindo no caminho todo um novo sentido para sua tediosa vida. O filme é lotado de metáforas óbvias, desde a própria revista Life (veja, um filme sobre a vida, que tem como ambiente de fundo uma revista chamada... vida!) até mesmo o modo como ela trata a mensagem final, como dito no parágrafo introdutório, que muitas vezes só depende de nós mesmos para mudarmos nosso destino. Os personagens estão sempre correndo por seus objetivos, contra o tempo perdido, e isso faz com que fique uma impressão superficial sobre o trabalho no geral, como se a mensagem estivesse sendo empurrada goela abaixo, apostando num entendimento do público de todas suas referências como se ele precisasse fazer algo a mais por isso. Não, não precisa. O filme é bem óbvio e claro, não há nada demais com ele. Ainda assim, não quero parecer duro demais. É um trabalho bacana, divertido, simpático. Tem bons personagens, boa música (David Bowie e Jack Johnson na trilha!), obviamente bem fotografado. Mas o máximo está mesmo nos devaneios que de vez em quando Mitty tem: com uma vida tão sem graça, volta e meia ele se pega com olhar perdido, com a mente em outro lugar, vivendo fantasias que sua tediosa vida jamais teria. Depois que sai em viagem, a coisa muda de figura e os devaneios dão lugar a situações fantásticas, dignas de cinema mesmo, totalmente improváveis e distantes do mundo real. É a realidade e a fantasia se misturando. Ele decide se mexer e viver o sonho, e isso é bem bonitinho de ver acontecendo em tela, mesmo com tantos absurdos narrativos (improbabilidade geográfica, cheat de dinheiro infinito – imagina quando a fatura do cartão chegar -, redondinho demais para que tudo encaixe perfeitamente). É um filme para se apaixonar por esse apelo feel good bem empregado, levinho, de fácil identificação, com locais que todo mundo gostaria de ir um dia, mas considerando o que o próprio Stiller apresentou recentemente, fica um gostinho de que poderia ter ido além. Não é ruim, o final é lindo e até embrulha o estômago (apesar de, mais uma vez, esfregar a mensagem na cara do espectador), mas não dá para se deixar enganar facilmente por ele. É uma fita de auto-ajuda, basicamente (o roteirista é Steve Conrad, o mesmo de À Procura da Felicidade, esse sim um ótimo filme), que sem dúvidas encontrou seu público. Inspirador, como um jovem sonhador é antes de sofrer a desilusão da vida." (Rodrigo Cunha)
Twentieth Century Fox Film Corporation TSG Entertainment Samuel Goldwyn Films Red Hour Films New Line Cinema Big Screen Productions Down Productions Ingenious Media
Diretor: Ben Stiller
237.814 users / 70.222 faceSoundtrack Rock
Arcade Fire / David Bowie / Junip / Rogue Valley / Of Monsters and Men / Rogue Wave
Check-Ins 718 39 Metacritic 1.087 Down 187
Date 05/10/2014 Poster - ##### - DirectorWalter LangStarsCarole LombardPreston FosterCesar RomeroA rich businessman stalks another man's fiancée.[Mov 08 IMDB 6,5/10] {Video}
A CEIA DAS DONZELAS
(Love Before Breakfast, 1936)
''A Ceia das Donzelas'' foi um filme que a Universal, no lançamento mundial, acreditou em seu sucesso, investiu forte e não se decepcionou. A trama foi inspirada no livro de Faith Baldwin, que com mais 5 autores realizaram o roteiro. Carole Lombard é uma beldade de Park Avenue cortejada por Preston S. Foster e Cesar Romero. Achando que nenhum dos cavalheiros merece tê-la como prêmio/namorada, Lombard se faz de fútil e inconstante propositadamente no decorrer do filme. Este é o plot principal desta bela e refinada comédia, que ficou marcada pelo pôster de divulgação na década de 30, o famoso cartaz pintado, no qual um detalhe do filme se tornou o foco da atenção. Há uma alteração iconoclasta na pintura: Carole Lombard ganhou um olho preto. Comédia engraçadíssima, do começo ao fim." (Filmow)
Universal Pictures
Diretor: Walter Lang
367 users / 14 face
Check-Ins 613
Date 27/06/2014 Poster - ########## - DirectorToshikazu NagaeStarsAoi NakamuraNoriko AoyamaKousuke KujiraiA young woman returns to Tokyo, following a car accident that fractured both of her legs. While her brother Koichi provides hospitality for Haruka, weird noises and events transpire in the house - leading to a more horrifying truth.[Mov 02 IMDB 5,2/10] {Video/@}
ATIVIDADE PARANORMAL EM TÓQUIO
(Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo Night, 2010)
''Tem certas coisas realmente inexplicáveis no mundo, sejam elas espíritos que assombram a casa de Atividade Paranormal ou o fato de, um ano e meio depois dos produtores do primeiro filme faturarem uma grana preta, uma terceira produção, Atividade Paranormal em Tóquio, chegar aos cinemas. É a consolidação da estética do YouTube. O enquadramento é porco, mas tudo bem. O roteiro é preguiçoso, mas quem liga?. Afinal, o filme se defende: quem supostamente segura a câmera não é o diretor ou o fotógrafo, mas o ator que, na pele de um personagem, não sabe enquadrar e treme a câmera constantemente. Um filme que já na sua premissa trata a imagem de maneira vulgar. Pouco importa o que se vê ou como se filma, coloca-se apenas na balança final se deu susto ou não. É a transposição da estética dos vídeos caseiros postados no YouTube que ganham status de cinema. Frente a espectadores que já nasceram vendo imagens desde o leito do hospital, pouco resta, no espetáculo, para envolver. Por isso esse movimento constante do cinema em falar da verdade como se transpusesse fatos para a ficção. Por isso esse clima de verdade arrancada na escuridão que ''Atividade Paranormal em Tóquio'' tenta defender. Em vez de lembrar o espectador de que se trata de cinema, essa abordagem consolidada por Oren Peli e agora perpetuada por Toshikazu Nagae usa personagens/atores filmados por acidente. É o reality show invadindo o cinema sorrateiramente, o broadcast yourself (“irradie você mesmo”, em tradução livre) a justificar um filme de terror. Precisa de muita paciência para não se incomodar em como essa invasão reflete no resultado do filme. Uma câmera nauseabunda e um fiapo de enredo: uma jovem volta a Tóquio depois de uma viagem aos Estados Unidos e, de repente, eventos estranhos acontecem em sua casa. E não me venham falar que é um filme que trabalha com a expectativa do medo do espectador. Qualquer suspense que se preze funciona nessa chave e o cinema já nos brindou com dezenas de exemplos de como utilizá-la (O Bebê de Rosemary, por exemplo, onde nada acontece). Atividade Paranormal em Tóquio é um monte de coisa, menos cinema. Existem filmes que usam a mistura de bitolas para experimentar olhares (Pacific, por exemplo). Atividade Paranormal em Tóquio enfia a mentira supostamente verdadeira do reality show ou o amadorismo de vídeos caseiros para o cinema. Definitivamente, não embarco em sua proposta." (Heitor Augusto)
Remake disfarçado de continuação troca talco por sal e se dá por satisfeito.
''Ainda que careça de qualquer ideia original, ''Atividade Paranormal em Tóquio'' (Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo Night, 2010) de certa maneira é o filme que Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2010) deveria ter sido. Primeiro por que a temática de fantasmas à solta em uma casa atormentando uma família funciona muito melhor no Japão do que nos Estados Unidos - algo que o país já provou inúmeras vezes. Mas, mais importante, por que os japoneses têm câmeras muito melhores. Culturalmente, que a atividade paranormal aconteça em Tóquio é muito mais coerente. De qualquer maneira, coerência não é exatamente o que importa aqui. O filme de Toshikazu Nagae funciona como um remake oriental do original de Oren Peli mascarado de continuação (algo que foi ignorado dentro da cronologia da série, já que Atividade Paranormal 2 saiu depois). Na trama, o fantasma que atormentou o casal de San Diego foi passado para uma estudante que visitava a cidade. Ele chega em Tóquio (fantasmas viajam de classe econômica?) e recomeça seu ciclo de fortalecimento. Primeiro empurra uma cadeira aqui e ali. Logo está quebrando coisas, balançando lustres e puxando cabelos, tudo idêntico ao original. A diferença é que o casal agora é de irmãos e temos duas câmeras para acompanhar - uma no quarto de cada um. O talco também virou sal. Mas é só. A solução das duas câmeras é divertida em alguns momentos, como quando Noriko (Haruka Yamano) é possuída e passa de uma pra outra, no quarto do irmão, Aoi (Koichi Yamano). Mas fora isso, não há nada de novo. Todas as sequências mais memoráveis do filme original foram repetidas de maneira levemente distorcida. Criatura de hábitos, o fantasma de Katie e Micah. Leva quase uma hora e meia para que Nagae, depois de ter repetido o desfecho do primeiro, comece, nos cinco minutos finais, a buscar suas próprias ideias. E quando o faz, elas nada acrescentam em termos de mitologia e parecem meio desesperadas, uma tentativa de buscar sua própria voz com as cordas vocais dos outros. Além disso, nenhuma luz é lançada sobre a assombração - algo que poderia ter sido aproveitado na visita do exorcista, por exemplo. Para quem assistiu e assustou-se com o primeiro, Atividade Paranormal em Tóquio deve parecer um engodo. E provavelmente é, já que foi criado como um remake específico para o público japonês e lá deveria ter ficado. Lançá-lo aqui é encostar-se confortavelmente em uma marca já estabelecida entre os fãs do gênero, entregando o que já foi entregue. Mas se você ainda não conhece as artimanhas do original, pode desfrutar de alguma novidade. Ao menos a qualidade de imagem é melhor e a aura exótica da ambientação funciona a favor da história. Isso se você gosta de assistir a pessoas dormindo, obviamente, ação que novamente ocupa boa parte da produção..." (Erico Borgo)
"Atividade Paranormal em Tóquio" é a versão japonesa para a sequência do terror Atividade Paranormal e foi filmado paralelamente à sequência americana. Uma jovem volta de uma temporada nos EUA para sua casa em Tóquio e leva com ela a presença demoníaca do filme anterior. Ela retorna antes do previsto porque sofreu um acidente de carro que a deixou com as duas pernas quebradas e matou uma moça que havia acabado de assassinar o namorado. Debilitada, depende apenas do irmão para ajudá-la, já que o pai está viajando a trabalho. O irmão filma tudo desde sua chegada e os dois começam a notar alguns eventos estranhos ocorrendo na casa. Tudo começa quando a cadeira de rodas move-se sozinha no quarto. A partir de então outros fatos incomuns começam a ocorrer e vão tomando mais e mais força. O filme tem um ritmo bem lento e cansativo. O clímax só ocorre nos momentos finais, quando a atenção do espectador já se dispersou. A forma também é maçante, já que a todo momento as cenas são vistas pela câmera do personagem. Há poucos momentos de susto ou medo no decorrer do longa, ao contrário da maioria dos filmes do gênero. O motivo da perseguição do espírito demoníaco é quase que ignorado durante a maior parte do tempo, por isso o aspecto que mais chama a atenção é a demonstração da cultura japonesa, sempre muito interessante. Especialmente, quando um padre é chamado para retirar os maus espíritos da casa, temos uma representação muito específica dessa cultura. Seguindo a tradição de filmes de terror japoneses, Atividade Paranormal em Tóquio abusa de figuras assustadoras e usa os aterrorizantes cabelos orientais caídos no rosto." (Maria Andrade)
Presidio Musashino Ad Cinema Sunshine Yahoo Japan Pipeline
Diretor: Toshikazu Nagae
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Date 28/06/2014 Poster - # - DirectorNicholas RayStarsMel FerrerJoan FontaineRobert RyanA woman's attempt to appear innocent and sweet clashes with her lover, who sees through her act, and the wealthy man she tries to trick into marrying her.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@}
ALMA SEM PUDOR
(Born to Be Bad, 1950)
''Chama a atenção que François Truffaut, em seu ensaio sobre Johnny Guitar (no livro Os Filmes da Minha Vida), diga que o melhor filme de Nicholas Ray ainda é Amarga Esperança, sua estreia na direção de longas. Surpreende, porque o próprio Truffaut diria, em entrevistas, que Johnny Guitar era um dos filmes que mais o haviam impressionado na vida, além de ser tido, de maneira mais ou menos unânime, como a obra-prima de Nick Ray. O que só aumenta o interesse por este Amarga Esperança, tido também como precursor de Terra de Ninguém, Bonnie & Clyde e outros Road movies sobre casais em fuga. Em termos de assunto, é bem verdade, ele se parece mesmo com esses filmes. Fala de um amor bandido entre um jovem assaltante, Bowie (Farley Granger) e uma garota (Cathy O’Donnell). A história é baseada no romance Thieves like Us, de Edward Anderson. Bowie foge da cadeia com dois comparsas mais velhos e assaltam um banco. Ele conhece uma garota, se apaixonam e fogem. Querem sumir do mapa, mas os dois comparsas têm outros planos para Bowie. A história segue a lógica implacável desse gênero, daquela espécie de armadilha difícil de escapar mesmo quando se é jovem, bem disposto e motivado por uma nova paixão. Várias coisas chamam a atenção no filme. Por exemplo, seu frescor e agilidade. Ray dirige como um músico, atento ao ritmo. Sabe usar as pausas. E elisões brutais. Às vezes pensamos que está perdendo tempo com algum detalhe sem importância e, em seguida, vemos uma aceleração inesperada naquilo que seria vital para a narrativa. Por exemplo, é uma longa sequência aquela entre o casal e o picareta que arruma casamentos a 20 ou 30 dólares, podendo alugar ou vender tanto alianças quanto automóveis para a lua de mel. Depois, nos damos conta de que esse encontro é mesmo fundamental para a compreensão do quadro narrativo e do ambiente onde ele se dá. Por outro lado, um assalto e seu desfecho, ao invés de ser mostrado, é narrado numa simples frase. Algumas palavras e basta. Tudo isso pode ter sido feito para economizar na produção barata da RKO. Mas também é linguagem cinematográfica e senso de economia estética. O crítico Jean Tulard diz que Nick Ray tem predileção pelos personagens frágeis, pelos heróis vulneráveis. De fato, é um traço, talvez psicológico, que o outsider Nick imprime a seus filmes. Bowie é quase um arquétipo dessa figura. Parece um menino inofensivo, apesar de carregar uma arma e ter pelo menos uma morte nas costas. O fato de ser assassino não o faz menos frágil. E se Ray não procura vitimizá-lo, também mostra que para compreendê-lo é preciso lançar um olhar para o meio de onde provém. E para a sociedade onde vive. Nesse sentido, o vendedor de casamentos, aquele que arruma qualquer coisa por dinheiro, é um tipo ideal esse ethos americano do pós-guerra. O filme é de 1949 e se mostra predadores, Bowie não é dos maiores. Está na parte de baixo da cadeia alimentar. Como todo filme desse gênero, Amarga Esperança é também uma obra noturna – François Truffaut dizia que Ray era o poeta do crepúsculo. Preto e branco, pouca iluminação, sombras – e talvez, neste caso, menos diálogo com o expressionismo alemão que alusão franca a certo ambiente social. O título original do filme é mais direto em relação a esse aspecto – They Live by Night. Se vivem à noite é porque precisam escapar e não podem se expor à luz do dia. Essa, a leitura mais literal. Mas também insinua que se fala de sentimentos noturnos, que crescem na sombra. E, nem por isso são menos sinceros ou menos intensos do que os outros. O olhar de Ray sobre seu herói frágil e trágico é de compreensão. Compreensão viril, sem qualquer pieguice. Outro é o tom de ''Alma sem Pudor'' (1950), em que Joan Fontaine faz Christabel Caine, uma alpinista social digna de medalha de ouro. Isto é, se pessoas como ela merecessem algum tipo de medalha. Ela é uma garota pobre em família rica, que não hesita em desfazer o noivado de sua anfitriã Donna com o ricaço Curtis. Isso, claro, porque está de olho no noivo da outra. E no dinheiro do otário, bem entendido. Com seu charme particular, e frases fatais que parecem estricnina infiltrada em bombons de luxo, Christabel vai conseguindo o que deseja. Manipula quem quer e abre caminho rumo ao topo. Seu ponto fraco é a paixão por Nick, um escritor franco, duro…e sem dinheiro. Contemporâneo e primo irmão de A Malvada, de Joseph Mankiewicz, Alma sem Pudor (Born to be Bad) mostra que Nick Ray, em início de carreira se mexia tão bem no noir como no melodrama. E conseguia, no âmbito da indústria impor um ponto de vista e uma assinatura. O êxito viria depois, com Johnny Guitar (1954), estrelado por Joan Crawford, e Juventude Transviada (1955), no qual trabalha com James Dean, o eterno rebelde sem causa. Mas Nick já era ele mesmo neste início de carreira." (Luiz Zanin)
"Lançado nos cinemas em 1950, "Alma sem pudor vai na cola de do clássico A Malvada (também de 1950): mocinha sonsa e dissimulada (Joan Fontaine) se aproxima de mulher generosa e bem sucedida (Joan Leslie) e, passo a passo, vai lhe roubando o marido (Zachary Scott) e a vida toda. Acontece que o diretor Nicholas Ray, que cinco anos depois rodaria o clássico inquestionável Juventude Transviada, não soube criar em "Alma sem Pudor" o mesmo sentimento de inferno crescente que Joseph L. Mankiewicz deu a A Malvada. Aqui, as motivações que transformam os sentimentos dos personagens acontecem de maneira rápida e pouco crível. Nunca há razão suficiente para que noivados acabem e casamentos comecem. Isso aproxima a trama da estética folhetinesca da TV na mesma velocidade em que a afasta do grande cinema. De todo modo, a diversão está garantida." (Marcus Preto)
RKO Radio Pictures
Diretor: Nicholas Ray
1.221 users / 83 face
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Date 28/06/2014 Poster - ##### - DirectorDanny BoyleStarsLeonardo DiCaprioTilda SwintonDaniel YorkOn vacation in Thailand, Richard sets out for an island rumored to be a solitary beach paradise.[Mov 02 IMDB 6,4/10 {Video/@@} M/43
A PRAIA
(The Beach, 2000)
''É fácil não gostar de ''A Praia''. O ritmo irregular, as constantes mudanças no tom da narrativa e a crescente sensação de desconforto provocada pelas transformações do protagonista são motivos mais do que suficientes para que o espectador saia do cinema insatisfeito com o que viu - o que é uma pena, já que o filme também possui aspectos positivos que merecem ser analisados com maior cuidado. Neste novo trabalho do diretor Danny Boyle (Trainspotting), Leonardo DiCaprio interpreta Richard, um jovem cuja vida se resume a viajar - não como um turista comum (desses que apenas desejam fotografar pontos turísticos), mas sim procurando assimilar a cultura do país que está visitando. Em um hotel barato localizado na Tailândia, o rapaz conhece o Sr. Patolino, um sujeito estranho que lhe revela a existência de um lugar ao qual se refere como ''A Praia''. Logo em seguida, o homem comete suicídio, deixando para trás um mapa ensangüentado que indica para Richard justamente a localização do suposto paraíso perdido. Curioso, este decide procurar o local, convidando um jovem casal de franceses para acompanhá-lo. Depois de algumas aventuras, os viajantes chegam à tal praia, onde são recebidos por uma espécie de comunidade hippie que habita o local há seis anos. Agora, Richard e seus amigos conhecerão o prazer de se viver em um verdadeiro Éden - e também descobrirão o terrível preço que deve-se pagar por isso. Com uma fotografia absolutamente deslumbrante, ''A Praia'' é um destes filmes cuja trama fica em segundo plano se comparada à imensa quantidade de imagens de tirar o fôlego (como Lendas da Paixão, por exemplo). Infelizmente, é bastante provável que boa parte dos cenários naturais vistos ao longo da história não sejam tão `naturais` assim: Hollywood tem o hábito de aperfeiçoar as paisagens através da utilização de efeitos de computador. Mas pouco importa: mesmo nos momentos em que estes são claramente utilizados, como na cena em que Richard e Françoise fazem amor em meio à fosforescência dos plânctons, a beleza alcançada é o suficiente para que desejemos mergulhar na tela. Neste ponto, a direção de Boyle é perfeita: ele não só nos convence de que a tal Praia é a própria materialização daquilo a que chamaríamos de Paraíso, como ainda consegue estabelecer o estilo de vida adotado por aquela comunidade sem deixar que o filme se torne cansativo ou irreal (apesar de ser meio estranho o fato de não haver nenhuma criança em um ambiente onde todos mantém relações sem a menor preocupação com métodos contraceptivos - os únicos que possuem preservativos são três pescadores suecos que não parecem ter com quem utilizá-los). Em contrapartida, o cineasta passa pelos pontos-de-virada do roteiro sem a menor sutileza, permitindo que a platéia perceba claramente que o tom da história está sendo alterado - como no momento em que um trágico ataque de tubarão ocorre e, mais tarde, quando Richard vê os capatazes enquanto vigia os surfistas americanos. Seria mais inteligente se o espectador só viesse a perceber as transformações do personagem de DiCaprio à medida em que estas fossem ocorrendo, e não antes. O astro de Titanic, aliás, oferece mais uma boa performance em ''A Praia''. Richard é um sujeito extremamente ambíguo que, sob a superfície de camaradagem, esconde um lado assustadoramente sombrio. Aliás, ao decidir atuar neste filme, o ator não poderia ter feito escolha mais corajosa e surpreendente. Afinal, consagrado como símbolo sexual depois de interpretar o náufrago Jack Dawson, seria muito fácil emplacar sucesso atrás de sucesso - bastaria atuar em uma série de comédias românticas sem maior relevância. Ao aceitar protagonizar esta produção, DiCaprio comprova ser um artista que ambiciona mais do que ser apenas um multimilionário sem nada de inteligente para mostrar no currículo (algo que acontece com um dos grandes ícones da geração anterior de Hollywood, Harrison Ford - ou você consegue se lembrar de algum filme realmente provocante, capaz de instigar grandes discussões, do qual este tenha participado desde Blade Runner, de 1982?). Pois há uma cena em A Praia que, por si só, daria margem para interessantes debates: depois de ser atacado por um tubarão, um dos habitantes da comunidade passa seus dias acamado, gemendo incessantemente em função de seus graves ferimentos. Seus lamentos acabam perturbando a serenidade da comunidade e a solução encontrada para que todos voltem a viver em paz é impressionante: o homem ferido é levado para o meio da floresta, para morrer sozinho. A narração de Richard neste momento representa um dos melhores momentos do filme - e o curioso é que são justamente cenas como esta que acabam criando uma sensação intensamente incômoda no espectador, levando-o a repelir o que vê.Aliás, os próprios produtores de A Praia perceberam que o filme que tinham em mãos, apesar de provocante, era um fracasso em potencial (algo que realmente se concretizou). As drásticas alterações no roteiro, especialmente em seu final, comprovam suas frustradas tentativas de tornar a história mais palatável para os espectadores mais jovens - DiCaprio é o protagonista, afinal de contas. Nada adiantou. Na verdade, o resultado foi uma sensível piora na qualidade do filme, que agora parece sem unidade: além de acabar soando vazia, como se o diretor propusesse uma séries de questões sem se dedicar a respondê-las, a trama é concluída com um otimismo inadequado e sem sentido (o porquê daqueles dois personagens ainda se corresponderem é um mistério). A impressão que fica, ao final da projeção, é a de que ''A Praia'' possui mais beleza do que conteúdo, sendo bastante confuso em vários momentos. Não foi à toa que o Sr. Patolino enlouqueceu." (Paulo Villaça)
2000 Urso de Ouro
Figment Films
Diretor: Danny Boyle
135.168 users / 6.081 face
Soundtrack Rock = Leftfield + Faithless + New Order + Underworld + Orbital + Moby + Sugar Ray + All Saints + Asian Dub Foundation + The Chemical Brothers + Blur + Unkle
Check-Ins 103
Date 02/02/2013 Poster - ##### - DirectorNicholas JareckiStarsRichard GereSusan SarandonBrit MarlingA troubled hedge fund magnate desperate to complete the sale of his trading empire makes an error that forces him to turn to an unlikely person for help.[Mov 06 IMDB 6,6/10] {Video/@@@} M/73
A NEGOCIAÇÃO
(Arbitrage, 2012)
''Assim como a grande depressão de 1929 deu origem a uma vasta cinematografia, em que se destacam diretores como Charles Chaplin, Frank Capra e John Ford, a atual crise econômica mundial chegou ao cinema, como mostra este thriller ambientado nos altos círculos financeiros de Nova York. Dirigido pelo jovem e estreante Nicholas Jarecki, 25, que também assina o roteiro, "A Negociação" coloca em cena Robert Miller, (Richard Gere), um riquíssimo financista cuja torpeza moral remete a Bernard Madoff. Assim como Madoff, milionário dono de investimentos condenado a 150 anos de prisão por fraude em 2009, Miller posa de filantropo, mas não passa de um pilantra calculista. Ele resolve vender seu império a um banco escondendo um rombo milionário. A ambiguidade do personagem não fica por aí. Além de tapear banco e investidores com sua falcatrua, engana a mulher com uma amante francesa, a marchand Julie (Laetitia Casta). O que parecia ser um filme de suspense sobre o mundo da alta finança e o cinismo que o envolve ganha novos contornos quando Miller se mete em acidente de automóvel de graves consequências. Perseguido pela polícia, ele lança mão de expedientes pouco honestos para iludir os investigadores, porque uma condenação o desmascararia perante o mundo dos negócios e sua própria família. Gere convence no papel, mas o personagem é excessivamente hipócrita para ser verossímil. A realização é acadêmica, e o roteiro desanda quando o suspense perde força em favor do esboço de um perfil do sinistro magnata. O final feliz em meias tintas também não ajuda: mantém a ambiguidade do personagem e enfraquece a denúncia da loucura especulativa que o filme pretende fazer." (Alexandre Agabiti Fernandez)
Filme que deu a Richard Gere uma indicação ao Globo de Ouro faz da superficialidade uma arte.
''A Negociação'' (Arbitrage) é o tipo de filme que vai fazer sucesso quando passar na televisão. Não só por ser um suspense de atores, que depende basicamente das performances do seu elenco, mas principalmente por ser um conto de moral bem definida, ideal para o espectador que, mesmo desatento, consegue captar a lição do dia. Robert Miller (Richard Gere) é o típico magnata de tempos de crise econômica: sua vida pessoal e profissional parece perfeita, mas ele esconde da família que tem um caso com uma galerista de arte e esconde de todo mundo as fraudes de sua empresa. Enquanto tenta finalizar a venda da companhia para um grande banco, seus problemas com a Justiça se complicam depois da noite de sua festa de aniversário de 60 anos, quando o carro que ele dirige capota e sua amante morre. Dos filmes recentes que têm o colapso econômico como tema ou pano de fundo, A Negociação é o mais acessível, porque não é preciso entender a crise para se conectar com o dilema moral que está no centro da trama. Ao sujeitar o protagonista a um impasse duplo, o roteirista e diretor Nicholas Jarecki (The Informers - Geração Perdida) os torna uma coisa só: responder pela morte da amante equivale a responder pela fraude, e vice-versa. Um tema árido, o subtexto financeiro, então se torna mais palatável, na forma do thriller de adultério. E se tem um ator que entende de história de traição - fora Michael Douglas - é Richard Gere. Em A Negociação ele não só refaz com Susan Sarandon o casal partido de Dança Comigo? como repete seus cacoetes já vistos em filmes de triângulos amorosos como Desejos e Infidelidade. Não há nada mais familiar do que já saber, nas cenas mais tensas, que Gere vai piscar os olhos mais rápido pra transmitir nervosismo. Se o ator acabou indicado ao Globo de Ouro por ''A Negociação'', não foi porque surpreendeu no papel - foi porque confirmou seus tiques mais eficientes. É como se fosse possível tornar a superficialidade uma arte. Gere domina seus trejeitos, da mesma forma que Jarecki evita se aprofundar demais não só na questão financeiro mas também na investigativa. O lado CSI de A Negociação se desenrola como se qualquer pessoa fosse capaz de identificar pistas como um especialista forense. A norma aqui é descomplicar tudo o que é periférico na trama, para no fim tornar o dilema central mais claro (e, na comparação com tudo o resto, até mais complexo). Os bons desempenhos de Sarandon como a esposa traída e de Tim Roth como o obcecado detetive que persegue o ricaço dão alguma dignidade a personagens planos, pensados só para fazer o contrapeso moral do magnata. Acrescente aí alguns cenários e situações típicas - a escapada de madrugada, os negócios escusos em becos e corredores, a reviravolta jurídica final - e temos em A Negociação um equilíbrio de clichês que fica no limite do aceitável. É um filme obviamente simplista, mas que tem um poder de comunicar sem ofender demais a inteligência de quem assiste." (Marcelo Hessel)
"Thriller super ágil. Além do quê é bom ver que Gere ainda tem algum fôlego para queimar, apesar das expressões de sempre em sua carreira." (Alexandre Koball)
"Com um anti-herói muito bem construído como protagonista (e surpreendentemente carregado com segurança por Gere), Jarecki consegue fazer seu filme funcionar tanto como um thriller quanto como uma crítica aos poderosos. Há alguns clichês, mas funciona." (Silvio Pilau)
"Jarecki alia drama a suspense com a habilidade com que representa o caráter traiçoeiro dos figurões de Wall Street pela imagem de Gere (ótimo), que, com sua cara de bom moço, seduz o público e este passa a torcer pelo protagonista, apesar de seus crimes." (Rodrigo Torres de Souza)
70*2013 Globo
Lionsgate Green Room Films Treehouse Pictures Parlay Films LB Productions Artina Films Alvernia Studios Lucky Monkey Pictures
Diretor: Nicholas Jarecki
38.272 users / 7.978 face
Soundtrack Rock = Björk + Billie Holiday
Check-Ins 617
Date 30/06/2014 Poster - ## - DirectorWilliam MaloneStarsGeoffrey RushFamke JanssenTaye DiggsAn amusement park mogul offers a group of diverse people $1,000,000 to spend the night in a haunted house with a horrifying past.[Mov 02 IMDB 5,4/10 {Video/@} M/28
A CASA DA COLINA
(House on Haunted Hill, 1999)
''Famoso empresário do ramo de parques temáticos, Stephen Price (Geoffrey Rush) resolve fazer uma surpresa à sua mulher (Famke Janssen) e marca uma festa de aniversário numa casa abandonada há décadas. Entretanto, o que ele não sabe é que o local foi sede do Instituto de Psiquiatria para Criminosos de Vannacutt, sede de experiências que incluíam tortura e morte.'' (Filmow)
J&M Entertainment CLT-UFA International Dark Castle Entertainment Helkon Media AG
Diretor: William Malone
39.797 users / 1.320 face
Soundtrack Rock = Marilyn Manson
Check-Ins 110
Date 08/02/2013 Poster - # - DirectorWes CravenStarsBill PullmanCathy TysonZakes MokaeAn anthropologist goes to Haiti after hearing rumors about a drug used by black magic practitioners to turn people into zombies.[Mov 03 IMDB 6,3/10 {Video}
A MALDIÇÃO DOS MORTOS-VIVOS
(The Serpent and the Rainbow, 1988)
Clímax aterrorizante dá ar de clássico a um filme apenas razoável de Wes Craven.
''Vez por outra, grandes (e pequenas) publicações sobre cinema costumam publicar listas de filmes mais isso, ou mais aquilo da história do cinema. Uma das listas mais lembradas é a dos longas-metragens mais assustadores. E um dos títulos mais recorrentes desse tipo de lista é um longa-metragem pouco lembrado do norte-americano Wes Craven, um dos criadores do horror teen (são dele a série Pânico e a franquia do Freddy Krueger). “A Maldição dos Mortos-Vivos” (The Serpent and the Rainbow, EUA, 1988) explora um dos medos mais primais do ser humano: o de ser enterrado vivo. Apesar de alguns equívocos na condução da trama, o filme tem momentos perturbadores, contando com um clímax não exatamente assustador, mas brutalmente agoniante e desconfortável. A cena é um primor de construção cinematográfica para causar incômodo do espectador. O personagem em questão é dado como morto, pois perdeu todos os sinais vitais (o coração parou, não há pulsação). No entanto, está sob o efeito de uma droga misteriosa, que mantém a consciência intacta. A rigor, ele compreende que está sendo enterrado vivo – e Wes Craven põe a câmera dentro do caixão, de modo que a platéia é enterrada junto com o personagem. Um momento realmente aterrorizante. A proposta original do projeto era explorar, de maneira séria, um filão do gênero horror que fazem sucesso normalmente entre adolescentes: filmes de zumbi. Para isso, os produtores decidiram transformar em filme um relato de pesquisa escrito por um professor da Universidade de Harvard, Wade Davis. No relato biográfico, o antropólogo narrou uma série de experiências que teve no Haiti, na década de 1970, com comunidades que trabalham firmemente com a idéia da vida após a morte. Nas pesquisas, o professor se deparou com uma extraordinária substância, um pó capaz de simular, em um ser humano, todas as características da morte física, mas apenas por um breve período de algumas horas. A narrativa de Davis poderia render um belíssimo filme sério de horror, mas pequenos equívocos fazem da película apenas uma obra correta. Em primeiro lugar, a narrativa é absolutamente trivial, carregada da visão colonialista e preconceituosa, de baixo para cima, que um grande estúdio de Hollywood normalmente lança para os países subdesenvolvidos. O Haiti mostrado em “A Maldição dos Mortos-Vivos” vive uma perpétua mistura de Carnaval com Festa dos Mortos, com nativos semin-nus desfilando pelas ruas e cerimônias sensuais em terreiros de macumba. É um lugar onde todos são corruptos e/ou ingênuos, inclusive a psiquiatra (Cathy Tyson) que ajuda o protagonista, o professor Dennis Alan (Bill Pullman), na pesquisa para conseguir uma amostra da substância mágica. Tyson é uma sensual nativa que foi educada no Primeiro Mundo (onde mais um haitiano poderia se formar em Medicina, devem pensar os engravatados de Hollywood), e dessa forma adquiriu uma capa de cultura refinada sobre os hábitos primitivos da comunidade. A visão maniqueísta lançada pelo filme sobre a sociedade haitiana realmente incomoda. Wes Craven situa a ação nos dias finais da ditadura sanguinária de Baby Doc, em 1985, e as cenas que encerram a película mostram a fuga do governante. O diretor, porém, jamais incluí um diálogo sequer sobre o clima político no país, e isso deixa a impressão de que a fuga é o ato tresloucado de um homem louco, já que o filme sugere não haver qualquer tipo de oposição organizada – a não ser de uns poucos rebeldes solitários – ao regime sangrento do ditador. Também o enredo de “A Maldição dos Mortos-Vivos” segue uma fórmula previsível. Quando Alan (Pullman) encontra a doutora Duchamp (Tyson) pela primeira vez, e a dispensável narração em off explica que ela era bem diferente do que esperava, fica evidente que os dois terão um affair amoroso, clichê dos piores desse tipo de filme. A construção dos vilões, inclusive o chefe da polícia secreta do regime do Haiti, Peytraud (Zakes Mokae), é superficial e maniqueísta. O policial é inclusive apresentado como um torturador sádico que , além de dirigir a organização policial, também exerce a função de feiticeiro, um dos mais poderosos do Haiti. Problemas à parte, o filme trabalha bem uma das marcas registradas de Wes Craven, que é o embaralhamento de sonho e realidade. Seguindo a trilha aberta em A Hora do Pesadelo, o cineasta apresenta seqüências premonitórias assustadoras que envolvem Dennis Alan e sua busca pela droga proibida. Os sonhos são filmados esteticamente da mesma maneira que as cenas que se passam no mundo real, o que é um acerto, já que a intenção do diretor é exatamente confundir platéia e personagem. Um dos sinais positivos de ousadia nesse campo é que Alan chega a ter um sonho dentro do sonho, dado não muito comum em filmes de horror. Os pesadelos lidam quase sempre com medos básicos do ser humano – animais ferozes, cadáveres ambulantes, mãos que saem da terra – e isso enfatiza o caráter instintivo que o filme associa aos medos do protagonista. Isso tudo é muito bom. Quanto à aterrorizante seqüência que representa o ponto culminante da trama, é ótimo constatar que Craven acertou em todas as escolhas estéticas que fez para registrá-la. Para começar, adotou o ponto de vista subjetivo do homem que é enterrado vivo, o que aumenta a sensação de claustrofobia, fazendo a própria platéia viver – e não apenas ver – a experiência. Além disso, o diretor foi ousado o suficiente evitar cortes no momento mais dramático do filme, quando a terra começa a ser atirada sobre o caixão e a luz do sol vai desaparecendo, até não restar mais nada além de escuridão e do ruído insistente do barro encobrindo a sepultura. A seqüência é um momento especial, inesquecível, e sozinha vale o filme." (Rodrigo Carreiro)
Universal Pictures
Diretor: Wes Craven
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Date 06/03/2013 Poster - # - DirectorJames CameronStarsSam WorthingtonZoe SaldanaSigourney WeaverA paraplegic Marine dispatched to the moon Pandora on a unique mission becomes torn between following his orders and protecting the world he feels is his home.[Mov 03 IMDB 8,1/10 {Video/@@@} M/83
AVATAR
(Avatar, 2009)
"Roteiro sem peso algum, personagens vazios e efeitos nada especiais (há filmes com CG muito mais bem produzidos em seu ano, mais realistas ao menos) fazem de Avatar uma experiência que se evapora ao ligar das luzes. Raros momentos salvam tudo do pior." (Alexandre Koball)
"Um espetáculo visual e sensorial impressionante. É provavelmente a obra-prima de James Cameron, em que o diretor utiliza todos os recursos possíveis para potencializar suas grandiloquentes e delirantes sequências de ação." (Daniel Dalpizzilo)
"O mundo criado é fabuloso e os efeitos especiais que o conduzem são convincentes e ultra-realistas, mas a história é bem mais simplista do que se propõe inicialmente, mesmo com suas boas metáforas - ao faroeste e ao planeta Terra. Vale pelo espetáculo." (Rodrigo Cunha)
"Seja pelo tema da preservação ambiental, ou da invasão de um Planeta (Iraque e afins) por um País (EUA) em busca de uma fonte de energia (petróleo), Cameron realizou uma obra atual e que nada tem de ingênua. Vamos deixar de frescura: Avatar é um filmaço!" (Regis Trigo)
"O roteiro é esquemático e por vezes simplista, mas Cameron supera os percalços com uma visão tão grandiosa e fascinante que é impossível não se contagiar. Uma experiência visual e sensorial única, daquelas que somente o cinema é capaz de proporcionar." (Silvio Pilau)
"James Cameron cria um incrível mundo, no qual o espectador rapidamente passa a acreditar. As falhas de roteiro, quase restritas aos diálogos, são contornadas pela grandeza visual que o diretor apresenta. A perfeição é encantadora." (Emilio Franco Jr)
"Seu mérito deve-se mais ao seu caráter de "cinema de atração" do que pela história propriamente narrada. A essência que move multidões ao cinema hoje permanece a mesma de sua origem: a vontade de imergir em um novo mundo. Avatar é próprio o cinema." (Juliano Mion)
"Um bom filme de ação, com toques de revolução tecnológica. Mas no fundo, não passa disso." (Felipe Tostes)
"Uma grande experiência visual que só poderia existir através do cinema. No entanto, o texto é extremamente fraco se comparado com o resto, por isso Avatar parece tão desequilibrado. Nunca ficaram tão evidentes as dificuldades de Cameron com roteiros." (Heitor Romero)
"Visualmente fabuloso. E só. As falhas do roteiro deixam o filme irritante em certos momentos e a energia de Zoe Saldana não encontra resposta no restante do elenco. O cinema NÃO será dividido em antes e depois de Avatar." (Weliton Vicente)
"Exuberância visual desproporcional ao seu enredo batido." (Rodrigo Torres de Souza)
James Cameron e o Apocalipse Na´Vi.
''Quase uma década sendo criado. Mais de 400 milhões de dólares consumidos entre orçamento de produção, pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e marketing. O primeiro longa-metragem de ficção do Rei do Mundo desde o campeão imbatível de bilheteria Titanic (1997). Tudo o que cerca ''Avatar'' (2009) é superlativo. A história do cinema, todavia, já provou mais de uma dezena de vezes que nem tudo o que reluz é ouro (ou unobtainium, pra ficar na terminologia do filme). Grandes produções megalomaníacas despencaram perante o teste do público. Avatar, por sua vez, consegue se estabelecer como um triunfo visual e de design. O diretor, roteirista e produtor James Cameron entrega um produto à altura de toda a expectativa criada. Pandora, o mundo alienígena que ele imaginou, respira nas telas. Cada planta, cada criatura, cada ecossistema parecem reais, como se desenvolvidos por botânicos ou geneticistas. O nível de detalhes (prepare-se para espantar mosquitos da tela) é embasbacante, impossível de ser absorvido em apenas uma visita. Já os Na´Vi, a raça inteligente do lugar, são organizados em uma sociedade que parece um amálgama de todas as grandes civilizações indígenas da Terra. Conceitos de energia e religião consagrados da ficção científica também encontram espaço importante: Pandora tem sua própria "Força", que ganha aqui uma qualidade tátil interessante através de conexões físicas - um tema, não por acaso, recorrente a todo Avatar. Já tudo o que se refere aos humanos (design, motivações, etc.) é conhecido e testado (inclusive pelo próprio Cameron em Aliens - O Resgate), equilibrando a estranheza Na´Vi. Esse acesso narrativo é parte do pacote. A história é conhecida e os personagens, arquetípicos. Tudo entregue já pré-digerido e sem surpresas. O foco é mesmo no deslumbramento visual. Para cada diálogo clichê (você sabe que ouvirá um discurso a la Henrique V desde a bombonière) há milhares de detalhes gráficos. Nem sempre relevantes à trama, claro, mas todos importantes para o estabelecimento de Pandora como um organismo vivo. Quando entende-se isso - e não demora muito - a ligação emocional com o mundo e seus personagens alcança algo raro no cinemão blockbuster. Cada Na´Vi, planta ou criatura duramente atingidos pela ganância do "povo do céu" são sentidos nas batalhas desse verdadeiro Apocalipse Na´Vi. Como exercício crítico, compare isso com outra fantasia high-tech recente, a de Michael Bay e seu sem-fim de robôs que caem como moscas sem qualquer relevância. A distância entre os dois filmes não poderia ser mais abissal. Vale mencionar também que Cameron conduz a ação com mão segura: acompanha cada personagem, cria cada arco em meio ao caos, e sabemos exatamente o que está acontecendo, onde e com quem. O volume absurdo de elementos em tela nunca se sobrepõe aos personagens e seus dramas, nem mesmo no colossal embate do clímax. O investimento no 3-D estereoscópico auxilia nesse resultado. Com uma profundidade espacial jamais vista no cinema, Avatar tem espaço de sobra para destacar personagens e situações de qualquer coisa que esteja acontecendo nos outros planos. Certos quadros, aliás, são vertiginosos. Cameron sabe muito bem o que obteve e não esconde o jogo: a primeira cena do filme já foi pensada para literalmente ampliar os horizontes da plateia. Nela, Jake Sully (Sam Worthington), fuzileiro naval paraplégico, desperta de sua animação suspensa depois de cinco anos em viagem da Terra a Pandora. Do confinamento de sua cápsula, somos lançados ao interior de uma nave espacial imensa. É o jeito de Cameron dizer que chegou a hora do cinema abandonar certos confortos... É curioso notar como o cineasta passou uma década mergulhado em seu projeto e ele surja ainda tão inovador, à frente de seu tempo. Era de se esperar que qualquer coisa que demorasse tanto para ficar pronta nascesse um tanto datada - tanto que era essa a aposta de muita gente para ''Avatar'' (inclusive a minha, confesso). No entanto, as câmeras e a tecnologia de performance criadas do zero por Cameron são tão impressionantes que é literalmente impossível distinguir o que é real do que é modelo criado por computador. As cenas em que humanos e Na´Vi dividem as telas, por exemplo, desafiam qualquer percepção. Pequenos momentos, como a mordida de Jake numa fruta alienígena, emocionam tanto quando passagens criadas para tanto - e ainda assim o filme consegue guardar sequências ainda mais impressionantes para o final (a lágrima de Neytiri é real, só pode ser!) Mas, obviamente, nada que a tecnologia tivesse conseguido alcançar sozinha. É excepcional o trabalho de preparação de atores. Worthington convence tanto quanto paraplégico alquebrado como guerreiro falastrão. Já Zoë Saldana fala pouco em inglês carregado de sotaque - mas a tecnologia se encarrega de transferir sua interpretação de nativa orgulhosa para o corpo de pixels. Enquanto isso, o Coronel Quaritch (Stephen Lang) - que tem sua própria extensão física - já se estabelece como um dos melhores vilões do cinema recente. Os avatares estão dentro e por trás das telas e as emblemáticas conexões, sejam elas físicas ou narrativas, funcionam além das expectativas e em todos os níveis. Com ''Avatar'', James Cameron deixa de ser Rei de um Mundo para se tornar Deus de seu próprio planeta. Só nos resta imaginar agora o que vem a seguir.." (Erico Borgo)
Uma experiência visual e sensorial única, daquelas que apenas o cinema é capaz de proporcionar.
''O ano era 1997. Após muitos meses de turbulenta produção, James Cameron finalmente se preparava para lançar o seu trabalho mais ambicioso. À época, contava-se que Titanic era o filme mais caro de todos os tempos e que jamais alcançaria nas bilheterias o retorno do investimento. Muitos imaginavam um desastre total e manchetes óbvias já eram criadas associando a palavra “naufrágio” ao – supunha-se – pífio desempenho da produção. Como hoje se sabe, a grande maioria estava enganada e Titanic fez história. Ao longo dos anos, tornou-se possível analisar Titanic de forma mais distante, longe de todo o hype. Indiscutivelmente, a história do amor de Jack e Kate em meio ao naufrágio mais famoso de todos os tempos ganhou seus detratores, muitos deles apenas receosos em aplaudir um sucesso dessa escala. Titanic, porém, é um grande filme. Com problemas, sim, como momentos piegas e roteiro por vezes superficial, mas um filme que leva o espectador a uma viagem fantástica e a uma experiência única. Pois Avatar, de certa forma, é como Titanic. Mais uma vez, a expectativa pelo produto final era alta. Mesmo que o material liberado até então não empolgasse, Cameron dizia se tratar de uma obra revolucionária, que poderia modificar o cinema daqui para a frente. Como há doze anos, muitos já asseguravam o fracasso do filme. Avatar, porém, para resumir em apenas uma palavra, é deslumbrante. Assim como Titanic, tem problemas narrativos típicos do cinema de Cameron, mas é uma obra incrível e empolgante, com grandiosidade poucas vezes igualada. A história de ''Avatar'' se passa no futuro e leva o espectador a um planeta chamado Pandora, onde os humanos estabeleceram pequenas bases militares com o objetivo de obter um valioso minério encontrado apenas naquele solo. É lá que desce Jake Sully, militar preso a uma cadeira de rodas. Sully vai fazer parte do chamado programa Avatar, que o permite assumir o corpo de um Na’Vi, espécie habitante do local, para conhecer um pouco mais sobre os nativos. Aos poucos, Sully vai entrando em contato com a cultura e se identificando com aquele povo, ao mesmo tempo em que se apaixona por uma delas. Mas quando os militares declaram guerra aos Na’Vi, Sully precisa decidir o lado no qual quer lutar. Muito se falou, ainda antes do lançamento, sobre a revolução tecnológica que Avatar iria causar. É difícil, no entanto, mesmo após assistir ao filme, mensurar o impacto que ele terá em produções futuras. Essa é uma daquelas afirmações que somente o tempo pode fazer. Revolucionário ou não, é inegável que se trata de uma imensa conquista e um filme espetacularmente bem feito. O CGI e a captura de performance atingem outro nível com Avatar, em um avanço nítido e claro até mesmo a olhares menos acostumados. Essa conquista fica muito clara quando se vê os personagens em tela: a fluidez de movimentos e as expressões faciais são absolutamente impecáveis. Cameron conseguiu, inclusive, eliminar os olhares vazios das criaturas, maior problema da tecnologia até hoje – pela primeira vez no cinema, os olhos de personagens gerados por computador parecem ter vida. Ainda que essa seja o feito técnico mais significativo, é impossível não se maravilhar com o mundo que Cameron e sua equipe criaram a partir do zero. Pandora é um planeta construído de forma complexa, com fauna, flora e mitologia bem desenvolvidos, em um louvável exercício de criatividade e imaginação por parte do cineasta. Desde a floresta luminescente, passando pelos “insetos helicópteros” e chegando até as fenomenais montanhas flutuantes, Pandora surge na tela com uma riqueza absoluta de detalhes, fazendo este novo mundo realmente ganhar vida. Mais do que isso, o lado técnico da produção faz o planeta vibrar com cores e formas que realmente justificam a frase-clichê sobre levar o espectador a outro mundo. E James Cameron aproveita tudo isso para fazer de ''Avatar'' um grande filme. Ainda que o roteiro não alcance o nível do restante, o diretor, responsável por alguns dos momentos mais icônicos do cinema nos últimos trinta anos, constrói cenas realmente capazes de tirar o fôlego da plateia, pela combinação da beleza visual com o aspecto poético das composições. São momentos como o de Neytiri hesitando atirar ao perceber a presença de um espírito livre ou a união entre ela e Jake em meio aos cipós brilhosos. A mais bela cena de Avatar, porém, na qual Cameron consegue realmente atingir a magia rara e única do cinema, é aquela com Neytiri segurando Jake em forma humana em seu colo: é o momento catártico e mais emocionante de todo o filme, no qual os dois personagens – e, por consequência, a plateia – compreendem a ligação existente entre eles. Simplesmente arrebatador. Cameron, aliás, acerta também na forma como utiliza o 3D (por sinal, as legendas funcionam muito bem e deixam dúvida sobre os motivos que levaram à demora para se fazer isso aqui no Brasil). Sim, Avatar é visualmente espetacular e deve ser visto na terceira dimensão para uma experiência ainda mais completa, porém o cineasta não faz uso do recurso como um fim por si só. Não há momentos gratuitos: quem espera mãos saindo da tela ou objetos sendo jogados em direção ao espectador vai ficar decepcionado. Em Avatar, o 3D não serve para mascarar um filme sem ideias ou qualquer valor cinematográfico, mas como forma de tornar Pandora um mundo mais real e, assim, realçar o alcance da história e da jornada dos personagens. Falando nisso, a trama de ''Avatar'', apesar de ser o elo mais fraco do filme, oferece o subsídio necessário para que o filme atinja os objetivos propostos. O enredo não prima pela originalidade, seguindo uma estrutura já vista em diversas outras obras, como Dança com Lobos e O Último Samurai, pelo caminho percorrido pelo herói, e Matrix e Substitutos, no que concerne o programa Avatar. As semelhanças com o filme de Kevin Costner, porém, são mais gritantes, uma vez que os Na’Vi são retratados como uma espécie de indígenas: utilizam arco e flecha, não vivem em grandes construções e possuem forte ligação com a sua terra. Quando bem utilizado, como em Dança com Lobos e aqui, este conceito batido acaba fisgando o espectador: difícil não simpatizar com a jornada de um personagem que cresce ao se sentir parte de outro povo e outro lugar, decidindo lutar por tudo aquilo que acredita ser correto, mesmo contra suas próprias origens. E essa é a trajetória de Jake Sully, o protagonista de Avatar. Quando o filme tem início, Sully é um ex-soldado paraplégico, que aproveita a oportunidade do programa Avatar para se sentir útil novamente. Esta, aliás, é mais uma excelente ideia de Cameron, que acaba por dar outra dimensão à história. A primeira vez que assume a pele de um Na’Vi, por exemplo, é interessantíssima: Sully se sente praticamente embriagado com a possibilidade de correr e sentir novamente as suas pernas que acaba indo contra as recomendações dos responsáveis pelo programa. Ao longo da projeção, a plateia acompanha a transformação sofrida pelo personagem, que começa a fazer parte daquele povo, em uma jornada construída de maneira eficaz, gradual, fazendo com que a mudança de Sully se torne crível ao espectador. O mesmo vale para o desenvolvimento da relação entre Sully e Neytiri. Por vezes, ela parece apressada, como se pulasse etapas. No entanto, o romance entre os protagonistas funciona em termos gerais e a plateia não somente acredita nesse relacionamento como também torce por ele, o que é fundamental para que as cenas de batalha cresçam em termos de tensão e emoção. Alguns dos momentos nos quais os dois dividem a tela são belíssimos, colaborando para superar os deslizes do roteiro e da narrativa de Cameron. Por outro lado, o cineasta acerta na mosca ao construir a mitologia dos Na’Vi. Seres fascinantes desde a sua compleição física, Cameron os apresenta como um povo extremamente unido e espiritualizado, cuja relação com a natureza e o mundo que os cerca é íntima – o que pode ser percebido pela ótima ideia da ligação entre eles e os animais. Os Na’Vi sentem a natureza, sabem que fazem parte dela e isso justifica os sacrifícios para protegê-la. Cameron aproveita esse lado da história para transmitir sua mensagem sobre o meio ambiente: ela pode ser óbvia e nada sutil, mas ainda assim é bela e faz completo sentido dentro da história. Da mesma forma, o roteiro ainda acha espaço para uma mensagem anti-guerra, inclusive criticando a política belicista norte-americana, como fica claro na frase: Enfrentaremos o terror com o terror. Não obstante acertar em diversos aspectos, o roteiro possui sua gama de problemas, derrapando em certas simplicidades. Além daquelas já citadas, o texto de Cameron é limitado ao tratar tudo como se fosse preto e branco: os mocinhos e os vilões são bem definidos e, para piorar, estes últimos são tratados de forma unidimensional, sem qualquer espécie de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, alguns dos diálogos pecam pela superficialidade, enquanto a história apela mais vezes do que necessário para situações deus ex machina, nas quais os personagens são salvos de última hora por alguma intervenção. São falhas como essa que deixam ''Avatar'' um pouco abaixo da posição que a obra poderia ocupar na história do cinema. Ainda assim, é um grande filme, uma obra de incrível imaginação, cujas três horas passam a uma velocidade incrível. A riqueza nos detalhes e a grandiosidade da história são tamanhas que praticamente todas as cenas têm sua razão de existir. Assim como Titanic, Avatar possui alma e é realizado com tanta paixão que os problemas tornam-se pequenos perto do que é oferecido. Uma conquista magnífica e uma experiência visual e sensorial única, daquelas que apenas o cinema é capaz de proporcionar." (Silvio Pilau)
''A expectativa era grande. Afinal, há 12 anos James Cameron colocou seu Titanic no primeiríssimo lugar de bilheteria de todos os tempos, com um faturamento bruto de quase US$ 2 bilhões. Lugar, aliás, onde permanece até hoje. E também fazia 12 anos que Cameron não dirigia um longa para cinema. Assim, não é difícil perceber o quanto os cinéfilos estavam aguardando Avatar, a tentativa do diretor em quebrar o próprio recorde. Será que ele conseguirá? Se eu tivesse de apostar, jogaria minhas fichas no não. Em primeiro lugar porque Titanic foi um destes fenômenos que ninguém explica. Mais que um filme, foi um evento, uma catarse coletiva mundial difícil de ser justificada com argumentos racionais. E em segundo lugar porque Avatar não é tão excepcional e/ou catártico como foi Titanic. É, sim, um belo entretenimento, mas sem a carga emocional suficiente para chegar ao tão sonhado patamar de US$ 2 bilhões nas bilheterias do planeta. O melhor a fazer, então, é assisti-lo sem tentar traçar comparações. A trama é convencional: em algum lugar no futuro, os humanos estão monitorando o planeta Pandora, em cujo subsolo existe uma grande reserva de uma determinada substância muito importante para a nossa Terra. Não fica bem claro o que e por que, mas isso não é importante. Importante mesmo é que em Pandora existe toda uma civilização extremamente desenvolvida mental e energeticamente, ainda que na Idade da Pedra em se tratando de armas de guerra. São seres similares a fadas ou elfos, maiores que os Humanos, quase mágicos, e onde todos os homens têm o nariz parecido com o de Woody Harrelson e todas as mulheres têm o pescoço da Uma Thurman. Para tentar dominá-los, nós, terráqueos, criamos a tecnologia dos Avatares, ou seja, humanos modificados com DNA do pessoal de Pandora, feitos para desembarcar no planeta deles e estudá-los mais de perto para possamos subjulgá-los da maneira mais eficiente possível. O Avatar seria, então, uma espécie de espião que se infiltra entre os aliens para conhecer seus segredos. Claro que um Humano (Sam Worthinghton) se revolta contra a situação. Como sempre acontece neste tipo de filme. ''Avatar'' demora a engrenar. Uma quantidade muito grande de informações é arremessada sobre o público logo nos primeiros minutos, ao mesmo tempo em que boa parte da plateia tenta se acostumar aos óculos 3D, tecnologia muito boa, sim senhor, mas que rouba uma quantidade absurda de luminosidade da tela, fazendo parecer que Avatar se passa quase sempre à noite. Fica até a impressão de que as salas brasileiras não estariam utilizando lâmpadas dentro das especificações exigidas pelo sistema, tamanha é a falta de luz e brilho. Pelo menos foi esta a sensação que tive durante a sessão de imprensa realizada no Shopping Bourbon, em São Paulo. O roteiro - também escrito por James Cameron - se utiliza muitas vezes da desagradável muleta da narração em off, na qual o protagonista fica explicando verbalmente o que está acontecendo, em vez de tentar encontrar soluções mais imagéticas e cinematográficas. Passados os primeiros esforços - para ouvir os offs, absorver as informações e arrumar os óculos -, o filme desenvolve-se sem muito ritmo, chegando a se tornar cansativo e sinalizando que talvez não fossem necessários todos os seus 160 minutos para contar a história. No terço final, porém, tudo melhora. Os personagens ganham mais vida, mais dimensão, a ação é mais intensa e a briga entre as civilizações e as culturas literalmente pega fogo. É impossível não traçar um paralelo entre a invasão humana predadora em Pandora e a cultura norte-americana de invadir e destruir toda e qualquer civilização que tenha algo que eles precisem. Nem vale a pena falar da finada política Bush, já que Avatar está na cabeça de James Cameron já há quase 20 anos. Mas sempre foi assim, seja com Coreia, Vietnã, Afeganistão, Iraque ou coisa que o valha. Tanto que uma das naves de guerra dos Humanos contra Pandora se chama Valquíria, provavelmente uma referência à música que o personagem de Robert Duvall escutava, enquanto chacinava vietnamitas em Apocalypse Now. Como também é típico da cultura de entretenimento norte-americana, Avatar prioriza o visual em detrimento da profundidade. Em torno de 40% do que se vê na tela é resultante de ação filmada, e os restantes 60% foram gerados por computador, consumindo um orçamento total estimado em US$ 230 milhões. Como sempre, a trilha sonora é exagerada e incessante e a mensagem politicamente correta valoriza a natureza, a paz e a tolerância entre os povos culturalmente diferentes. A pergunta que fica é sempre a mesma, em se tratando de blockbusters: por que os filmes que trazem mensagens de paz são tão violentos?" (Celso Sabadin)
82*2010 Oscar / 67*2010 Globo / 2010 César / 2010 Lion Veneza
Twentieth Century Fox Film Corporation Dune Entertainment Ingenious Film Partners Lightstorm Entertainment
Diretor: James Cameron
679.363 users / 30.404 face
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Date 11/03/2014 Poster - ## - DirectorSteven SchachterStarsWilliam H. MacyMeg RyanLL Cool JA Hollywood producer starts with his nephew's script on Disraeli, Jewish PM in 1800s UK, and ends filming in Cape Town with a black action star. Will a movie be made? Will he score Deidre?[Mov 03 IMDB 5,7/10 {Video/@@}
ATRAÍDOS PELA FAMA
(The Deal, 2008)
''Charlie (William H. Macy), um azarado produtor de cinema convence um estúdio a patrocinar um filme de US$ 100 milhões, com um astro no papel principal. Porém, quando o ator principal é seqüestrado, Charlie com poucas chances de recuperar sua já desgastada reputação, decide arriscar e fazer um filme totalmente diferente, utilizando o dinheiro do estúdio, e é claro sem prestar contas aos executivos. Neste trambique, conta com a ajuda de Deidre (Meg Ryan) uma influente executiva do mundo do cinema. E juntos viverão uma uma cômica e excitante busca pela conquista da fama." (Filmow)
Peace Arch Entertainment Group Muse Entertainment Enterprises Dog Pond Productions Sydnyk Works Berk/Lane Entertainment SODEC Canadian Film or Video Production Tax Credit The Department of Trade and Industry of South Africa
Diretor: Steven Schachter
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Date 12/03/2013 Poster - ## - DirectorRonny YuStarsJennifer TillyBrad DourifKatherine HeiglChucky, the doll possessed by a serial killer, discovers the perfect mate to kill and revive into the body of another doll.[Mov 03 IMDB 5,2/10 {Video/@@}
A NOIVA DE CHUCKY
(Bride of Chucky, 1998)
''Após ressuscitar o ex-namorado com ritual de vodu, Tiffany (Jennifer Tilly) também é transformada em uma boneca. Com o objetivo de chegar até o cemitério onde está enterrado o corpo humano de Chucky (Brad Dourif), o demoníaco casal usa dois jovens como reféns e matam, sem qualquer remorso, qualquer um que atrapalhar o caminho.'' (Filmow)
Midwinter Productions Inc. Universal Pictures
Diretor: Ronny Yu
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Soudtrack Rock = Rob Zombie + Blondie + Monster Magnet + White Zombie + Judas Priest + Bruce Dickinson + Slayer + Static-X + Coal Chamber + Stabbing Westward + Kidney Thieves
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Date 13/03/2013 Poster - # - DirectorPedro AlmodóvarStarsPenélope CruzLluís HomarBlanca PortilloHarry Caine, a blind writer, reaches this moment in time when he has to heal his wounds from 14 years back. He was then still known by his real name, Mateo Blanco, and directing his last movie.[Mov 03 IMDB 7,2/10 {Video/@} M/76
ABRAÇOS PARTIDOS
(Abrazos Rotos, Los, 2009)
"Almodóvar abraça (ainda mais) o melodrama. Mais uma vez sobre o cinema, mas agora faltou profundidade." (Alexandre Kobal)
"Um Almodóvar meio vazio, abaixo de sua média pessoal. Mas, ainda assim, superior ao que infesta o mercado." (Rodrigo Cunha)
"O filme mais fraco de Almodóvar dos últimos, sei lá, 10 ou 15 anos." (Régis Trigo)
"Mais um fraco e decepcionante filme como os demais da fase Penélope Cruz da carreira do diretor espanhol. A atriz fez tão mal a Almodóvar quanto Giulietta Massina a Federico Fellini (apud Glauber Rocha)." (Demetrius Caesar)
"Almodóvar pelo cinema." (Heitor Romero)
"Almodóvar bem abaixo da sua média. A primeira metade é ótima, mas as opções narrativas e reviravoltas vão se tornando gratuitas, diluindo o interesse. Ainda assim, muitas qualidades, como a homenagem ao Cinema e Cruz, mais uma vez, iluminando a tela." (Silvio Pilau)
"Almodóvar cria um drama eficiente que homenageia o cinema e seu processo de criação. Mesmo esticado no desenvolvimento da trama já perto do final, o filme consegue apresentar uma grande história." (Emilio Franco Jr)
Entre o pequeno e o grande, um cinema do imenso.
''Para muitos a sutileza é uma dádiva. No cinema de hoje não há muito mais espaço para filmes grandes demais, aquelas peças dramáticas (ou melodramáticas) que envolvem o público em uma trama mirabolante, recheada de reviravoltas e revelações, acompanhadas de música apoteótica e performances maiores. De certo modo, o grosso do cinema tido como arte feito no mundo é o cinema pequeno e sutil, a dádiva de uma linguagem mínima e de efeito. Há de se dar valor a tal fato, mas é impossível tê-lo como verdade absoluta, pois se no cinema de hoje o grandioso não tivesse lugar, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar estaria ultrapassado. E se tem uma coisa que Abraços Partidos prova, desde seu primeiríssimo instante, é que Almodóvar pode parecer tão novo quanto o cinema pequeno, ainda que ele precise ser e que se afirme como gigante. ''Abraços Partidos'' afirma o tempo todo que o mínimo necessita ser substituído pelo máximo, que a defesa da câmera pela estética da linguagem se sobrepõe às necessidades da história em ser fluente. É possível afirmar que o filme é melhor justamente por ser desregulado. Ou melhor, ele se faz mais forte por ser muitos filmes dentro de um e não somente um filme único. E dentro desses filmes, Almodóvar faz muitos cinemas que se aliam ao seu. Vemos ainda as cores que berram, a música é praticamente um diálogo, variando entre a orquestração sirkiana de Alberto Iglesias e a melancolia sem fim de um blues de Cat Power que canta um ser que é dois (como será o protagonista, no futuro), o mundo perde a face de mundo e continua se tornando universo particular dos personagens que o diretor cria. Tudo está lá, só que aqui de um jeito diferente, mais em função do cinema como um todo que somente do cinema de Almodóvar. O filme conta a história de um homem que muda de nome depois de um acidente terrível que o deixou cego. Antes um realizador, agora ele somente escreve roteiros de sucesso por encomenda. Antes Mateo Blanco, agora Harry Caine. Quando um fantasma do passado volta para assombrar Caine, a história de antes vem à tona (por alguns pontos de vista diferentes, dando ao filme uma seqüência de clímax de um mesmo fato) e ela em si já se torna um filme. Dentro dessa história está se fazendo um filme (claramente Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos, que Almodóvar fez há mais de 20 anos atrás) e sobre este filme se faz um making of, que acaba se tornando um projeto investigativo, que posteriormente vira um documentário, dando conta das verdades finais sobre a trama completa. Abraços Partidos não se cansa de se desdobrar em muitos, mas não existe em cena uma preocupação com a lógica dessas mudanças. É como se o mundo tivesse que seguir a fluência projetada na tela para compreender o cinema. E o milagre é que isso acontece. A palavra milagre pode ser colocada principalmente se for relacionada ao magnetismo que Penélope Cruz impõe em cena e pelo modo que a câmera estabelece essa relação com a atriz. O primeiro plano do filme é visto a partir do olhar de uma câmera enquadrando uma figurante, a fim de marcar o local onde a personagem de Penélope Cruz estará focada. Quando Cruz entra em cena, é ouvida, sentida, palpitada a relação de amor que a câmera irá ter com ela. E também a relação obsessiva que se dará dali em diante, que resultará na desgraça de todos envolvidos. Se Cruz enquadrada é o milagre imagético, o efeito de tal ato é perturbador ao extremo, pois irá revelar o mal incutido nos quatro personagens que compreendem a órbita da personagem / atriz. E como todo elemento catalisador de problemas, tal personagem precisa perder sua realização cinematográfica para que as explosões cessem. É como se o cinema fosse resumido na beleza, mas ela mesma ser a desgraça do universo diegético do filme (e sendo um filme de Almodóvar, desgraça muito maior). O filme estabelece por este fato um paralelo bastante próximo do que ocorre em Morte em Veneza, de Visconti, onde a obsessão pela concretização do belo é a tragédia final do personagem principal. A morte da imagem é a morte física da visão, para Mateo, que ele transforma no fim de sua própria existência como ela foi um dia. Na tentativa de ser grandioso, como os dois corpos encontrados por Ingrid Bergman e George Sanders em Viagem à Itália, de Rossellini, mortos um ao lado do outro pela lava consumidora de um vulcão, Mateo finda a si mesmo para dar lugar ao novo. E o novo, Harry Caine, se torna imune à tentação da imagem, mas cruelmente punido por não poder mais ser hipnotizado pela existência da personagem de Penélope Cruz, que continuará a ter vida em celulose por suas mãos, mas nunca mais para seus olhos. Por sorte, Almodóvar nos permite que o último frame da atriz seja dilatado e que a fascinação com seu cinema (e por ele, o de muitos outros) seja ainda algo novo, mesmo que não sutil. Para um filme de Almodóvar, a sutileza seria também sua perdição." (Thiago Macêdo Correia)
''Almodóvar tem o talento de transformar o improvável em possível, e até mesmo em necessário. Isso quer dizer que, sob outro diretor, algumas situações que inventa soariam inverossímeis. Com ele no comando, a mais descabelada das histórias parece não apenas fazer sentido, mas encaixar-se com clareza lógica e, mais importante, tocar-nos no fundo da alma. É o que acontece em seus melhores filmes e este novo, ''Abraços Partidos'', está entre eles. ''Abraços Partidos'' começa com dois olhares - um que vê e outro que não vê. O do cineasta cego interpretado por Lluis Homar e o da moça que o acompanha. Cineasta cego? Sim, e, de certa forma, a história será construída em torno dessa dialética entre o ver e o não ver. Em narrativa off, o homem lembra que, durante a sua carreira, adotou o pseudônimo de Harry Caine para assinar seus escritos, roteiros e outras peças literárias. O nome real, Mateo Blanco, ele usa quando dirige seus filmes. Depois de um grave acidente, do qual ele sobrevive, mas com perdas graves, ele entende que Mateo Blanco morreu. No presente, portanto, ele será apenas Harry Caine, um nome um tanto estranho para um espanhol, inspirado, é claro, em sua cinefilia e, talvez, em homenagem ao ator Michael Caine. Caine foi ator de Hitchcock e, é bom acrescentar, Almodóvar dá um toque hitchcokiano a esse seu novo filme. Será apenas uma entre outras referências cinematográficas. Se dialoga com o suspense de um mestre como Hitchcock, também o faz com o gênero noir e o melodrama - este uma das suas matrizes básicas. Abraços Partidos tira seu encanto - ou parte dele - dessa sábia mistura de gêneros. E por que ela funciona com Almodóvar e não com outros cineastas? Pelo mesmo motivo que certas mesclas de alimentos resultam numa comida divina pelas mãos de certos cozinheiros e gororobas nas de outros. Tudo se resume ao toque. E o de Almodóvar é de mestre.
Mas mestre que se dispõe ao risco. Quem assiste a Abraços Partidos, sente que várias vezes ele flerta com o abismo. O que talvez só aumente o seu encanto. Tudo é perigoso. Desde a parábola do cineasta que não vê até o filme dentro do filme que ele roda e é destruído pela montagem. Outra referência ao cinema e à dependência dos produtores e donos de estúdio. Como haverá a referência/reverência a Viagem à Itália, de Rossellini, na cena em Pompeia do casal abraçado, surpreendido pela erupção do Vesúvio. Essa imagem comovente é a chave do filme - se ele precisar de uma.O perigo continua com Lena (Penélope Cruz, magnífica), moça pobre, depois casada com um velho garanhão cheio da grana e, ao mesmo tempo, amante do cineasta que promete fazê-la uma grande estrela. Continua com a secretária e agente do diretor cego, Judit (Blanca Portillo) e seu filho Diego (Tamar Novas), uma espécie de família informal, que terá surpresas a oferecer ao espectador. Mas serão mesmo surpresas? Sim e não. Porque de Almodóvar - e do seu universo sexualmente libertário - se espera tudo. Por isso, ao final, podemos nos sentir tão incrédulos quanto encantados com essa história que nos fala diretamente, embora vacile quando submetida ao teste de realidade. É que a vida, em si, muitas vezes não passa pelo mesmo teste. O real parece demasiado caótico e folhetinesco para ser de fato verossímil. Por isso, talvez, as mais loucas fantasias de Almodóvar nos pareçam tão críveis.'' (Luiz Zanin Oricchio)
Novo filme de Pedro Almodóvar assume de vez a cinefilia e as autoreferências de seu cinema recente.
''Abraços Partidos'' (Los Abrazos Rotos), o novo filme do espanhol Pedro Almodóvar com Penélope Cruz, fala da paixão pelo cinema - a julgar, sobretudo, pela única redenção possível para o seu protagonista - mas termina sendo muito mais marcante como retrato da paixão do cineasta por sua musa de Tudo Sobre Minha Mãe e Volver. Penélope interpreta Lena, uma aspirante a atriz que, depois de se tornar companheira de um empresário milionário, seu antigo chefe nos idos de 1992, consegue a chance de estrelar Garotas e Malas, a primeira comédia do diretor Mateo Blanco (Lluís Homar) depois de uma série de dramas. Algo de fatídico aconteceu durante as filmagens, porque quando a trama avança até 2008, ano da morte do empresário, Mateo está cego e Lena é apenas uma lembrança. A metalinguagem já presente em Fale com Ela e Má Educação - pontos de virada na carreira do diretor, em que, não por acaso, ele usa ficções dentro da ficção para tecer comentários sobre temas e estéticas do seu passado - toma conta de Abraços Partidos por completo. Garotas e Malas, o filme dentro do filme, é um Almodóvar à antiga: releitura kitsch de comédias de relacionamento e de melodramas hollywoodianos dos anos 50. Do lado de fora de Garotas e Malas, temos o cineasta Mateo, com sua paixão arrebatadora por Lena, e a tragédia que acompanha essa obsessão pela imagem e pelo som da musa. Almodóvar espalha elementos sensoriais que ecoam essa obsessão: ele faz o close-up até em chapas de raios-x para dar conta da necessidade de se nutrir com tudo o que vê. Esses simbolismos, depois de um tempo, não escapam do esquematismo e sufocam o filme. Pode até haver verdade, por exemplo, na cena em que o diretor fotografa Lena chorando enquanto assiste a Viagem à Itália, mas a demonstração exacerbada de cinefilia flerta com o artificialismo. O fato de Almodóvar inchar uma trama até certo ponto simples com nódulos questionáveis (o que querem dizer aquelas cenas do DJ e das drogas, afinal?) dá a impressão de que Abraços Partidos quer ser mais complexo e sensível e profundo do que de fato é. Felizmente há Penélope. Não há expressão de cinefilia mais pura e descomplicada do que ver a espanhola fazendo caras e bocas de Audrey Hepburn, e nessa troca de afagos entre cineasta e musa o cinema de Almodóvar resiste ao desbotamento." (Marcelo Hessel)
''Dizer que Pedro Almodóvar errou é uma afirmação um pouco arriscada. Cineasta aplaudido pelo mundo por seu cinema único, ele jamais deve ser comparado a outros diretores medíocres que surgem diariamente, em especial em solo americano. O problema é que o espanhol já impressionou tanto, que chega a ser decepcionante quando conferimos um filme seu que não é excelente. Em “Abraços Partidos”, suas características típicas permanecem lá: as cores vibrantes dos cenários e figurinos, o humor inspirado, a trilha sonora pontual e o melodrama sufocante. Mas dessa vez, Almodóvar insere a metalinguagem como seu principal motor, fazendo diversas deliciosas autorreferências. No entanto, mesmo acompanhado de sua musa Penélope Cruz, o cineasta perde o tom em algumas cenas e nos concede um desfecho sem surpresas. A trama gira em torno de um ex-diretor e roteirista cego, Mateo Blanco (Lluís Homar), em 2008. Desmotivado com a impossibilidade de exercer sua profissão por completo, ele prefere ser chamado de Harry Caine e não perde a chance de vender sua capacidade de escrever para diretores comerciais. Caine divide um pequeno apartamento com sua agente Judit Garcia (Blanca Portillo) e seu filho Diego (Tamar Novas), mas nada impede que eventualmente ele traga seus casos amorosos para casa. A visita de um jovem que se diz cineasta, no entanto, traz de volta a lembrança do grande amor de sua vida, uma bela e talentosa atriz, com quem viveu há 14 anos. O nome dela é Lena (Penélope Cruz). Mas antes de se tornar uma atriz, ela era uma mera secretária do empresário Ernesto Martel (José Luis Gomes) que, nos momentos mais apertados financeiramente, bancava às vezes de prostituta. Uma ajuda essencial de Martel leva Lena a se aproximar do chefe, e os dois vivem juntos durante dois anos, até que um sonho de infância da moça mudará completamente sua vida. A oportunidade de atuar na primeira película cômica de Mateo Blanco, Garotas e Malas, como protagonista a afastará do empresário e a levará para os braços de Blanco, em uma paixão tão tórrida quanto proibida. Como nenhum outro diretor do mundo, Almodóvar consegue desenvolver histórias cheias de coincidências e exageros sem parecer absurdo. Em seu último filme, por exemplo, “Volver”, até o sobrenatural foi incluído. Mas também sobram crimes, acidentes e sexo, todos inseridos com o tom que só cineasta espanhol sabe dosar. O seu clima kitsch é particular e Almodóvar sabe disso. E em “Abraços Partidos”, ele decide resgatar um pouco do cinema que já produziu, além de outros que o inspiraram, de uma maneira que só os seus próprios roteiros sabem fazer. Através da história de Mateo Blanco, alterego de Almodóvar, o longa-metragem mostra como se realiza uma película; mais do que isso, ele defende, como nenhum outro, o cinema autoral. A pré-produção, as filmagens e a pós-produção são mostradas como etapas que necessitam da participação direta do diretor da fita, pelo menos se o seu interesse é defender uma visão única de mundo ou de cinema. E Mateo Blanco faz questão de trabalhar intensamente. A escolha de Lena, uma atriz inexperiente, para protagonizar um filme que irá romper com o seu estilo mostrado até agora é uma das primeiras genialidades desse diretor. Ninguém sabe os motivos para esse risco, mas Blanco e Almodóvar defendem sua visão com competência, pois é impossível não ser captado pelo carisma de Penélope Cruz e Lena. Atuando em sua língua materna, Cruz é o grande trunfo dos dois filmes. Em “Abraços Partidos”, ela surge mais sexy e bonita do que nunca, e é impressionante a virada que o filme dá com o aparecimento de seu personagem. Se o longa demora a engrenar, a primeira cena de Lena já recupera esse fôlego. Sempre vestida com roupas vermelhas, a moça é primeiramente seduzida pelo dinheiro e a dedicação de Ernesto Martel, para depois não resistir ao charme de Mateo Blanco. Nos dois relacionamentos, ela se entrega inteiramente, mas é só ao lado do diretor que ela se sente completamente à vontade. E nesse quesito, o roteiro de Almodóvar não decepciona. Sem maniqueísmos, o enredo convence na mudança de rumo de Lena, apesar de se utilizar de eventos questionáveis. Algumas sequências pontuais acabam sendo problemáticas. A queda de Lena de uma escada devido a um empurrão de Martel, o acidente de Diego e um choro inexplicável de Judit Garcia são as cenas mais expoentes desses erros. A queda da protagonista foge do estilo de Almodóvar e mais parece uma sequência de novela mexicana. O coma de Diego nunca justifica a que veio, a não ser para deixar claro que o problema visual de Mateo Blanco não o impede de se movimentar pela cidade. Já as lamentações de Judit abusam do melodrama. No entanto, é o desfecho de “Abraços Partidos” que deve deixar os fãs do cineasta espanhol certos de que esse não é o seu melhor filme. Mesmo com uma cena impagável que relembra Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, a conclusão é extremamente previsível e não faz jus a originalidade de Pedro Almodóvar. Em suma, faltam surpresas. Se há falhas no quesito drama, na comédia o filme é recompensador. E a maior parte das risadas são frutos de participações especiais de atrizes que costumavam trabalhar com o diretor europeu, entre elas Kiti Manver, Chus Lampreave e Rossi de Palma. Outro personagem com uma função cômica é Ray-X ou Ernesto Junior, o filho gay de Ernesto Martel que busca vingança contra o pai. Por mais que o papel seja prejudicado pelo roteiro ao não lhe dar um final e um desenvolvimento apropriado, a atuação de Rubén Ochandiano compensa tudo, com os seus trejeitos femininos e personalidade psicopata. Contando com a tradicional trilha de Alberto Iglesias e a linda fotografia de Rodrigo Prieto, Pedro Almodóvar faz uma boa, mas não perfeita homenagem ao cinema. Entre referências a sua carreira e a filmes e figuras clássicas desse mundo, “Abraços Partidos” deixa claro que o cinema autoral é um bem mais do que necessário. São poucos os que conseguem passar sua visão de mundo particular para as telas e menos ainda aqueles que conseguem resistir as tentações do dinheiro e defender seu estilo. Mesmo que esse não seja o melhor Almodóvar, ainda é Almodóvar, e ele merece respeito." (Darlano Didimo)
67*2010 Globo / 2010 Palma de Cannes
Universal Pictures International (UPI) Canal + España El Deseo SA Instituto de Crédito Oficial (ICO) Instituto de la Cinematografía y de las Artes Audiovisuales (ICAA) Lanzarote Reserva de Biosfera Ministerio de Cultura Televisión Española (TVE)
Diretor: Pedro Alomodovar
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Date 14/03/2013 Poster - ## - DirectorIrvin S. Yeaworth Jr.Russell S. Doughten Jr.StarsSteve McQueenAneta CorsautEarl RoweAn alien lifeform consumes everything in its path as it grows and grows.[Mov 03 IMDB 6,3/10 {Video/@@@@}
A BOLHA
(The Blob, 1958)
"Passa um pouco dos limites de ruindade dos filmes B "normais" - é ainda mais mal interpretado e ridículo do que a média do gênero. Mas isso, de certa forma, garante um pouco da diversão." (Alexandre Koball)
''Exibido em nossos cinemas como "A Bolha Assassina". O primeiro papel de protagonista de Steve McQueen foi neste filme B de terror, bem pobre e ingenuamente realizado, mas que foi um cult instantâneo (mesmo sem saber que McQueen iria virar um astro). É uma mistura de Juventude Transviada com Guerra dos Mundos, produzida por uma pequena companhia (que tinha McQueen sob contrato para mais dois filmes, mas tiveram tanta dor de cabeça com o ator que preferiram liberá-lo) e distribuída pela Paramount como complemento de programas duplos. Mas é tudo bem precário, feito para os jovens que freqüentavam drive-ins (cinemas ao ar livre), não muito acima de um filme de Ed Wood, com elenco muito fraco (incluindo McQueen, que ainda tinha muito que aprender e aos 28 anos parecia mais velho e não convence como adolescente) e direção inexistente (o diretor Yeaworth Jr. veio do rádio e dirigiria mais dois filmes de terror antes de se dedicar aos trabalhos religiosos com Billy Graham) em uma história onde boa parte do tempo, o que se vê são os rapazes tentando convencer os pais e policiais de que realmente viram um monstro. Os efeitos especiais também não ajudam muito (a bolha era feita de gel de silicone colorido), apesar da seqüência do cinema sendo invadido pelo monstro ter seus defensores (o filme que está sendo exibido na hora é Dementia, de 1955, dirigido por John Parker). Terrir de primeira para divertir os fãs do gênero. A música dos títulos iniciais é de Burt Bacharach (não-creditado). Foi refeito em 1988 com Kevin Dillon dirigido por Chuck Russell (que se levava a sério e enfatiza os efeitos)." (Rubens Ewald Filho)
Fairview Productions Tonylyn Productions Inc.
Diretor: Irvin S. Yeaworth Jr
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Date 18/03/2013 Poster - #### - DirectorMaurice PialatStarsSandrine BonnaireMaurice PialatChristophe OdentAn erratic young woman's family desperately tries to prevent her increasingly erotic ways.[Mov 10 Favorito IMDB 7,4/10] {Video/@@@@@}
AOS NOSSOS AMORES (unofficial)
(À nos amours, 1983)Sinopse
''Suzanne tem 15 anos e têm relações sexuais com muitos rapazes, mas não consegue amar nenhum deles. Será que tudo o resto não passa de ilusão e aborrecimento? Sua família não consegue entendê-la, enquanto que o pai não gosta de seu comportamento. Quando ele sai de casa, a mãe se torna ainda mais neurótica, e o irmão de Suzanne, Robert, começa a espancá-la como um castigo.''
A forma do mistério.
"Aos nossos Amores é um filme sobre a instabilidade. Não exatamente sobre este assunto, como se esse fosse seu conteúdo, mas principalmente sobre no sentido de estar em cima de: sua base é essa, movediça, onde tudo pode mudar, desaparecer, ou ser tragado a qualquer segundo. Nada aqui parece ser capturável, fixado em alguma categoria, segmento, ou sentido que possa conter o grande fluxo de energia que transcorre em seus pouco mais de noventa minutos. Pialat aceita os mistérios da magnífica Sandrine Bonnaire (numa das mais notáveis performances de estréia da historia do cinema), e aposta na sua força, na sua presença. Somos guiados como por uma bússola, e nosso olhar a segue aonde quer que ela vá. A narrativa se entrega a Suzanne e todas as suas variações e movimentos. É somente a isso que o filme se prende. E a adolescência da protagonista e seus amigos é esta idade – este estado sem lugar – do desajuste, da chegada da sexualidade, onde não somos nem adultos nem crianças, onde o corpo parece começar a ter vida própria e a ebulição dos hormônios toma a dianteira em detrimento da racionalidade. O olhar aqui assume como que uma postura adolescente, tendo a protagonista não somente como principal ponto de tração dentro do quadro, mas como ponto de vista, como forma de ver e de se relacionar com aquilo que vê. Podemos, a qualquer momento, nos apaixonar e, em seguida, abandonar o que estamos vendo. Importa somente o momento da existência dela na tela – como ela está enquanto a vemos - e de todos os personagens que orbitam à sua volta, com o magnetismo que reside em cada piscar de olhos ou suspiro, que nos dá a impressão de estar vivendo tudo aquilo pela primeira vez. Todo plano parece o primeiro take. É somente da acumulação deles que o filme se forma. Essa soma de instantes é acompanhada de uma intensa impressão de subtrações. O filme parece ter sido montado linearmente, contando todo o trajeto daqueles personagens, e em seguida violentado, rasgado, destruído, tomado por algum tipo de fúria ou combustão, da qual só ficamos com as fagulhas que sobraram. Toda noção correta de ritmo, decupagem, progressão dramática e arco de personagens é descartada, preservando somente os momentos onde sentimos que realmente acontece algo, onde há algum tipo de força que não se pode identificar plenamente. Pialat esculpe grandes buracos negros entre um plano e outro: há um lugar obscuro – no extracampo, fora da imagem, fora da linguagem, entre os planos – que parece tragar tudo, e funcionar como um dos agentes da instabilidade do filme. Somos jogados de uma hora para outra numa cena que acontece meses depois, sem o menor sinal disso. Há uma espécie de vórtice que parece sugar os planos e os personagens, e essa situação lhes dá urgência. Esse redemoinho talvez seja o lugar onde o desejo e também a morte (que são o que realmente move estes personagens) podem existir, e ele paira junto a cada plano. As abruptas elipses nos mostram que tudo aquilo esta à beira do abismo, prestes a entrar numa zona de indistinção, no caos, na instabilidade absoluta (o sexo e a violência como imagens maiores deste estado e de sua ameaça). Resta ao cinema observar os momentos que antecedem, e anunciam, esta queda ou ascensão. A observação destes breves episódios é, aqui, quase científica. As cenas de explosão entre Suzanne, sua mãe e seu irmão são um claro exemplo dessa postura: Pialat as coloca em longos planos, distanciados, que se ocupam de somente acompanhar aquela ação. Não há cortes, aproximações, ou mesmo reações bruscas àquilo que vemos. Somos uma testemunha, um olhar que se coloca num espaço e tempo definidos, dentro da cena, ocupando um lugar determinado. Daí a forte sensação de presença. O que é filmado ali são os corpos e, principalmente, a relação que eles estabelecem entre si, num jogo que se estende também a nós espectadores (a cena em que a mãe vê Suzane nua encena esta força bruta do corpo como visão e sua intensidade inerente). É esse triângulo que estabelece o pacto do filme de observação dos corpos e suas interações. O prólogo teatral atesta isso: Suzanne consente em nos dar uma hora e meia de sua presença, nos oferece estar junto a ela, compartilhar este espaço e este tempo perto dela. E é de sua energia que nos alimentamos; é ela que não nos deixa descansar os olhos nem um segundo durante a projeção. A protagonista é a presença absoluta do mistério, da imprevisibilidade, do que não tem explicação ou causa, do que está sempre a diferir de si mesmo, do que não tem fixidez. E, ao mesmo tempo em que se oferece em sua absoluta visibilidade – se desnudando, e ocupando os mais diferentes espaços e situações durante todo o filme – parece que sua presença constante só aumenta o quanto não sabemos dela (de uma forma muito parecida com os superstars de Andy Warhol e os personagens de Pedro Costa, por exemplo). Este equilíbrio raro, entre a exposição absoluta e a opacidade radical, é o que Maurice Pialat exerce aqui com absoluta perfeição." (Juliano Gomes)
"Um retrato mais cru e, de certa forma realista, da adolescência, onde absolutamente não há respostas e as pessoas se machucam. O overacting é interessante e os exageros narrativos caem bem." (Alexandre Koball)
"Se Aos Nossos Amores é apaixonante isto se deve especialmente à presença de cena monumental de Sandrine Bonnaire e à maneira como a personalidade arredia e inconstante da personagem é estendida por Pialat para a narrativa." (Daniel Dalpizzolo)
"Um filme sobre a profundidade das cicatrizes emocionais e dos ressentimentos que podem existir no peito de uma família. A parceria de diretor e atriz é das mais acertadas que já vi." (Heitor Romero)
"(des)controle geral." (Pedro Tavares)
A Matéria Prima.
''Maurice Pialat é geralmente descrito como um cineasta realista - o que não é uma descrição de toda errada, mas que diz muito pouco. Talvez seja melhor apontar que, ao lado de Jean-Marie Straub, Pialat é o mais materialista dos cineastas. O que se vê em seus filmes é o que se obtém. Quando vemos a jovem Sandrine Bonnaire flertando com um marinheiro americano, as imagens do filme revelam apenas o que têm de mais planas: o prazer que esta adolescente tem com o flerte e a segurança com que se relaciona com a própria sexualidade. Pialat está bem longe de ser algum tipo de cineasta descritivo, mas seu trabalho com freqüência é antes de mais nada derrubar a parede que distancia o espectador da ação, colocá-lo no meio do combate. O que temos na maior parte do tempo é uma imagem bruta e tão neutra quanto o cineasta consegue deixa-lá. Muito da dificuldade de um filme como Aos Nossos Amores vem dele deixar boa parte do trabalho para o espectador - que é quem é chamado para se decidir neste panorama de guerra familiar. É preciso saber lidar com as imagens no que elas têm de mais plano e bruto para realmente se apreciar Pialat. As primeiras imagens de ''Aos Nossos Amores'' nos apresentam Sandrine Bonnaire – este foi seu primeiro filme – num ensaio de uma peça amadora. Ela é aqui um tanto desajeitada a ouvir as instruções do irmão (você tem 16 anos, é incapaz de amar), que de certa forma adiantam os eventos posteriores. Pialat põe as cartas na mesa e entrega para o espectador a matéria prima do filme: Bonnaire. ''Aos Nossos Amores'' é um dos casos mais impressionantes de parceria diretor/atriz: todo o filme é construído a partir dos ritmos da atriz, existe a partir dela. Mesmo na famosa cena do jantar, onde sua participação parece discreta, Bonnaire permanece central. Não é uma questão de um quadro composto para valorizar a atriz, pelo contrario, ela nem sempre tem espaço privilegiado na imagem. Trata-se de focar o filme na relação entre a atriz e a câmera, da atriz com os outros atores. Pialat sempre gostou de construir situações em que atores deixassem cair a máscara da interpretação - não surpreende portanto sua atração por atores infantis ou adolescentes, mas no seu trabalho com Bonnaire levou o processo ainda mais longe. Um dos prazeres de Aos Nossos Amores é justamente observar uma atriz descobrindo sua arte. Há um senso de novidade a cada gesto, a cada interação, mesmo nas mais desagradáveis cenas de violência, em que não temos muitas dúvidas de que os atores estão mesmo a trocar tapas. Maurice Pialat começou a carreira como pintor, e é uma pena que seja tão raro encontrar reproduções desta sua obra inicial, já que ela diz muito sobre sua estética particular. Pode-se dizer que Pialat tem, junto com Robert Bresson, o melhor olhar de pintor de todo o cinema. Seus filmes à primeira vista não têm nada em comum, e é bem provável que eles (Bresson, ao menos) não gostassem muito de ser colocados juntos, mas as semelhanças são consideráveis. Quando se pensa na relação cinema/pintura, geralmente vem à mente filmes cujas imagens estáticas fiquem bonitas numa reprodução em livro ou revista (praticamente qualquer filme fotografado por Vittorio Storaro) - não é dessa idéia de aproximação cinema/pintura que falamos aqui. Considerem esta passagem de uma entrevista de Bresson dada à época do lançamento de O Dinheiro: Já fui chamado de janseísta, o que é loucura. Sou o oposto. Estou interessado em impressões. Darei um exemplo de O Dinheiro. Quando estou nos Grands Boulevards, a primeira coisa que penso é: como eles me impressionam? E a resposta é que eles me impressionam como uma massa de pernas e sons de pisadas sobre o pavimento. Eu tentei comunicar esta imagem através de imagem e som... É preciso haver um choque no momento de faze-lo, é preciso haver a sensação de que os humanos e as coisas a ser filmadas são novos, você precisa jogar surpresas no filme. É isto que acontece na cena no Grands Boulevards. Eu podia sentir os passos, me foquei nas pernas do protagonista, e na maneira que eu podia propeli-lo pela multidão até onde ele precisava chegar. Estes são os Grands Boulevards até onde me interessam, todo o movimento.Esta descrição (que poderia tranqüilamente ter vindo de Pialat, apesar de que a solução por ele encontrada certamente seria outra) se parece muito mais com a que se espera de um pintor do que a de um cineasta, mas ela pode ser uma boa porta de entrada para obra de ambos os cineastas em questão. Ela também aponta uma clara distância tanto de uma imagem bela (e elas são bem raras em Pialat) quando do realismo fotográfico com o qual ele é freqüentemente associado. Sua associação com o último será de uma profunda radicalização do processo. A pergunta-chave que guia Aos Nossos Amores é: como representar a experiência desta adolescente? È isto que Pialat fará seguindo-a pelas noitadas com as amigas, pelo mal-estar dentro de casa ou no desconforto com que testa um vestido de noiva. O filme procurará sempre a imagem mais adequada para isso. Podemos sentir na pele as pinceladas de Pialat, a forma como se trabalha por acumulação dentro do plano. É um filme de radicais alterações de tom, indo dos momentos mais alegres aos mais desconfortáveis. Muito se fala da vida promíscua de Suzanne, mas pouco a vemos. Geralmente apenas uma preliminar ou alguma troca de dialogo pós-sexo, na verdade sexo aqui – como em alguns outros filmes que cineasta fez à época como Loulou e Policia – é mais um desejo, uma urgência do que um prazer - e o filme deixa-o quase todo nas suas elipses, se concentrando mais nas suas conseqüências. ''Aos Nossos Amores'' vai mesmo a estratosfera nas cenas entre pais e filhos (o próprio Pialat interpreta o pai e Evelyne Ker faz a mãe). Aqui a forma como o cineasta consegue captar o clima do set é usada ao máximo em favor do filme. É notório que Aos Nossos Amores teve o que talvez seja o set mais caótico da carreira de Pialat, com grandes desentendimentos – possivelmente incentivados – entre o elenco, em especial entre Evelyne Ker e Sandrine Bonnaire. As cenas entre Bonnaire, Ker e Dominique Besnehard (o irmão que assume a condição de figura paterna pela maior parte do filme) são de um peso e concentração raro em todo o cinema. O clima de que o apartamento-ateliê (um grande achado cênico, por sinal) está prestes a explodir e que animosidade toma conta do ar é latente. A guerra familiar tem um peso bem próprio, poucas vezes no cinema a não-comunicação entre pais e filhos foi exibida de forma tão extrema, mas ao mesmo tempo o tom de experiência vivida construído pelo filme garante a ele uma forte credibilidade. A tristeza sempre durará. Todo o filme deságua no momento do retorno do pai (desaparecido por cerca de uma hora), interrompendo o jantar familiar. Trata-se de uma cena de cerca de quinze minutos, onde o restante da família (Suzanne, o marido, mãe, o irmão com noiva e futuro cunhado, além de um amigo) confraterniza. As variações radicais na parte inicial da cena que sugerem uma progressiva agressão entre irmãos prepara a chegada do pai, assim como instaura a cena como o momento que confirma Aos Nossos Amores como o grande estudo sobre ressentimento na obra de Pialat. No filme, as feridas parecem se multiplicar, cada troca entre personagem por trás do seu discurso parece querer de alguma forma a atingir o outro. Um pequeno exemplo se encontra na descrição que Suzanne faz a uma amiga da conversa que teve com o marinheiro americano logo depois de fazerem sexo. Ele:Obrigado, ela :não tem de que, foi de graça. A única explicação para tal troca de diálogos nesse momento é o desejo mútuo de ferir um ao outro e a si próprio, desejo esse que se espalha por todo o filme. Pascal Bonitzer, na sua crítica a Aos Nossos Amores, traça um paralelo bastante útil entre o ressentimento em Pialat e Nietzsche, na maneira como em ambos ele reside sem a necessidade de se buscar uma razão inicial. O clima chega ao ápice justamente instantes antes da chegada do pai. A partir dali tudo se torna nebuloso, muito pela decisão de Pialat de escalar a si próprio na figura do pai. Excelente ator, Pialat antes disso jamais havia colocado a si mesmo em cena. Sua presença na imagem cria uma camada extra de crueldade a seqüência, como se o cineasta tivesse adentrado ao quadro para poder melhor maltratar seus atores, tornando dessa forma o discurso do pai mais ambíguo nas suas implicações. O pai entra como um trator, retomando o espaço que abdicara ao abandonar a família, brigando com a esposa e depois se concentrando em agredir verbalmente o filho – apesar de todas as cenas de ataque físico do filme, esta cena de assalto verbal é de certo a mais violenta – até entrar na sua explicação para as últimas palavras de Van Gogh (a tristeza sempre durará): vocês são os tristes, tudo o que vocês fazem é triste. È nesse momento que Pialat finalmente questiona Bonnaire, que até então parecia marginalizada em cena. É importante observar aqui como a seqüência toda é filmada. O pai esta sentado de um lado da mesa enquanto o resto da família se encontra do outro (com exceção da mãe, que está próxima ao pai mas é excluída pelo quadro fechado). A cena quase toda é filmada em plano e contraplano, com o contraplano dando ênfase em quem o pai esta atacando -com exceção dos planos do irmão, onde a disposição no quadro de Bonnaire a ressalta -, mas isto somente até a filha ser invocada e Pialat pela primeira vez optar por fazer a câmera percorrer a mesa. A seguir a situação é levada ao limite, com a família toda sendo puxada para o mesmo plano, com destaque em particular para dois contraplanos, um do marido de Bonnaire e outro dos demais convidados (nenhum dos quais volta a dividir o quadro com os membros da família). São justamente estes dois planos, somados à posição estranha que Sandrine Bonnaire – a protagonista do filme que aparenta sumir no seu clímax –, que nos dão as chaves para compreender o circulo vicioso de dor e ressentimento imposto até ali. Há em Maurice Pialat algo que podemos definir como a ética do contraplano, a ética da testemunha, daquele que observa (que obviamente inclui o espectador). Daí Sandrine Bonnaire – que é ao mesmo tempo presença física marcante em diversos planos da seqüência, mas a primeira vista desimportante para a ação – ser na verdade sua figura central. É a ela que o pai fala, que seu olhar busca, que sua câmera – lembrando que o pai também é o cineasta – vai privilegiar e por fim buscar. A testemunha será aquela que precisará lidar com os efeitos da situação, nunca um júri do que vê, mas uma figura que precisa aprender a se tornar ativa no final do processo. Uma porta de saída. A última imagem do filme é justamente essa, uma porta de saída, ainda que incerta." (Filipe Furtado)
Top 100#52 Cineplayers (Editores)
Top Década 1980 #39
Les Films du Livradois Gaumont France 3 (FR 3)
Diretor: Maurice Pialat
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Date 16/07/2014 Poster - ########## - DirectorBlake EdwardsStarsDavid NivenRobert WagnerHerbert LomEnsuing after the events of Clouseau's disappearance, his bosses at the Surete put a computer into service to elect a new shrewd detective, Sleigh, who turns up just as inept as Clouseau.[Mov 03 IMDB 4,1/10 {Video/@}
A MALDIÇÃO DA PANTERA COR-DE-ROSA
(Curse of the Pink Panther, 1983)
''Quando o famoso detetive francês Clouseau (Roger Moore) desaparece enquanto procura pelo Diamante "Pantera Cor de Rosa", seus chefes no Surete decidem que é necessário um ótimo detetive para encontrá-lo. Eles então resolvem usar um computador para encontrar essa pessoa, só que quem programa o computador é Dreyfus (Herbert Lom), eterno inimigo de Clouseau, e o computador escolhe o pior detetive de todos. Ele é o nova iorquino Clifton Sleigh (Ted Wass), que se mostra tão atrapalhado quanto o próprio Clouseau. Além dele ter que lidar com as próprias confusões, achar Clouseau, ele também tem que fugir de pessoas que não querem que ele encontre o detetive perdido." (Filmow)
"As poucas qualidades do filme residem em Blake Edwards e no ótimo personagem de Herbert Lom (o inspetor-chefe Larousse), já que o deslocado e pouco engraçado Clifton Sleigh jamais equivale ao impagável Jacques Clouseau do brilhante Peter Sellers." (Rodrigo Torres de Souza)
United Artists Titan Productions Blake Edwards Jewel Productions
Diretor: Blake Edwards
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Date 06/05/2013 Poster - # - DirectorJohn MaddenStarsHelen MirrenSam WorthingtonTom WilkinsonIn 1965, three Mossad Agents cross into East Berlin to apprehend a notorious Nazi war criminal. Thirty years later, the secrets the Agents share come back to haunt them.[Mov 07 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@} M/65
A GRANDE MENTIRA
NO LIMITE DA MENTIRA (unofficial)
(The Debt, 2010)
TAG JOHN MADDEN
(intrigante / intenso)Sinopse
''Em 1965, três agentes novatos da Inteligência Israelense, a Mossad, são enviados para capturar e matar um nazista criminoso de guerra. O criminoso é capturado e o grupo de justiceiros decide fazer a lei com as próprias mãos.''
''Remake da produção israelita Ha-Hov, o filme dirigido por John Madden circula pelos limites de uma simples história de heroísmo e a sombra que ela pode causar na vida das pessoas envolvidas. Escrito por Matthew Vaughn, Jane Goldman e Peter Straughan, “No Limite da Mentira” viaja entre dois períodos de tempo, com um suspense crescente envolvendo a delicada operação da Mossad na Alemanha, dividida após a 2ª Guerra Mundial. "A Grande Mentira" é um thriller de espionagem embalado por uma trama israelo-nazista sobre três agentes secretos da Mossad: Rachel (Helen Mirren), Stefan (Tom Wilkinson) e David (Ciarán Hinds). Aposentados e venerados por décadas pelo serviço prestado ao seu país, eles são atingidos por uma notícia pertubadora envolvendo uma antiga missão. Em 1965, Rachel (Jessica Chastain), Stefan (Marton Csokas) e David (Sam Worthington) receberam a difícil tarefa de rastrear Vogel (Jesper Christensen), um famoso criminoso nazista que vivia na Berlim Oriental. Helen Mirren e Jessica Chastain interpretam o mesmo papel com muita dedicação. Rachel é uma mulher misteriosa, dividida entre dois dilemas: sua família e uma verdade ainda não revelada. O talento de ambas as atrizes é indiscutível, Helen Mirren é dona de uma brilhante carreira cinematográfica e pode facilmente ser considerada a grande competição de Meryl Streep no título de melhor atriz da atualidade. Enquanto, Jessica Chastain pode ser considerada a grande revelação feminina de 2011. Em “No Limite da Mentira”, elas carregam elegantemente uma trama de suspense e entregam performances envolventes. A presença masculina do filme é representada pelos atores Marton Csokas, Tom Wilkinson, Sam Worthington, Ciarán Hinds e Jesper Christensen. O filme é composto por um elenco renomado, que mantêm a sua mente girando através de uma história movida por mistério e decepção. O destaque na categoria masculina vai para o ator dinamarquês Jesper Christensen. Sua performance no papel do inescrupuloso Dr. Vogel, famoso por experimentos absurdos durante a 2ª Guerra Mundial, causou uma virada surpreendente no desfecho desse primoroso thriller pós-guerra. O cineasta britânico John Madden (Shakespeare Apaixonado) provou ser a escolha ideal para dirigir esse conceituado remake de Ha-Hov, filme lançado em 2007. A maior parte do filme é ambientada dentro de um pequeno apartamento em Berlim, refletindo a sensação de claustrofobia e angústia dos personagens principais. Também é possível perceber a dedicação do diretor em relacionar “A Grande Mentira” com os suspenses de Roman Polanski, onde o apartamento é sempre o cenário principal da trama. “A Garande Mentira” é um suspense instigante com cenas de ação que relembra o melhor do estilo da trilogia A Identidade Bourne, uma ótima alternativa para quem realmente é fã do gênero." (Película Criativa)Soundtrack Rock
The Zombies
Miramax Marv Films Pioneer Pictures
Diretor: John Madden
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Check-Ins 638 37 metacritic
Date 20/07/2014 Poster - ##### - DirectorJohn FrankenheimerRichard StanleyStarsDavid ThewlisMarlon BrandoVal KilmerAfter being rescued and brought to an island, a man discovers that its inhabitants are experimental animals being turned into strange-looking humans, all of it the work of a visionary doctor.[Mov 03 IMDB 4,2/10 {Video/@}
A ILHA DO DR. MOREAU
(The Island of Dr. Moreau, 1996)
''Famoso por sua caótica produção, quando o roteirista Richard Stanley foi despedido da direção, foi substituído pelo veterano Frankenheimer (1930-2002) que cansado de brigar deixou Brando à vontade para fazer o que quisesse. E também Val Kilmer, ambos figuras excêntricas e difíceis que acabaram arruinando a história que era inspirada em H. G. Wells e filmada antes em 1933 com Charles Laughton (e ainda depois em 1959, 1973 e 1977 com Burt Lancaster). Houve vários outros problemas (Kilmer ia fazer o papel do náufrago, mas mudou porque estava em crise devido ao divórcio; Stanley, o ex-diretor se disfarçou de monstro para acompanhar escondido as filmagens; Brando não decorava seu texto e tinha ponto repetindo as falas automaticamente enquanto se recuperava do suicídio da filha). Tudo isso tornou o filme um desastre de crítica e bilheteria, e com a tendência de se tornar cult por causa de seu lado trash. Brando ganhou o Framboesa de Pior Coadjuvante, e o filme foi ainda indicado para Pior Diretor, Filme, Roteiro, Coadjuvante (Kilmer) e Dupla (Brando e o anão). Locações na Austrália." (Rubens Ewald Filho)
New Line Cinema
Diretor: John Frankenheimer
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Sountrack Rock = Einsturzende Neubauten
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Date 30/05/2013 Poster - # - DirectorPaul CoxStarsJulia BlakeCharles 'Bud' TingwellKristine Van PellicomAfter more than forty years apart, Andreas and Claire embark on an affair as reckless and intense as when they were young lovers. Widowed musician Andreas decides to get back in touch with his one great love, Claire, who is still married to her first husband, John. Andreas and Claire find that the connection they shared when they were young is still there and they soon become involved in a rekindled love affair. However, this time around, there are more complications, including the possibilities of ill health and death, as well as the impact their relationship might have on John.[Mov 06 IMDB 6,9/10 {Video} M/73
AMOR ETERNO AMOR
(Innocence, 2000)
''Andreas Borg (Charles Tingwell) um professor de música, vive sua rotina, quando descobre que seu primeiro amor, Claire (Julia Blake), está vivendo na mesma cidade que ele. Muitos anos depois de terem vivido uma imensa paixão na Bélgica do pós-guerra, eles se reencontram. Imediatamente pecebem que o amor nunca deixou de existir. Mas agora, Claire está casada com John (Terry Norris), o que pode impedi - la de reviver plenamente sua paixão por Andreas... Momentos mágicos como esse não acontecem por acaso, e Claire terá de decidir por atender seu coração ou sua consciência.'' (Filmow)
{A vida que é assassina. Morremos porque estamos vivos} (ESKS)
Strand/New Oz Productions Showtime Australia South Australian Film Corporation, The Illumination Films CinéTé Premium Movie Partnership Film Victoria Australian Film Commission, The International Film Festival Ghent Het Fonds in Vladderen
Diretor: Paul Cox
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Date 28/05/2013 Poster - ###### - DirectorBob LoganStarsLeslie NielsenLinda BlairNed BeattyParody of The Exorcist (1973), with Linda Blair once again possessed by Satan, and Leslie Nielsen as the exorcist.[Mov 03 IMDB 4,4/10 {Video/@@@}
A REPOSSUÍDA
(Repossessed, 1990)
''Nancy Aglet (Linda Blair), um esposa suburbana é possuída pelo demo e cria mil confusões no lar, antes que o padre aposentado Jebedaiah Mayii (Leslie Nielsen) resolva sair de seu claustro para exorcizá-la." (Filmow)
Carolco Pictures
Diretor: Bob Logan
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Date 29/05/2013 Poster - # - DirectorKenny OrtegaStarsBette MidlerSarah Jessica ParkerKathy NajimyA teenage boy named Max and his little sister move to Salem, where he struggles to fit in before awakening a trio of diabolical witches that were executed in the 17th century.[Mov 03 IMDB 6,2/10 {Video/@}
ABRACADABRA
(Hocus Pocus, 1993)
Winnie (Bette Midler), Sarah (Sarah Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy) são três bruxas do século XVII, que chegam ao século XX após seus espíritos serem evocados no Dia das Bruxas. Banidas há 300 anos devido à prática de feitiçaria, elas estão dispostas a tudo para garantir sua juventude e imortalidade. Porém precisarão enfrentar três crianças e um gato falante, que podem atrapalhar seus planos.'' (Filmow)
Walt Disney Pictures
Diretor: Kenny Ortega
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Date 30/05/2013 Poster - ## - DirectorMichael HanekeStarsJean-Louis TrintignantEmmanuelle RivaIsabelle HuppertGeorges and Anne are an octogenarian couple. They are cultivated, retired music teachers. Their daughter, also a musician, lives in Britain with her family. One day, Anne has a stroke, and the couple's bond of love is severely tested.[Mov 10 Fav IMDB 7,9/10 (Video/@@@@@} M/94
AMOR
(Amour, 2012)
''Desprezo. Covardia. Intolerância. Fobia. Sadomasoquismo. Do cineasta austríaco Michael Haneke, podia-se esperar um filme sobre qualquer uma dessas manifestações de mal-estar da civilização. Mas, como se sabe, seu novo trabalho chama-se "Amor". E, de fato, este é um filme de amor e um filme de Michael Haneke. Parece evidente, está no título e nos créditos. Mas não é. É um filme de amor porque trata do mais nobre e decantado dos sentimentos sem cinismo ou artificialidade. É um filme de Haneke porque fala de amor sem edulcoração ou sentimentalismo. E porque, ao contrário do que alguns críticos estrangeiros sugeriram, não representa um desvio de rota em relação a sua obra pregressa. Em trabalhos como Violência Gratuita (1997), Caché (2005) ou A Fita Branca (2009), Haneke notabilizou-se por dissecar alguns dos aspectos mais negativos da condição humana quando submetida a condições extremas. Em "Amor", o cineasta faz o mesmo, apenas inverte o polo, falando de pessoas que reagem dignamente à adversidade. No caso, Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), professores de música aposentados e octogenários. O casal vive uma rotina pacata e afetuosa em seu apartamento em Paris até o dia em que Anne tem um problema de saúde e entra em um acelerado processo de decadência física e mental, levando Georges a dedicar-se integralmente à saúde da companheira. Em um dado momento, Georges e Anne chegam a um impasse: ela quer morrer, ele quer que ela viva - e Haneke, então, questiona-nos se entregar-se ao desejo do outro, e sufocar o próprio, nessa situação-limite pode significar a prova de amor definitiva. Poucas vezes o cinema de ficção fez um retrato tão duro e tão seco da velhice -aqui, não cabem eufemismos como melhor idade. E, justamente por pintá-la com tintas tão realistas, cada ato dos personagens -um passo ou uma colherada- se torna mais excruciante e comovente. O trabalho de Riva, a estrela de Hiroshima, Mon Amour (1959), foi muito -e merecidamente- elogiado, por sua transformação física para enfrentar o holocausto caseiro de Anne. Mas o de Trintignant, de O Conformista (1970), não é menos notável, com sua materialização da devastação psicológica de Georges. Com "Amor", Haneke prova que às vezes é preciso muito pouco - um apartamento e dois excelentes atores- para fazer um grande filme e chegar ao ápice de uma carreira. Se seus trabalhos anteriores obedeciam a uma lógica perversa (quanto pior para a humanidade, melhor para o meu cinema), este conseguiu escapar dessa sina, aumentar seu grupo de admiradores (com quatro indicações ao Oscar) e deixar mais evidentes suas virtudes como cineasta. O amor caiu bem a Haneke." (Ricardo Calil)
A falta de amor e o excesso de mão pesada.
"Há não muito tempo, Michael Haneke, desde sempre um símbolo discutível de um cinema histérico (no conteúdo ou na forma, quando não em ambos) com o qual retrata certas mazelas da contemporaneidade e mal estar europeu, surpreendeu meio mundo cinéfilo que não enxergava seu estilo com bons olhos, ao realizar o superestimado (mas possivelmente seu melhor filme) Caché (idem, 2005). Onde o seu estilo era mais controlado, e a observação humana, menos escandalosa, fazendo com que o acolhimento generalizado a ele parecesse facilmente justificável, quem sabe como uma bem-vinda guinada na carreira do austríaco. O que se viu, entretanto, foi um passo do cineasta rumo a uma depuração artística no formato de seu cinema, deixando a violência explicita e não raro gratuita de trabalhos anteriores por dramas mais pretensamente acabados, em que esta mesma violência se interioriza nos personagens, podendo então ser aceita por platéias mais amplas com inclinação para gostar desse seu cinema, mas que não teriam estômago pros exageros antigos dele, ou paciência para cacoetes de estilo como imagem sendo transmitidas por vídeo, excessos de pontas pretas (cortes secos para três ou quatro segundos de tela escura), além de certa fragmentação visual ou narrativa. A depuração que se deu em sua obra consolidou de vez seu prestígio, com os dois títulos mais recentes, A Fita Branca (Das weiße Band, 2009) e Amor (Amour, 2012), obtendo com ambos os prêmios máximos em Cannes. Mesmo assim é preciso ter estômago para este seu último filme. Haneke como sempre trabalha de forma a atacar o espectador. O que se torna mais evidente em momentos como em que o marido, Georges (Jean-Louis Trintignant), bate na esposa, Anne (Emmanuelle Riva), estendida numa cama em que agoniza depois de sofrer um derrame. Ou quando ele tenta sufocar a mulher com o travesseiro. Ou a sequência grotesca do sonho envolvendo o casal. Poderia ser apenas um personagem maltratando o outro (por amor, como parece dizer o cínico Haneke já desde o titulo do seu filme), mas o caso aqui não é o de maldade extrema da parte dos personagens (como para definir suas psicologias), mas sim do próprio diretor, que visivelmente lança mão de momentos como esses para impressionar o espectador de maneira grosseira e afetada, atingindo diretamente ao público, o que não ocorre somente em ocasiões específicas como as mencionadas mais acima: o filme como um todo lida com essa tentativa de incomodar em cima de uma imagem arquetípica de um simpático casal de velhinhos que se encontra vítima de uma fatalidade. Os olhares, as expressões, os gestos dos dois atores veteranos (sobretudo os gemidos da esposa moribunda se retorcendo em sofrimento) são carregados demais (talvez não cheguem ao overacting, mas estão a um passo) e calculados em excesso, bem como a compaixão e o terror provocados pelas situações de Amour. Como já eram fortemente calculadas não só as intrigas, mas também as imagens soturnas da fotografia em preto e branco de A Fita Branca. Desse modo, os efeitos de tensão em um filme e outro não brotam naturalmente, só vão de encontro aos anseios mais baixos e primários do espectador, mesmo os mais inteligentes, que compram e aceitam a proposta de cinema de Haneke. Seus filmes existem inseridos dentro de uma má consciência desse seu espectador para com o mundo, que tem essa relação despertada (ou enfatizada) pelo trabalho oportuno do diretor, geralmente se aproximando (ou abraçando de vez, como em alguns casos) de um cinema de tese no que isso tem de mais pretensioso, e no qual é fundamental vender um discurso ou uma idéia acima de tudo (no caso de Haneke, a de o quanto há de cruel e de podre no mundo). Com certeza, existiriam outras maneiras de tratar certas questões com maior dignidade. Basta comparar com um cineasta como Clint Eastwood, que lida também com o tema da eutanásia na parte final de Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004), não aliviando a barra, resultando também numa tragédia dolorosa, mas sem ofender ou beirar qualquer espécie de sensacionalismo. Já o que Haneke faz é se repetir como torturador de personagens e espectadores, buscando traçar o quadro desesperador de um casal em seu fim, mas em seus piores momentos caindo em um teatrinho filmado com cenários requintados dentro do apartamento onde ele transcorre, e situações dramáticas concebidas por vezes de modo obsceno. A personagem da filha interpretada por Isabelle Huppert termina como um peixe fora d'água, na certa com a atriz requisitada tão somente para acrescentar um prestígio a mais ao filme como um todo, não bastasse o par de veteranos que praticamente representam uma espécie de museu do cinema europeu. Com Amour, Haneke quer ganhar quando tenta um estilo mais sutil que vem sendo elogiado pelos defensores do filme e também quer ganhar quando se trata de não evitar a habitual mão pesada em sua obra, que surpreendentemente costuma ser tolerada e aceita pelos admiradores do diretor austríaco. E por que a facilidade toda com que os fãs aceitam essa inegável mão pesada com que Haneke se entrega em seus trabalhos? Na certa pelo legado que um grande diretor como Ingmar Bergman deixou como herança cinematográfica com os seus filmes, e do qual Haneke é um dos mais conhecidos seguidores, o que ajuda, além de seu indiscutível talento técnico, com que o austríaco se imponha com mais respeito e legitimação perante parte do público e crítica. Bergman deixou uma obra bastante rica tratando de situações pesadas ou melodramáticas, ou que mostram que o ser humano é cruel, mesquinho, que existe um submundo de intenções, etc., mas que deve ter influenciado negativamente mais filmes que quaisquer outros bons diretores, e isto por vezes dilui o que há de notável na carreira de Bergman. E explica porque, sejamos justos, ele já não representa mais um nome de tanto peso ou referência para uma parcela significativa da cinefilia de hoje em dia quanto havia sido em décadas anteriores. Muito devido a cineastas influenciados por suas obras, mas que se aproveitaram mesmo de alguns dos aspectos mais negativos e pesados da filmografia do sueco, as suas piores tendências à misantropia, ao sofrimento e discussões por vezes pueris, sem irem muito além desses exteriores. Se o crítico francês Jean Douchet, num artigo célebre do começo dos anos sessenta, reclamava dos filhos de Alain Resnais, é porque não imaginava o que seriam os seguidores do diretor sueco. Parafraseando o próprio Douchet, os filhos de Resnais seriam anjos de beleza em comparação com os filhotes de Bergman." (Vlademir Lazo)
O cinema dos anos 60 como peça de museu.
''Amor'' (Amour, 2012) é o típico filme europeu dos nossos tempos: a paranóia dos habitantes do Velho Continente com a decadência de sua cultura, em especial a alta cultura, o sistema de saúde lotado e ineficiente, a arrogância dos mais jovens, a distância dos filhos, imigrantes por todo lado fazendo trabalhos braçais. A deterioração do casal retratado não é apenas física: é social e cultural também. Tudo desmorona. Michael Haneke usou a mesma estrutura dos seus trabalhos anteriores para contar essa dura crônica sobre a atualidade europeia. Há um inimigo latente, como em Código Desconhecido (Code Inconu, 2000), que aprisiona todos na casa, como nas duas versões de Violência Gratuita (Funny Games, 1997 & 2007), mas agora esse inimigo não é externo: ele é interno, uma doença degenerativa que ataca por dentro. O ataque é insiodioso e sem explicação como em Caché (idem, 2005). Encarceradas, suas personagens vão agir no seu limite, muitas vezes esquecendo-se da ética. Haverá também violência (não há cena mais brutal no filme do que o marido batendo na esposa) e, não muito diferente dos demais Haneke, haverá também assassinato e morte. A diferença aqui é que Haneke, desde a versão americana de Funny Games, resolveu jogar para a galera e fazer filmes mais, digamos, populares. Tentou o nazismo, assunto fetiche nos filmes cults do circuito, no trabalho anterior, A Fita Branca (Das weiße Band, 2009). Em Amour, utilizou todo seu requinte intelectual, seu bom gosto, dois atores magníficos e até um pianista real (Alexandre Tharaud, vestido de existencialista sartriano) nessa sombria história de um casal idoso às voltas com o derrame da mulher. Filmou tudo com o mesmo rigor dos anteriores, a mesma camera parada um tanto distante, com planos-sequência, mas com muito mais apelo melodramático. Reduziu a complexidade das personagens (a filha, Isabelle Huppert, é uma bruaca; o marido, praticamente um mártir) e fez talvez seu filme mais acessível, menos conceitual, com diálogos literários de uma beleza a toda prova (soam falsos de tão impecáveis, mas não importa). É Haneke jogando com o mercado de cinema de hoje em dia. Talvez pelo fato de ter em cena dois ícones do cinema dos anos 60, Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, a inesquecível diva de Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima, Mon Amour, 1959), à primeira vista Amour parece um filme dos anos 60. Entretanto, à medida que o filme avança no seu ritmo cerrado (mais rápido entretanto para um Haneke), o que se vê na tela, o que se escuta, parece uma montagem de ópera: lembrança de um passado longínquo, glorioso, mas definitivamente enterrado. Não há como não gostar de Amour: tudo é tão elegante, tudo tão fino, tão soberbamente encenado, de forma que não há outra opção diante do filme senão venerá-lo. Se Haneke quis fazer algo para as plateias da Era das Celebridades, que vêem filmes para ficar suspirando por eles depois, ele certamente conseguiu seu intuito. Não que Amour seja um mau bom filme. Traz a discussão da decadência física causada pela velhice ainda não de todo discutida – ainda mais no cinema. A ciência fez o homem viver como nunca, mas há um preço por isso, os problemas que a idade avançada traz, e nossa sociedade ainda não está preparada para enfrentar derrames, infartos, Alzheimer e Parkinson, entre outros. Amour discute isso bem, pois Emmanuelle Riva é muito convincente na sua atuação – ainda mais se temos em mente a canastrice de Anthony Hopkins em Lendas da Paixão (Legends of the Fall, 1994), com resultados infinitamente inferiores. As cenas com Riva são permeadas com o famoso masoquismo de Haneke. A mais sintomática talvez seja a do casal que faz os trabalhos domésticos. Gente simples, são os únicos que demonstram algum tipo de compaixão pela situação dos dois idosos, mas o sentimento não é bem-vindo, soa desnecessário, descabido. Não há redenção nos filmes de Haneke, nem mesmo alguns momentos de alívio. Tudo isso, claro, embalado pelos Improptus de Schubert e pela Bagatelle, de Beethoven, enquanto a mulher passa aspirador de pó do lado do piano. Um luxo. Enfim, um bom filme de atores, discutindo um tema espinhoso, que a sociedade ainda não tem respostas prontas – como nos anos 60, aliás. O problema é que Haneke fica de longe, vendo tudo, lava as mãos. Não se engaja, não tem propostas. Sua força criativa é mais no intuito de fazer algo bonito. Talentoso e por vezes brilhante, o diretor austríaco conseguiu seu intento de fazer um filme classudo e impactante, uma espécie de James Ivory austríaco. Talvez ele esteja correto na sua proposta: enterrar de vez o cinema dos anos 60, uma vez que cultura hoje tem uma nova acepção e não é no cinema (como não é mais na literatura) que os grandes temas da atualidade estão sendo discutidos. Ao mumificar o grande cinema dos anos 60, ele o aprisiona no tempo. Podemos partir para outras coisas e até mesmo esquecer essa maneira de se fazer cinema. Pelo menos no quesito memória, se Emmanuelle Riva esteve mais bem servida no filme de Alain Resnais, teve um bom momento em Amour para a falta dela." (Demetrius Caesar)
''Há coisas de que eu não gosto em "Amor", o filme de Michael Haneke. São poucas, embora fundamentais, como o final. Mas há várias coisas de que gosto. O começo, por exemplo, quando o casal de velhinhos volta do teatro de ônibus. É algo que nos ensina, numa só imagem, como a cultura europeia não se conforma em mimar a classe média, como aqui. Gosto também, imensamente, dos atores: Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant estão (e são) sensacionais. Mas os gestos amorosos e o cuidado de um pelo outro me parecem distantes do habitual no cinema de Haneke, pois evocam o melhor do humano, e não, como é de seu costume, o pior. Enfim, um filme muito talentoso (é inegável o talento do cineasta austríaco de formação, embora alemão por nascimento) e agradável." (* Inácio Araujo *)
"Amor" é um filme enigmático. Ali estão dois idosos, Trintignant e Emmanuelle Riva (ou Georges e Anne) que vivem um para o outro, cuidam-se. É quase impossível deixar de indagar: desde quando as coisas são assim? Trata-se, é evidente, de dois solitários, mas por que seria assim? Os amigos já morreram ou nunca tiveram amigos? Existe algo de bem francês nesse casal: a autossuficiência, as ligações familiares sumárias etc. É certo que, por uma vez, Michael Haneke trabalha mais com as afinidades, com aquilo que aproxima as pessoas do que com o que as distancia. Mesmo assim, ele nos deixa curiosos sobre quem foram. Sabemos apenas quem são: pessoas que se aproximam do fim. Existe algo de mórbido em Haneke.'' (** Inácio Araujo **)
O fim segundo Michael Haneke.
"Poucos diretores contemporâneos são capazes de despertar tanta reflexão com tão pouco como o austríaco Michael Haneke (Violência Gratuita, A Fita Branca). Em seu novo filme, ''Amor'' (Amour, 2012), o cineasta - cujas duas últimas obras obtiveram o prêmio máximo em Cannes - realiza uma aterradora, dura e emotiva contemplação do fim, que dá ao espectador todo o tempo do mundo para apreciá-lo. O drama se passa quase que inteiramente dentro de um espaçoso apartamento, cuja mobília e decoração denotam uma vida inteira de bom gosto. Há arte por todos os lados, móveis de madeira pesada e uma preocupação especial com a qualidade da música, a grande paixão do casal idoso que ali vive. O aparelho de som moderno - mas ainda um CD player, físico - destoa sutilmente das cadeiras antigas e das mantinhas que aquecem os velhos em seu companheirismo de décadas. O cenário, porém, aos poucos se transforma - mas apenas em contexto. Sem qualquer mudança além do equipamento hospitalar e dos rostos novos que surgem como apoio à esposa que definha, uma invasão à história gravada ali, o que era uma casa de pessoas cultas de outra época torna-se lentamente um mausoléu. A arte nas paredes vai ficando mais opressiva, os móveis, mais pesados e a habilidade de desfrutar da arte, adquirida com esforço e dedicação e acumulada como um conforto futuro, esvazia-se. Schubert vira Sur le Pont, d'Avignon, cantiga maternal de crianças francófonas. E no imponente hall de entrada, uma pomba teima em entrar (na cena mais silenciosa e agoniante do filme), como fazem essas aves em monumentos vazios. Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, os protagonistas, fazem um trabalho assombroso como Georges e Anne, músicos aposentados que seguem desfrutando a cultura erudita enquanto soam verdadeiramente apaixonados, com uma intimidade adquirida ao longo de uma vida. Até que um dia, sem qualquer aviso, ela sofre um derrame - e começa a lenta descida até o inevitável fim, em que, aos poucos, tudo desaparece, o bom-gosto, a dignidade, a identidade. Só o amor não evanesce - e Georges segue ao pé da cama, cuidando da esposa com devoção pragmática, aferreado a uma promessa. Haneke é brilhante em suas escolhas, da abertura - que estabelece o que devemos esperar do filme - às cenas cotidianas de tratamento e os pequenos momentos de absurda tensão, que nesse cenário doloroso ganham proporções épicas, como o confronto com a enfermeira ou as discussões com a filha (Isabelle Huppert). A direção de atores é impecável, bem como suas escolhas estéticas e o roteiro incisivo. Como o protagonista, conhecemos o final, sabemos o que esperar da história, mas quando o golpe chega, ele é certeiro e esmagador." (Erico Borgo)
"Quando duas pessoas convivem por muito tempo, principalmente se formam um casal, tornam-se quase instrumentos uníssonos e inseparáveis. Extinguir um leva ao fim da música. A imaginação da morte parece distante e irreal diante do cotidiano tão bem conhecido. Aqui entra a sutileza de Amor: mostrar o drama não verbalizado de dois idosos diante da doença e possível separação. Não que o desespero não venha. Mas Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant) são franceses sóbrios e intelectuais, quase ignoram o peso da idade. Cúmplices também de profissão, os pianistas tentam manter a independência, conservando o apoio e a companhia um do outro. Para dar vida a este casal, Michael Haneke (A Fita Branca) escolheu a dedo seus atores: Emmanuele (Hiroshima, Meu Amor) interpreta uma Anne elegante no começo do longa. A transformação dos gestos, expressões e movimentos no decorrer da história destaca uma atuação impecável. Trintignant forma o par perfeito e só retornou às telas a pedido do diretor. Enquanto isso, Isabelle Huppert entra como filha dos dois, parecendo manter a aura doentia de seu personagem em A Professora de Piano. Poucos são os fatos desconhecidos em Amor. A trilogia doença, desespero e morte está presente desde o início. Há um segredo a se desvendar quando Anne é encontrada em trajes de luto e com flores ao redor da cabeça. Mas o fim já está ali. Talvez isso seja o pior. Haneke cria um estado de tensão desumano. Vemos a degradação de uma mulher junto a seu marido, que não sabe mais o certo diante da repetitiva dor vinda dos lábios da esposa. Suas atitudes tornam-se questionáveis ao lidar com a enfermidade do ente querido. De maneira sutil e quase rara hoje em dia – sem explicações idiotizando o espectador -, o longa expõe a doença de Anne, a independência exagerada da filha e dos netos distantes, a vergonha dos protagonistas diante da decadência. Duas horas de filme passam de forma rápida e angustiante, apesar de não haver muitas novidades. O clima tenso é ressaltado pelo vazio da casa escura, pela pomba que insiste em habitá-la, pelos tons esverdeados e degradês de cinza das roupas e fotografia. A câmera paralisada em um personagem, enquanto outro desenvolve a ação - recurso utilizado com frequência por Haneke - enfatiza a impotência em relação ao destino do outro. A elegância de Anne é despedaçada ao longo de ''Amor'', assim como o conceito de certo e errado, moral e imoral. Na decadência física, as palavras de fluência tão simples tornam-se uma complicada articulação. A miséria humana se mostra um peso insustentável até para o mais racional dos seres. O longa de Haneke não traz um tema novo às telas, mas lança um olhar cuidadoso ao cotidiano de um enfermo e seu ambiente, ao tempo, e à fragilidade dos laços diante do inevitável. Talvez não seja o melhor filme de sua carreira mas, certamente, é indispensável." (Cristina Tavelin)
"Logo no começo de “Amor”, novo e já premiado filme de Michael Haneke (dos ótimos A Fita Branca, Cache e A Professora de Piano), acompanhamos os protagonistas assistindo a um concerto. A câmera não mostra o músico, foca apenas na grande plateia que admira a performance até os aplausos finais. Não que tenha sido intencional, mas essa cena fala bastante sobre o ato de assistir a este longa. Enquanto conta a história de “Amor”, Haneke insere seu público naquele espectro trágico e depressivo de seus personagens, como se fosse uma ópera, para apenas acordá-los ao final da projeção. A trama é focada em Anne (Emmanuelle Riva, soberba) e Georges (Jean-Louis Trintignant, magnífico), um casal que já soma décadas de amor. Após um breakdown, Anne precisa passar por uma cirurgia que deixa sequelas. Ela está paralisada do lado direito do corpo e cabe ao marido cuidar de sua recuperação. Entretanto, o estado de saúde de Anne só se agrava e Georges precisar lidar com o desgaste da vida de ambos. O roteiro, assinado pelo próprio Haneke, é sutil. Por tomar completamente a atenção do espectador, ele capta também a paciência em acompanhar detalhadamente o desmonte de Anne: da paralisia à incapacidade de se comunicar. Pelos olhos de Georges, vemos não uma obrigação em cuidar dela, mas o que falta em várias relações de hoje: fidelidade. O juramento na saúde e na doença se faz válido aqui, ainda que percebamos o desmonte também de Georges, mas de uma forma intimista. O roteiro valoriza a bondade e a paixão dele para com a esposa, mas pincela delicadamente o transtorno que ele vive, seja por meio do pesadelo no meio da noite ou das cenas silenciosas, ao acender um cigarro ou ao contemplar o horizonte. Haneke confia no potencial dramático de seus atores, que rende cenas belíssimas, ainda que depressivas. O cuidado com o script é visível e quem já passou por algo semelhante reconhecerá a verossimilhança dos conflitos do longa. “Amor” não é melodramático, já que insiste em mostrar, todo tempo, que é um filme sobre amor, não sobre doença. Até mesmo quando chega ao clímax e precisa ser cruel com seus personagens, o longa ainda fala de amor, por mais estranho que possa parecer. Tanto que a sequência final homenageia Anne e Georges, aliviando sim a tragédia, mas sendo pura poesia. A relação catastrófica incomoda em alguns momentos, seja pela não aceitação de Anne de sua condição, seja pela forma com que Georges lida com alguns conflitos, forçando um pouco o negativismo do longa. Não existe também grande beleza estética da narrativa, talvez por opção pensada de Haneke em não transformar o longa em algo visualmente impecável. A força está no roteiro e nas atuações. A trilha sonora delicada pontua as sequências essenciais para a imersão do espectador, principalmente porque revisita o passado dos protagonistas como professores de música. “Amor” também conta com a sempre bela Isabelle Huppert, que teve um ano incrível ao lado de diretores de grande porte, como o próprio Haneke e Sang-soo Hong, em In Another Country. A montagem suaviza a longa duração, que poderia ter menos tempo, mas que tem um elenco tão magnético que é impossível perder o interesse. Ao final da sessão, ficam claras a paixão da crítica internacional pelo filme e a certeza de que deverá sair com um Oscar nas mãos." (Diego Benevides)
"Ahn... é, deixa pra lá.'' (Daniel Dalpizzolo)
"Surpreendente ver Haneke contar uma história tão sensível e bonita sem se desprender do seu habitual estilo seco e realista." (Rodrigo Cunha)
"Haneke transforma o que poderia ser um dramalhão sobre a morte inexorável em um filme com suas surpresas. A melhor cena (comovente) é quando o marido SABE que, a partir de um singelo momento comum (a primeira crise), é ladeira abaixo até a morte." (Alexandre Koball)
"Apesar das minhas reservas ao terceiro ato (comportamental e não estética), não dá pra não saudar o rigor da encenação (cada vez mais próxima a Bergman), a qualidade dos protagonistas, e a sinceridade na abordagem de um tema tão delicado. Belo filme." (Regis Trigo)
"A abordagem seca transmite bem as dificuldades não apenas da terceira idade, mas principalmente de um relacionamento no fim da vida. Porém, o resultado é frio, distante e até repetitivo - mesmo que intencionalmente. Para ser apreciado, e não sentido." (Silvio Pilau)
"Haneke segue seu cinema de extremos para mostrar a ponta final da vida de forma dura, seca e calma. O amor, sempre com suas difíceis concessões, parece ser o único sentimento capaz de oferecer salvação. Riva e Trintignant, gigantes, causam angústia e dor." (Emilio Franco Jr)
"A surpresa com o título do novo Haneke se justifica ao acompanharmos sua agoniante concepção do amor. Riva magnífica, mas é Trintignant quem me emociona, em suas fragilizadas expressões emocional, facial e, principalmente, física. Comovente." (Rodrigo Torres de Souza)
"Transparente e sincero a cada segundo do filme, o amor na visão de Haneke faz de um dos seus filmes mais claustrofóbicos e introspectivos sua obra mais estranhamente humana." (Bernardo D I Brum)
"Invariavelmente, tudo fenece. Os sentimentos morrem conosco. A finitude é o fardo deste corpo." (Patrick Correa)
85*2013 Oscar / 70*2013 Globo / 2012 Palma de Cannes / 2013 César
Les Films du Losange X-Filme Creative Pool Wega Film France 3 Cinéma ARD Degeto Film Bayerischer Rundfunk (BR) Westdeutscher Rundfunk (WDR)
Diretor: Michael Haneke
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Date 01/06/2013 Poster - ######### - DirectorRoy Ward BakerStarsRichard WidmarkMarilyn MonroeAnne BancroftAfter being dumped by his girlfriend, an airline pilot pursues a babysitter in his hotel and gradually realizes she's dangerous.[Mov 08 IMDB 6,7/10 {Video/@@@@} M/67
ALMAS DESESPERADAS
(Don't Bother to Knock, 1952)
''Marilyn Monroe. Só a menção desse nome já traz à mente a imagem do ícone mais glamouroso de Hollywood. Uma diva legítima, Marilyn era uma mulher extremamente sensual com curvas voluptuosas e um sorriso maroto, beleza essa que causou enorme furor na época em que viveu, por trás da garota envolvida em inúmeras polemicas estava uma grande atriz incompreendida. Em ''Almas Desesperadas'' (Don’t Bother To Knock), seu primeiro papel dramático, Marilyn está assustadora e provocante como uma bela, mas conturbada garota que fará qualquer coisa para impedir que uma criança chorona interrompa seu romance. Almas Desesperadas é um drama com toques de comédia, dirigido por Roy Ward Baker (seu trabalho mais famoso e conhecido) o filme é uma clara realização com o objetivo de tentar provar o talento de Marilyn Monroe como protagonista, um suspense psicológico no qual teve a chance de mostrar para a crítica que, mais do que um símbolo sexual, tinha capacidade para atuar como atriz dramática, mesmo que tenha recebido críticas das mais distintas após este filme. A história da babá psicótica Nell, uma mulher totalmente influenciada por um trauma não superado: a perda do homem que amou imensamente. Como Jed (Richard widmark), o homem do quarto a frente, partilha da mesma profissão de seu antigo namorado, Nell acredita de forma doentia que o piloto é amor de sua vida, exatamente o mesmo homem que morreu ao cair com o avião no mar a caminho do Havaí. O piloto, ao se envolver rapidamente com Nell, desenvolve uma considerável sensibilidade, e a favorecida é Lyn (Anne Bancroft ), que passa a enxergar com admiração um novo homem totalmente desconhecido, desvencilhado do antigo Jed quase rudimentar que estava envolvida. Richard Widmark, Anne Bancroft e Elisha Cook Jr. estão ótimos em seus papéis. As atuações repletas de intensidade de Widmark e Monroe estão em perfeita sincronia, fundamental para o espectador se manter interessado na trama. Uma considerável adaptação que resultou em um filme curto e objetivo, são apenas 76 minutos, então só nos resta aproveitar a tensão crescente, mesmo que o filme falhe bruscamente em ser tão apressado, não desenvolvendo muito bem a história e não criando um clima suficientemente convincente para impressionar com as revelações de loucura da interessante personagem de Marilyn, uma mulher enlouquecida pela guerra, assim tendo que se sustentar em diversos momentos chaves como da menina na janela seguido por um grito de desespero de uma senhora preocupada. Mas ainda sim um clássico que merece ser visto, subestimado no passado hoje é mais um filme que se mostra como um vinho, quanto mais envelhecido melhor. Estréia de Marilyn Monroe como protagonista é um thriller noir instigante e elegante, agradável de assistir, onde todas as situações passam dentro de um grande hotel. Só é uma pena que após este filme a Fox nunca soube aproveitar a atriz de forma decente. Ao final, ''Almas Desesperada'' se mostra um filme simples e sutil, mas com enorme relevância na carreira de seus atores, quando Marilyn já terminara de deambular loucamente pelo saguão, a última fala fica por conta de Richard Widmark: Ela não queria machucar a criança. Ela não queria machucar ninguém." (Iago Gomes)
''Nenhum dos filmes estrelados por Marilyn Monroe possui uma cotação negativa no Rotten Tomatoes, site que reúne as opiniões dos principais críticos norte-americanos (e de alguns estrangeiros), oferecendo uma média para cada título. Aquele com a cotação mais baixa (64%) é O Rio das Almas Perdidas (1954), enquanto que três deles dividem a aprovação máxima (100%): A Malvada (1950), em que ela finalmente se fez notar, Os Desajustados (1961), seu último trabalho, e esse Almas Desesperadas, uma obra que se destaca por vários motivos: foi o a estreia da atriz como protagonista, é um dos seus únicos longas em que interpreta uma vilã (e não a mocinha sexy, imagem que a eternizou), e também por ser o primeiro filme de Anne Bancroft, que somaria cinco indicações ao Oscar em toda a sua carreira, tendo ganho por O Milagre de Anne Sullivan (1962), além de ter ficado eternizada como a icônica Mrs. Robinson, de A Primeira Noite de um Homem (1967). Mas o foco aqui é Marilyn, e é no mínimo curioso conferi-la no papel da desempregada que ganha uma chance como babá de uma menina enquanto os pais dessa se divertem no salão de bailes do hotel em que estão hospedados. O filme é bastante curto – são menos de 80 minutos de duração – mas a trama se desenrola de modo tão objetivo e preciso que é praticamente impossível não se envolver com as atitudes dessa moça desequilibrada e inconstante. Quem a chama para o serviço é o tio, que trabalha no mesmo local como ascensorista. Ele estará constantemente ao seu redor, cuidando para mantê-la no caminho certo. Mas sua vigilância não será suficiente para impedi-la de conhecer Jed (Richard Widmark, que alguns anos antes havia sido indicado ao Oscar como Coadjuvante por O Beijo da Morte, 1947), um piloto em plena crise amorosa. Ele acabou de receber um fora da namorada (Bancroft), que trabalha ali como cantora. Sozinho em seu quarto, se anima ao ver a jovem bem vestida na janela do quarto ao lado. O que ele não desconfia é que aquela garota não é nem de longe quem ele imagina. Após colocar a menina que deveria cuidar para dormir, Nell (Monroe) se sente tranquila para remexer nas coisas do casal que a confiou a própria filha. Quando é vista pelo vizinho galanteador, está vestindo as roupas e as joias da senhora, e não as suas. Ali começa um jogo de mentiras e ilusões que irá por fim a qualquer resto de sanidade que ainda possuía. Um trauma do passado, envolvendo o noivo falecido em plena guerra, a pressão dos familiares e a falta de perspectivas futuras irão desenvolver em sua mente um cenário bastante distante da realidade, e quando aquele homem se der por si, o que vislumbrava ser apenas uma aventura de uma noite resultará numa luta pela sanidade – e pela vida daqueles ali próximos, principalmente a dos mais ingênuos e frágeis. Afinal, a bela e sedutora aranha que o atraiu até sua rede irá fazer de tudo que estiver ao seu alcance para manter aquela fantasia desenvolvida apenas na sua imaginação. ''Almas Desesperadas'' é um título muito forte e exagerado para uma história absolutamente teatral, filmada inteiramente em estúdio e dentro dos padrões mais tradicionais da época. De forma alguma pode figurar entre os clássicos da diva, mas se posiciona com destaque entre os seus trabalhos mais curiosos e interessantes. Aqui percebemos pela primeira vez que Marilyn ansiava ser mais do que a embalagem que vendia. Havia conteúdo naquela intérprete, um anseio por se arriscar e muita vontade de fazer coisas diferentes e ousadas. Nem sempre o tiro era certeiro, mas, principalmente sob a ótica do que se passou depois, verificamos aqui que cada esforço era válido e se justificava como parte da construção deste mito imortal." (Robledo Milani)
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Roy Ward Baker
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Date 03/06/2013 Poster - ########## - DirectorEduardo RodriguezStarsWill PayneJaime MurraySean Power"Fright Night 2" - In Romania, Charley and his friends discover that their alluring art professor is a real-life vampire, hell-bent on completing an ancient ritual with Amy's blood.[Mov 01 IMDB 4,3/10] {Video/@@}
A HORA DO ESPANTO 2
(Fright Night 2, 2013)
TAG EDUARDO RODRIGUEZ
{esquecível}Sinopse
''O jovem estudante Charlie se inscreve em um programa de estudo na Romênia, com seu amigo obcecado por terror, Evil Ed, e a ex-namorada Amy, e descobre que sua jovem e atraente professora Gerri é uma vampira. Mas ninguém acredita nele. Na verdade, Evil Ed acha divertido e isso só alimenta sua obsessão por vampiros.''
"Preocupação excessiva com o estilo e mínima com a construção. Vampiros, por si só, já possuem recursos dramáticos limitados, e ao emburrecê-los, tornam-se meros objetos visuais antiquados e vazios." (Alexandre Koball)
Gaeta / Rosenzweig Films
Diretor: Eduardo Rodriguez
4.121 users / 1.664 faceSoundtrack Rock
Space Needle / Gram Rabbit
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Date 12/08/2014 Poster - # - DirectorKrzysztof KieslowskiStarsFranciszek PieczkaMariusz DmochowskiJerzy StuhrWhen a political decision is made as to the location of a new large chemical factory, Stefan Bednarz is put in charge of it. This honest communist party man has to confront the local community opposing the construction.[Mov 10 Fav IMDB 6,8/10] {Video}
A CICATRIZ
(Blizna, 1976)
*****
"Não é difícil imaginar porque "A Cicatriz", um dos primeiros filmes do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, foi censurado na Polônia. Ao enterrar a câmera na verdade básica de uma sociedade corrompida, em que os avanços sociais são pautados pelos mais diversos interesses, Kieslowski realizou o tipo de crítica corrosiva que não interessa a nenhum governante, de esquerda ou direita. Kieslowski morreu em 1996, sem ver ''A Cicatriz'' nos cinemas de seu país. E agora os fãs do poeta de O Decálogo e da trilogia das cores (Bleu, Blanc e Rouge) podem ver este filme aqui no Brasil. A história focaliza os conflitos gerados pela construção de um grande complexo petroquímico, em 1970. Depois de muitas discussões e negociações desonestas, o complexo deve ser construído em uma pequena cidade. Escolhido para tocar a obra, o dirigente Bednarz (Franciszek Pieczka) fica indeciso. Já viveu na cidade, onde sua esposa foi ativista política, e não tem boas recordações. Por ser honesto e bem intencionado, aceita a tarefa por acreditar que pode dirigir o projeto sem compromissos e gerar um lugar onde as pessoas possam trabalhar e viver felizes. Sua ingenuidade cai por terra com as reações adversas da população, que não concorda com suas decisões e só enxerga as necessidades diárias, sem uma visão de futuro. Desiludido, Berdnaz acaba se demitindo, com a sensação de dever não cumprido e um conflito que o corrói: será possível criar avanços sociais sem ceder às pressões dos vários interesses envolvidos, e sem trair a própria consciência? É a indagação que Kieslowski coloca diante do espectador e de si mesmo." (Cássia Borsero)
{A verdade não o levara muito longe. Você sempre perde com a verdade. A verdade que virá a tona nem sempre é a verdade} (ESKS)
''O primeiro longa de um diretor é muito interessante para análise, pois através deste conseguimos identificar padrões estéticos e narrativos que podem ajudar na tentativa de estabelecer um retrato concreto sobre sua filmografia. No caso de Krzysztof Kieslowski, Blizna ''A Cicatriz'' é um poderoso longa sobre a política polonesa no conturbado período do regime de Władysław Gomułka. Krzysztof desde cedo mostrou interesse em analisar de forma crítica o regime comunista instalado em seu país, e viu no cinema a forma perfeita para expressar seu descontentamento com a burocracia que atrasava o país. Ele não era um anti-comunista, tampouco defendia ferrenhamente os Estados Unidos: ao contrário, ele apostava que com muito diálogo seria possível trazer de volta a Polônia dias de glória e tranquilidade. E é justamente no diálogo que Blizna está centrado. Stefan Bednarz (Franciszek Pieczka) é chamado para coordenar a construção de uma fábrica de produtos químicos na pacata cidade de Bednarz. Ao chegar na região, ele se depara com uma realidade totalmente diferente da que ele esperava: os moradores deixam claro que não querem, de jeito nenhum, perder suas casas e a mata virgem do local para dar espaço a um empreendimento deste nível. Do outro lado, membros do Partido Comunista polonês discutem internamente como aliviar a situação e acalmar os ânimos da população. Podemos dividir o filme em duas partes: enquanto a primeira está voltada no debate entre políticos e população, a segunda está centrada no protagonista. É interessante acompanhar como a honestidade de Stefan o perturba. Ele poderia facilmente mandar a polícia prender os manifestantes ou fechar os olhos perante a situação, mas no fundo ele nutre certa simpatia pela causa defendida pelos moradores. Eles não querem alterar a rotina daquela cidade. Krzysztof Kieslowski aposta em um filme por vezes muito sombrio e com pouca música. Seu roteiro é aliado a uma boa fotografia, que aposta nas salas fechadas para retratar a burocracia e os jogos internos dos políticos, enquanto várias tomadas na rua e nas florestas mostram o descontentamento do povo. Infelizmente o filme tem um final muito aberto e agradável. Isto é bastante negativo, especialmente se levarmos em conta que toda narrativa trabalhada em torno dos direitos do cidadão e da discussão é deixada de lado. Ao invés de lutar pelo que acredita, Stefan parece estar e acordo com a mesma burocracia que tanto o incomodava e continua sua vida. O longa encerra com o plano de fundo dos protestos que assolaram o país e 1970 e a certeza de que poderia ter explorado mais o campo político e menos o drama do protagonista na hora final." (Waldemar Dalenogare)
Film Polski P.P. Film Polski
Diretor: Krzysztof Kieslowski
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Date 23/06/2014 Poster - ######## - DirectorAlice WinocourStarsVincent LindonStéphan WojtowiczSokoA look at the relationship between pioneering 19th century French neurologist Dr. Jean-Martin Charcot and his star teenage patient, a kitchen maid who is left partially paralyzed after a seizure.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/@@@} M/74
AUGUSTINE
(Augustine, 2012)
TAG ALICE WINOCOUR
{interessante}Sinopse
''Paris, inverno de 1885. No Hospital Pitié-Salpêtrière, o Professor Charcot está estudando uma doença misteriosa: a histeria. Augustine, 19 anos, torna-se sua cobaia favorita, a estrela de suas demonstrações de hipnose. O objeto de seus estudos em breve se torna o objeto de seu desejo...''
"Sombrio e enigmático, "Augustine" é baseado em fatos reais, e aborda o estudo feito pelo médico Jean-Martin Charcot em 1885 sobre a histeria, que mais tarde seria estudada pelo também médico Sigmund Freud através da psicanálise. A jovem Augustine (Soko), de 19 anos, trabalha como empregada em uma casa de alta classe até que um dia, durante um jantar de gala, tem um ataque de histeria enquanto serve à mesa. Internada em um hospital psiquiátrico, a jovem passa a chamar a atenção do médico Charcot por causa da sua doença. O professor e médico, interpretado pelo excelente ator da nova geração francesa Vincent Lindon, está estudando a enfermidade, e utiliza Augustine como cobaia levando-a em palestras na universidade onde leciona para explicar os sintomas. Seu método utilizado é a hipnose, que também viria a ser usada por Freud posteriormente. A histeria foi muito confundida até os anos 1700 como sendo uma espécie de possessão demoníaca, por causa do medo que as pessoas tinham do sobrenatural, e pelo puro desconhecimento das ciências. Isso levou muitas mulheres à fogueira no passado, acusadas de feitiçaria. Um ponto interessante do filme é a utilização de imagens de pacientes reais entre algumas cenas, falando sobre o que sentem, ou simplesmente sobre coisas triviais. Foi uma tentativa de mostrar que a doença existe de fato, não é apenas ficção. Em seu primeiro longa metragem, é evidente que Alice Winocour ainda tem muito o que aprender. O ponto fraco para mim, e algo que é inteiramente particular, é o uso da fotografia obscura. Isso sempre me incomodou, inclusive nos filmes do Clint Eastwood, que é famoso por usar essa técnica. Além disso, o envolvimento entre a paciente e o médico fica meio a par do restante da história, e não convence. Sobre o elenco, Vincent Lindon novamente dá uma aula de atuação, assim como fez em Algumas Horas de Primavera, também desse ano. Soko, que interpreta Augustine, também se sai muito bem no papel, principalmente nos momentos em que a personagem entra em crise. Por fim, o tema abordado em Augustine é bem interessante, te prende até o fim, mas parece que deixa algo solto pelo ar. Entretanto é uma experiência válida, e isso é o que de fato importa." (Rafael Menegon)
''França. Tempo: final do século XIX. Eis a jovem empregada doméstica, Augustine (Soko), têm um intenso ataque – que consiste em ir ao chão se debatendo – enquanto serve em um jantar na casa de seus patrões. Em seguida, acompanhamos ela ser levada pela prima a uma hospital local para ser avaliada. Sem muitas explicações, o médico do plantão afirma que a moça precisa ficar internada para alguns exames mais específicos. Um pouco mais a frente descobrimos que a instituição onde Augustine se tornou paciente não é um simples hospital, mas uma especie de sanatório de responsabilidade do professor Jean-Martin Charcot (Vincent Lindon). A enxuta abertura de ''Augustine" citada nesse primeiro parágrafo remonta um passado distante sobre Charcot, pioneiro nos estudos neurológicos, e sua paciente mais famosa, Augustine. Na clínica dirigida por Charcot apenas são aceitas pacientes femininas com suspeita de histeria, doença vista como controversa e então ainda não reconhecida oficialmente pela ciência. Entre a narrativa principal que acompanha o caso de "Augustine", a estreante diretora Alice Winocour (também autora do roteiro) pontua a trama com alguns depoimentos de outras internas. Podem meio que engessar a narrativa de Augustine, mas tais declarações se fazem interessantes para quebrar a condição ficcional – trazendo certo ar documental – e lembrando ao espectador que está diante de uma história verídica, além de levantar algumas suspeitas sobre a conduta profissional de Charcot. Visto com reticências por seus colegas, o sisudo professor procura se tornar referência no assunto e encontra na assustada ''Augustine'' a “cobaia” ideal para seus estudos. No entanto, qual o limite da relação médico x paciente? Sem fazer muito esforço, se pode remeter ''Augustine'' à Um Método Perigoso (2011), de David Cronenberg. No filme de Cronenberg, uma paciente feminina – também avaliada como histérica – divide as atenções de dois psicanalistas renomados: Sigmund Freud e Carl Jung. Entretanto, indo à contramão do que se poderia imaginar, Um Método Perigoso aposta bastante no viés sexual da história, o que rendeu certas polêmicas. Enquanto aqui, o trabalho de Alice Winocour parece ser muito mais rígido e fiel em relação ao recorte histórico. O clima é austero, evidenciado pela fotografia de tons acinzentados – sugerindo tristeza, melancolia – e uma trilha sonora que sempre deixa no ar a sugestão de que algo não vai acabar muito bem. E o relacionamento entre Augustine e Charcot nunca ganha contornos mais evidentes, apesar de muito ser externado através de olhares e gestos. Nesse sentido, não seria errado afirmar que o trabalho de Winocour detêm certa força imagética. Apesar da dupla de protagonistas transmitirem uma especie de intensidade reprimida, abstraindo sentimentos, onde creio residir o grande mérito de Augustine, o filme possui algumas fragilidades evidentes. Uma delas, a qual considero crucial, é a histeria patológica de Augustine. A doença nunca parece realmente palpável, faltou mais aprofundamento nesse ponto. Então também não seria errado concluir que se nos momentos mais íntimos Soko entrega uma atuação razoavelmente convincente, o mesmo não pode ser dito quando está tendo os ataques. Tudo parece exageradamente anti-natural e forçado. Enquanto nas sessões públicas que Charcot usa para se auto-promover estimulando a histeria de Augustine através da hipnose, o ator Vincent Lindon demonstra estar imerso em seu personagem. A convincente interpretação de Lindon acaba por diminuir mais ainda esses momentos de Soko. Outro problema é a sub-utilização da personagem de Chiara Mastroianni, esposa de Charcot. Enfim, Augustine não é dessas obras que tocam, principalmente por não conseguir trazer o espectador para dentro do filme, que observa tudo de uma forma deveras distanciada. No entanto, promove discussão e levanta questões pertinentes não somente sobre a história, mas como sua realizadora resolveu concebe-lá. Acredito que ainda escutarei falar mais vezes no nome de Alice Winocour." (Celso Silva)
''Em 2013 já tivemos o maravilhoso Vocês Ainda Não Viram Nada, do mestre Alain Resnais. Eis um filme que dificilmente perde o título de melhor do ano. Outro grande cineasta, Jacques Rivette, estará representado, já na próxima semana, com uma mostra quase completa de seus filmes em São Paulo. O cinema francês, em suma, está em alta por aqui. Nesse cenário, "Augustine", da diretora Alice Winocour, que há pouco tempo seria saudado como um alento num mar de filmes insossos, tende a passar despercebido com sua modesta estatura. Estamos no século 19. Uma garota de 19 anos tem crises de convulsões inexplicáveis. Mais do que isso, ela tem metade do corpo paralisado. O diagnóstico aponta para mais um caso de histeria, algo na época associado exclusivamente às mulheres. É mais ou menos como hoje, quando sintomas não identificáveis são atribuídos ao estresse, o mal dos males. O ator Vincent Lindon é Jean-Martin Charcot (1825-1893), o famoso neurologista que se encarrega de estudar o caso dessa garota com o auxílio da hipnose. Aos poucos, começa a sentir atração sexual por ela. A pergunta que podemos fazer é: essa garota está fingindo as crises? Se está, é o tempo todo ou só de vez em quando? Ou só uma única vez? Estaria o célebre Charcot sendo enganado? Uma das melhores coisas do filme é o trabalho de Soko. A atriz que interpreta Augustine carrega consigo um alto nível de ambiguidade. Ela parece fingir o tempo todo e, ao mesmo tempo, como finge bem. Sua força carnal abala o médico, balança suas estruturas científicas. É disso que trata o filme. De um lado, o estudo, a contenção, a observação e a razão. De outro, a violência, o impulso, a natureza humana que ameaça a estabilidade e as regras da sociedade. A diretora, estreante em longas, filma num tom sóbrio, usando o claro-escuro como retrato de pessoas em negociação com suas sombras. Por vezes o tom é sóbrio demais, torna-se acadêmico. O que predomina, contudo, é a ambiguidade. Ainda bem." (Sergio Alpendre)
2012 Palma de Cannes / 2013 César
Dharamsala France 3 Cinéma ARP Sélection Centre National du Cinéma et de L'image Animée (CNC) Darius Films Région Ile-de-France Fondation GAN pour le Cinéma Canal+ Ciné+ France Télévision Centre National de la Cinématographie (CNC) Région Aquitaine Région Centre Procirep Angoa-Agicoa Cofimage 23 Media Programme of the European Community
Diretor: Alice Winocour
940 users / 472 face
Check-Ins 647 14 Metacritic
Date 13/08/2014 Poster - #### - DirectorFrançois OzonStarsRomola GaraiSam NeillLucy RussellThe rise and fall of a young eccentric British writer, in the early 20th century.[Mov 08 IMDB 5,9/10 {Video/@@@}
ANGEL
(Angel, 2007)
"O primeiro espanto chega cedo, ainda nos créditos: "Angel" é a adaptação de um romance de Elizabeth Taylor. Não a atriz, mas uma escritora inglesa. Durante todo o filme, no entanto, é da atriz que nos lembraremos, pois é ao cinema dos anos 40/50, às produções da Metro e ao technicolor que somos remetidos. Tudo, em particular a música e a direção de arte, carregam esse esforço explícito de fazer à maneira de.A opção maneirista faz sentido, já que se trata, num primeiro nível, de relatar a vida de Angel Deverell, jovem pobre da Inglaterra que vira da noite para o dia um fenômeno literário tipo Paulo Coelho nos anos que antecedem a Primeira Guerra. Angel é um caráter forte: diz o que pensa, vai atrás do que quer, nunca recua. O sucesso precoce premiará sua imaginação fértil e romântica, mas em que a intuição supera o trabalho intelectual. Suas qualidades a levarão a possuir Paradise, a propriedade que ambicionara na infância, e a casar com Ermé, o homem que deseja. Já dá para notar a proximidade entre essa história e certas antigas produções hollywoodianas. Daqui por diante, talvez seja o caso de acentuar as diferenças, o que faz de "Angel" um filme, afinal, contemporâneo. Angel Deverell tem o lado autista acentuado. Como percebe Ermé, ela faz sucesso porque se relaciona consigo mesma, não com seus leitores. O tempo mostrará que Angel só vê e aceita o mundo como extensão de seus desejos. Esse jeito Scarlett O'Hara levará Ozon a acentuar o lado melodrama romântico de "Angel" e propiciará uma descrição original da vida inglesa no início do século, em contraste com a reconstituição de época convencional dos filmes de costumes britânicos. O interesse do filme, porém, não vem daí, mas do tipo de vida dupla que leva Angel Deverell. Como a imaginação determina seu sucesso e, em grande medida, seu destino, há aí uma incidência do mundo imaginário sobre o real. O mundo de sonhos que nos prometiam os filmes de Hollywood (por duas horas) é aquele em que Angel viverá em tempo integral. Está certo que, mais tarde, ela poderá perguntar se viveu o real ou o imaginário. De certa forma é o que o filme diz: talvez a vida não seja mais que um sonho. Pode ser que a idéia reproduza mais o conformismo hollywoodiano que as questões com que um Borges duplicava a percepção do mundo, mas é levada com convicção -e rende duas horas de entretenimento." (* Inácio Araujo *)
Na filmografia um tanto excêntrica de François Ozon (Sob a Areia, 8 Mulheres), "Angel" surge como uma obra desconcertante.
Baseado num romance da escritora britânica Elizabeth Taylor, o primeiro filme de Ozon falado em inglês mimetiza, não sem ironia, os melodramas de época hollywoodianos dos anos 30 e 40. O entrecho: no início do século 20, num lugarejo obscuro do norte da Inglaterra, Angel (Romola Garai), filha da merceeira local, escreve compulsivamente histórias românticas. Sonha tornar-se uma escritora rica e famosa para poder entrar num palacete que ela contempla através das grades do portão, a Mansão Paraíso. Seu sonho logo se realiza: ela vai para Londres, seus livros são um sucesso, ela se casa com um pintor aristocrata e boêmio etc. A Primeira Guerra Mundial acabará por esfacelar seu mundo de fantasia. Ozon conta a história exagerando nas cores irreais do technicolor, no artificialismo das sobreposições de imagens (algumas cenas beiram o cômico dos filmes de Ivan Cardoso), na música melosa, nas frases-feitas dos diálogos. Resulta daí um romantismo de segundo grau, influenciado por Douglas Sirk e matizado por Fassbinder, chamando a atenção do público para os mecanismos de construção da fantasia e da emoção. O filme-referência óbvio é E o Vento Levou: Angel está para a Mansão Paraíso como Scarlet O'Hara está para Tara. Ambas têm a obstinação egocêntrica que as torna maiores que a vida.'' (JGC)
''Quem já curtiu alguns ótimos filmes de François Ozon, como Gotas de Água em Pedras Escaldantes, O Amor em 5 Tempos, Swimming Pool - À Beira da Piscina e Sob a Areia, certamente sabe que este relativamente jovem (41 anos) cineasta parisiense já se notabilizou por um estilo dos mais marcantes. São filmes duros, secos, perturbadores e herdeiros de antigos mestres, como Claude Chabrol ou Eric Rohmer. Por isso, no mínimo causa estranheza o estilo adotado por Ozon em seu mais recente trabalho a chegar no Brasil, ''Angel''. Além de ser o primeiro filme do cineasta falado em inglês, é assumida e rasgadamente melodramático, atingindo níveis de sacarose dificilmente vistos no cinema recente. Não tivesse Ozon o currículo que tem, o filme provavelmente seria execrado em seu nascimento e dificilmente chegaria aos nossos cinemas. Porém, como neste caso a assinatura do artista é mais importante que a própria obra, ele acaba sendo alvo de uma segunda leitura. Baseada em romance da inglesa Elizabeth Taylor (não confundir com a famosa atriz homônima), a trama é ambientada no início do século 20 e se centraliza na jovem Angel Deverell. Ela é uma garota ingênua e sonhadora, filha de comerciante, que persegue obstinadamente seu objetivo de tornar uma escritora famosa. Tamanha persistência acaba dando certo: Angel alcança a tão almejada fama, mas logo percebe que isso necessariamente não significa felicidade. Chama a atenção no filme a maneira pela qual Ozon exagera - literalmente - nas cores. Tudo é superlativo, novelesco, com um olho flertando com o fake e o outro com o kitsch: interpretações, vestuários, trilha sonora, direção de arte, cenários majestosos... Tanta exacerbação pode ser vista como crítica, sátira ou até mesmo um estranho senso de humor que o cineasta pretendeu destilar em sua obra. Talvez seja uma homenagem ao estilo melodramático dos anos 50, década que o livro foi publicado. Mas, em última análise, trata-se de uma estética arriscada que provoca sérios ruídos na comunicação com o público atual, seguramente desagradando ao espectador acostumado a leituras mais realistas.'' (Celso Sabadin)
2007 Urso de Ouro
Fidélité Productions Poisson Rouge Pictures SCOPE Invest FOZ Virtual Films Wild Bunch France 2 Cinéma Celluloid Dreams Canal+ TPS Star Soficinéma 2 Soficinéma 3 Scope Pictures
Diretor: François Ozon
3.643 users / 501 face
Check-Ins 196
Date 10/06/2013 Poster - ##### - DirectorRoman PolanskiStarsEmmanuelle SeignerMathieu AmalricAn actress attempts to convince a director how she's perfect for a role in his upcoming production.[Mov 09 IMDB 7,2/10] {Video/@@@@@} M/69
A PELE DE VÊNUS
(La Vénus à la fourrure, 2013)
TAG ROMAN POLANSKI
{grandioso / intenso}Sinopse
''Adaptação para o cinema da peça teatral homônima, que apresenta a história de Thomas, um jovem dramaturgo que se desespera para encontrar uma atriz principal para sua nova peça. Uma jovem atriz chamada Vanda atende o chamado no último momento e logo os dois se envolvem em uma relação de dominação e submissão.''
"Depois de um filme essencialmente dialogado (Carnage), Polanski vai ainda mais fundo e cria, em síntese, uma brincadeira com a linguagem e com a percepção do espectador do que é real e do que é ensaiado. Não tem diálogos tão interessantes, mas é ótimo." (Alexandre Koball)
*****
''Certas atrizes nascem para um papel. É bem o caso da Vanda de "A Pele de Vênus", que entra no teatro pedindo um papel na peça de Von Sacher Masoch que Thomas, diretor superintelectual, começa a montar. Ela chega fora de hora, é insultuosa, desfaz do texto. Mas que importa? Thomas logo vê que ela é a personagem: Vanda o fascina. Thomas a contrata e logo descobre que seu fascínio pela peça é bem mais que teórico. Roman Polanski retoma seu recente hábito de trabalhar numa só locação (o teatro, no caso) e aqui apenas com um par de atores, o que ilumina a situação ao tornar mais claros os papéis de servo e senhora que representam e no qual se multiplicam: há a peça original (de Masoch), a peça representada (de David Ives), o diretor-ator, a atriz e os dois personagens nesse labirinto que é o palco.'' (* Inácio Araujo *)
Uma carta de amor ampla e irrestrita.
''A câmera nervosa irrompe da tempestade para invadir um antigo teatro, rasgando portas, hall, palco, tudo. Assim, de forma bem explícita, Roman Polanski inicia sua narrativa, aguçando a retina para o que está por vir logo em seu frame inicial. Fique claro: Polanski está de volta, grita essa tomada; então, esqueça o cineasta que na última década só tinha (parafraseando Glauber) ou uma câmera na mão ou uma ideia na cabeça. O homem que está de volta com tudo concatenado, tendo uma visão muito clara do que contar. E, vejam só, ele nem quer contar pouca coisa não... Imagine a própria mente de Polanski se abrindo para o novo em fins dos anos 80. Após o fracasso de Piratas chacoalhar sua carreira (a câmera nervosa rasgando a tempestade?), um thriller estrelado por Harrison Ford colocaria de volta um eixo no mestre. O que Busca Frenética tem de especial? Narrativamente, quase nada. Mas a escalação de sua jovem protagonista feminina aponta uma curiosidade: quem é Emanuelle Seigner? Mais de 25 anos depois, Polanski e Seigner ainda estão casados e tudo faz sentido. Qual a melhor forma de homenagear três décadas de casamento e parceria artística que não a forma mais inteira onde podemos vê-los? A ironia é que provavelmente Polanski partiu de algo muito privado e conseguiu escrever uma carta de amor que pode ser lida, assimilada e direcionada a todos que amam arte. A adaptação da peça de David Ives (essa também uma releitura livre e cheia de adendos de um clássico de Leopold von Sacher-Masoch) é o que talvez seja o máximo em qualidade de transposição que Polanski já se permitiu; literatura que vira teatro que vira cinema acaba, quem diria, celebrando todos esses movimentos artísticos, e muito mais. Porque há muito tempo não vemos um Polanski tão multiplamente excitado e excitante, construindo delicada mise-en-scene para dar vida a uma dupla de personagens formidáveis. Num jogo cênico que surpreende pelo realismo ao mesmo tempo que explode tudo em hiper-realismo, com sons, cores, objetos e linguagem maximizando uma proposta tão micro quanto macro, o mestre atira em uns 18 lugares diferentes e acerta todos. Basicamente tudo que vinha patinando nos seus últimos filmes se acerta aqui (principalmente no bastante equivocado Deus da Carnificina), e o que se vê é uma declaração de amor que se refresca ao tornar-se pública. Porque se o alvo principal é o encontro de almas que se forja entre um autor/diretor e uma atriz que, digamos, gera todo o tipo de desconfiança e pânico inicial, Polanski não se furta em somente desnudar a camada mais fina de sua intimidade com Emmanuelle (o que já seria e é fascinante) e escancara o desmedido amor que nutre pela arte na sua totalidade, celebrando-a de forma irrestrita. Na tela, vemos a magnética Vanda tomar cada ponto da tela, do espaço cênico e, num processo mais complexo, da cabeça de Thomas, criatura feroz que chega vulgar e requinta seu processo de captura passo a passo, até não existir qualquer plano de fuga para o criador (nem para o espectador). Se o trabalho de Mathieu Amalric é mais uma vez o lugar comum do talento e do perfeccionismo, Emmanuelle corresponde completamente à declaração de seu marido e submerge na atuação de uma vida, daqueles momentos únicos do cinema onde vemos um novo capítulo do manual de interpretação ser escrito. Num grau de entrega e hipnose comparável ao momento de Naomi Watts em Cidade dos Sonhos, Emmanuelle transforma em realidade tudo o que Polanski, Ives e Sacher-Masoch humildemente tentam em imagens e palavras contar; ao espectador cabe a mesma posição do personagem de Amalric, tentar fugir da teia irresistível de uma interpretação fabulosa para capturar todas as imensas nuances de uma das grandes obras do ano, que paradoxalmente também o é pela exuberância dessa mesma interpretação. Num raríssimo casamento de inúmeras e infindáveis qualidades em separado que congregam em espetacular obra-prima, Polanski rege essa orquestra de delicada afinação como há muito não fazia e consegue como poucos mestres atuais se reinventar e conjugar vários amores em um só. E quando Vanda vira o jogo ao final e Polanski declara mais um amor recôndito (ao feminino e a tudo que o constrói), nós temos certeza que uma vez é pouco para assimilar tamanha riqueza em meros 80 minutos. (Francisco Carbone)
''A nascente desaprova quase sempre o itinerário do rio.
Jean Cocteau. E se a filmagem se constituísse igualmente em uma violação do real? (…) isto significa que a violência cinematográfica não se efetiva apenas no nível da prática da montagem, (…) mas também no nível da filmagem (…). Pascal Bonitzer. Corpo, texto, encarnação; a tríade baziniana conheceu uma insuspeita posteridade nos modernismos cinematográficos: Oliveira, Straub e Syberberg levaram a sério a idéia de que é possível conciliar o teatro e o cinema ao se intensificar o hic et nunc teatral das adaptações. O filme se torna assim um documentário sobre uma representação do texto, e a démarche ontológica baziniana reconcilia-se enfim com o artifício: Méliès e Lumière, ainda e sempre. ''A Pele de Vênus'', de Roman Polanski, trata em pianinho desta mesma trindade, mas em chave superficialmente fantasista – ou, antes: mediúnica? (É preciso aqui retomar o panegírico da superfície, tal como entendida por Deleuze e Kleist: uma extensão horizontal a perder de vista, ou o eixo estratégico onde se amealham as forças para a retomada do combate). O tema secreto ma non troppo do filme é a possessão de um corpo por um texto: a vulgaríssima aspirante a atriz (Emanuelle Seigner), anarquista e arrivista, surpreende o autor e atual partner (Mathieu Amalric) na leitura da peça, ao mostrar-se uma verdadeira máquina de adaptação, fisiológica e fenomenológica, às rubricas implícitas no texto de Sacher Masoch. Inesgotáveis virtualidades de dicção, postura e apetrecho cênico afloram à superfície daquela besta loira, transtornando a nossa primeira visão, embaralhando as cartas. Ao final, o xeque-mate: um texto a anima, mas quem sofrerá as sevícias deste demônio será o Outro. O filme se constitui no registro sinuoso, irônico deste cerimonial de feitiçaria em huis clos, mas tudo se dá na arena dos embates entre os atores; e a atmosfera mágica é sugerida pela incidência da luz sobre o cenário (a cenografia da luz, de que Fellini tirou tantos efeitos barrocamente glutões, readquire sua aquarelada transparência: como estes papéis que se superpõem à superfície e revelam sob a crosta da rarefação o bico-de-pena de tudo o que restou da densidade, no traço do desenho). venus2 São, todos, recursos infra-estruturais, de base: corpos, texto, madeira, papelão. O fascinante em A Pele de Vênus é o fato de ser um filme que versa sobre magia, possessão, encarnação – temas que flertam com a metafísica, que roçam o imponderável, que poderiam estar num filme de horror (supra-natural) – mas o faz da forma mais artesanal possível, reivindicando, não apenas no tema e no cenário, mas em princípio e por princípio, a idéia do teatro como um lugar mediúnico e transfigurador, onde o imaginário é o grande Próspero. We are such stuff as dreams are made on. And our litle life is rounded with a sleep. O último Resnais e Rivette entenderam o teatro como um espaço de jogo, como uma oferta de plus (de fora de campo, em suma) que serviria para ativar as virtualidades de encenação desta fábrica dos sonhos (ênfase no primeiro termo) com que convencional e ideologicamente se identificou o cinema. O teatro não necessita do quociente de realismo que é indispensável ao cinema; nele, o imaginário é criador de ser, imediatamente: uma pedra de papelão é aceita por nós como uma pedra, porque o contrato que o teatro estabelece com o espectador inclui o imaginário, o onírico, supra e infra percepções; afinal, ele se dirige ao olho humano, tecido de simbólico. No cinema, pelo contrário: um fundamento realista é indispensável ao pacto de crença, já que o olho primeiro a capturar o real é o órgão implacavelmente mecânico da câmera, que não perdoa tão facilmente os arabescos e artifícios – os frutos mediados do imaginário… E os autores que encareceram a teatralidade em seus filmes necessitaram chegar até nós através de um outro pacto – cheio de parênteses, de mediações: o contrato que se estende ao espectador culto, pós-pós, aquele que entendeu que arte é também (antes de tudo?) uma questão de linguagem. Mas não se trata disto aqui, porque, em A Pele de Vênus, a câmera não está a serviço do décor – do paradigma do teatro como representação – mas dos corpos dos atores; das personas propriamente. E não estaria assim tanto mais próxima do cinema, ao incidir basicamente sobre a matéria-prima humana essencial do teatro: um corpo e um texto? O realismo já está dado de antemão – ou não? – pois o raio que assombra o cenário do filme já aparece no travelling dianteiro pós-créditos – antes de entrarmos no teatro, portanto, o teatro já nos possuiu também. A coisa começa a complicar… O raio de Minerva inicia e acaba o filme (em uma rima inversamente proporcional: travelling dianteiro; traseiro): sobre o palco e diante da câmera, estamos destinados ao mesmo comensal de deuses, decalques dos mesmos arquétipos. Mas um espetáculo teatral possui senões e cisões que nenhuma outra arte pôde encenar sem prejuízo: o teatro sempre me pareceu uma experiência assustadora justamente por sua essência mediúnica – um ringue de presenças (contando o público). O cinema, por sua vez, me protegia com sua tela-cache (aprendi por instinto Bazin antes de lê-lo). Polanski elimina tudo o mais, e permanece no quadrante que outrora os deuses habitaram (na figura do coro); hoje, só temos uma câmera por testemunho. E o que ela acrescenta, em matéria de numinoso, de élan, de divino? A rigor, nada. Antes, menos: se a câmera é uma presença, é no sentido negativo (desmistificador) de uma quarta parede. Ficamos apenas com a nudez, mais ou menos marota, destes dois corpos, a princípio mascarados em demasia: ela, a estreante histérica que vai se revelar a mestra do jogo, a que detém o poder do coringa; ele, um auteur comprometido com tantos papéis, servil à la lettre do texto e à mulher que o espera, aos horários e às interpretações vigentes. Mas quem nos fascina ao final como sendo a senhora dos disfarces – quantos! – é ela. E ele, sob tantos jogos de cena e de senhor (passivo sempre, é necessário creditar), aparece ao fim como a mais arquetípica das figuras: a virgem sacrificial. Correlata a esta troca improvável de papéis, temos as prestidigitações da luz, que transfigura a planura monocromática do proscênio italiano em uma profundidade de reentrâncias assombradas: todo cenário de teatro secreta uma cave expressionista, um duplo que se esgueira sob a sombra do Mesmo. venus3 Um espetáculo teatral é um ménage a trois: cenário, ator e público. Aqui, falta o terceiro vértice. O Duque de Blanchis foi passear… Mas uma câmera – por mais infra-estrutural (leia-se: realista) que seja a sua tarefa, deve ser incluída no rol do Desejo. Em A Pele de Vênus, é a alcoviteira que nos adverte das inflexões brejeiras da mulher e dos recuos intimidados do homem – a árbitra deste jogo de esconde-esconde essencial às paixões humanas e aos conluios entre o campo e o fora de campo. Quem segura a máscara por mais tempo? Quando Amalric começa a se travestir (e é claro que lembramos nesta hora do fantasma de Simone Choule, que assombra outro travesti na história de Polanski: o próprio, em O Inquilino), revemos o início do filme e vemos que este travesti é a consequência lógica, causal, do princípio; todo aquele que abdica da letra de um texto está condenado (ou salvo?) às libações do espírito, à vertiginosa ronda da interpretação: à casmurrice do erudito, à brejeirice da criança, ao bricolage do amador. O teatro, como a vida, é um jogo perigoso, pois implica uma incondicional abertura aos lances dos Outros – a como vão ler e aplicar as regras. E a nos transformar em peões, não? O destino de Amalric está selado a partir do momento em que admite que o texto seja lido pela atriz – canibalizado por um outro status de ser, de Desejo, de leitura. Sim, aqui como em tudo, Deus (leia-se: o Autor) está morto. E, como aqui, crucificado sobre um cacto fálico. venus5 Se Seigneur vence o jogo e domina o predador (autor e encenador, ator aqui) é porque assenhora-se do conjunto das máscaras, do princípio de sua ronda: atriz, co-autora, iluminadora… Talvez à “política dos autores” seja necessário acrescentar, a esta altura da História e da arte cinematográfica, uma Física dos atores, pois não há injunção política que não se sirva desta arte lambisgóia que se aproveita do corpo como o decisivo instrumento de persuasão sensualmente mágica – e quem negará que precisamos mais dos arautos midiáticos de Eros e Prosérpina que dos legisladores de Júpiter e Minerva, pelo menos nos dias que correm e nos atropelam?" (Luiz Soares Júnior)
''Roman Polanski surpreende mais uma vez. Seu novo filme, Venus in Fur (La Venus a la Fourrure ou Vênus em Casaco de Pele, em tradução livre), foi o último exibido na competição de Cannes, que neste domingo anuncia seus premiados. Depois de filmes em que parecia ter medo de arriscar, como O Escritor Fantasma e Deus da Carnificina, Venus in Fur mostra mais ousadia. É seu primeiro filme rodado em francês, com apenas dois personagens e todo passado dentro de um teatro. Uma atriz, Vanda (Emmanuelle Seigner, mulher de Polanski), chega atrasada a um teatro para a audição de uma peça e encontra o diretor, Thomas (Mathieu Amalric), prestes a ir embora. A peça é Venus in Fur, do austríaco Leopold Sacher-Masoch, a quem devemos o termo masoquismo. Na peça, um homem pede à mulher que ama para que o torne seu escravo e inflija a ele todas as torturas que quiser. Pouco a pouco, Vanda e Thomas começam a viver entre eles as perversões dos personagens. Depois de Repulsa ao Sexo, Polanski bem que podia ter batizado seu último filme de Atração pela Perversão. Com seu jeito rabugento, o diretor fez os jornalistas gargalharem, pedindo a todo momento (em vão) que as perguntas não fossem só para ele. Me deram esse texto há exatamente um ano, aqui em Cannes. Eu tinha esse sonho de fazer um filme só com dois atores. Meu primeiro longa, A Faca na Água, tinha apenas três personagens. Meu maior desafio era não entendiar o espectador", contou. Ao ser perguntado se teve que dominar os atores durante a filmagem, Polanski brincou: Claro que sim. O filme é sobre dominação. Mas na maior parte do tempo eles gostavam. Pelo menos nunca reclamaram. O diretor de O Bebê de Rosemary diz que a sátira dos sexos presente no texto o seduziu para o projeto. "Gosto muito dessa idéia do macho que é despedaçado ao longo da história. Tentar nivelar os sexos como se faz hoje em dia é algo idiota. É uma pena, oferecer flores a uma mulher tornou-se algo indecente. Isso é o resultado do marxismo e do progresso da medicina. A pílula ajudou a masculinizar a figura da mulher". Polanski é cético quando lhe perguntam se hoje em dia ainda se pode encontrar um roteiro tão genial quanto o de Chinatown. Tem sempre algo bom por aí. Mas se vai cruzar o meu caminho, não sei dizer. O diretor se ressente do lado ruim que a fama lhe trouxe. Venho ao Festival de Cannes desde que eu era estudante. Eu me divertia mais quando era um desconhecido, porque as pessoas não me incomodavam para pedir fotos, como alguns de vocês vão fazer assim que terminar esta coletiva. E é humilde ao falar do próprio talento e lembrar a Palma de Ouro que ganhou em 2002 por O Pianista. "Apresentei o filme em Cannes e voltei para Paris. No dia da premiação, meu produtor disse que eu devia voltar para cá. Achei muito estranho, porque já vivi o suficiente para saber que não sei dirigir um filme." (Thiago Stivaletti)
{E o Senor todo poderoso o golpeou e o colocou-o nas mãos de uma mulher} (ESKS)
''Alguns diretores se destacam dos outros por seu estilo próprio, e um ótimo exemplo disso é Roman Polanski, conhecido por seus filmes claustrofóbicos e paranoicos. Depois de clássicos como Repulsa ao Sexo (Repulsion), O Bebê de Rosemary (Rosemary Baby's) e O Inquilino (The Tenant), e do mais recente Deus da Carnificina (Carnage) que se passava todo dentro de um apartamento com apenas quatro personagens, dessa vez ele foi ainda mais longe. ''A Pele de Vênus'' (Venus in Fur) se passa inteiramente dentro de um teatro, e envolve apenas dois atores durante todo o filme. O que poderia ser um verdadeiro fracasso resultou em um filme dignamente sublime, graças a mão firme de Polanski na direção e às atuações fantásticas. Na trama, Thomas (Mathieu Amalric) está fazendo audições para sua peça estreante, A Pele de Vênus, adaptação do clássico de Sacher Masoch. Interessada no papel principal, a atriz Vanda (Emmanuelle Seigner) chega atrasada para o teste, e inicialmente Thomas não aceita ouvi-la, pois já estava indo embora. Porém, usando de todo seu jeito excêntrico e dominador, a bela mulher consegue convencer ele a ouvir sua encenação. Ao iniciarem o teste, Thomas logo percebe que ela está mais preparada do que ele imaginava. A atriz sabe todas as falas de cor, e com desenvoltura, toma para si a personagem como ninguém, palpitando sobre o enredo e as principais cenas. Com o tempo, ambos vão misturando ficção com realidade, iniciando um jogo entre eles. Na peça, um homem pede à mulher que ama para que ela o torne seu escravo, infringindo todas as torturas que quiser. Aliás, é do nome do autor (Masoch) que vem a origem da palavra masoquista. Ao contracenar as cenas do roteiro, ambos passam a viver suas perversões. A personalidade provocante e dominadora de Vanda se sobressai, e aos poucos ela vai comandando a mente de Thomas, levando ele a fazer coisas estranhas. Em um filme de dois personagens, é óbvio que as atuações teriam que ser magistrais. E absolutamente são. Mathieu Amalric (de O Escafandro e a Borboleta, Frango cm Ameixas e Jimmy P.) prova mais uma vez porque é um dos melhores atores franceses dessa geração. Já Seigner (mulher de Polanski na vida real) chama a atenção não só por sua sensualidade, mas sua destreza. O roteiro bem construído rendeu o Prêmio César (o Óscar francês) de melhor diretor para Polanski, além da indicação em outras diversas categorias. Por fim, há de se elogiar o diretor, que mesmo após cinco décadas, ainda não perdeu sua veia original. É sem dúvida um dos filmes mais interessantes do ano." (Rafael Menegon)
2013 Palma de Cannes / 2014 César
Top Polônia #7
R.P. Productions A.S. Films Monolith Films
Diretor: Roman Polanski
9.353 users / 3.747 face
Check-Ins 649 33 Metacritic
Date 16/08/2014 Poster - ####### - DirectorSergei EisensteinDmitriy VasilevStarsNikolay CherkasovNikolai OkhlopkovAndrei AbrikosovThe story of how a great Russian prince led a ragtag army to battle an invading force of Teutonic Knights.[Mov 05 IMDB 7,7/10 {Video/@@}
ALEXANDRE NEVSKY
(Aleksandr Nevskiy, 1938)
"Eisenstein faz uma grande propaganda política para o governo russo ajudado pelo sentimento anti-alemão às vésperas da segunda Guerra Mundial. Mas Alexandre Nevsky está aquém da obra do diretor tanto em conteúdo quanto em estilo." (Emilio Franco Jr)
"Talvez tenha sido mais forte em sua época, por conta de todo o contexto histórico que o envolve. Hoje permanece relevante mais como cinema." (Heitor Romero)
"Logo após a libertação dos mongóis, em meados do século XIII, a Rússia volta a estar ameaçada, desta vez pelos cavaleiros teutónicos. A invasão deixa o país devastado e entregue ao desespero, sendo salvo pelo príncipe Alexandre Nevsky, que reúne todos os homens ao seu alcance sob a sua chefia, transformando-os num exército implacável. Os teutónicos acabariam por ser vencidos num momento único na história do cinema, que retrata a batalha do Lago Peipus (Novgorod), em 1242. "Alexandre Nevsky" destaca-se pelos impressionantes meios de produção (milhares de soldados do Exército Vermelho foram postos às ordens de Eisenstein nas cenas de batalha) e pela música original composta por Sergei Prokofiev. Para além da mestria cinematográfica, o filme evocava a coragem russa numa altura em que a invasão nazi começava a desenhar-se no horizonte, servindo como uma espécie de aviso a Hitler." (Carla B. Ribeiro)
''O filme Alexander Nevsky começa com um quadro da paisagem desolada das estepes onde há algum tempo ocorreu uma batalha em que homens russos foram derrotados pelos mongóis. O branco dos ossos de guerreiros russos se sobressai em relação ao cinza da relva que cobre os campos sobre os quais os guerreiros em suas armaduras jazem. A cor escura dos capacetes, escudos e roupas de guerra ao lado dos corvos que vêm visitar os guerreiros são o contraste destacado naquela paisagem, dando uma idéia de que dali algo vai ressurgir da morte. E o algo não serão os próprios mortos, claro, mas aquilo pelo qual eles morreram. É como se os metais da guerra reluzissem o brilho rubro do sangue a ser ainda derramado em nome da soberania de um povo e o olhar do corvo vislumbrasse o futuro em que o guerreiro acabará com o jugo que sofrem os russos. Baseado em eventos históricos relativamente bem conhecidos do povo russo, o filme de Eisenstein que comento aqui é um épico que conta a trajetória do líder russo Alexander Nevsky à frente do exército dos principados de Novgorod, Pereslavl, Pskov na guerra contra os cavaleiros teutônicos. O ano é 1242, momento no qual boa parte das terras que mais tarde farão parte do império russo estão ocupadas por estrangeiros. Do lado mais oriental, vêm os mongóis que têm governado várias pequenas cidades; do lado ocidental, os cavaleiros teutônicos germânicos lutam para garantir seu espaço de dominação. Com os primeiros, Alexander estabelece uma espécie de pacto subentendido de apaziguação, depois de recusar o pedido do líder dos mongóis para fazer parte da horda tártara. O pacto pretende-se temporário, pois como diz o protagonista os mongóis podem esperar. Nós enfrentaremos inimigos mais poderosos. Os inimigos mais poderosos, ou seja, os cavaleiros teutônicos, já haviam penetrado em solo russo e começaram a dominação por Pskov. Nessa cidade os cavalheiros cometem as maiores atrocidades, subjugando toda a população, jogando crianças em fogueiras, enforcando o líder da cidade. Notícias a respeito dessa ocupação chegam a cidade de Novgorod, onde vivem muitos dos personagens que serão importantes para o desenrolar da trama. Gravila, Vassili e Olga são alguns desses personagens que se encontram em assembléia nas ruas da cidade a decidir pela retaliação e por aquele que será o líder na batalha pela soberania do povo russo – Alexander Nevsky. Depois de o povo decidir pelo comandante na guerra contra os Teutônicos, Gravila acompanhado por alguns guerreiros de Novgorod vai procurar Alexander em Pereslavl para pedir-lhe que comande o exército. Assim como não foi sem impasse coletivo que os guerreiros decidiram por formar um exército sob a liderança de Alexander, não foi também sem impasse subjetivo que Alexander resolve liderar os povos russos na batalha contra os cavalheiros alemães. O exército de Alexander é composto sobretudo por camponeses de vários principados, mas Novgorod é a cidade com maior influência. É lá que se decide pela guerra e quem a conduzirá. Também é de lá que sai o exército a enfrentar os cruzados. Dois guerreiros que lá viviam se destacam: Vassili e Gravilo. Os dois pretendiam trocar as agruras da guerra pela suposta doce vida de casados. A pretendida é Olga que ambos disputam. No impasse, ela estabelece como critério de escolha do futuro marido que o casamento se dê entre ela e o mais bravo na guerra. Vassili e Gravilo se esforçarão para se destacarem por seus feitos na guerra, mas sem criar qualquer clima de concorrência e sem intervir, a não ser favorável ao parceiro, numa espécie de companheirismo não declarado. O exército russo vai ao encontro dos cavaleiros e entram em batalha. Antes disso, o gênio de Eisenstein já havia preparado toda uma atmosfera pesada em torno do exército teutônico, suficiente para o espectador aderir emocionalmente a causa do exército de Alexander. A frieza do bispo e a arrogância e impiedade dos cavaleiros mestres refletidas em suas indumentárias carregadas e densas são aspectos que sufocam o espectador e o faz querer ser parte do exército de Alexander para sobrepujar a maldade que os alemães carregam consigo. Eisenstein sabia muito bem envolver o espectador nesse clima emocional. Certamente valia ainda muito mais aqui a sua fórmula de apresentar não apenas uma narrativa logicamente coesa, mas uma narrativa que contenha o máximo de emoção e de vigor estimulante. A guerra guarda uma das mais belas imagens épicas do cinema em termos de plasticidade e ritmo das imagens e sons. Um volume grande de matéria visual e sonora se desenrolam na tela em harmonia compassada. Os movimentos dos guerreiros na batalha são quase os movimentos de uma dança. A sintonia entre a imagem e o som alcançada por Eisenstein com a ajuda do grande compositor Sergei Prokofiev faz do filme quase uma ópera ou balé. Os movimentos da composição de Prokofiev não só complexificou os sentimentos expressos na trama, como também criou imagens que ultrapassaram as imagens plásticas de Eisenstein. O movimento “A batalha no gelo”, por exemplo, é uma música que não esqueceremos. E em certo sentido é dela que depende o desenrolar imagético da batalha no gelo em nossa memória. A primeira experiência de um longa sonoro do mestre russo das imagens, quase que é eclipsado pelas imagens sonoras de Prokofiev. A grandeza dos dois gênios, no entanto, fizeram da obra um equilíbrio de tensões. Essas tensões equilibradas vão se desenrolando na trama e envolvendo o espectador. Dos momentos mais dramáticos das lutas corpo a corpo travadas contra os cavaleiros até a grotesca fuga desses em direção à própria morte na armadilha criada por Alexander no gelo quebrado, o espectador é levado a querer também lutar e sofrer e saborear o gosto da vitória. A tensão equilibrada entre imagem e som contribui para que o espectador esteja inteiramente envolvido na trama. E enfim o exército russo é vencedor! No retorno a Pskov se dá o julgamento dos crimes de guerra. É hora de apontar os traidores, determinar as penas dos prisioneiros de guerra e celebrar a vitória. Esse momento final do filme é também, e sobretudo, o da recompensa pela bravura dos guerreiros de Alexander. Vassili diz que o amigo Gravila, que estava bastante ferido, havia sido o mais bravo dentre os guerreiros na batalha contra os cavaleiros teutônicos e portanto Olga deveria casar com ele. Vassili, sem Olga, no entanto, não fica só. Ao contrário, ele termina o filme com a bela guerreira Vassilissa, a princesa de Pskov, que lutou corajosamente no exército de Alexander. Este último, como um pai solteirão fala aos filhos que se outros povos vierem com ferro, com ferro morrerão e que se os filhos da mãe Rússia não lutar por ele voltará para puxar as orelhas dos covardes. Todo o filme gira em torno da evocação do espírito guerreiro dos russos, da consumação de Alexander como líder e das batalhas que os guerreiros liderados por ele empreenderão contra os cavalheiros cruzados. Os mongóis cujo papel era secundário em relação aos cavaleiros Teutônicos, nos revela um elemento interessante para compreendermos a influência de Stalin na sua produção. Os mongóis poderiam ter conquistado um papel bem diferente na história se Eisenstein mantivesse a sua posição quanto ao tipo de relação que Alexander Nevsky mantinha com os mongóis. Como vai dizer Herbert Marshall no prefácio da autobiografia do cineasta russo, Eisenstein teve finalmente de submeter-se a vontade de Stalin, aceitando filmar o tema de Alexander Nevsky, embora, na década de 20, pretendesse desmascará-lo como Vassalo dos mongóis. As instruções do Partido era a de desenhar o protagonista Alexander à imagem e semelhança da figura que Stalin queria que o seu povo tivesse ao seu respeito, como o grande líder paternal. O filme Alexander Nevsky foi rodado em 1937 e lançado em 1938, nas vésperas da segunda guerra. Depois de 7 anos condenado ao ostracismo, limitado a dar aulas no instituto de cinema, Eisenstein recebe instruções do Comitê Central do partido para a execução do projeto de Stalin. Como vai dizer novamente Herbert Marshall, para garantir que o autor seguiria o prescrito e não enviesaria para aquilo que Stalin considerava formalismo. Ele (Eisenstein) teve de prender-se ao que se denominava um roteiro fundido em ferro e não divergir do que fora aprovado em altas instancias. Assim, para Alexander Nevsky, deram-lhe Peter Pavlenko como co-autor e D.I. Vassiliev como co-diretor. Ambos pertenciam à linha dura de Stalin. O filme em um primeiro momento era do desagrado de Stalin, apesar de ter construído a imagem que o tirano pretendia que fosse criada de si e da adesão aos ideais socialistas que o filme realmente despertou nos espectadores. A questão era que Stalin à época estava entusiasmado com as idéias de Hitler e os cavaleiros teutônicos eram justamente alemães que queriam invadir a Rússia na época medieval. Dessa forma, o filme foi rechaçado por Stalin e pouco exibido, sobretudo porque ele havia feito no início da guerra um pacto com os nazistas. Depois que o pacto foi quebrado por Hitler e a Alemanha invade a URSS, o filme volta a cair nas graças de Stalin e, por consequência, a ser exibido e premiado naquele país. Por conta desses eventos e da sua subserviência a ideologia stalinista, a fita "Alexander Nevsky'' de Sergei Eisenstein, não obstante sua acurada precisão técnica, está impedida de ir mais longe, de alcançar a ousadia estético-simbólica encontrado em obras como A greve ou Que Viva México, ou até mesmo sua obra posterior e mais sincera, Ivan, o terrível. Penso que, em termos de ousadia estética e posicionamento político crítico ou pelo menos independente, essa fita ficou um pouco a desejar. A linearidade e convencionalismo do enredo; o culto a personalidade; a centralidade de um personagem individual nitidamente referenciado a uma autoridade; a coadjuvância subserviente dos personagens; o patriotismo e o heroísmo de guerra bem como os piegas enlaces amorosos apeladores, fizeram desta produção muito mais um instrumento ideológico nas manobras de controle das consciências no regime de Stalin do que uma expressão livre do gênio artístico criador, em defesa da verdade, do bem ou do belo. Descontados todos esses aspectos, sobretudo os que pretendem dar suporte a ideologia stalinista do conteúdo da fita, "Alexander Nevsky" é riquíssimo do ponto de vista plástico e rítmico, e não deixa de despertar nosso interesse a ponto de nos mover a encetar uma discussão a seu respeito. Certamente o seu valor histórico é muito valioso até para compreender as nuances políticas a que se submete a arte. Mas também porque a sua inegável qualidade estética nos faz lembrar do filme como uma das mais importantes referências para se pensar o cinema de ontem e de hoje, e de suas possibilidades e desafios ante o contexto no qual é elaborada." ( Washington Oliveira)
Top Década 1930 #46 Top Histórico #42
Mosfilm
Diretor: Sergei M. Eisenstein
7.064 users / 400 face
Check-Ins 208
Date 15/06/2013 Poster - #### - DirectorJan de BontStarsLiam NeesonCatherine Zeta-JonesOwen WilsonDr Marrow enlists Theo, Luke and Nell for a study of sleep disorders at the Hill House. As soon as the terrifying truth about the mansion is revealed, everyone is found fighting for their lives.[Moc 03 IMDB 4,7/10 {Video/@}
A CASA AMALDIÇOADA
(The Haunting, 1999)
''Eleanor Lance (Lili Taylor), uma mulher bastante solitária que tem insônia, resolve atender ao chamado de ir até à Hill House para se encontrar com o Dr. David Marrow (Liam Neeson), que vai fazer lá uma experiência com ela. Lá estão também Theo (Catherine Zeta-Jones), uma bela mulher bissexual que aparenta ser bastante independente, e Luke (Owen Wilson), que sente-se atraído por Theo e é o primeiro a perceber que o estudo não tem nada ligado a problemas de insônia. Eleanor, ou melhor Nell, como gosta de ser chamada, é a pessoa mais sensível do grupo e sente-se fortemente atraída pela casa. O grupo é avisado que ninguém chega perto da mansão quando escurece, assim ninguém poderá ouvir seus gritos. Eles acham o aviso estranho mas logo o entendem quando se deparam com estranhos acontecimentos, principalmente Nell, que ouve vozes de crianças pedindo para serem libertadas. Gradativamente eles descobrem o terrível segredo, que envolve a Hill House." (Filmow)
Top 100#17 Cineplayers (Bottom Editores)
DreamWorks SKG Roth-Arnold Productions
Diretor: Jan de Bont
51.527 users / 1.676 face
Check-Ins 213
Date 17/06/2013 Poster - # - DirectorPedro AlmodóvarStarsMarisa ParedesJuan EchanoveCarme EliasLeo writes trashy romance novels under a pseudonym but as she struggles in her relationship with her husband, she finds her output becoming darker.[Mov 07 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/75
A FLOR DO MEU SEGREDO
(Flor de mi secreto, La, 1995)
TAG PEDRO ALMODOVAR
{esquecível}Sinopse
''Leo Macias (Marisa Paredes) é uma romancista que escreve histórias de 2ª categoria e consegue certo sucesso, mas se esconde sobre o pseudônimo de Amanda Gris. Paralelamente ela se sente infeliz, pois Paco (Imanol Arias), seu marido, é um militar que está sempre no exterior. Quando seu casamento começa a entrar em crise Leo se vê entrando em desespero, o que a leva para a bebida e a parar de escrever seus contos. Porém algumas surpresas estão reservadas para ela.''
''Há personagens que só imaginamos criados por Pedro Almodóvar. É bem o caso de Leo, essa escritora de livros vagabundos de "A Flor do Meu Segredo" que, claro, fazem enorme sucesso. Ela os escreve sob pseudônimo, e os odeia tanto que faz um artigo contra seu trabalho usando outro pseudônimo. Seguem-se paixões literárias (ou não), dores de amor e de família. Aqui, Almodóvar está longe do registro cômico que fez dele autor de sucesso - como sua protagonista. O olhar de Almodóvar não raro lembra o de Luis Buñuel: há um à vontade em relação às instituições (aqui, o sucesso, a família), uma ironia que afeta os personagens e a sociedade, um olhar melodramático que poderia ser cômico ou vice-versa... A isso ele cola uma arte dos contrastes gritantes, a coroar um mundo de desequilíbrios." (* Inácio Araujo *)
''Não há um preconceito contra o romance água-com-açúcar, mas, através da evocação desse romance, há uma crítica velada à recusa de ver a realidade, válida sobretudo para o cinema norte-americano de estúdios, que se torna infantil e aceita cada vez menos verdades completamente simples, como o fato de que os seres humanos transam. O público americano ainda pode suportar isso, mas a Motion Pictures Association of America, não. - Pedro Almodóvar Dor e Vida Mais evidente que a maturidade inevitável de Pedro Almodóvar, que lamenta essa evolução humana afirmando que somente os gênios não amadurecem, é a serenidade sobre a qual sua mestria estabelece-se. Mais clarividente que o de costume, o diretor consegue observar, apreender e manifestar as densas emanações de um espírito aflito ― a dor do abandono, colossal, surge na tela. “A Flor do Meu Segredo” (1995) é isso mesmo, um filme que sobrepuja barreiras físicas. Criatura agnóstica, que refuga decididamente os preceitos do cristianismo que o perseguiram, Almodóvar é como um fiel diante da dor, indubitavelmente ecumênica, pois todos, ligados pelo seu fio invisível, a conhecem; espécie de religião que age sem interferir. O cineasta tão obcecado pelas mulheres acompanha de perto a desgraça e o tardio reerguer de uma abandonada. O modo reverencial de filmar as copiosas lágrimas de Marisa Paredes, intimamente concatenada ao tormento de sua personagem, parece ter o poder inacreditável de sacralizá-las. A emoção que perpassa pela película, muito distinta, por exemplo, do conteúdo de um melodrama anódino, atinge a sensibilidade do espectador, tornando legítimo o êxito tão esperado. Leo (Marisa Paredes) é uma escritora de romances ilusórios, daqueles que optam pela felicidade mesmo inconveniente. Como mulher infeliz, que sempre fracassa ao tentar ressuscitar seu casamento morto, Leo se vê impossibilitada de dar continuidade aos escritos de Amanda Gris, seu pseudônimo. O início do filme mostra ficção dentro de ficção - a doação de órgãos está no centro da encenação, uma forma de treinamento para profissionais da medicina. Betty (Carmen Elías), a orientadora da aula, psicóloga especialista em dar más notícias, é amiga da protagonista, e como ela, guarda um importante segredo. A personagem de Marisa Paredes contém características comuns ao seu criador ao conversar com Ángel (Juan Echanove), editor da seção cultural do jornal El País, Leo expõe seu vínculo com as palavras, formado na infância quando lia e redigia cartas para os iletrados de sua aldeia, tal qual Almodóvar em La Mancha; a personalidade da personagem indica que ela é uma fugitiva da estagnação e da limitação entranhadas em sua origem, bem como o diretor que não nega as suas raízes, mesmo cônscio de que o ato de admiti-las irá ferir o seu pudor. Fala-se de solidão, e nesse ponto ocorre uma dissensão - a protagonista precisa escapar do abandono e tenta o suicídio, diferentemente de Almodóvar, um cultivador da solidão desde a infância, que viveu harmoniosamente consigo mesmo até sentir a necessidade de abrir-se para as novidades exteriores. O filme mais aclamado do diretor, Tudo Sobre Minha Mãe (1999) iniciou o ciclo da solidão, que posteriormente foi encerrado com o lançamento de Volver (2006). A fecundidade da sua convivência com o próprio ser é inequívoca. Marisa Paredes compreendia as urgências de Almodóvar, e ninguém seria tão eficiente para interpretar uma personagem que tanto significa. O limiar do filme, que fomenta a aceitação de uma nova existência, está diretamente relacionado à salvação que parece muito distante de Leo. O desinteresse irreversível de Paco (Imanol Arias), seu marido, um oficial das Forças Internacionais da Otan, fustiga impiedosamente. O casamento de ambos é como um corpo pútrido descartado na superfície que precisa ser imediatamente sepultado. Leo recusa o óbvio e quando é dominada pelo desespero, vai buscar alívio na morte. O fracasso do ato surpreendeu, e a vida que segue parece insustentável aos seus olhos lacrimosos. Caminhando errante, Leo acaba no meio de uma manifestação de estudantes de medicina. Os jovens de branco, que seguem enérgicos na direção contrária, estonteiam a desamparada mulher, visualmente destacada. É o cúmulo do sofrimento perdido na energia inesgotável da reivindicação juvenil. A evocação de uma revoluta fase política é mera consequência. A aparição de Ángel no agito é como um milagre; ele a encontra como uma vaca sem badalo - expressão que a mãe de Leo na ficção interpretada por Chus Lampreave emprega para referir-se aos desnorteados, emprestada do repertório da querida mãe de Almodóvar -, de traje azul como a Ilsa Lund de Rick Blaine na Paris cuidadosamente memorizada em Casablanca (1942). Uma dança soturna e sensual executada por mãe e filho, outros personagens da narrativa, é uma ótima suscitadora de sensações, que as tornariam tangíveis como a matéria se fosse possível. “A Flor do Meu Segredo” jamais deverá ser qualificado como um filme que peca no uso abundante da lamúria. As lágrimas rolam sem recorrências ao sentimentalismo, tão absurdamente naturais como as que impressionaram Almodóvar em Madri, despejadas por um rapaz que fumava ao mesmo tempo, de certa forma confortável com o seu sentimento.' (Emmanuela)
"O artista que se esconde atrás de um pseudônimo, não por questão profissional, mas porque se ocultar atrás de uma ficção passa a ser sua realidade, e adquirir uma nova identidade possibilita, de alguma forma, passar a ser quem realmente se é no íntimo." (Heitor Romero)
"Almodóvar e suas mulheres. Mesmo que se espere antecipadamente as narrativas do diretor, é fácil se surpreender. 'A Flor do Meu Segredo' não é um de seus melhores filmes, porém é muito agradável e inteligente. Achar 'Volver' "citado" no filme é genial!" (Conrado Heoli)
CiBy 2000 El Deseo
Diretor: Pedro Almodovar
7.405 users / 308 face
Check-Ins 651 21 Metacritic
Date 17/08/2014 Poster - ### - DirectorM. Night ShyamalanStarsPaul GiamattiBryce Dallas HowardJeffrey WrightApartment building superintendent Cleveland Heep rescues what he thinks is a young woman from the pool he maintains. When he discovers that she is actually a character from a bedtime story who is trying to make the journey back to her home, he works with his tenants to protect his new friend from the creatures that are determined to keep her in our world.[Mov 03 IMDB 5,6/10 {Video/@} M/36
A DAMA NA ÁGUA
(Lady in the Water, 2006)
"O filme mais pessoal e também o mais aborrecido de Shyamalan. Até a fotografia é entediante, e a arrogância transparecida torna tudo pior de engolir." (Alexandre Koball)
"O tanto d'água que cai, destrói e mata pode se confundir com filme-catástrofe para quem só enxerga o mundo quando suas imagens passam na TV. Para estes, o dia traz uma ficção molhada que mostra que se sentir seguros muitas vezes não passa de um recurso de imaginação. Em "A Dama na Água" retoma o maravilhoso fazendo aparecer uma sereia em uma piscina. Aqui, não se trata mais de salvar a humanidade de ameaças sobrenaturais, mas de devolver a natureza o direito de sobreviver aos homens." (Cassio Starling Carlos)
"Um equívoco bem filmado." (Luis Henrique Boaventura)
"A história talvez funcionasse para um curta metragem de uns seis ou sete minutos e só. O que vem após isso é uma canseira. Nem querendo dá para entrar no clima dessa bed time story forçada e pretensiosa. Como ponto positivo, a linda trilha sonora." (Welinton Vicente)
"Shyamalan parece não temer as pedras ao adaptar para celulóide a fábula de ninar que recitava para seus filhos. O caso é que, realmente, A Dama na Água tem em sua confecção bastante ousadia e muito pouco de cinema." (David Campos)
"De tão risível (e não me refiro apenas à ~rebeldia~ de Shyamalan), divertido." (Rodrigo Torres de Souza)
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[orage]"Pensarão os produtores de cinema de modo muito diferente? Certamente, não. Essa é a lógica da indústria. No entanto, "A Dama na Água" pode ao mesmo tempo participar desse sistema e inserir ali seu fantástico, com a mesma desenvoltura que essa dama demonstra ao freqüentar a piscina do filme. É um exercício de fantástico original e delicado, este de M. Night Shyamalan."[/orange (* Inácio Araujo *)
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"O cinema americano passou de dominante, até os anos 60, para absolutamente hegemônico desde a década de 80 do século passado. Hollywood, deficitária desde a era dos grandes estúdios, que termina por volta de 1950, recuperou-se e voltou a se impor. O problema é que, para atingir um público maior neste momento em que as diversões são extremamente diversificadas, o cinema adotou um padrão hoje em esgotamento, baseado em filmes de aventura destinados sobretudo ao público juvenil. É preciso, portanto, encontrar algumas alternativas. Buscar realizadores no exterior pode ser uma. Mas permitir que certas personalidades despontem e se desenvolvam é, certamente, a mais promissora. Em M. Night Shyamalan, de "A Dama na Água", Hollywood encontrou um cineasta com sentido autêntico do mistério e de como ele se põe em imagens. "A Dama", um filme de pouca história, envolve-nos com atmosfera, mistério e uma enorme delicadeza." (** Inácio Araujo **)
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"A desagradável verdade é que a carreira de M. Night Shyamalan está perigando. Acumula fracassos como esse "A Dama na Água, e isso em Hollywood pode ser mortal. E tudo parece meio ridículo, contando assim, a frio:uma personagem de ficção invade a piscina de que se ocupa o zelador Paul Giammtti e precisa voltar ao seu mundo. Uma história desse tipo não tem o escape dos filmes de ação, que acumulam fatos por mais bobos que sejam, e não dão tempo nem para um sorriso. Aqui, não. Uma moça que está sendo perseguida e tenta retornar a seu território surge na piscina. Se topasse com um poeta, vá lá. Mas um zelador? É um pouco prosaico. E dai? Pode haver beleza no trivial, e este é o destino e o encanto do longa." (*** Inácio Araujo ***)
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''Depois do tempo que levou para a gente se acostumar com o nome dele, não é justo M. Night Shyamalan ter sumido do mapa do cinema. Ele apareceu no fim do século passado e já em 2006, com o fracasso de "A Dama na Água", começou a cair em desgraça. No entanto, há uma poesia segura em seu filme, mas o mistério, por discreto, parece não ter agradado ao público: uma imagem feminina invadindo uma piscina à noite, para desassossego de um solitário zelador? Não, passa para outra. Mas que o filme se distingue da massa, ninguém duvida." (**** Inácio Araujo ****)
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''Quanto a "A Dama na Água" convém esquecer os detalhes de conteúdo e fixar-se na sua beleza. Quem não pensar assim ganhará em mudar de canal. As imagens é que contam. Desde o guarda de condomínio (Paul Giamatti) no honesto exercício de sua função, até a figura feminina que surge na piscina pela qual ele é responsável. Esse é o forte de M. Night Shyamalan: criar territórios de plena ambiguidade. Pois, por mais que se explique quem é essa figura, e se atribua a ela significados, ela será sempre apenas isso: uma imagem, isto é, um produto de imaginação captado pela mais realista das artes.'' (***** Inácio Araujo *****)
M. Night Shyamalan volta às telas com seu conto de fadas. Não é ruim, mas também não é bom.
"M. Night Shyamalan é um cineasta que aprendi a gostar e respeitar. Não sou um de seus mais ávidos fãs, mas reconheço que suas obras são bem filmadas e sempre têm um algo a mais em Hollywood. Com A Dama na Água, o diretor indiano nos entrega um conto de fadas bobo, bonitinho e com sua mensagem de moral clara demais. Parece até um filme da Disney; ironicamente, a empresa que o dispensou por achar que seus filmes eram pesados demais para seu público. Tirando a bela direção de imagens, tudo, mas tudo mesmo, foge das principais características do diretor que o consagraram. A história é bem fairy-tale mesmo: Cleveland é um porteiro comum de um condomínio com vários moradores. Todos são muito excêntricos e possuem características bem definidas: há o viciado em palavras cruzadas, o grupinho que se junta para puxar um, o homem que malha apenas um lado do corpo, etc. Tudo muda quando Story (?!?) chega na piscina do local, uma narf que, assim como a introdução em animação do filme explica, é um ser das águas responsável por tentar ajudar o homem a seguir o caminho correto para a humanidade. Só que, nessa visita ao nosso mundo, alguma coisa dá errada e Story passa a ser perseguida pelos terríveis scrunts, lobos com poderosa camuflagem que tentam a todo custo comer narfs. Cabe ao nosso querido Cleveland ajudar a moça a voltar para sua terra natal. "A Dama na Água" não é tão bom quanto os outros filmes de Shyamalan, mas também não é ruim como dizem - é apenas broxante. O problema é que, para um filme com o nome que carrega (M. Night Shyamalan's acima do título), é simplório demais. Tudo está muito no lugarzinho, não há nada que nos prenda ao filme. As coisas simplesmente vão acontecendo e é isso, até o final. Sem surpresas dessa vez, uma das maiores características do diretor, que foi deixada de lado. É um filme de fantasia de luxo, com direito a alguns sustos, principalmente por parte dos bichões scrubs, já que Shyamalan sabe criar como ninguém momentos de tensão com seus bichinhos de estimação digitais. Duas coisas que poderiam deixar o filme ridículo: figurinos e luz. Ao contrário da maioria dos filmes do tipo feitos para a televisão, ''A Dama na Água'' é bonito mesmo. Tudo é muito real, convincente. Nada é plastificado. Só que o filme sofre com a falta de história para o roteiro e isso é muito claro. Há muita enrolação, muito vai e vem. Até a moral da história é dada ainda no meio do longa. Para que ver o resto depois, então? E tempo para desenvolver a história Shyamalan tinha, uma vez que todo o desenvolvimento da trama é feito por uma personagem, que conhece a lenda e explica tim-tim por tim-tim para Cleveland – e, conseqüentemente, para o público. Já que Shyamalan não conseguiu pensar em nada melhor para narrar a sua história, nada mais cômodo do que colocar um personagem que sabe de tudo para tacar tudo à frente. Paul Giamatti, para variar, faz um trabalho fabuloso e, mesmo falando palavras absurdas, nunca soa ridículo ou falso. Bryce Dallas Howard trabalha mais uma vez com o diretor, depois de A Vila, e Jeffrey Wright fecha o elenco de peso do longa – afinal, Shyamalan é um nome que atualmente atrai qualquer um para trabalhar com ele. Mas o grande destaque do elenco, por incrível que pareça, é o próprio Shyamalan. Antes ele se resumia a fazer pequenas aparições em seus filmes, mas dessa vez ele encarna um personagem realmente importante à trama, com muitas falas e participação essencial para a conclusão da trama. Não é ruim como um todo, mas o ego dele parece ter subido a cabeça. Ou então foi uma forma de auto-afirmação, afinal, a crítica desnecessária aos críticos, quase explicitamente dizendo vocês acham que sabem de tudo, mas deixe-me mostrar como se faz, soa extremamente arrogante, disfarçada pelo clima leve e ingênuo do filme. Ele devia continuar ignorando os críticos e fazendo seu trabalho, sem deixar que ninguém o influencie. Não foi isso que aconteceu aqui, e a falta de contexto na crítica acabou fazendo tudo parecer apenas questão de ego ferido. Ainda assim, "A Dama na Água" não é ruim pelo simples fato de nunca ficar insuportável. É perfeitamente possível começar a ver o filme, esperar todo o seu desenvolvimento e chegarmos ao final – só para lembrar, sem surpresas dessa vez, é algo mais poético e pessoal. Shyamalan deve pensar novamente em uma boa história ou dirigir roteiros de outros sem ficar prestando atenção no que dizem ao seu respeito. Ainda gosto de Shyamalan, mas se ele continuar a tentar fazer guerra de braço com aqueles que nunca gostaram de suas obras e esquecer aqueles que sempre deram valor aos seus trabalhos, a coisa vai ficar feia. Ele já corre o risco de perder a liberdade total em seus projetos, então um outro fracasso pode colocar tudo a perder. É bom ele pensar nisso. Para o próprio bem. E o nosso também." (Rodrigo Cunha)
"A Dama na Água" (Lady in the Water, 2006) é o pior filme escrito e dirigido por M. Night Shyamalan desde O sexto sentido (1999), mas é também o mais divertido. É o mais auto-indulgente, daqueles que se curvam para enxergar melhor dentro do próprio umbigo, mas é também o mais auto-paródico, dos que sabem rir de si mesmos. Conflitante? Pois o próprio cineasta não deixa de ser uma contradição - e o processo entre a concepção e o lançamento do filme é emblemático. No ano passado Shyamalan brigou com a Disney - por onde lançou O sexto sentido, Corpo fechado (2001), Sinais (2003) e A vila (2005) - em nome da sua independência de criador. Há anos ele tenta fugir do estigma das surpresas do suspense (A Vila é incompreendido justamente porque todos só prestam atenção na famigerada reviravolta no roteiro, nunca nas soluções de direção), e há anos o público sempre espera dele um novo O sexto sentido. Agora sediado na Warner Bros., A dama na água deveria representar uma nova fase. Uma fase em que as pessoas deixariam, enfim, de enxergar Shyamalan antes de atentar para o seu trabalho. E o que ele faz? Forra o filme de si mesmo. Para ser justo, Shyamalan já atuava em seus longas, em condição de protagonista, desde Praying with Anger, sua estréia, em 1992. O que conta na prática, porém, é o período pós-99 - e mesmo em Sinais o papel de Shyamalan na trama não era tão destacado. Aqui o seu núcleo dramático conflita com o principal. Na trama, um zelador chamado Cleveland Heep (Paul Giamatti) resgata uma misteriosa jovem (Bryce Dallas Howard) da piscina do prédio e descobre que ela é uma ninfa de contos de fadas tentando voltar pra casa. Shyamalan vive Vick, escritor de obra inacabada que, ao ter contato com a ninfa, vê seu futuro se iluminar. O fato de Vick receber a notícia de que escreverá o livro que influenciará o futuro presidente dos Estados Unidos já entra no citado terreno do humor. É Shyamalan fazendo piada com o jeito de Shyamalan enxergar o mundo como uma roda de predestinações. O problema é a maneira como o cineasta sequestra a fábula de A dama na água para chorar a sua condição de incompreendido e seu complexo de perseguição. É engraçado ver sofrer um crítico de cinema transformado em personagem? Sem dúvida. Mas se o diretor indiano quer seguir adiante com a sua obra, piadinha de metalinguagem não é o melhor caminho. Na história, o personagem de Giamatti zela pelos cuidados com a ninfa como se ela sofresse de descrença geral - a humanidade, em suma, desaprendeu a usar a imaginação. Shyamalan age como se a fábula fosse um gênero desacreditado. É uma situação cômoda, um mártir de véspera. Qualquer Guillermo Del Toro prova que uma fábula não precisa se reafirmar como tal para ter credibilidade. Não é o fim do mundo, claro. A dama na água ainda é melhor do que o grosso da produção de Hollywood. No filme há conceito (a idéia do condomínio como um pequeno mundo que precisa achar seu equilíbrio se completa, politicamente, com as images da Guerra do Iraque na TV) e há arrojo formal. Se o roteiro peca pelo retrocesso (a história do herói em busca de redenção, igualzinha à de Sinais, já havia sido superada em A Vila), sua construção de imagens é impecável. Poucos nos EUA manjam de enquadramento como Shyamalan, no sentido de utilizar profundidade e ponto focal como formas de criar suspense. A cena em que a ninfa sai da água pela primeira vez é exemplo disso: os olhos do espectador acompanham o zelador ao fundo, enquanto ela surge desavisada em primeiro plano. Ver Shyamalan filmar é a parte mais divertida - afinal, ele entende do que faz. Mas, de certa maneira, o fato de sabermos que Shyamalan está ali, que aquelas são as suas marcas, é parte do dilema. Nem o próprio diretor parace se contentar mais com aquilo que já conhece. Será ótimo quando ele perceber que, por questão de sobrevivência artística, o importante será marcar um recomeço. E começar de novo envolve risco, não autodefesa." (Marcelo Hessel)
''As primeiras cenas de ''A Dama na Água'' são constituídas por uma animação que conta o que seria uma lenda antiga, sobre um mundo aquático. O roteiro do filme, no entanto, não é baseado numa lenda, mas sim em história de ninar criada por M. Night Shyamalan, que exerce o papel de diretor, roteirista, produtor e ator nesta sua nova produção. Apesar de permeada por criaturas e acontecimentos fantásticos, não se trata de uma história infantil, mas sim de um conto de fadas capaz de dialogar melhor com o público adulto. Os acontecimentos giram em torno do solitário Cleveland Heep (Paul Giamatti), zelador de um prédio residencial na cidade norte-americana de Filadélfia. Toda a ação se passa nesse complexo de apartamentos a partir de sua piscina. É de lá que surge Story (Bryce Dallas Howard), uma jovem misteriosa que logo é acolhida por Heep. Sem entender, afinal, quem é aquela menina, ele tenta ajudá-la a voltar para casa, mal sabendo que ela fica no fundo da piscina. Com a ajuda de sua vizinha descendente de chineses Young Soon (Cindy Cheung), descobre que Story é um ser mágico e aquático que povoou histórias de ninar dos antepassados orientais da menina. Seguindo as histórias contadas pela mãe de Young, Heep se vê numa verdadeira gincana para proteger Story e fazem com que as profecias da história sejam realizadas. ''A Dama na Água'' tem dividido público e crítica. Uns adoram, outros detestam. Para quem espera os finais surpreendentes dos filmes anteriores de M. Night Shyamalan, como O Sexto Sentido (1999), deve se decepcionar. Aqui, o cineasta prende-se muito mais à condução da história e no encantamento junto ao espectador do que ao seu desfecho propriamente dito. No quinto longa de sua carreira, Shyamalan constrói toda a atmosfera da história, trazendo o espectador para dentro do filme, envolvendo-o de forma mágica. Com ''A Dama na Água'', o diretor tenta sair do próprio ciclo que criou ao revolucionar o cinema contemporâneo com seu primeiro filme. Shyamalan sobre da "síndrome do primeiro filme", pois, desde então, não conseguiu causar tanto impacto na indústria cinematográfica. Por isso, é cobrado, tanto pelo público quanto pelos críticos. Mas, com A Dama na Água, ele não deve parar de receber cobranças. Mas será que é isso que importa a ele? Neste longa, o diretor mostra muito mais a cara (literalmente, já que seu papel frente as câmeras é bem maior do que nos filmes anteriores) e parece estar disposto a encarar os críticos de frente, ensaiando até uma vingança bem-humorada para os que não apreciam seu trabalho. Dispensando um final mirabolante, Shyamalan tenta firmar-se como realizador. Mostrando uma direção segura e fluida, que dialoga muito bem com a bela fotografia do australiano Christopher Doyle (2046), ''A Dama na Água'' ainda conta com uma ótima atuação de Paul Giamatti. Colocando em pauta a questão da predestinação e o papel que cada um desempenha no mundo, o diretor constrói uma bela fábula que, com toques de bom humor, também trabalha a redenção e o perdão." (Angelica Bito)
Warner Bros Cegando Borda Pictures Legendary Pictures
Diretor: M. Night Shyamalan
68.687 users / 1.500 face
Soundtrack Rock = Sly & Robbie + Bob Dylan + David Bowie + Cibo Matto
Check-Ins 216
Date 18/06/2013 Poster - #### - DirectorMark TonderaiStarsJennifer LawrenceElisabeth ShueMax ThieriotAfter moving with her mother to a small town, a teenager finds that an accident happened in the house at the end of the street. Things get more complicated when she befriends a boy. A double murder is not an accident.[Mov 03 IMDB 5,3/10 {Video/@@@} M/31
A ÚLTIMA CASA DA RUA
(House at the End of the Street, 2012)
"Falta suspense e Jennifer Lawrence não justifica sua fama recente - nem talento e nem um rostinho lá tão bonito é." (Alexandre Koball)
"Não precisa nem dizer que essa sucessão interminável de clichês irrita qualquer um, mas neste caso, seu final surpresa é particularmente imbecil, o que só enfraquece ainda mais a experiência." (Heitor Romero)
''Tão novinha e com um Oscar na estante, Jennifer Lawrence provavelmente vai selecionar melhor seus filmes. Este "A Última Casa da Rua" tem alguns sustos, mas vai ficar marcado como um erro de juventude da atriz antes de O Lado Bom da Vida. Jennifer interpreta a garota que se muda com a mãe para uma casa vizinha de outra que foi palco de assassinatos. Coisas estranhas acontecem depois que ela faz amizade com o garoto misterioso que sobreviveu à matança. Mesmo com um roteiro raso na mão, a atriz ainda passa intensidade como a menina cada vez mais atormentada. Está melhor do que Elisabeth Shue (de Despedida em Las Vegas), que tem pouco a oferecer além da beleza madura no papel da mãe. Um filme só recomendado para quem gosta de admirar Jennifer Lawrence. Não são poucos." (Thales De Menezes)
''Se os personagens prestassem mais atenção aos imóveis antes de comprá-los, o número de filmes sobre casas amaldiçoadas seria bem menor. Mas esse subgênero do terror continua forte.
"A Última Casa da Rua" segue a fórmula. Mãe e filha compram uma casa adorável, com o pequeno detalhe de ter sido cenário de um massacre. As duas se mudam sem saber disso e só vão começar a desconfiar após alguns fenômenos assustadores. Um filme desses precisa de bom ritmo de sustos e bons atores. Este tem os dois. Jennifer Lawrence sofre com os espíritos malvados e salva este filme da obscuridade.'' (Thales de Menezes)
"A primeira meia hora deste misto de terror e suspense não empolga muito. O clima de déjà vu é cristalino e seguimos adiante certos do que nos espera. Pior: convictos de que, provavelmente, não passará de plágio do que vimos e revimos nos últimos anos. Temos lá uma casa onde um casal foi brutalmente assassinado, uma menina macabra com cabelos longos cobrindo a fronte, novos e incautos vizinhos e, se não bastasse, um bosque soturno. Mas... Quem vai morar na bela mansão ao lado da casa onde aconteceu a tragédia é Sarah (Elizabeth Shue, de O Homem sem Sombra) e Elissa (Jennifer Lawrence, de Jogos Vorazes), que conseguem alugar o espaçoso imóvel justamente por ter se desvalorizado após o crime. Os poucos e amigáveis vizinhos não demoram a dar detalhes do ocorrido anos antes: o casal foi morto pela própria filha, uma jovem de 13 anos atormentada. A menina desapareceu desde então e a lenda urbana que faz a alegria dos churrascos da vizinhança é dizer que ela habita a floresta. Tudo muito previsível, mas... Ao menos aqui temos duas boas atrizes como protagonistas. Jennifer e Elizabeth dão veracidade à relação conturbada na qual a mãe tenta se aproximar da filha depois de dramas familiares do passado. E, mesmo quando tomam um susto-clichê ou começam a desconfiar que algo estranho possa estar acontecendo, são mais autênticas do que a maioria dos pseudoatores que habitam o universo de filmes do gênero. O imóvel agora é habitado por um único morador, Ryan (Max Thieriot), o filho do casal morto. Um tipo fechadão e de poucos amigos que a vizinhança classifica como estranho. E como todo adolescente gosta de ir contra o senso comum, Elissa vai se aproximar justamente dele, para contrariedade da mãe e dos novos amigos que a jovem fez no colégio. A essa altura do filme o espectador já descobriu alguns segredos que envolvem Ryan e Carrie Anne, sua irmã desaparecida. Nada, no entanto, verdadeiramente assustador, mas... Em dado momento o filme dá uma reviravolta e começa a surpreender. Os acontecimentos que pareciam encaminhar o longa para um final óbvio mudam de rumo e ''A Última Casa da Rua'' fica de fato interessante. O que a audiência não alimentava até então, dúvidas, começam a surgir e o clima de tensão aumenta consideravelmente. Isso não impede a produção de recair em lugares-comuns aqui e ali, mas são lapsos perdoáveis que não mínguam o nível de apreensão do espectador sobre os próximos acontecimentos. ''A Última Casa da Rua'' não é brilhante nem o suprassumo da autenticidade, mas consegue o que a maioria dos filmes de terror e suspense lançados em 2012 nem chegou perto: deixar o espectador ansioso e inquieto na poltrona do cinema." (Roberto Guerra)
O primeiro filme ruim da carreira de Jennifer Lawrence.
"A única explicação para Jennifer Lawrence ter aceitado atuar em "A Última Casa da Rua" é o senso de oportunidade. Quando recebeu o convite, no início de 2010, a atriz não tinha protagonizado Jogos Vorazes, nem encantado o mundo com sua atuação em Inverno da Alma. Com isso em mente, é possível perdoar a escolha de uma das maiores revelações do cinema atual em participar de um suspense tão vazio. No filme dirigido por Mark Tonderai, a atriz vive a jovem Elissa, que se muda de cidade com a sua mãe, interpretada por Elisabeth Shue. Após se acomodar, ela descobre que a casa ao lado da sua foi palco de um assassinato duplo brutal, que não só desvalorizou os imóveis ao redor mas também criou uma série de lendas urbanas. Altiva e inconsequente como qualquer protagonista de um suspense adolescente, Elissa não se impressiona com as histórias relativas ao casarão e logo começa um relacionamento com o único residente do local, o misterioso Ryan (Max Thieriot). Se não proporciona sequer uma sequência de suspense real, a direção de Tonderai consegue ao menos não tornar a atuação de Lawrence algo desprezível. O roteiro de David Louka (A Casa dos Sonhos) se esforça para tornar os diálogos entre mãe e filha em algo constrangedor, com rompantes de proteção maternal e revolta adolescente que não combinam com as características de cada personagem. Dessa forma, a protagonista aproveita as cenas dramáticas sem fala para com um olhar mostrar uma indignação que não pôde ser revelada em trinta minutos de diálogo. Se por um lado Lawrence tenta bravamente salvar o filme - acompanhada da sempre esforçada Elisabeth Shue -, seus companheiros não aparentam ter a mesma preocupação. Thieriot não demonstra aptidão para convencer alguém de seus problemas ou de uma suposta boa índole e, ao lado do policial interpretado por Gill Belows (Vegas), sintetiza a canastrice do elenco de apoio. Sem relações ou motivações convincentes, não há plateia que se solidarize com a vida dos personagens. Após usar dois atos para aprofundar uma história sem conteúdo, o filme usa seus últimos minutos para incluir uma série de reviravoltas desesperada. Mais do que sem graça, as revelações são vazias, já que boa parte delas são inexplicavelmente reveladas na campanha de marketing do longa. Mais um fraco exemplar de suspense para adolescentes, "A Última Casa da Rua" tem no talento da protagonista seu principal trunfo que, no entanto, não é o suficiente para salvá-lo do fracasso." (Thiago Romariz)
''Decididas a começar vida nova após terem sido abandonadas pelo marido/pai, Sarah e a filha Elissa vão morar em uma daquelas cidadezinhas genéricas e pacatas bem típicas dos filmes de suspense. Uma mudança que deveria fazer-lhes bem e estreitar os laços fraternos, até a vizinhança se revelar um lugar não tão seguro quanto se imaginava. Culpa da última casa da rua do título, onde a traumatizada Carrie Anne matou seus pais há quatro anos durante um surto psicótico, transformando as redondezas em um pesadelo imobiliário e, de quebra, ajudando a diminuir drasticamente o aluguel pago pela família. Partindo de uma premissa reciclada e tão aterrorizante e surpreendente quanto a pegadinha da garota fantasma do Sílvio Santos, o roteiro escrito por David Loucka - divirto-me com este nome - perde tempo precioso nas discussões requentadas entre mãe (Elisabeth Shue) e filha (Jennifer Lawrence) ao invés de proporcionar um clima de tensão e insegurança. A luz que se acende na casa do lado e a lenda urbana contada sobre Carrie Anne rapidamente dão lugar a diálogos embaraçosos, em que Sarah age como a mãe super-protetora (não quero que ela escolha errado como eu fiz, revela ao policial local) e Elissa, como a adolescente rebelde (a minha mãe não larga do meu pé), esteriótipos que em um primeiro momento ninguém atribuiria às personagens. Mas não pense que a narrativa demonstrava alguma inspiração em provocar sustos, ou melhor sustos, pois o diretor Mark Tonderai parece associar à palavra o surgimento inesperado de uma amiga pela porta da frente destrancada e a imagem de um vulto se movimentando no bosque defronte da casa. Tudo isso de mãos firmemente dadas com a trilha sonora que torna mais fácil a missão de antecipar o que vem em seguida, se é que isto faz alguma diferença. Sem disfarçar a sua completa falta de criatividade, a narrativa ainda apresenta Ryan (Max Thieriot), o irmão mais velho de Carrie Anne e que na época do massacre tinha sido enviado pelos pais para morar com a tia. Único residente da tal casa, Ryan é o protótipo do rapaz sobre o qual paira a suspeita dos demais habitantes e o seu jeito tímido, fruto do trauma familiar, não o ajuda em nada a formar uma imagem diferente. Mas aí Elissa começa a viver um romance adolescente descartável com ele e, com um jeito enxerido de quem fuça as coisas na casa alheia sem ser convidada, descobre uma série de segredos enterrados no passado. Nada particularmente novo e satisfatório; pelo contrário, cômodo à medida em que as máscaras vão caindo e óbvio como a direção de fotografia de Miroslaw Baszak e o tom azul empregado na recriação dos flashbacks e alaranjado durante o ponto de vista de determinado personagem. Mesmo assim, muito melhor do que a baboseira filantrópica presente na narrativa, segundo a qual cada personagem parece cuidar (ou fingir) de outro: o babaca Tyler posa de altruísta na vizinhança, arrecadando dinheiro para os famintos na África; Elissa é atraída por Ryan sobretudo por pena, ao passo que o rapaz parece dono de um particular instinto protetor. Porém o que mais assusta não é o clímax, executando com pouca eficiência, e sim o meu esforço em tentar ler nas entrelinhas de um produto cujo propósito é bem claro: rever Elisabeth Shue, que há uns 20 anos seria a candidata perfeita ao papel principal, e especialmente, capitalizar a fama da talentosa Jennifer Lawrence, indicada ao Oscar e estrela da nova franquia dos X-Men e da adaptação de Jogos Vorazes. Sem encher os olhos na pele de Elissa, Jennifer atua melhor quando está cantando e dedilhando no seu violão, pois no restante do tempo está ocupada demais seguindo à risca a cartilha do gênero, com direito a comuns momentos de patetice em que deveria agir de uma forma (ex: fugir) ao invés de outra (ex: permanecer parada). Contando ainda com uma reviravolta desonesta cuja falta de credibilidade compromete o restante da narrativa, A Última Casa da Rua é o preço que uma jovem excelente atriz acaba tendo que pagar para se manter em evidência (como se precisasse) enquanto espera um roteiro melhor cair no seu colo." (Cinema com Critica)
Relativity Media FilmNation Entertainment A Bigger Boat
Diretor: Mark Tonderai
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Check-Ins 219
Date 23/06/2013 Poster - ### - DirectorPhilip KaufmanStarsAshley JuddSamuel L. JacksonAndy GarciaJessica, whose father killed her mother and committed suicide, is a police officer. While investigating a murder, she finds herself in the center of her own investigation, when her former lovers start being murdered.[Mov 03 IMDB 5,1/10 {Video/@@} M/26
A MARCA
(Twisted, 2004)
''A policial Jessica Shepard (Ashley Judd) conseguiu ser promovida para a divisão de homicídios da polícia de San Francisco, e ganhou um parceiro novo, Mike (Andy Garcia). Seu primeiro caso já se revela um choque. Acontece que o corpo encontrado é o de um homem com quem Jessica teve um breve caso - bem breve: ela tem o hábito de beber e escolher homens para uma noite e nada mais. Quando ela revela a informação, há quem a queira fora da investigação, mas seu chefe, John Mills (Samuel L. Jackson), não dá bola. Ele praticamente criou Jessica, depois que o pai da detetive assassinou várias pessoas, inclusive a mulher, e se matou. Mas a atitude do comissário não impede que os colegas da policial - e até mesmo a própria Jessica - suspeitem que ela seja a culpada, por causa de seus hábitos etílicos, embora a polícia também considere outras possibilidades, como um ex-namorado da detetive. A situação piora com o aparecimento de novos corpos, todos eles de homens com quem a investigadora teve sexo casual. O diretor Philip Kaufman é conhecido por seus filmes de forte carga erótica, como A Insustentável Leveza do Ser, Henry & June (responsável pela criação de uma classificação mais rigorosa para filmes nos Estados Unidos) e Contos Proibidos do Marquês de Sade. Em ''A Marca'', o cineasta passa para o suspense, mas os críticos norte-americanos detestaram o desfecho, atribuído, é verdade, mais à roteirista que ao diretor." (Guia da Semana)
''Num tempo não muito distante, crimes eram resolvidos com pistas, investigações científicas, listas de suspeitos, tralhas tecnológicas. Mas daí veio o chamado thriller psicológico, e a dedução foi substituída pela intuição: inspetores quase mediúnicos entram na cabeça do serial killer para desmascará-lo. Essa lei já rendeu bons filmes. Mas Hannibal Lecter se sacudiria na sua camisa-de-força se visse ''A Marca'' (Twisted, 2004), de Philip Kaufman. Na trama, a policial Jessica Shepard (Ashley Judd) acaba de ser promovida à divisão de homicídios de San Francisco. Mas o passado, se não a condena, torna-a problemática. O pai dela, ex-policial, matou a esposa e se suicidou. Jessica nunca entendeu o ocorrido e, por extensão, nem a própria vida - motivo pelo qual bebe sem controle, desconta a raiva em criminosos e conserva uma certa promiscuidade amorosa. A coisa degringola quando, no seu primeiro caso na divisão, Jessica percebe que as vítimas são ex-amantes seus. Homens que morrem quando ela está desacordada em casa, depois de várias taças de vinho. Todos eles têm no dorso da mão uma queimadura de cigarro: a tal marca do assassino. Quem persegue a moça? Seria o novo parceiro de divisão, inspetor Delmarco (Andy Garcia)? Ou um antigo namorado policial que não a esquece, Jimmy (Mark Pellegrino)? Quem sabe, o seu psicólogo (David Strathairn) ou o policial (Samuel L. Jackson) que a apadrinha desde menina? Se bobear, a própria Jessica, inconscientemente, matou a todos. E essas não são as únicas perguntas de um filme que limita assassinatos em série ao puro "achismo". Todos somos desequilibrados? Desejo de matar é hereditário? Existe uma fera dentro de cada um de nós? O que somos capazes de fazer em momento de descontrole? Estas e outras questões que saem do nada e chegam a lugar nenhum pontuam o filme de forma irritantemente pseudofilosófica. Dizer que A marca abusa da psicologia de boteco seria rebaixar os botecos. O ecletismo de Kaufman, responsável pelo amoroso Henry & June (1990) e o biográfico Os Contos proibidos do Marquês de Sade (Quills, 2000), não conta nada aqui. Obrigado a manusear a clicheria do roteiro da estreante em longas Sarah Thorp, o diretor não consegue imprimir um ritmo autoral à obra. E não tira nada além de comicidade da limitadíssima Ashley - saber por que ela protagoniza tantos filmes policiais talvez seja a única pergunta pertinente aqui. O incrível é que ''A Marca'' chupa dois grandes thrillers - a paisagem perigosamente encantadora da San Francisco de Um Corpo que cai (Vertigo, 1958) e as visitas aos assassinos encarcerados de O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991) - mas não extrai lições, modelos, apenas citações constrangedoras. O ápice da falta de idéias acontece quando a policial se vê sozinha num parque e imagina estar sendo seguida. A câmera a circula para dar a idéia de vertigem e flashbacks pipocam, pela milésima vez, para pontuar o tormento da personagem. Essa obviedade contamina até o mistério: basta prestar atenção em quem ainda não apareceu com um cigarro nos dedos - segundo a lógica do filme, se a marca é uma queimadura, todos os fumantes são suspeitos - para saber quem terá seu segredo revelado no final." (Marceli Hessel)
Paramount Pictures Intertainment AG Kopelson Entertainment Blackout Productions Inc. Harlequin Pictures
Diretor: Philip Kaufman
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Soundtrack Rock = Johnny Nitro & The Door Slammers + James Brown
Check-Ins 221
Date 22/06/2013 Poster - # - DirectorWilliam A. WellmanStarsDana AndrewsGene TierneyJune HavocThe story of Soviet cypher-clerk Igor Gouzenko who was posted to the Soviet Embassy in Ottawa,Canada in 1943 and defected in 1945 to reveal the extent of Soviet espionage activities directed against Canada.[Mov 06 IMDB 5,3/10] {Video}
A CORTINA DE FERRO
(The Iron Curtain, 1948)
TAG WILLiAN A. WELLMAN
{nostágico}Sinopse
''No início de 1943, um avião comercial vindo de Moscou chega à Ottawa, Canadá, trazendo três passageiros russos: o Coronel Aleksandr Trigorin, novo adido militar da Embaixada da URSS, o Major Semyon Kulin, seu auxiliar e secretário, e Igor Gouzenko, especialista em decodificação. Os três são recebidos pelo Coronel Ilya Ranov, 2º secretário da Embaixada e Chefe da Polícia Secreta soviética.''
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: William A. Wellman
482 users / 30 face
Check-Ins 656
Date 19/08/2014 Poster - - DirectorHenry KingStarsGregory PeckHugh MarloweGary MerrillA tough-as-nails general (Gregory Peck as General Savage) takes over a B-17 bomber unit suffering from low morale and whips them into fighting shape.[Mov 08 IMDB 7,7/10 {Video/@@@@}
ALMAS EM CHAMAS
(Twelve O'Clock High, 1949)
''2ª Guerra Mundial. Convencido de que um comandante da Força Aérea está à beira de um colapso, o General de Brigada Frank Savage (Gregory Peck) assume o comando de um tumultuado grupo de bombardeios. Inicialmente ressentidos e rebeldes, os pilotos aos poucos mudam de atitude ao notar a liderança de Savage, que os faz realizar feitos de grande importância. Entretanto o stress do comando logo é sentido por Savage, que chega ao seu limite físico e emocional." (Filmow)
"Esqueça a ação (que é desorganizada e deveria ter sido cortada), Almas em Chamas funciona mesmo como um estudo de liderança e estratégia." (Alkexandre Koball)
22*1950 Oscar
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Henry King
8.572 users / 823 face
Check-Ins 230
Date 26/06/2013 Poster - #### - DirectorPreston SturgesStarsBarbara StanwyckHenry FondaCharles CoburnA trio of classy card sharks targets a socially awkward brewery heir, until one of them falls in love with him.[Mov 06 IMDB 7,9/10 {Video/@@@}
AS TRÊS NOITES DE EVA
(Lady Eve, The, 1941)
"Clássico absoluto da screwball comedy. Barbara Stanwyck é colocada no papel de predadora vingativa, enquanto Henry Fonda se mostra uma vítima inocente de suas maldades - colocações curiosas para um filme da Velha Hollywood." (Heitor Romero)
"Em 1941, aos 36 anos, Henry Fonda exibia sua melhor forma. De fato, ele nunca esteve tão bonito quanto neste filme. Não é de se espantar que várias mulheres estejam atrás dele, como Barbara Stanwyck narra, vendo a cena através do reflexo de um espelho. Apesar disso, apenas duas mulheres, que na verdade são uma só, duelam por seu amor nesta deliciosa comédia. Charles Pike (Fonda) é um biólogo apelidado de chopinho (hopsy no original) devido aos negócios do pai, sócio de uma cervejaria e muito rico. Ele é um dos primeiros nerds do cinema, inteligente porém desajeitado. Assim, torna-se presa fácil para os golpistas “Colonel” Harry Harrington (Charles Coburn) e sua filha Jean (Stanwyck), que pretendem roubar o dinheiro dele no jogo de cartas. Ninguém esperava que ele se apaixonasse por Jean, mas quando Charles descobre quais eram as intenções dela, ele a abandona no navio e segue seu rumo. Em uma festa na mansão dos Pike, Stanwyck reaparece, agora como Lady Eve Sidwich. Embora a semelhança com Jean faça Charles desconfiar, ela logo usa sua perspicácia para enganá-lo novamente, dizendo que ela e Jean são filhas do mesmo pai. Mais uma vez Charles se apaixona por ela, embora seu secretário Mugsy (William Demarest) tente impedir que eles se casem, usando sua frase de efeito: é a mesma umazinha! (she’s the same dame!).Preston Sturges, um mestre da comédia romântica, escreveu o roteiro baseando-se em um conto de 19 páginas já existente nos arquivos da Paramount. Com muita esperteza, ele conseguiu inserir cenas e diálogos picantes demais para a época, sem contudo ter problemas com o Código Hays. Trabalhar com o diretor foi uma alegria para Barbara e Henry. Usando roupas extravagantes para ser facilmente encontrado no set de filmagem em meio à numerosa equipe técnica, Preston fazia de tudo para deixar seus colegas de trabalho à vontade. Charles está saindo da Amazônia com uma cobra rara. No navio é possível ver até cartazes escritos em português. Apesar disso, as cenas anteriores, que mostram Charles na floresta, foram gravadas em Los Angeles. Com ou sem floresta, o certo é que este filme foi um ponto de virada nas carreiras do belíssimo Henry e também de Barbara, uma atriz versátil que até então nunca havia feito uma comédia, apenas dramas e westerns. O filme ainda traz referências ao mito de Adão e Eva, incluindo a cobra e a maçã que aparecem junto aos créditos, numa adorável sequência animada. Mas quais as diferenças entre Jean e Eva?" (Lê)
''O que são os casais? Como se formam? Como permanecem? O dia oferece duas versões distintas, ambas deliciosas, desse mistério: Cópia Fiel e "As Três Noites de Eva". Este último, é uma comédia de Preston Sturges com Barbara Stanwyck e Henry Fonda. Pelo elenco já se adivinha a trama: ela, uma vigarista, ele, um jovem milionário ingênuo. Quem vencerá? A franqueza ou a sagacidade? Ora, já podemos saber a resposta de antemão: não é o que importa. Importa, sim, a tremenda eficiência dos atores principais, importam os diálogos sempre originais, importa ainda a capacidade de invenção de Sturges, seu gênio para explorar as expressões, os detalhes, para dispô-los em cena da maneira mais adequada.'' (* Inácio Araujo *)
14*1942 Oscar
Paramount Pictures
Diretor: Preston Sturges
12.424 users / 723 face
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Dare 23/07/2013 Poster - ## - DirectorRobert GuédiguianStarsAriane AscarideJean-Pierre DarroussinGérard MeylanA union pensioner and his wife are robbed, but find that merely getting the assailants brought to justice is not enough for their consciences.[Mov 10 Favorito IMDB 7,2/10] {Video/@@@@}
AS NEVES DO KILIMANJARO
(Les neiges du Kilimandjaro, 2011)
TAG ROBERT GUÉDIGUIAN
{inspirador / intenso}Sinopse
''Apesar de ter perdido o emprego, Michel leva uma vida feliz com Marie-Claire. Eles estão apaixonados há mais de 30 anos, seus filhos e netos lhes dão alegria e vivem cercados de amigos próximos. Ambos se orgulham de sua luta política e seus valores morais. Mas a felicidade do casal é interrompida quando dois homens armados e mascarados os amarram e atacam violentamente, roubando o dinheiro que tinham guardado para fazer uma viagem ao monte Kilimanjaro. Michel e Marie-Claire ficam ainda mais chocados quando descobrem o autor do ataque.''
"O discurso de esquerda exagera ao apontar para a hipocrisia em Gilles e Raoul, bem como o roteiro não consegue tornar os protagonistas menos engajados no bem, mas o filme é belo, leve, correto, funciona como reflexão e serve como alento aos mais otimistas" (Rodrigo Torres de Souza)
''Não se trata de uma refilmagem do filme de 1952 com Gregory Peck e Susan Hayward. As Neves do Kilimanjaro de Robert Guédiguian (O Último Mitterrand) versa sobre a capacidade do ser humano de perdoar e se sacrificar pelo próximo, mesmo quando é mais fácil, ou socialmente aceitável, apelar para a vingança ou indiferença. Um típico drama social francês com viés político que se perde em sua retórica excessivamente adocicada e alguns metros acima do chão e da realidade. Adaptado do poema Pobres, de Victor Hugo, ''As Neves do Kilimanjaro'' tem como protagonista um homem de meia-idade chamado Michel (Jean-Pierre Darroussin), sindicalista que, devido à crise econômica, deve dispensar 20 funcionários, dentre os quais seu nome é sorteado. Boa praça, ele é casado com uma dedicada e carinhosa esposa, Marie-Claire (Ariane Ascaride), e melhor amigo de Raoul (Gérard Meylan) e sua esposa, Denise (MarilyeCanto). No aniversário de 30 anos de união, Michel e Marie-Claire ganham uma viagem dos amigos para a Tanzânia e mais um montante em dinheiro para gastar na viagem. Cientes disso, dois ladrões invadem a casa de Michel, roubam o presente e deixam traumas profundos na alma de Michel, Marie-Claire, Raoul e Denise. Tempos depois, o casal descobre que por trás do crime há uma história de solidão e abandono. Decidem, então, tomar uma série de atitudes que são condenadas por seus familiares e amigos. Nesse ponto, mesmo que o espectador se dispa de um olhar mais cético, é impossível não se incomodar com a maneira inverossímil como uma realidade trágica é tratada. Pior, no entanto, é ver a tentativa de transformar um ato criminoso, o roubo, numa espécie de retaliação tolerável contra a felicidade e relativo bem-estar alcançado pelo casal ao longo da vida. O filme de crítica social de Gueridan também peca pela falta de cuidado formal. É rico em tomadas estáticas e preguiçoso na descrição dos ambientes. Em nenhum momento temos um movimento de câmera para dar força á história. Há ainda uma trilha sonora anacrônica se encaixando mal numa trama que se pretende contemporânea. Os pontos altos de ''As Neves do Kilimanjaro'' são as boas atuações, com destaque para Ariane Ascaride (Marie-Jo e seus Dois Amores). A atriz tem um talento indiscutível para dar verdade a seus personagens. Ela está à vontade como uma dona de casa suburbana mergulhada nos afazeres triviais de seu dia a dia. Ariane é protagonista da melhor cena do filme, que se passa num bistrô onde recebe conselhos de um garçom sobre que bebida casa melhor com seu estado de espírito. Robert Guédiguian consegue dar boa dinâmica às relações familiares em seu filme; cenas de tarefas domésticas e encontros fraternais dão um leve toque de realismo à trama. A natureza política do longa, no entanto, fica devendo, e muito, à realidade." (Roberto Guerra)
Robert Guédiguian faz de forma grave e sentimental um retrato de choque de gerações na Europa.
''Há um choque particular de gerações que faz mais sentido na Europa do que em outros lugares do mundo. De um lado, pais e avós que ajudaram, em sindicatos e protestos sociais, a definir as leis de bem estar social que ainda hoje regem países como a França; do outro, filhos criados no neoliberalismo que não conseguem se inserir no livre mercado nem contar com o abrigo do Estado - e, por extensão, demonizam as regalias dos velhos protecionistas de esquerda. Em As Neves do Kilimanjaro, o francês Robert Guédiguian (Lady Jane, Armênia) trata desse choque com seu habitual sentimentalismo. Colaboradores de sempre do diretor, Gérard Meylan e Jean-Pierre Darroussin representam a velha guarda, Raoul e Michel, operários sindicalizados que passam por mais um corte de custos no porto de Marselha. Raoul sobrevive à demissão coletiva, mas Michel, não. Aposentado à força, ele ganha com a mulher, na festa do seu aniversário de casamento, uma viagem para o Kilimanjaro - e aí começa a trama de fato. Sem entregar muito, digamos que um assalto violento altera não só os planos da viagem como também a imagem que Michel faz dos jovens marselheses (entre eles, um adolescente que também perdeu o emprego). O porto e seus guindastes são uma presença constante no horizonte de As Neves do Kilimanjaro, para lembrar que, neste filme, as relações de trabalho - e as conquistas de direitos implícitas nessas relações - sempre ditam as demais. O roteiro se diz livremente inspirado em Os Miseráveis, e de fato a subtrama do assalto, que leva à condenação e depois ao perdão, lembra o clássico de Victor Hugo. Guédiguian referencia a obra do século 19 para tentar dar à sua história uma legitimidade, como se coubesse a ''As Neves do Kilimanjaro'' defender a longa linhagem do pensamento de esquerda francês. Assim, não só o sentimentalismo marca o filme, mas também uma certa gravidade no discurso, de quem tenta acompanhar e entender as mudanças de mundo ao mesmo tempo em que formula sobre essas mudanças um juízo definitivo." (Marcelo Hessel)
{Coragem é entender a própria vida, torna-la mais clara e profunda, estabelecê-la e harmonizá-la com a vida da sociedade} (ESKS)
''Robert Guédiguian ainda não perdeu a fé no ser humano. Com uma obra que oscila entre o otimismo (Marius e Jeannette, 1997) e a desesperança (A Cidade Está Tranquila, 2000), o cineasta francês volta agora a afirmar sua crença em valores tradicionalmente esquerdistas, como solidariedade e generosidade, no longa-metragem As Neves do Kilimanjaro", que estreia hoje. Fazer filmes como esse é reafirmar que eu creio no homem, diz Guédiguian, 58, por telefone, de Paris. A produção mostra um líder sindical que, depois de anos de luta, perde o emprego. Com uma nova rotina, ele é surpreendido por um assalto, planejado por um ex-colega, também desempregado. A situação o faz entrar em crise e se dar conta de que talvez tenha se aburguesado demais com o tempo. Sua reflexão o fará tomar atitudes inesperadas. Sempre quis fazer filmes que mostrem que o sentimento de humanidade pode se revelar talvez ainda com mais força onde é vilipendiado. Nos instantes em que a sociedade está em crise, tento, com meus filmes, encorajar comportamentos que seriam exemplares, diz o diretor. O título do filme se refere a uma canção de 1966 do músico francês Pascal Danel, a preferida do casal protagonista (Ariane Ascaride e Jean-Pierre Darroussin, colaboradores habituais do diretor). A trama mais uma vez se passa em Marselha, cidade natal do cineasta. Marselha tem vários pequenos signos que, unidos, formam as imagens que busco para meus filmes. Ao filmar ali, estou falando a minha língua. Divulgação Jean-Pierre Darroussin e Ariane Ascaride em cena de "As Neves do Kilimanjaro" , filme de Robert Guédiguian Jean-Pierre Darroussin e Ariane Ascaride em cena de "As Neves do Kilimanjaro", filme de Robert Guédiguian Falso Naturalismo De fato, é difícil imaginar o filme sem a paisagem mediterrânea e os calorosos marselheses. Para captar esse espírito, Guédiguian diz buscar uma certa invisibilidade como diretor, atrás do que ele chama de "falso naturalismo - daí a aparente simplicidade de seu estilo, que, porém, deriva de um processo trabalhoso de concepção. Esforço-me para que ninguém veja que cenários e figurinos foram feitos para o filme. E quero que os atores digam suas falas da forma mais natural possível. Guédiguian faz seus longas pela Agat Films. A produtora funciona em esquema de cooperativa, em que seis colegas produtores fazem concessões para viabilizar os projetos de cada um. Esse método, aliado ao teor de seus filmes, o torna um dos poucos diretores de orientação abertamente socialista na França hoje. Há 30 anos, eu me dizia de esquerda. Hoje, como o Partido Socialista [francês] defende ideias da direita, considero-me de extrema esquerda. Não há mais um compromisso com uma moral ou filosofia: a política se reduziu a uma administração técnica das coisas, isso está errado. Amante de política, o diretor diz ter acompanhado de perto o governo Lula. Acho que ele poderia ter se comprometido um pouco mais com os ideais de esquerda. Mas é evidente: foi mil vezes melhor do que governos brasileiros anteriores, afirma." (Bruno Ghetti)
O que sobrou da esquerda?
''As Neves do Kilimanjaro'', originalmente, é o título que se refere a um dos contos mais famosos da história da literatura, de Ernest Hemingway. Sem se ater em suas possíveis interpretações de viés poético ou político, ficou conhecido sobretudo por evocar uma emblemática figura do leopardo, ou melhor, do que restou da carcaça do leopardo que ousou subir até o topo da geleira da montanha africana, na casa de Deus. No trecho mais conhecido, o conto diz: Ninguém explicou o que o leopardo estava procurando em tal altitude. Talvez seja símbolo daquele que foi além de seus limites, o agitador que quis sair da superfície rasa, um explorador do desconhecido, o alter ego do próprio escritor. Num primeiro momento, ''As Neves do Kilimanjaro'' (Les neiges du Kilimandjaro, 2011), o filme de Robert Guédiguian, nada tem a ver com as aventuras selvagens narradas e vivenciadas por Hemingway. Michel (Jean-Pierre Darroussin) é um líder sindicalista de trabalhadores do porto, e está a fazer um sorteio de 20 empregados a serem demitidos em prol do benefício comum, da manutenção da classe. Justo, idealista, manteve seu nome entre os papéis, e acabou sendo, por si próprio (e por uma desventura do destino), sorteado e afastado daqueles que sempre foram seus propósitos existenciais – seu trabalho e a militância sindical. Curiosamente Michel está caracterizado fisicamente de forma semelhante a do escritor norte-americano. Liberto das agruras do trabalho, da luta em nome de um grupo, agora desempregado, vive o momento onde pode finalmente desfrutar da vida, curtir a família, dar uma de Hemingway e sair se aventurar pelo mundo afora. Mas o que pode representar uma nova abertura de possibilidades torna-se um período de introspecção, de balaço, de reflexão sobre perdas e ganhos. A virada na trama acontece quando Michel, seu melhor amigo, e respectivas esposas, são assaltados em seu pacato domicílio, onde o dinheiro ganho de presente de aniversário de casamento, justamente advindo de uma vaquinha dos colegas da classe trabalhadora para proporcionar uma viagem a montanha que dá título ao filme, é levado, e a possibilidade de conhecer as tais neves, anulada. Os sonhos e a vida, aquela que se almeja depois de anos de labuta, no momento em que chegou para ser vivida, são literalmente roubadas junto com a primeira HQ do Homem-Aranha que guardava desde a infância, a gênese que inspirou a sua trajetória como líder idealista e a formação de seu caráter. Furtada justamente por um próprio colega que ajudou a defender – uma típica e desleal traição. Uma série de eventos inusitados e razoavelmente improváveis acontecem dali em diante conduzindo o drama, fazendo com que o personagem repense seu posicionamento político sob diversos pontos de vista. Michel é a carcaça do que foi na juventude. Diálogos chorosos e saudosistas com sua esposa Marie-Claire (Ariane Ascaride) trazem à tona o questionamento: No que nós viramos? Tornamos-nos aquilo que atacávamos quando jovens. Pequenos burgueses. Guédiguian dá um tom um tanto enfadonho, morno e burocrático ao filme, no firme propósito de fazer o espectador refletir sobre o que sobrou da esquerda. Entrega de bandeja suas intenções, força a amizade em uma sequência de situações inverossímeis para um filme que se propõe realista, com o intuito de expor e defender uma tese, resultando num frágil e questionável otimismo em relação a política e ao ser humano. Ainda há esquerda? Há lugar para revoluções e revolucionários? Tem um argumento que faz lembrar um Edukators (Die Fetten Jahre sind vorbei, 2004), mas ao contrário, às avessas, do ponto de vista do assaltado. Fará sentido tal distinção entre esquerda e direita nos dias de hoje? Perguntas evocadas em plena França, berço da política moderna, com população politizada, que tem o costume de tomar as ruas (touts ensemble!), nação que proporcionou 14 anos seguidos de mandato de um presidente do partido socialista, que foi François Mitterrand. Esta problemática é apresentada mostrando múltiplas facetas de um hipotético conceito de posicionamento político, influenciado pelo embargo da condição pessoal, demandas familiares e mutações sensíveis a ação do tempo. Com o cenário mediterrâneo da cidade de Marselha, a crise do casal de meia idade é a crise da ideologia, da utopia do século passado, onde essas premissas, como a ideia de que a esquerda teria se desvirtuado, pendido para uma direita camuflada, e seja simplesmente uma sombra do que foi, são apresentadas de forma didática, insossa, pressupondo um novo olhar para o outro e para si mesmo, onde ninguém é inocente e todos têm seus impulsos justificáveis e legítimos (Guédiguian diz ter acompanhado o governo Lula assiduamente e guarda opiniões críticas, mas ao mesmo tempo condescendentes a seu respeito, por exemplo). É justamente aí que a narrativa e o filme como um todo ganham ares de maniqueísmo, de panfletarismo, exalado artificialmente nos diálogos teatrais dos personagens. Cenas quadradas em situações folhetinescas, numa direção seca que pouco envolve cinematograficamente. A esposa de Michel, mais do que um personagem, paira como uma porta-voz de um discurso moralista, onde seu papel cabe em sistematicamente apresentar a problematização de uma França atual, que até então era presidida por Sarkozy, numa crise de identidade que recentemente levou, assim como ocorreu, ao retorno de um governo de orientação socialista, que é representado na figura de François Hollande. Propósito legítimo, mas como cinema, partindo do drama pessoal e familiar para remeter a questões governamentais atuais (claramente a crise europeia), é algo entediante, oferecendo muito pouco ao espectador interpretar por si só o filme. Ele mesmo oferece respostas imediatas às suas perguntas, antes de qualquer questionamento e reflexão do espectador. São curiosas algumas das contradições. As cenas são pontuadas e intercaladas por uma canção tema de Joe Cocker. Michel se diz antiamericano, chama o inglês de língua dos colonizadores, mas vê no Homem-Aranha um ídolo, a fonte de inspiração para sua orientação esquerdista. Há um pôster do herói da Marvel na central sindical. Tal como um Robin Hood, um belo dia ele mesmo se viu no papel inverso. Sua única virtude talvez seja a mesma do também trabalhador do cais Terry Maloy (Marlon Brando), de Sindicato de Ladrões (On The Waterfront, 1954): a conquista da sua consciência. Seu código ético é a sua grande qualidade inspiradora. Este serve de ponte para se concluir que não há mais unidimensionalidade nos posicionamentos políticos, sobretudo os de esquerda - se é que um dia houve. Porém, As Neves do Kilimanjaro seria melhor, como filme, se libertasse de seguir por uma retórica que prega uma cartilha de forma tão restritiva e limitada." (Juliano Mion)
2011 Palma de Cannes / 2012 César
Agat Films & Cie France 3 Cinéma Canal+ (participation) Les Films de la Belle de Mai CinéCinéma France Télévision Banque Postale Image 4 Cinémage 5 Soficinéma 7 Cofimage 22 Région Provence-Alpes-Côte d'Azur Centre National de la Cinématographie (CNC)
Diretor: Robert Guédiguian
2.953 users / 896 faceSoundtrack Rock
Joe Cocker / Blondie / Jimmy Cliff
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Date 22/08/2014 Poster - ##### - DirectorFritz LangStarsHenry FondaGene TierneyJackie CooperFrank James continues to avoid arrest in order to take revenge on the Ford brothers for their murder of his brother Jesse.[Mov 07 IMDB 6,7/10] {Video}
A VOLTA DE FRANK JAMES
(The Return of Frank James, 1940)
TAG FRITZ LANG
{nostálgico}Sinopse
''Frank James deixou sua vida de crimes e se tornou um pacífico fazendeiro. Nem quando Clem Tom Grayson, um jovem e grande amigo, lhe conta que Jesse James foi baleado pelas costas pelos irmãos Ford, Frank procura se vingar, pois crê na justiça. Aparentemente isto acontece, pois Bob e Charles são condenados por assassinato. Porém meia hora após o veredicto o governador lhes dá total perdão, e ainda recebem uma recompensa. Ao ver isto Frank constata que precisa fazer justiça com as próprias mãos.''
"Lang menos a vontade em western, mas com grande competência, embora o filme seja indicado mesmo para os que viram o também bom filme anterior de Jesse James dirigido pelo Henry King." (Vlademir Lazo)
*****
"É verdade que Frank James é bem menos famoso do que seu irmão Jesse. Também é fato que o Jesse James de Henry King, feito em 1939, ficou mais conhecido do que este "A Volta de Frank James", feito no ano seguinte. Mas o filme de Fritz Lang é melhor. Aqui trata-se de um tema caro ao cineasta alemão: a vingança, ou, mais que ela, o considerável ódio que Frank carrega contra Bob Ford, o homem que matou Jesse pelas costas, e que o leva a mobilizar suas forças em torno desse objetivo, que é liquidar Bob. Pois Frank James havia decidido se retirar da vida criminal, mas agora precisa voltar a ela, como que para se purificar. Henry Fonda faz Frank, e mais uma vez se dá muito bem trabalhando com Lang." (* Inácio Araujo *)
''O quarto filme de Fritz Lang na América, depois da chamada trilogia social (Fury, You Only Live Once, You and Me) é a sua primeira obra a cores. Mesmo gente não muito favorável a esta película (ou comentadores para quem ela é uma obra menor) tiraram o chapéu à mestria no uso do technicolor. Gavin Lambert, por exemplo, o conhecido crítico do Sight and Sound, que durante anos sustentou a tese da decadência da obra americana de Lang, escreveu: A limpidez e a doçura das paisagens do Oeste parecem ter estimulado sobretudo Lang enquanto pintor (stimulate Lang only as a painter), pois é no admirável gosto e no uso exploratório do technicolor que reside o maior interesse deste filme. O uso da cor não se limita ao bom gosto, mas, em toda a acepção da palavra pintor, a uma dramática utilização dela, de que Lang estava plenamente consciente quando abordou pela primeira vez essa técnica e quando abordou pela primeira vez o western. A Bogdanovich, declarou: Zanuck veio ter comigo e disse-me: Lang, você não pode fazer grandes planos em cor. Respondi-lhe: Por quê? Não sei, mas não se pode. Fiquei a empreender naquilo, tanto mais que Zanuck, pelo menos nessa altura, não tinha nada de parvo. E descobri o seguinte: suponhamos, por exemplo, uma cena de noite, com uma mulher deitada na cama com a cabeça numa almofada branca; no quarto está também um homem de pé encostado a uma parede preta. Se filmar um grande plano da mulher, bem iluminada por um candeeiro na mesa de cabeceira, devido à almofada branca, há uma grande luminosidade no fundo. Corto e filmo o homem contra a parede preta. Branco e preto. Inevitavelmente, há um choque. Mas, depois de pensar e experimentar um bocado, aprendi que se der sucessivos grandes planos com a mesma luz de fundo, o olhar do espectador acaba por se habituar. Outra coisa: tem que se saber usar cores atenuadas. Por exemplo, uma mulher com uma maçã encarnada na mão: qualquer pintor lhe dirá que o olhar é imediatamente atraído pela maçã encarnada. Por isso, aprendi a evitar focos de luz brilhante, ou espelhos que reflitam luzes brilhantes. Um bom operador pode sempre iluminar de modo a que o espectador seja forçado a ver apenas o que o realizador quer que ele veja. No momento em que o olhar do espectador começa a vaguear e a interrogar-se sobre que coisa é aquela que está lá no fundo, perde-se o público. Lang interessou-se pelo western por ver nele o equivalente americano do que a saga dos nibelungos era para os nórdicos europeus, ou a Canção de Rolando para os franceses. E este filme surgiu na seqüência do grande êxito alcançado pelo filme da Fox (de Henry King), Jesse James (39). Jesse James (o de King) contribuiu, quase tanto como Stagecoach, para o relançamento do western como grande gênero. A Fox não perdeu tempo. E logo encomendou ao alemão Lang, que tão alta idéia fazia desses filmes, segunda obra sobre os míticos irmãos James. O primeiro plano do filme faz, aliás, um explícito raccord com a obra anterior, quando vemos Jesse James ser abatido pelas costas pelos irmãos Ford (ou como diz a inscrição tumular - que Nicholas Ray retomou no futuro e genial The True Story of Jesse James - por um traidor cujo nome não é digno de figurar aqui). Sabemos até que a intenção original de Lang era aproveitar o último plano do filme de King (que com essa morte terminava) o que não veio a acontecer. Mas era e é um processo caro a Lang e que vinha da sua fase alemã (recapitulação no primeiro plano da segunda parte de Die Spinnen do final da primeira, recapitulação no primeiro plano de A Vingança de Kriemhild do final de A Morte de Siegfried). E essa idéia (recapitulação, retorno) volta nos seus filmes finais quer entre o primeiro e segundo dístico do Das indische Grabmal quer no início do Die Tausend Augen des Dr. Mabuse, remetendo para um plano famoso do Testamento do mesmo Mabuse. Este aspecto é mais do que uma curiosidade, porque explicita o tema do eterno retorno, tão caro ao universo de Lang. Objetar-se-á que Frank não morre no final deste filme, como acontece a Jesse no anterior (entre parênteses noto que historicamente assim sucedeu, e que não há portanto qualquer transigência a happy ends no final deste filme). Mas Jesse, quando foi morto, preparava-se para a pacífica vida que é a de Frank no início desta obra e a que irá ter no final. Nesse sentido não regressa o personagem, mas regressa a intenção. Frank realiza o sonho do irmão, e realiza-o legalmente, com absolvição em tribunal e tudo. Lotte Eisner nota muito bem como Lang jogou com o duplo sentido da palavra return. Frank regressa (abandonando o seu pacífico retiro) para vingar o irmão, mas regressa também para se redimir (return no sentido de vingança, return no sentido de redenção). Neste sentido (e servido pela admirável composição de Henry Fonda no seu segundo e último trabalho com Lang), este filme participa tanto da obsessão vingativa de certas personagens arquetípicas de Lang (Spencer Tracy em Fury, Glenn Ford em The Big Heat, Gary Cooper em Cloak and Dagger, Walter Pidgeon em Man Hunt, Arthur Kennedy em Rancho Notorious) como da descoberta final de todas elas que a vingança “é um amargo fruto” e que o círculo infernal tem que ser quebrado. É nesse sentido que todos estes personagens se vão aproximar mais de Lil Dagover de Der müde Tod (finalmente incapaz de trocar qualquer vida pela do amante morto) que de Margarete Schön de A Vingança de Kriemhild que assumira até ao fim a sua sede de destruição contra todos os que lhe mataram Siegfried. Nos filmes americanos - e muito sublinhadamente nos seus três westerns – Lang abandona essa obsessão raivosa, tornando-se os percursos dos três heróis desses filmes (Fonda, Randolph Scott, Arthur Kennedy) cada vez menos vingativos. Ambiguamente? É certo, mas é isso que lhe dá a admirável espessura humana. Como se os acidentes que provocam as mortes dos irmãos Ford (num caso a queda, no outro o suicídio) fossem outras tantas tomadas de consciência do protagonista. Isso é singularmente dado no plano admirável em que Fonda vê cair o primeiro dos Fords (plano entre todos elíptico) e na prodigiosa montagem que acompanha o final: Fonda a dar um salto da cadeira logo que ouve a absolvição, para perseguir Carradine, a perseguição e essa morte final, quando Carradine sucumbe mais ao olhar de Fonda que às suas balas. Frank James começa, aliás, o filme como Ulisses em Ítaca, antes que o venham chamar para a guerra. Recusa, inclusive, o próprio nome (diálogos com o negro, e lapsos deste). Só quando sabe da morte de Jesse, não pode deixar de intervir, mas sempre (o que o olhar vago e o passo lento de Fonda, acentuam) com uma certa consciência do absurdo. Os fabulosos personagens de Clem e Gene Tierney são as efetivas armadilhas no seu destino, reiterando-lhe esse absurdo. Mas a cumplicidade ativa da população com os abjetos irmãos Ford (irmãos contra irmãos, outra guerra mitológica) recorta-lhe o perfil. Uma vez mais, para dividir a encenação especular (a de Frank) e a encenação fictícia (a dos Ford) Lang recorre à encenação espetacular. Neste caso não é o filme dentro do filme, mas a peça dentro do filme. Um dos momentos de antologia desta obra é a irrupção de Fonda pelo teatro onde Carradine e Tannen representam (ou seja, falseiam) a morte de Jesse, atribuindo-se o lugar dos heróis que não eram. O contracampo do palco com o camarote de Fonda (e com o olhar de Fonda) varre-os de cena, como depois se repetirá na morte de Charlie Ford e na fuga do tribunal de Bob Ford. Fonda é o espectador que sabe demais e que, por isso, sobrepõe à mise en scène desarticulada, à má representação (a do teatro) a mise en scène articulada e a presença não representável. É verdade que ele próprio, depois, encena, (armadilhas, esconderijos, a própria morte). Mas as suas peregrinações nas espantosas paisagens (e nunca os décors reais do western tão panteisticamente foram expressivos dum conflito interior: árvores e rochas agressivas e torturadas) preparam-no para ter que aceitar o ponto de vista de Gene Tierney: testemunhar da inocência de Pinky com risco da própria vida, sem lhe dizer como Eddie Taylor a Joe (You Only Live Once) if you’re wrong... Porque a ordem exterior não é a policial desse filme, mas a desordem ainda possível (do espantoso tribunal, do espantoso júri, do espantoso advogado). Redimido no final pelas provações que conheceu ao longo do filme, nos sucessivos episódios e conflitos (Godard viu admiravelmente essa necessidade de redenção implicada pela idéia de pecado, no seu famoso texto sobre o filme), Frank James pode dizer a Eleonor: Today, I can look at myself in a mirror without blushing. Sobre o amargo pessimismo dos seus filmes dos anos 30 (e que regressará na fase final americana), Lang pode ultrapassar o fatum vindicativo (ou a maldição metafísica, que o eterno retorno podia implicar) para se reencontrar na dimensão romântica de Der müde Tod. Na dimensão moral em que tudo torna a ficar quieto outra vez e em que Frank James perde o seu ponto de vista (o ponto de vista dum código simultaneamente de gênero, de honra e de retorno) para se fixar na indeterminação possível da sua despedida de Gene Tierney: mighty pretty country round there.... Frank James abandonou o pathos (imagem inicial da morte de Jesse) e reentrou no ethos? Eu diria que passa entre (o seu caminho final é solitário, sem Gene Tierney) contra o muro, beyond a reasonable doubt. Entre os tiros da morte de Carradine (através duma porta, como em Ministry of Fear) e um olhar (o seu) que já não precisa de ver essa morte. Quem matou pelas costas, pelas costas morre. Quem esteve em off nessa morte, em off permanece.'' (João Bénard da Costa)
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Fritz Lang
1.998 users / 67 face
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Date 24/08/2014 Poster - ###### - DirectorJosh BooneStarsShailene WoodleyAnsel ElgortNat WolffHazel and Gus are teenagers who meet at a cancer support group and fall in love. They both share the same acerbic wit and a love of books, especially "An Imperial Affliction", so they embark on a journey to visit an author in Amsterdam.[Mov 01 IMDB 7,9/10] {Video/@} M/69
A CULPA É DAS ESTRELAS
(The Fault in Our Stars, 2014)
TAG JOSH BOONE
{esquecível}Sinopse
''Hazel é uma paciente terminal. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.''
"Aparenta ter sido escrito por pré-adolescentes sem nenhuma vivência real, tamanha a ingenuidade e artificialismo desse "amor". Para fazer suspirar mulheres de consciência fraca, talvez." (Alexandre Koball)
"A forma como os personagens encaram a doença é bonita e o filme constrói sem pressa a relação do casal. Essa identificação gera alguns belos momentos, apesar dos excessos do terceiro ato e de Woodley ser infinitamente melhor que Egort. Bom filme." (Silvio Pilau)
"Uma adaptação eficiente, para agradar fãs do livro, mas que não aliena quem não o leu. Destaque total para Shailene Woodley, que consegue manter a personagem interessante e não pesar a mão no drama inevitável da história." (Felipe Tostes)
"Pouco inventivo, não traz muito de novo. Mas traz o essencial romântico de uma boa história honesta e cativante. É verdade que o mérito reside em Shailene Woodley. A situação da doença felizmente não é romantizada, é naturalizada. Simples, emociona, é OK." (Marcelo Leme)
"A história gira em torno de Hazel e Gus, dois adolescentes que se conhecem em um grupo de apoio a pacientes com câncer e compartilham, além do humor ácido e do desdém por tudo o que é convencional, uma história de amor que os faz embarcar em uma jornada inesquecível." Sim, essa é a história de Hazel (Shailene Woodley) e Gus (Ansel Elgort). Sim, os dois se conhecem no grupo de apoio. E sim, eles se apaixonam. O problema está na descrição dos personagens. Pode ser que eles compartilhassem o humor ácido e o desdém pelas convenções no best-seller de John Green. Mas, na versão que chega aos cinemas, eles são dois jovens belos, adoráveis e adequados à família e à sociedade. Com a exceção de uma ou outra piada sobre o líder do grupo, que encontrou Jesus depois da doença, não há vestígios de acidez ou rebeldia. Pela sinopse, eles parecem uma nova versão de Bonnie e Clyde (1967), em que o câncer substitui a polícia do Texas como o inimigo a ser derrotado. Mas são, na verdade, uma atualização do lacrimoso Love Story. Ou seja, um casal construído no binômio amor incondicional/doença fatal para que Hollywood reafirme: Continuamos dominando a ciência da extração de lágrimas. O dado novo que o filme traz à fórmula é a ênfase na virgindade. Como em Crepúsculo, ''A Culpa É das Estrelas" faz um elogio não muito discreto ao celibato - que nos lembra que o mundo e o cinema se tornaram mais conservadores que nos anos 1970. Fora isso, os velhos truques para aflorar a emoção estão todos lá: trilha sonora dramática, câmera lenta, closes nos rostos de personagens desfigurados pela dor. O resultado é inevitável: lágrimas e soluços são arrancados com precisão cirúrgica. Se foi assim numa sessão para críticos de cinema - categoria notoriamente desalmada -, como não será para pessoas com coração?" (Ricardo Calil)
Quando a juventude salva o banal.
''John Green é uma máquina de fazer jorrar dinheiro no mundo todo. Rapidamente esse americano se tornou o novo Midas da indústria literária e vem lançando livros a toque de caixa, sempre atingindo grande público e alimentando o fã clube (que sim, já existe). O estopim de toda essa massificação deu origem ao filme que entra em cartaz neste fim de semana numa sana louca de mais e mais grana ao redor do globo. E os prognósticos são os mais felizes possíveis. Bom pra Fox. Green vem ganhando baldes de dinheiro através de um filão que já tinha parido Nicholas Sparks, outro autor americano das chamadas young adults, novelinhas romanceadas cheias de açúcar escrito quase exclusivamente para mocinhas dos 12 aos 19 anos. O problema é que Sparks é lindo por todas as idades cada vez mais, e Green... bem, esse deve superar o antecessor em tudo. E olha que o cara tem só 36 anos e A Culpa é das Estrelas é só seu quinto livro. Apesar de toda festa e pompa, a verdade é que Green lida com elementos já escritos e re-escritos há décadas (vide o próprio Sparks); lógico que a primeira história adaptada de um romance dele não seria diferente. E eu ainda estou aqui, gastando latim pra contextualizar um filme que não ajuda em nada a escrever um bom texto. Os fãs podem me xingar, podem me bater e fazer macumba, mas a verdade é que já vimos A Culpa é das Estrelas antes. Assim como John Green não prima pela originalidade, o diretor Josh Boone sabia que teria uma máquina de fazer dinheiro na mão e foi na boa. Ou seja, ganhamos inteiramente de grátis o produto requentado mais esperado de 2014; é o boy meets girl versão dodói. O que no fim das contas empurra o produto até o fim com carisma e talento é o casal Shailene Woodley e Ansel Elgort, recém saídos do sucesso Divergente e que aqui enchem de química a tela, e é dessa química que brota a emoção, não dos chavões romântico-clichê que o filme amontoa. A partir da interação entre os dois jovens e ótimos atores o filme funciona, e aí nada disso tem a ver com John Green e suas ideias originais." (Francisco Carbone)
Cinema apressado e inquieto, tal qual um adolescente.
"A primeira vez que ouvi falar sobre ''A Culpa é das Estrelas'', o livro, foi quando minha mulher estava lendo-o e chorando copiosamente. Quando terminou, seguiu chorando por mais um tempo ao ponto de me deixar curioso para saber o porquê daquilo tudo. Nas férias, peguei e o dissequei em apenas um dia. Bom, logo eu, um emotivo assumido, não cheguei a chorar, mas sabia que tinha lido ali algo interessante. Talvez estivesse chocado demais, não sei, mas ali realmente tinha alguma coisa e eu não sabia bem o que era. Fã do cinema inocente dos anos 80, tinha acabado de ler naquelas páginas escritas pelo hoje nome da vez John Green uma história de uma menina com um câncer grave no pulmão, Hazel, sem perspectiva alguma de vida, que passa seu tempo vendo reality show e relendo sempre o mesmo livro. Quando conhece Gus, sua vida muda: ela passa a ver sentido nas coisas, ambos viajam juntos para a Holanda e, claro, se apaixonam. Ele um vencedor da doença; ela ainda uma lutadora, ou uma granada, como costuma se intitular para afastar aqueles que tem medo de machucar, e vão fazer de tudo, mesmo contra a natureza da situação, para ficarem juntos. Certa vez pensei em escrever um artigo de como ''A Culpa é das Estrelas'', o filme, poderia ser bom. Os personagens tinham ideais, pensamentos próprios que os deixavam com personalidades fortes, os acontecimentos eram interessantes e, o que traria o público em geral para o seu lado, faz chorar de doer na alma com sua linguagem simples e viciante. Entre um sofrimento ou outro, uma frase bem colocada, daquelas que fazem pensar e um ou outro acaba postando no Facebook. Aposto que você conhece alguém assim. A narrativa era toda cinematográfica e apostaria que a adaptação não encontraria nenhum obstáculo pela frente. Pois bem, não foi bem assim que aconteceu ao final. O filme, tentando colocar tudo o que tem no livro (e acabar deixando alguns pontos importantes de fora) se revela atropelado demais, sem deixar que o público respire um pouco para digerir aquilo que estamos vendo em tela. Hazel acaba não tendo tanta profundidade assim. Não sabemos de sua ligação forte com o livro que sempre lê; bom, no filme é dito, mas jamais sentimos de fato o quanto ela gosta dele, o que enfraquece a história como um todo. Existe uma diferença colossal no cinema entre o que é passado forçadamente ao público e aquilo que ele consegue sentir sem precisar ser ‘convencido’. Há uma simplicidade cativante em A Culpa é das Estrelas, o livro, que não há no filme. Há um sentido, uma motivação. Gus encara Hazel no começo e não sabemos o porquê. Paixão a primeira vista? É óbvio que um filme tem que adaptar as coisas para caber tudo em apenas duas horas, mas quando escolhas erradas são feitas, você acaba alterando o comportamento de alguns de seus personagens. Gus tinha um motivo para se aproximar de Hazel, que no filme ficou parecendo ser apenas amor à primeira vista, mas quem leu o livro sabe que a real razão acabou ficando de fora. É necessário ter certa consciência para saber o que tirar e o que deixar no corte final de um longa, principalmente quando se está tentando ser tão fiel assim à obra original. E o que poderia deixar o filme com um tom mais poético (aliás, ele talvez tivesse um resultado melhor se fosse feito de forma independente, quem sabe), como a sequência com as sementes no rio da Holanda, também acabou ficando de fora. Mas não dá para dizer que o filme são apenas erros. A dupla de protagonistas, Shailene Woodley e Ansel Elgort, que também estiveram juntos em Divergente (Divergent, 2014; outro filme baseado em um romance adolescente), estão em perfeita sintonia e carregam o filme nas costas. Para aqueles que não leram o livro, eles são motivos suficientes para as lágrimas finais. Para quem leu, o caminho fica ainda mais fácil por o filme servir de âncora entre sua memória e a emoção que sentiu quando leu o livro na época. Há acertos em explicar certas coisas que no livro ficam subentendidas, como por exemplo o significado do Ok? Ok para o casal, e em manter o humor negro sobre a condição da personagem mesmo em um mundo careta politicamente correto como é o nosso hoje. As músicas são bem escolhidas e vão ajudar nesse processo doloroso, mas é imperdoável que a belíssima canção de Troye Sivan, citada no livro, tenha ficado de fora do filme. O que sobra de ''A Culpa é das Estrelas'' é um Tudo por Amor (ótimo filme) ou Um Amor Para Recordar (A Walk to Remember, 2002) de sua geração, que sempre considerará esse o melhor filme da sua vida. Não é o caso, já que falha como adaptação e não tem a profundidade suficiente para ser discutido como temática – nem sobre o câncer -, mas é um filme que, acima de tudo, tem força para ser lembrado. O livro nos tortura de uma maneira muito mais cruel, mas de uma maneira menos profunda, o filme até que se esforça também, principalmente por evitar a apelação. É algo mais inocente mesmo. Se falta algo como arte, pelo menos sobra o lado humano da coisa. Não dá para dizer que não curti, apenas que o livro é melhor, como quase sempre - ainda mais nesse caso, já que praticamente todo mundo já o leu." (Rodrigo Cunha)
Fox 2000 Pictures (presents) Temple Hill Entertainment TSG Entertainment
Diretor: Josh Boone
224.205 users / 91.905 faceSoundtrack Rock
Summer Fiction / *beep* / Jake Bugg / Sun Kil Moon / The Radio Dept. / OneRepublic / Dan Wilson / Birdy / Kodaline / Ray Lamontagne / M83
Check-Ins 663 45 Metacritic 314 Up 17
Date 24/08/2014 Poster - # - DirectorSylvie TestudStarsJuliette BinocheMathieu KassovitzAure AtikaA young woman falls in love, then wakes up a decade later as the mother of a young boy who is also in the middle of a divorce.[Mov 07 IMDB 5,9/10 {Video/@@@}
A VIDA DE OUTRA MULHER
(La vie d'une autre, 2012)
''Em seu primeiro trabalho como diretora, a atriz francesa Sylvie Testud (Piaf - Um Hino ao Amor) faz uma viagem no tempo com sua personagem principal, Marie Speranski (Juliette Binoche), jovem de 26 anos que, depois de uma noite de amor, salta no tempo e acorda aos 41. Ela agora é casasa, rica (mora em uma mansão com vista privilegiada para a Torre Eiffel) e tem um lindo filho. Muitas coisas ocorreram nesses 15 anos e Marie não se lembra de absolutamente nada. Mais: sua vida está longe de ser o que projetava quando jovem. Histórias de lapsos temporais que deixam um ou mais personagens perdidos já foram bem exploradas no cinema e, em geral, dão margem a comédias nas quais vemos as desventuras do protagonista tentando entender o que aconteceu. A Vida de Outra Mulher não é uma comédia, mas usa do mesmo expediente para pontuar a história com humor, que surge de Marie tentando descobrir como funciona a rotina de sua vida agora. Essas situações divertidas servem de alívio cômico para o que parece ser o objetivo maior do filme: propor uma reflexão sobre como conduzimos nossas vidas por caminhos indesejados sem termos noção disso. A Marie de 41 anos é uma mulher poderosa, temida, que dá pouca atenção ao filho e marido e passou os últimos anos dedicada à carreira de executiva. Não à toa está prestes a se separar de seu grande amor - a paixão que sentia por aquele homem com quem dormiu se desvaneceu no salto temporal. Durante o filme vemos Marie tentando recuperar o amor do marido e descobrir que atitudes tiraram sua vida dos trilhos que imaginava aos 26. ''A Vida de Outra Mulher'' se propõe a ser uma comédia-romântica-dramática, o que acaba por trazer certa instabilidade à trama e seus protagonistas. A talentosa Juliette Binoche tenta achar um tom afinado para seu personagem, mas como o filme não acha o próprio tom sua Marie fica um pouco perdida, apesar do nítido esforço da atriz para ao menos não a deixá-la perder a veracidade na tela. Outro bom ator prejudicado pelo enredo é Mathieu Kassovitz (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), que interpreta o marido desiludido e indiferente. Ele não pôde oferecer muito no espaço cênico limitado e engessado dado a ele no filme. Não se trata de uma produção ruim de apreciar. Tem seus momentos divertidos e é até mesmo capaz de nos leva à reflexão sobre nossas ações e suas consequências ao longo do tempo. Mas nada capaz de legitimar os muitos caminhos que tenta trilhar de uma só vez, o que o faz se perder nos propósitos que a própria diretora não conseguiu definir ao certo quais seriam." (Roberto Guerra)
"Em seu primeiro longa metragem, como diretora, Sylvie Testud explora a mágica do universo da viagem no tempo, com toda a trama sendo executada por personagens carismáticos, porém, bastante complexos, que às vezes se perdem nas composições e direcionamentos que a história vai rumando. A musa francesa Juliette Binoche mais uma vez exala talento e se torna um dos destaques da fita. Na trama, que tem o roteiro baseado em um livro de Frederique Deghelt, somos apresentados rapidamente e sem enrolação à uma jovem morena francesa que se apaixona perdidamente por um rapaz e após uma noite de muito carinho e acorda anos mais tarde e descobre que é mãe de um menino e que seu marido(que é o mesmo que ela passara à noite anos atrás) e ela estão no meio de um divórcio. Assim, a jovem, agora madura, precisa reconquistar muitas pessoas importantes em sua vida que deixaram lacunas por conta do rumo em que sua vida se determinou. O filme aborda questões interessantes sobre o futuro de uma jovem que possui dúvidas e sofre com a doença do pai. Quando é modificado seu universo,ela percebe que a partir de algumas decisões tomadas, sua vida e sua personalidade foi modificada de alguma forma e essa busca é um elo importante com o espectador, onde juntos, vão descobrindo as respostas. O roteiro ganha o público pelos excelentes (e profundos) diálogos. A ato final, a declaração, a exposição do sentimento de maneira viva, nua e crua é algo primoroso e leva às lágrimas os cinéfilos que conseguem se identificar, de alguma maneira, com aquela história. É impressionante como Binoche se transforma nos personagens, mesmo o filme ser longe de ser um espetáculo, a artista francesa precisa de poucos minutos para ganhar a confiança e simpatia do público. Vejam todos os filmes dela, mas assitam por ela, super recomendado! Em seu desfecho, as opiniões serão diversas. Na cena final, não importa para onde vão ou se serão felizes, o que importa é você sonhar! Veja esse filme!" (Raphael Camacho)
''Atualmente, no cinema francês é difícil imaginar outra atriz melhor para fazer uma burguesa sofredora do que Juliette Binoche. Na pele de uma personagem desse tipo, ela pena como ninguém. Em seu novo trabalho, "A Vida de Outra Mulher", que estreia em São Paulo, ela faz comédia do que seria um mar de lágrimas, ou seja, a amnésia. A história de Marie (Juliette) se parece muito com alguns filmes de Hollywood - Como Se Fosse A Primeira Vez, Para Sempre, Diário de Uma Paixão, para ficar nos mais recentes. Com o problema de perda de memória da protagonista, o filme começa com a moça aos 25 anos, morando numa cidade pequena onde ajuda a mãe (Danièle Lebrun) a cuidar do pai, numa cadeira de rodas. Ao completar 25 anos, Marie consegue o emprego dos sonhos como investidora em Paris e também conhece o grande amor de sua vida, Paul (Mathieu Kassovitz), filho do chefe. A vida dela poderá ser uma alegria, mas quando acorda no dia seguinte, está fazendo 41 anos. O que se passou nessa década e meia, a personagem descobre em meio a sustos: tem um filho, é uma profissional respeitada e está se divorciando. E não se lembra de ter vivido nada disso. Dirigido pela atriz Sylvie Testud (Piaf - Um Hino ao Amor), o filme desconstrói cena a cena o passado de Marie. Tudo é uma surpresa - tanto para ela, quanto para o público. O pai morreu, a mãe se casou novamente e agora as duas estão numa disputa judicial e não se falam mais. A Marie do presente fica perplexa ao saber que Michael Jackson morreu e se pergunta quem é Barack Obama. É nesses detalhes - além da interpretação de La Binoche - que reside a graça do longa: nos estranhamentos e quebras de expectativas. Ao contrário de Hollywood com o mesmo tema, a diretora opta por uma abordagem leve e romântica. Para a protagonista, se redescobrir é reconquistar o marido. Há aquela velha crítica - por vezes superficial - da pessoa que vende seus sonhos ao sistema e, quando olha para trás, percebe que se tornou outra, alguém má, que pouco tem a ver com seus antigos planos para o futuro. Mas nada disso diminui a Binoche inspirada, que faz humor com leveza e graça. Juliette estava precisando de um personagem mais ligeiro. O último foi em 2007, com Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada. Em filmes como Caché, Cópia Fiel, Aproximação, Código Desconhecido e Perdas e Danos, suas personagens vivem muita dor e sofrimento. É bom poder ver Binoche sorrindo e fazendo sorrir." (Alysson Oliveira)
Top Bélgica #39
Dialogues Films ARP Sélection Numéro 4 Production Paul Thiltges Distributions Saga Film (I) Radio Télévision Belge Francophone (RTBF) Film Fund Luxembourg Le Tax Shel[ter du Gouvernement Fédéral de Belgique Canal+ CinéCinéma Soficinéma 8 Casa Kafka Pictures Movie Tax Shelter Empowered by Dexia Région Wallone Bruxelles Capitale
Diretor: Sylvie Testud
1.323 users / 254 face
Check-Ins 248
Date 22/03/2013 Poster - - DirectorGrigoriy ChukhrayStarsIzolda IzvitskayaOleg StrizhenovNikolay KryuchkovAn unexpected romance occurs for a female Red Army sniper and a White Army officer.[Mov 08 IMDB 7,6/10 {Video}
O QUADRAGÉSIMO PRIMEIRO
(Sorok pervyy, 1956)
''Filme ambientado na época da guerra mostra o romance que acontece entre uma atiradora do Exército Vermelho e um oficial do Exército Branco." (Filmow)
1956 Palma de Cannes
Mosfilm
Diretor: Grigoriy Chukhray
701 users / 71 face
Check-Ins 246
Date 17/07/2013 Poster - #### - DirectorJoseph LoseyStarsMichael RedgraveAnn ToddLeo McKernThe day before a young man is to be executed for killing his girlfriend, his alcoholic father shows up to try to prove his innocence.[Mov 09 IMDB 6,9/10 {Video}
A SOMBRA DA FORCA
(Time Without Pity, 1957)
"Não dá para acreditar em nada de "A Sombra da Forca". Um pai alcoólatra, o escritor David Graham (Michael Redgrave), que chega em Londres, vindo do Canadá, 24 horas antes da execução do filho. A estranha recepção que lhe dão os Stanford (rica família do melhor amigo do rapaz). O advogado ambíguo, que nunca se sabe se está defendendo ou atacando o seu constituinte. A busca desesperada do pai por evidências para livrar o filho da pena capital. Não dá para acreditar em nada, digo, até percebermos que nada aqui aspira à realidade. A interpretação dos atores é crispada (e por vezes se tem a impressão de que Joseph Losey escolheu os piores ou menos adequados atores da Inglaterra). As peripécias policiais baseiam-se menos em provas e achados espetaculares do que no poder de convicção dos diversos envolvidos. Mesmo a luz de Freddie Francis está mais próxima de um filme de terror do que de um thriller policial. Se não aspira à realidade, "A Sombra da Forca" propõe-se, então, como um pesadelo e é lá que vive e faz sentido. E só assim pode ser compreendido, pois Losey dá-se ao luxo de trabalhar uma intriga que não fecha, não esgota todos os dados que lança mas deixa-os um tanto soltos, como fiapos de memória que cabe ao espectador, em grande parte, recolher. Assim, esse estranho filme nos propõe uma espécie de whodunit (quem é o culpado?), pois sabemos que o verdadeiro culpado está entre as pessoas em cena, mas não é bem isso. Propõe uma espécie de mergulho na psicologia dos personagens. Mas também não é bem isso. Há momentos em que tudo parece nos escapar, exceto a angústia de David, de quem também as coisas escapam à medida em que se aproxima o momento da execução. Nos fazer participar intensamente desse pesadelo em que David Graham joga toda sua vida não é o menor dos méritos de "A Sombra da Forca". É uma pena: apesar da boa qualidade das imagens, o DVD chega praticamente sem nenhum extra." (* Inácio Araujo *)
''Nas misteriosas primeiras imagens, vê-se - meio nas sombras, mas visível - o rosto do personagem-chave do filme. Só que, ao longo da narrativa, o espectador tende a apagar esse rosto da mente. Num certo momento adiante, o protagonista reconhece uma referência a determinada data, mas não consegue se lembrar de onde. A informação foi dada lá atrás, mas, de novo, o espectador talvez não consiga recuperá-la, ficando na mesma posição agoniada daquele protagonista. É por meio de manipulações como essas que Joseph Losey torna A Sombra da Forca próximo do grandioso. Não só por elas, mas pela forma como trabalha a encenação e a composição dos planos, no intuito de provocar sentidos. Logo no início, há o encontro entre o filho, condenado à morte dali a 24 horas, e o pai alcoólatra, que só soube do destino trágico da prole naquele dia. Os dois conversam na prisão, separados por um vidro. Em plano e contraplano, vemos as expressões de ambos, já que o rosto de um é refletido no vidro quando a câmera foca o outro. E, sempre a espreitar, sob qualquer ponto de vista, estão os guardas do presídio, atentos a toda palavra ou movimento. Pronto: apenas com isso, Losey explicita o sufocamento propiciado pela autoridade e a inexorabilidade da derrota em cima daquele pai e daquele filho. O brilhantismo da simplicidade, como defendi aqui. São de instantes como este - e de dezenas de outros mais, vários deles tendo espelhos e vidros como objetos fundamentais da composição - que A Sombra da Forca também se move. Trata-se de um filme labiríntico, que vai abrindo um punhado de portas a cada nova cena, a cada novo diálogo, enredando o espectador numa teia da qual ele não consegue sair. Ao fim - e que fim! -, tem-se verdadeira sentimento ambíguo: um imbróglio se resolve, outro se configura. O público não sabe se fica feliz/aliviado ou se desaba de desespero diante dos acontecimentos. E assim, Joseph Losey faz um filme arrasador." (Marcelo Miranda)
Harlequin Productions Ltd.
Diretor: Joseph Losey
464 users / 13 face
Check-Ins 250
Date 22/07/2013 Poster - ###### - DirectorPaul FeigStarsSandra BullockMichael McDonaldMelissa McCarthyAn uptight FBI Special Agent is paired with a foul-mouthed Boston cop to take down a ruthless drug lord.[Mov 04 IMDB 6.6/10] {Video/@@@} M/60
AS BEM ARMADAS
(The Heat, 2013)
TAG PAUL FEIG
{esquecível}Sinopse
''Ashburn (Sandra Bullock) é uma agente especial do FBI extremamente competente, apesar de ser mal vista pelos colegas de trabalho por ser arrogante e antipática. De olho em uma promoção no trabalho, ela pede ao seu chefe (Demian Bichir) que a encarregue da investigação de um poderoso traficante de drogas em Boston, cuja identidade é desconhecida. Entretanto, logo ao chegar Ashburn decide interrogar um pequeno traficante preso por Mullins (Melissa McCarthy), uma desbocada policial local que não aceita ordens de ninguém. Não demora muito para que as duas batam de frente, mas elas precisam encontrar um meio de trabalhar juntas.''
''Sandra Bullock tem uma carreira que percorre em duas trilhas alternadas: as habituais comédias, com doses variadas de romance, e as produções classudas, que rendem a ela indicações para o Oscar (como Um Sonho Possível, que ela ganhou, e Gravidade, que disputa esta noite). Em "As Bem-Armadas", deita e rola como metade de uma dupla de policiais em situações imprevistas. A gordinha engraçada Melissa McCarthy, da série Mike & Molly, ajuda muito." (Thales de Menezes)
"Naturalmente, Hollywood continua reciclando ideias que deram certo em um passado recente. As Bem-Armadas não é especialmente inspirado, o sucesso do filme nos Estados Unidos não se explica de forma clara." (Alexandre Koball)
"Variação barulhenta e histérica de Miss Simpatia. É quase um alívio nos raros momentos em que as duas protagonistas calam a boca. Sandra Bullock já teve dias melhores no gênero, e Melissa McCarthy continua uma enganação das mais ordinárias." (Heitor Romero)
Talento das protagonistas salva material comum e fraco.
''Impressiona a capacidade que Hollywood tem de reciclar a si mesma. Na verdade, talvez a palavra correta nem seja reciclar, mas imitar a si mesma. Tomem esse As Bem-Armadas (The Heat, 2013) como exemplo. Em essência, nada mais é do que aquele filme de ação/comédia sobre uma dupla de policiais que no início parece incompatível, porém logo se torna uma parceria inseparável. Todos já viram produções assim, de 48 Horas (48 Hours, 1982) a A Hora do Rush (Rush Hour, 1998), de Máquina Mortífera (Lethal Weapon, 1987) a Divisão de Homicídios (Hollywood Homicide, 2003). Não há muito o que inovar – e, na verdade, esse não é o objetivo de um cineasta que se compromete a realizar um filme desses. O que vale aqui é a capacidade de entreter por pouco menos de duas horas, torcendo para que a química entre os protagonistas consiga superar as histórias bobas e os personagens unidimensionais. A boa notícia é que, nesse sentido, As Bem-Armadas se sai surpreendentemente bem. Tentando ao menos trazer um elemento novo para o gênero ao fazer dos policiais uma dupla feminina, o diretor Paul Feig – do divertido Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011) – e a roteirista Katie Dippold parecem não se importar nem um pouco em jogar todo o peso do filme nas costas de suas atrizes principais. Sandra Bullock e Melissa McCarthy, felizmente, mostram ser capazes de superar esse peso, construindo uma dinâmica que eleva As Bem-Armadas da posição de lixo descartável a uma produção no mínimo divertida e agradável de acompanhar. Bullock, que já viveu personagem semelhante em Miss Simpatia (Miss Congeniality, 2000), mais uma vez mostra toda a sua entrega ao papel ao topar quase tudo para arrancar risada da plateia, especialmente rir de si mesma. Se a sua personagem é precariamente construída pelo roteiro (difícil acreditar que alguém capaz de certas atitudes tão idiotas seja uma policial tão eficiente), a atriz faz o que pode, com bom timing cômico e cenas de comédia puramente física, como quando Ashburn se arrasta pelo corredor de um hospital enquanto, ao mesmo tempo, tenta apontar sua arma. É uma performance por vezes equivocada, ocasionalmente exagerada, mas que dá certo no sentido de uma comédia. O show, porém, é de Melissa McCarthy. Indiscutivelmente uma das melhores comediantes do cinema e da TV norte-americana, a atriz transparece em ''As Bem-Armadas'' não apenas a sua incrível presença e talento para entregar cada piada de modo perfeito, como também toda a sua capacidade de improvisação: fica claro que diversas cenas, especialmente aquelas na qual a sua personagem começa a falar sem parar, que a maioria daquilo vem diretamente de McCarthy – e palmas para Feig por deixá-la tão à vontade, pois é de onde acabam saindo alguns dos momentos mais engraçados do filme. Ao contrário de Bullock (que aqui e ali parece se exceder na composição), a comédia de McCarthy soa natural, espontânea e, muitas vezes, construída sobre detalhes, como uma frase ou um gesto que pode passar despercebido. E o melhor de tudo é que as duas funcionam maravilhosamente bem juntas. O arco da relação entre as personagens é o mais óbvio possível, sim, mas Bullock e McCarthy encontram uma dinâmica interessante, que remete às grandes parcerias do gênero, como Murphy/Nolte e Gibson/Glover. O contraste entre as duas, suas brigas e a os diálogos são o que fazem As Bem-Armadas dar certo como comédia. Ao final, o espectador pode até se surpreender levemente emocionado com o laço de amizade construído por elas e uma certa mensagem em um livro de colégio. Mas é uma pena que As Bem-Armadas nada ofereça além disso. Logo nos primeiros segundos, Paul Feig parece ter a intenção de realizar uma pequena homenagem aos filmes policiais dos anos 70, com trilha adequada e tela dividida, porém essa lógica nunca mais é retomada nas duas horas seguintes. Além disso, o diretor também parece inseguro na condução das cenas cômicas: se momentos como o da traqueostomia e o do traficante pendurado pelas pernas são divertidos, outros como a sequência da dança na boate chegam a ser constrangedores. Da mesma forma, a trama é confusa e ilógica, além de não haver qualquer tentativa de construir uma pessoa de verdade, apenas personagens e situações que gerem risadas. Nesse sentido, porém, As Bem-Armadas merece aplausos por ter a coragem de se assumir politicamente incorreto, com piadas que trazem obscenidades e até mesmo outras sobre minorias, além de alguns diálogos inspirados: Tenho um filho de cinco anos que me chama de avô. Previsível, irregular, mas inevitavelmente divertido, As Bem-Armadas é mais uma prova de que um bom elenco pode salvar um filme de um desastre. Bullock e McCarthy formam uma parceria improvável, mas com boa química, que faz a produção dar certo. Pode ser apenas mais um filme do gênero, porém, graças às duas, é um que ao menos consegue divertir." (Silvio Pilau)
Sandra Bullock e Melissa McCarthy se prendem aos tipos que delas se esperam, em comédia que recicla a fórmula dos buddy cop movies.
''Embora seja o elemento principal, só a química entre os protagonistas não basta para fazer um bom filme de dupla policial. Em ''As Bem Armadas'' (The Heat), Sandra Bullock e Melissa McCarthy vão ao limite do constrangimento para fazer rir - e o que constrange, no caso, não são as eventuais piadas escatológicas, mas perceber que elas estão se esforçando para carregar o filme nas costas. Vendido como o primeiro buddy cop movie protagonizado por duas mulheres, As Bem Armadas vai nas dinâmicas consagradas desse subgênero para criar a relação entre as duas: Mullins (McCarthy) é uma policial com problemas particulares que exagera no trato com os bandidos e não respeita hierarquia, é a Mel Gibson da dupla, enquanto a Ashburn (Bullock) cabe o papel de Danny Glover, a oficial séria, preocupada com a carreira e a ordem. Quando as duas se juntam, a contragosto, para identificar o chefão do narcotráfico em Boston, porém, ''As Bem Armadas'' deixa de ser Máquina Mortífera e passa a ser mais A Hora do Rush, com ambas as protagonistas encarnando um perfil cômico (como comentamos no OmeleTV, historicamente os filmes de duplas dinâmicas foi de uma relação ator sério/humorista nos anos 80 e 90 para humorista/humorista nos anos 90 e 2000). O que temos em As Bem Armadas, portanto, é Sandra Bullock reprisando seu eterno papel de comédias como Miss Simpatia, a da mulher de sucesso deslocada, tendo que se rebaixar ao humor físico para se aproximar do gosto popular, em oposição ao humor eternamente físico e popularesco da expansiva Melissa McCarthy - cujo desafio, a essa altura da carreira, seria justamente buscar papéis menos fáceis do que a gorda sem superego mas com bom coração. Presas a esses tipos já consagrados anteriormente, as duas atrizes lidam bem uma com a outra - na verdade, parece que Bullock e McCarthy só se enturmam de verdade em cena quando as suas personagens também passam a se entender na trama. Mas caberia ao roteiro de Katie Dippold e à direção de Paul Feig oferecer algo além de tipos e dinâmicas consagradas, e nesse ponto a comédia decepciona com ação frouxa e viradas sem impacto. Talvez seja por isso que muita gente veja em As Bem Armadas mais um começo promissor de franquia, um filme de origem que agora pode render continuações realmente interessantes, do que uma boa comédia em si." (Marcelo Hessel)
Twentieth Century Fox Film Corporation Chernin Entertainment TSG Entertainment Ingenious Media Big Screen Productions Ingenious Film Partners
Diretor: Paul Feig
123.927 users / 24.405 faceSoundtrack Rock
The Isley Brothers / The Hives / Ted Nugent / Boston / LCD Soundsystem / Parliament / Journey / April Wine / Air Supply / Dee-Lite
Check-Ins 666 37 Metacritic 1.294 Up 257
Date 28/08/2014 Poster - ##### - DirectorPhil LordChristopher MillerStarsJonah HillChanning TatumIce CubeA pair of underachieving cops are sent back to a local high school to blend in and bring down a synthetic drug ring.[Mov 04 IMDB 7,2/10 {Video/@@} M/69
ANJOS DA LEI
(21 Jump Street, 2012)
"Ótimas possibilidades desperdiçadas." (Alexandre Koball)
O novo universo jovem em um filme mais divertido e inteligente que o esperado.
"O seriado que lançou Johnny Depp. Assim ficou conhecida com o passar dos anos a série Anjos da Lei, produzida no final dos anos oitenta, sobre uma equipe de policiais que trabalhava disfarçada em meio a grupos de jovens para resolver crimes. Ainda que jamais tenha alcançado muito sucesso à época, a produção acabou se tornando a mais recente vítima do vício hollywoodiano de refilmar qualquer coisa que possa render alguns milhões aos bolsos dos estúdios. Felizmente, e de forma até surpreendente, a versão para o cinema de Anjos da Lei (21 Jump Street, 2012) revelou-se bastante divertida, inclusive com certos momentos muito bem-vindos de inteligência e um pouco de subversão, o que já é mais do que se pode esperar da maioria das produções do gênero atualmente. Apostando muito mais no tom de comédia do que o seu material de origem, os diretores Phil Lord e Chris Miller e os roteiristas Michael Bacall e Jonah Hill (também protagonista) já começam acertando ao mostrar que o filme terá capacidade de brincar consigo mesmo e com seus próprios absurdos. Logo nos primeiros minutos da trama, o chefe de polícia interpretado por Nick Offerman (o hilário Ron Swanson de Parks and Recreation) fala à dupla de policiais Jenko e Schmidt: Parece que estão todos sem ideias e ficam reciclando coisas, esperando que a gente não note. Ainda que a autorreferência não seja uma novidade – Pânico (Scream, 1996) já fazia isso há quase vinte anos –, é sempre bacana acompanhar filmes que já começam avisando ao espectador que realmente sabem o que são e o que pretendem entregar. Mas Anjos da Lei, pouco a pouco, vai demonstrando que conseguirá sustentar a bola no alto até o fim. O roteiro de Bacall é interessante ao subverter as expectativas da plateia, colocando o ex-gordinho Jonah Hill como o garoto mais popular do colégio e o fortão Channing Tatum como o excluído que se alia aos nerds viciados em ciência. A partir daí, surgem uma série de momentos divertidos que brincam com os clichês do gênero. Na verdade, mais do que brincar, Anjos da Lei faz uma espécie atualização dos lugares-comuns de filmes sobre o highschool norte-americano, em um interessante retrato da juventude moderna. O que se vê aqui não é o universo eternizado por John Hughes: no mundo jovem do Twitter e do Facebook, o capitão do time de futebol americano não é necessariamente o mais popular, o nerd pode ficar com a garota mais bonita e as tribos estão em constante mudança. É a inquieta geração Y derrubando estereótipos e preconceitos. “Não entendo essa escola”, diz o personagem de Channing Tatum, ainda preso a uma visão desatualizada do que é, hoje, o universo jovem. E é extremamente recompensador ver que um filme como Anjos da Lei, supostamente uma comédia sem grandes ambições, possa se prestar a uma análise social e comportamental da sociedade atual. Sim, o retrato é feito de forma rasa e em tom cômico, mas ainda assim traz insights interessantes e uma percepção que a maioria das comédias não possui. Como se não bastasse essa renovação dos estereótipos das histórias de colégio, o roteiro de Michael Bacall ainda consegue brincar com clichês dos filmes de ação em diversos momentos: a sequência na qual os protagonistas esperam explosões que não vêm (e a sua hilária conclusão galinácea) é divertidíssima – ainda que, novamente, não seja totalmente original, uma vez que John McTiernan já satirizou isso em O Último Grande Herói (Last Action Hero, 1993). Aliás, Phil Lord e Chris Miller conseguem manter o equilíbrio entre as sequências de ação e as de comédia, não permitindo que as primeiras se sobreponham às segundas, um problema da maioria dos filmes que misturam tais gêneros, como Segurando as Pontas (Pineapple Express, 2008). Os cineastas também são os responsáveis por algumas das boas gags de Anjos da Lei, construindo diversas piadas sobre o contraste: no início do filme, por exemplo, vemos a dupla de policiais se formando e dizendo um para o outro: Você está pronto para detonar?, dando a ideia de que algo explosivo acontecerá na cena seguinte, apenas para mostrar os dois patrulhando um bucólico parque sobre duas bicicletinhas. O recurso é usado mais de uma vez e, mesmo com a repetição, acaba funcionando, como na já citada brincadeira sobre as explosões, na qual os cineastas aumentam o volume da trilha épica e emocionante, fazendo a plateia esperar uma conclusão apoteótica, para cortar a música de forma abrupta, ressaltando a surpresa dos protagonistas. Mas "Anjos da Lei" ainda traz outra agradável surpresa: o politicamente incorreto. Nada melhor para uma comédia do que um pouco de subversão e, aqui, os responsáveis não têm medo de quebrar algumas regras da assepsia que domina o cinema comercial norte-americano (visando sempre, obviamente, uma classificação etária mais baixa para alcançar um público maior). O filme traz palavrões, velhinhas sendo empurradas e acusadas de assédio e até mesmo um verdadeiro banho de sangue no final. Muito disso, na verdade, parece vir diretamente dos atores, especialmente de Jonah Hill, que, além de ser um dos coautores da história, honra suas origens da turma de Judd Apatow em cenas realizadas claramente no improviso. Ainda que, ocasionalmente, algumas piadas escatológicas sejam de mau gosto – a cena de um personagem pegando “algo” do chão com a boca logo vem à mente –, não deixa de ser revigorante ver uma comédia que, na maior parte das vezes, consegue se soltar das amarras sem soar gratuitamente grotesca. Ainda assim, nem tudo funciona. O início do filme é rápido demais, construindo a amizade entre os dois através de uma montagem forçada, que não convence. Dessa forma, o núcleo emocional de Anjos da Lei, com a briga e a inevitável reconciliação dos protagonistas, jamais passa de enfadonho e até mesmo do piegas, prejudicando o ritmo da obra. Da mesma forma, algumas piadas soam até constrangedoras, como toda a sequência dos protagonistas drogados. Aliás, falando neles, vale ressaltar que o filme certamente se beneficiaria de um ator mais preparado para a comédia do que Channing Tatum, que acaba ficando sempre à sombra da verborragia e do talento de Hill para fazer rir (e é impressionante o quanto o jovem intérprete emagreceu para esta produção). Contando ainda com uma participação especialíssima para a plateia, Anjos da Lei é uma grata surpresa em um gênero cada vez mais comportado e menos inspirado, que normalmente prefere apostar na idiotização do que acreditar na inteligência do público. É também um dos primeiros filmes recentes que mostram perceber que a juventude de hoje não é mais a mesma de alguns anos atrás e que é preciso evoluir. Se essa evolução vier com algumas risadas, como é o caso aqui, melhor ainda." (Silvio Pilau)
"Imagine Buddy Revell, reabilitado, como parceiro de um nerd de que era bully na Loucademia de Polícia. Pois a insólita proposta funciona nos 40 minutos iniciais (destaque para o deboche às refilmagens), depois estendendo-se em tamanho e bobagens." (Rodrigo Torres de Souza)
"Ótimas possibilidades desperdiçadas." (Alexandre Koball)
''Certos filmes – especialmente algumas comédias – só funcionam bem se ficar claro que não se levam a sério. Quando isso acontece, você relaxa e curte. A cena que permite isso em Anjos da Lei é quando o Capitão Dickson, interpretado muito bem por Ice Cube, explica a dois policiais novatos a força tarefa em que estão entrando. Ele diz que estão reativando um antigo programa dos anos 80 como se fosse algo novo e, como ultimamente ninguém parece ter ideias novas, repetindo coisas antigas com ar de novidade, ninguém vai notar. No final dos anos 80, a série de TV ''Anjos da Lei'' (21 Jump Street, no original) fez grande sucesso e ajudou a alavancar a carreira de Johnny Depp (Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas). Indo pelo gênero policial dramático, a série mostrava jovens policiais infiltrados entre alunos de escolas secundárias. Eles investigavam crimes como tráfico de drogas e formação de gangues. Agora, chega aos cinemas o longa-metragem que revive a antiga série. Contudo, diferente da versão da TV, a adaptação para o cinema é pura comédia. Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) foram colegas de colégio. O primeiro fazia o tipo nerd, sem vocação para os esportes. O segundo era o inverso, ruim de notas, mas bom atleta. Após o término da escola, eles voltam a se encontrar na academia de polícia, onde tornam-se amigos. Finalmente nas ruas, acabam cometendo mais erros que acertos. Por terem uma aparência jovem, são convocados para o novo programa da polícia e terão de trabalhar disfarçados em uma escola secundária. Mesmo sem um grande roteiro, o filme funciona por suas piadas e referências ao anacronismo que vivem os personagens. Parte da graça surge da inversão que o retorno deles à escola ocasiona. Assim, o nerd tem a chance de ser popular e o atleta descerebrado a chance de se tornar nerd. Entre essa troca de estereótipo, o filme carrega em referências que vão da série antiga a comédias recentes. No desejo de fazer rir, algumas vezes o filme passa do ponto, oscilando entre o gosto duvidoso e o sem graça. Mas a dupla de atores, com destaque para o ótimo Jonah Hill, consegue reverter muitos desses excessos. Quem está no ponto é Ice Cube. Sua caracterização de capitão casca- grossa pavio curto é muito boa, mesmo quando apela para alguns clichês. O Anjos da Lei'' do cinema passa longe da série de TV, exceto pelas claras referências e história. Para os fãs do antigo seriado, o filme guarda algumas boas e divertidas surpresas. Para o público mais jovem, é mais uma comédia. Acerta na maioria das piadas e consegue fazer rir." (Rogerio Morais)
Adaptação da série de TV atualiza, presta homenagem e tira muito sarro do programa dos anos 1980.
''Logo na primeira cena, ao som de Eminem e um Jonah Hill de cabelo descolorido e aparelho nos dentes, já dá para perceber que ''Anjos da Lei'' (21 Jump Street, 2012) não tem medo de errar para fazer rir. Este espírito de ir ao limite da comédia permeia quase que o filme inteiro, mas a primeira parte, com a introdução dos personagens Schmidt (Hill) e Jenko (Channing Tatum), seu treinamento na polícia e a missão de estreia podem causar falta de ar nos asmáticos que forem sem suas bombinhas ao cinema. Anjos da Lei'' é baseado na série de TV homônima, que foi exibida no fim dos ano 1980 e catapultou Johnny Depp ao patamar de ídolo adolescente. Mas ao contrário de outras adaptações que apenas prestam homenagem - ou simplesmente se aproveitam de um nome conhecido do grande público - este filme também atualiza o cenário para o que vemos hoje em dia. Se em outra época o popular da escola era o cara com carrão, estilo esportista e atitude, hoje em dia temos novos tipos, como os sensíveis defensores do meio-ambiente, e é preciso se adaptar a eles. Ao chamar a atenção para estas mudanças, o roteiro escrito pelo próprio Hill em parceria com Michael Bacall começa a ganhar um brilho próprio. Outro divertido ponto positivo do filme é o bromance vivido pelos dois protagonistas, que não se bicavam no colégio e depois acabam virando melhores amigos, a ponto de serem usados como irmãos em sua primeira missão na unidade da polícia para onde são deslocados, dedicada a jovens agentes que ainda mantêm a cara de adolescente, a ponto de poderem atuar infiltrados em colégios. Sua missão é descobrir de onde vem uma nova droga que acabou vitimando um dos alunos da escola para onde são transferidos. O ritmo das piadas e situações em que os dois se metem só dá uma diminuída na parte final do longa, que acaba se rendendo às regras dos filmes policiais, com tem tiroteios e vilão sendo desmascarado e contando seus motivos. Vale destacar que além de comédia acima da média, Anjos da Lei também consegue mandar bem nestas cenas de ação, incluindo uma ou outra piada entre perseguições e explosões. Hill presta também suas homenagens aos adolescentes que viveram aquela época das grandes franjas e brincos em formato de cruz. Além de participações especiais, ele batizou um de seus protagonistas em respeito ao primeiro capitão da série. Nada mais justo, afinal o programa marcou uma geração ao levar para a TV crimes na adolescência e fez história nos Estados Unidos por ser a primeira série do canal Fox a desbancar as grandes redes da época e se tornar líder de audiência. Mas é mesmo nas piadas e no novo contexto que estão as maiores homenagens, que mostram que ele fez sua lição de casa vendo o programa e agora usa tudo o que pode a seu favor. Pode causar alguma estranheza para algumas pessoas a escolha dos diretores Chris Miller e Phil Lord, que antes só haviam dirigido para o cinema Tá Chovendo Hambúrguer e agora estreiam em um filme live-action, com temática completamente diferente e muito boca-suja (principalmente com o ótimo Ice Cube, que faz o capitão Dickson). Mas a verdade é que quem assistiu à animação vai notar o estilo de humor nonsense que deve ter levado ao convite. E que bom que eles aceitaram! Os dois ajudaram a criar uma das comédias mais engraçadas dos últimos anos, que chuta o politicamente-correto na bunda e ainda fica tirando sarro depois." (Marcelo Forlani)
Columbia Pictures Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Relativity Media Original Film Stephen J. Cannell Productions
Diretor: Phil Lord, Christopher Miller
284.610 users / 38.194 face
Soundtrack Rock = Eminem
Check-Ins 255
Date 24/07/2013 Poster - ## - DirectorLuchino ViscontiStarsLuchino ViscontiAntonio PietrangeliAntonio ArcidiaconoIn rural Sicily, the fishermen live at the mercy of the greedy wholesalers. One family risks everything to buy their own boat and operate independently.[Mov 08 IMDB 7,7/10 {Video}
A TERRA TREME
(La Terra trema: Episodio del mare, 1948)
''Em seu processo de desenvolvimento sócio-metabólico, o capitalismo constitui a alienação do trabalho vivo e da força de trabalho dos meios de produção da vida material. É o que podemos denominar de proletarização do trabalho e constituição da condição de proletariedade. É no interior desta condição de proletariedade que se pode constituir (ou não) a classe do proletariado e a consciência de classe contigente e necessária. Todo trabalhado assalariado pressupõe uma precariedade que decorre desta alienação estrutural que funda a condição de proletariedade. No processo histórico de luta de classe, o trabalho vivo pode conquistar melhores salários e condições de trabalho, além de direitos sociais que colocam obstáculos à sanha de valorização do capital. Mas sob determinadas circunstâncias históricas, a ofensiva do capital pode debilitar e degradar salários, condições de trabalho e direitos da classe trabalhadora obtidos no decorrer da luta de classes. É o que podemos denominar de processo de precarização do trabalho que tende a constituir uma nova institucionalidade para a exploração da força de trabalho (o que podemos denominar de nova precariedade do trabalho)." (Giovanni Alves)
''O filme de Luchino Visconti, “A Terra Treme”, de 1948, expõe com vigor neorealista, aspectos da proletariedade de trabalhadores do mar, pescadores da cidade de Acitrezza, litoral da Sicília (Itália), uma das regiões mais pobres do País (inclusive, nos créditos do filme a interpretação principal é dada aos pescadores sicilianos). Revoltado com a exploração dos comerciantes de peixe, o jovem ‘Ntoni tenta convencer seus colegas pescadores a trabalhar por conta própria. Se em “Vinhas da Ira”, John Ford nos mostra o drama da proletarização e da proletariedade extrema de catadores de frutas nas fazendas capitalistas da Califórnia; e em “Ladrões de Bicicleta”, Vittorio De Sica nos mostra uma crônica trágica da proletariedade de um recém-empregado como colador de cartezas que tem a sua bicicleta, seu instrumento de trabalho e condição de emprego, roubada, o cineasta Luchino Visconti expõe, em “A Terra Treme”, outra crônica trágica da proletariedade de trabalhadores do mar, super-explorados pelos comerciantes de peixes na Sicília (Itália), que anseia contornar a exploração da força de trabalho através do trabalho por conta própria. Luchino Visconti trata em “A Terra Treme”, de um anseio contingente do proletário que vê como saída para sua condição alienada, tornar-se pequeno proprietário. O anseio pela emancipação do trabalho alienado ocorre através da saída individual (ou familiar) de ‘Ntoni que almeja tornar-se proprietário de seus meios de produção. É ele que irá representar um anseio contingente (e limitado) de parcela de trabalhadores proletários. Ao fracassar em seu intento, ‘Ntoni demonstrará que não apenas o mar é amargo, mas o mercado é cruel. Ele não perdoa aqueles que ousam enfrentar os elementos da ordem estrutural do capital. Os Valastros são amaldiçoados pelo destino, porque ousaram pensar de forma diferente e enfrentar, sozinhos, o mundo da injustiça social e da dominação do capital. O filme contém, mais do que os demais filmes em análise, uma mensagem ideológica: não há saída para aqueles que almejam por si só enfrentar a ordem capitalista e os constrangimentos do mercado. O fracasso dos Valastros é, de certo modo, o fracasso da ideologia do empreendendorismo que ilude os proletários com a idéia do trabalho por conta própria como saída para a supereexploração da força de trabalho e mesmo do desemprego. É claro que em “A Terra Treme” a busca pelo trabalho por conta própria ocorre numa situação de contornar a exploração estranhada e não de enfrentar o desemprego em massa. Naquela etapa de desenvolvimento capitalista, a promessa do emprego continha em si, para largos contingentes do mundo do trabalho, elementos de superexploração e de degradação do trabalho. N’toni Valastro buscou o trabalho por conta própria não porque estivesse desempregado, mas porque se sentia indignado com a superexploração da força de trabalho. Ao invés de constituir uma organização sindical e política para enfrentar a dominação do capital (o que, nas condições de uma região atrasada do Sul da Itália, dominada pelo poder truculento da oligarquia local, era deveras temerário), optaram pela saída pequeno-burguesa: montar um pequeno negócio. É o que muitos hoje buscam através do empreendendorismo, não para contornar, muitas vezes, a superexploração do trabalho, mas sim, como alternativa ao desemprego estrutural e de massa. Nesse caso, tornam-se patrões de si mesmo, como os Valastros. Na abertura do filme temos a seguinte mensagem: Os fatos deste filme ocorrem na Itália, precisamente na Sicília, na cidade de Acitrezza, perto de Catania. É a velha história da exploração do homem pelo homem. As casas, as ruas, os barcos e o povo são de Acitrezza. Todos os atores foram escolhidos no meio do povo: pescadores, lavradores, pedreiros e mercadores. Usam seu dialeto para expressar sofrimento e esperança, pois na Sicília o italiano não é a língua falada pelos pobres. No decorrer do filme uma voz narra os acontecimentos do cotidiano da família de pescadores pobres dos Valastros. Na abertura, o sino da Igreja de Acitrezza avisa ao alvorecer a chegada dos pescadores do mar, depois de uma noite de trabalho. A primeira tomada é da Igreja imponente da pequena vila de Acitrezza. A Igreja quase que olha para o mar. Uma voz exclama: Desta vez o mar foi generoso. Diz o narrador: Como sempre, os primeiros a iniciar o dia em Trezza são os mercadores de peixe que vão para o mar quando o sol ainda nem nasceu. Porque, como toda noite, os barcos foram para o mar e retornam ao amanhecer com a parca pescaria. Quando há peixe é possível sobreviver em Trezza. De avô para pai e para filho sempre foi assim. Alguém diz: Foi uma boa pescaria. O narrador do filme nos apresenta os elementos constitutivas da narrativa de “A Terra Treme”. Num primeiro momento, a dimensão da produção social. O fundamento material do ser social de Acitrezza é o trabalho, isto é, o trabalho de pesca, executado de forma artesanal, pelos proletários do mar. Num segundo momento, Visconti apresenta as habitações rústicas da cidade, o lar dos proletários pobres de Trezza. Surge uma casa com destaque, a dos Valastros. Diz o narrador: Uma casa como tantas outras, construídas com pedras. Suas paredes são tão antigas quanto a profissão de pescador. A esta hora, bem cedo, a casa acorda. É a casa dos Valastro. Os homens da casa foram trabalhar no mar. Em casa, logo ao amanhecer, em sua faina cotidiana, surgem as mulheres da casa, trabalhadoras do lar, fazendo a faxina do espaço doméstico. É interessante observar que, primeiro, Visconti apresenta o trabalho; depois, a casa, a instância sócio-reprodutivo, descrevendo seus elementos materiais (as pedras antigas que a constituem as paredes, etc) e seus elementos humanos: as mulheres que fazem a faxina da casa dos Valastros. Diz o narrador: Enquanto trabalham, as mulheres pensam em seus homens que retornam do mar, porque sempre há um barco no mar desde os primeiros Valastros. Pensam no avô, no irmão e também no pai que certa manhã não voltou do mar. O elemento humano é constituído de memória. A cena em que Lucia interrompe um pouco a faxina para vislumbrar uma fotografia na parede é oportunidade para conhecermos a família Valastro. É interessante que, é através de um quadro de fotografia familiar com conhecemos os Valastro. São as mulheres da casa que nos apresentam pela primeira vez os homens da família, trabalhadores do mar, aqueles que sustentam o lar. Como diz o narrador: “Pensam no avô, no irmão e também no pai que certa manhã não voltou do mar”. A irmã mais velha pergunta a Lucia: O que está olhando? E ela responde: Nossos irmãos. Sempre penso neles, como pensava no papai no dia que ele não voltou. É Lucia que fica relembrando os tempos inscritos nas fotografias que guardam boas recordações. A fotografia é um referente de memória da família, que nos projeta noutro espaço-tempo. Diz Lucia: Lembra da foto que tiramos em Catania? Veja N’toni no uniforme de marinheiro. Cola e Vanni usando a primeira calça comprida. Alfio e vovô. Estão todos no mar. O mar é amargo." (Giovanni Alves)
1948 Lion Veneza
Top Década 1940 #9 Top Itália #7
Universalia Film
Diretor: Luchino Visconti
2.351 users / 220 face
Check-Ins 269
Date 06/08/2013 Poster - #### - DirectorBrad FurmanStarsBen AffleckJustin TimberlakeGemma ArtertonWhen a poor college student who cracks an online poker game goes bust, he arranges a face-to-face with the man he thinks cheated him, a sly offshore entrepreneur.[Mov 05 IMDB 5,6/10] {Video/@} M/36
APOSTA MÁXIMA
(Runner Runner, 2013)
TAG BRAD FURMAN
{cansativo}Sinopse
''Um estudante americano de Princeton perde todas as suas economias em jogos de pôquer on-line. Ele joga suas últimas fichas em uma viagem para Costa Rica, onde passará a trabalhar para Ivan Block, dono de um império da jogatina on-line. Aos poucos, ele vai descobrindo e se afundando no submundo da corrupção local, necessário para manter as engrenagens do jogo rodando.''
"Aposta Máxima é um bom thriller sobre jogatina, com reviravoltas ousadas (e outras nem tanto), mas o elenco desacreditado não consegue transformá-lo em material superior." (Alexandre Koball)
Não aposte todas as suas fichas.
''O pôquer é um assunto riquíssimo e muito bem explorado em Hollywood. Das suas mesas já saíram ótimas histórias como A Mesa do Diabo (The Cincinnati Kid), Maverick (1994) e Cartas na Mesa (Rounders, 1998). Mas embora os cassinos de Las Vegas continuem sempre cheios de gente apostando, o século 21 e a Internet trouxeram uma nova forma de ganhar/perder dinheiro: os cassinos online. ''Aposta Máxima'' (Runner, Runner, 2013) conta a história de um aluno da prestigiosa faculdade de Princeton chamado Richie Furst (Justin Timberlake). Sem ter como terminar de pagar seus estudos, ele pega o que lhe resta de dinheiro e aposta tudo em um site de pôquer. Perde, mas percebe que foi trapaceado e decide ir atrás do dono do cassino online: Ivan Block (Ben Affleck), figura conhecida do submundo das apostas que está foragido na Costa Rica - vivendo uma vida de rei. David Levien e Brian Koppelman, dois roteiristas, produtores e diretores que já haviam trabalhado com os baralhos em Cartas na Mesa, assinam o script, mas sem conseguir criar uma história envolvente. Sob a direção de Brad Furman, que vinha embalado pelo sucesso de O Poder e a Lei (Lincoln Lawyer), a história não embala. E a culpa não é do elenco, que está bem. O problema é a repetição da fórmula e dos personagens que não têm a profundidade que uma história de máfia, corrupção e trapaças pede. Fica muito claro desde o primeiro frame quem é o mocinho e quem é o bandido. Se Ivan Block não fosse tão descaradamente maniqueísta, Ben Affleck afastaria de vez a desconfiança que paira sobre ele desde que foi escolhido para ser o novo Batman e trabalharia em paz sob o manto do morcego. Mas não é o caso. Não há em Block um único fio de cabelo que inspire confiança. Ele é mostrado o tempo todo como o inescrupuloso, vaidoso e ganancioso homem de negócios que só pensa em si mesmo, sem medo de pisar nos outros para sobreviver. Fecha o triângulo de poder Rebecca Shafran (Gemma Arterton), tão linda quanto desinteressante. A ex-bond girl merecia uma personagem mais carismática e definida. Enquanto Block e Furst são preto e branco, Rebecca é uma incógnita até o último segundo, mas de uma forma negativa. Seu joguinho simplesmente não convence. Com produção executiva de Leonardo DiCaprio, que certamente estava de olho no papel que ficou nas mãos de Ben Affleck, o filme foi rodado quase que inteiramente em Porto Rico. O estilo latino, o calor e as festas são um prato cheio para o estilo de Furman. Com ótimo trabalho do diretor de fotografia Mauro Fiore (ganhador do Oscar por Avatar) experienciamos junto com Richie o deslumbramento com as luzes e flares do mundo mágico da riqueza e também o seu desespero nas cenas de ação, com a câmera na mão correndo tão desesperada quanto os personagens. Aposta Máxima, com seu elenco estrelado e equipe também de ponta, aparece nas mãos dos espectadores como um lindo par de Azes, que não consegue virar um jogo mais forte depois que as outras cartas são abertas. Se tiver que fazer alguma aposta, espere a próxima rodada." (Marcelo Forlani)
Justin Timberlake e Ben Affleck no mesmo filme: eis um chamariz e tanto para levar muitos espectadores ao cinema. Se você é fã de música pop ou dos bons longas que Affleck produziu atrás das câmeras, cuidado com a armadilha. Ou vá por sua conta e risco. Aposta Máxima reúne previsibilidade e más atuações em seus 91 minutos. Na trama, o inteligentíssimo estudante Richie (Timberlake) tem dívidas a pagar na faculdade de Princeton e tenta resolver sua situação por meio de uma aposta online. Perde dinheiro no poker e vai atrás do magnata Ivan Block (Affleck) para acertar as contas; acaba arrumando um novo emprego. Claro, como numa trama americana a caráter, o FBI mostra as caras e começa a pressionar Richie em busca de informações. Entre as previsibilidades da história, ainda figuram outras de destaque: Rebecca (Gemma Arterton), affair do personagem de Block, tem uma queda por Richie. Cenas de festas e brigas com traficantes também não impressionam. Affleck desempenha uma atuação sofrível na pele do chefão da rede de apostas. Com a pouca expressividade lhe acompanhando ultimamente – vide a preguiça em Amor Pleno, último longa de Terrence Malick – o astro nos leva a crer que seu lugar, no momento, é atrás das câmeras. Já Timberlake, cujo currículo conta com papéis ao lado de Clint Eastwood e no estimado Inside Llewyn Davis dos irmãos Coen, também tem uma atuação abaixo da média. Sendo assim, o elenco principal deixa muito a desejar, com Gemma Arterton completando esse time de má performance. Mas não adianta jogar a culpa apenas nas interpretações. Os personagens em si já vestem a carapuça desde o começo. Se Block é o magnata do mal com atitudes pouco éticas, Richie é o bom moço levado a uma vida de deslizes devido às circunstâncias impostas pelo destino. Cria-se alguma dúvida apenas em relação à Rebecca. Entretanto, com roteiro previsível, não há necessidade de pensar muito. A maioria das situações está bem definida e entregue ao espectador como um produto embalado a vácuo. Outro ponto sofrível, desta vez em termos estéticos, se apresenta nas passagens de tempo. A aceleração de imagens do horizonte repleto de nuvens causa aquele efeito de novela das oito. Faltou criatividade - na melhor das hipóteses. Aposta Máxima tenta se bancar por meio de diálogos impactantes entre chefões, tentativas de metáforas que não funcionam e frases de efeito constrangedoras. Não consegue. Em todo caso, se você devotar mais atenção a um balde de pipoca do que à trama em si, perderá o mesmo tempo de uma TV ligada em um programa qualquer." (Cristina Tavelin)
Regency Enterprises New Regency Pictures Appian Way Double Feature Films Stone Village Pictures
Diretor: Brad Furman
49.664 users / 8.874 faceSoundtrack Rock
Foals / Deadmau5
Check-Ins 673 31 Metacritic 2.986 Up 132
Date 31/08/2014 Poster - ## - DirectorAntony CordierStarsJohan LibéreauSalomé StéveninFlorence ThomassinThe story of three teenagers: a beautiful girl, Vanessa, and two boys, Mickael and Clement, one rich, one poor. The story of Mickael - judo fanatic and doomed lover - and his parents, both convinced that the sky will one day come crashing down on their heads, and both more than able to cope when it does. Blackly comic, brutally funny, heartbreaking, truthful. A tragi-comedy. About happiness and hardship, sex, luck and catastrophe.[Mov 04 IMDB 6,2/10 {Video}
A FLOR DA PELE
(Douches Froides, 2005)
''Dois garotos e uma jovem, estudantes de um mesmo colégio, cada um de uma classe social diferente, exploram um relacionamento diferente à medida que atingem a vida adulta.'' (Filmow)
2006 César
Why Not Productions Canal+ TPS Star Wild Bunch Conseil Régional du Centre Région Poitou-Charentes Département de la Charente-Maritime
Diretor: Antony Cordier
1.607 users / 102 face
Check-Ins 270
Date 06/08/2013 Poster - # - DirectorRémy BelvauxAndré BonzelBenoît PoelvoordeStarsBenoît PoelvoordeJacqueline Poelvoorde-PappaertNelly PappaertA film crew follows a ruthless thief and heartless killer as he goes about his daily routine. But complications set in when the film crew lose their objectivity and begin lending a hand.[Mov 07 IMDB 7,5/10 {Video/@@@}
ACONTECEU PERTO DA SUA CASA
(C'est arrivé près de chez Vous, 1992)
''O protagonista, Ben (Poelvoorde), ganha a vida matando, diariamente. Mata a torto e a direito todo tipo de deserdados da sorte, jamais um milionário. Para Ben, "se você mata uma baleia, será perseguido pelos ecólogos, pelo Greenpeace, pelo comandante Custeau... mas se você fatura um cardume de sardinhas, garanto, eles te ajudam a carregá-las." Para demonstrar o que diz, Bem aceita ser acompanhado por uma equipe de reportagem.'' (Filmow)
"Aconteceu Perto da sua Casa, finalmente com um título no Brasil. Este falso-documentário transborda humor negro. Realizado em 1992 por Rémy Belvaux, André Bonzel e Benoît Poelvoorde, não apenas na direção, mas em várias funções centrais. Poelvoorde também atua, encarnando Ben, nosso protagonista. Tudo gira em torno de Ben, que é um serial killer. A câmera registra seu dia a dia, assassinatos, sua família e amigos, como afundar corpos e as opiniões de Ben sobre derivados temas um deles: a estética da cidade. Nosso protagonista mata apenas pessoas miseráveis e velhas. Chega a dizer que os velhos são os mais mesquinhos e assim sempre têm dinheiro. Ele até frisa no filme que, se você mata uma baleia, será perseguido pelos ecólogos, pelo Greenpeace...mas se você fatura um cardume de sardinhas, garanto, eles te ajudam a carregá-las. Com todo cinismo e ego demais, as coisas acabam saindo fora do controle. A equipe de filmagem tem parte dos integrantes morta. Ben acaba matando sem querer um mafioso e assim seus amigos e familiares começam a ser perseguidos enquanto ele está na cadeia. ''Aconteceu Perto da sua Casa'' é fascinante, para os adeptos do humor negro e cenas fortes não há melhor recomendação. Insano." (Ana Luísa Falco)
1992 Palma de Cannes
Top Bélgica #26
Les Artistes Anonymes
Director: Rémy Belvaux
24.102 users / 2.731 face
Check-Ins 276
Date 09/08/2013 Poster - #### - DirectorStephen SommersStarsBrendan FraserRachel WeiszJohn HannahAt an archaeological dig in the ancient city of Hamunaptra, an American serving in the French Foreign Legion accidentally awakens a mummy who begins to wreak havoc as he searches for the reincarnation of his long-lost love.[Mov 03 IMDB 6,9/10 {Video/@} M/48
A MÚMIA
(The Mummy, 1999)
''Em 1923, um grupo de arqueólogos liderados pelos exploradores Rick, O'Connel, Evelyn e seu irmão Jonathan exploram o egito. Nessa exploração encontram o corpo mumificado de Imhotep. Quando Evelyn lê o texto do livro de Amon-Dei, acidentalmente traz Imhoptep de volta a vida. Imhotep primeiramente não passa de um esqueleto, mas absorve orgãos humanos daqueles que abriram a arca (onde se encontrava o livro de Amon-Dei) e se transforma em um ser humano. Imhotep traz as 10 pragas do Egito e quase destrói Rick e outros arqueólogos com suas tropas zumbis, mas estes fogem pelos esgotos da cidade. Evelyn volta à Hamunaptra com Imhotep e Benny para concluir o sacrifíco. Com medo de perder sua amada, Rick, Jonathan, Ardeth e o capitão Winston Havlock partem em uma missão para salvar Evelyn e destruir Imhotep. Estes se deparam com vários desafios no caminho à Hamunaptra, mas conseguem vencer Imhotep e seus sacerdotes com o poder do livro de Amon-Rá situado abaixo da estátua de Hórus. Por fim, Evelyn, Rick e Jonathan partem de Hamunaptra com um pouco da riqueza da cidade.'' (Filmow)
''Corria o ano de 1999 e, com o fim da década de 90, começava a bater aquela saudade na turma dos anos 80, já chegando à maioridade. Momento ideal para ganhar dinheiro, deve ter pensado algum produtor norte-americano. Coube a Stephen Sommers, que acabara de dirigir Tentáculos, a tarefa de resgatar o gênero, que alcançou o sucesso máximo na pele de Indiana Jones. Assim estreava A Múmia, repleto de cenas de ação conduzidas por um bom roteiro e efeitos especiais de alto nível. No elenco Brendan Fraser e Rachel Weisz, ainda uma promessa. "A Múmia" fez tanto sucesso que rendeu duas seqüências (O Retorno da Múmia e A Múmia – Tumba do Imperador Dragão) e uma dezena de filmes do mesmo gênero – como Lara Croft – Tomb Raider e A Lenda do Tesouro Perdido. Seu mérito maior consiste em flertar com os bons momentos de Indiana, mas com uma personalidade própria, de maneira bem-humorada e utilizando o que havia de mais moderno em termos de tecnologia. O filme certo, na hora certa. E estava aberta mais uma franquia em Hollywood." (Wikerson Landim)
72*2000 Oscar
Universal Pictures Alphaville Films
Diretor: Stephen Sommers
269.567 users / 4,272 face
Check-Ins 277
Date 10/08/2013 Poster - # - DirectorDean ParisotStarsJim CarreyTéa LeoniAlec BaldwinWhen an affluent couple lose all their money following a series of blunders, they turn to a life of crime to make ends meet.[Mov 08 IMDB 6,1/10] {Video/@@@} M/47
AS LOUCURAS DE DICK E JANE
(Fun with Dick and Jane, 2005)
TAG DEAN PARISOT
{hilário}Sinopse
''Dick (Jim Carrey) e Jane (Téa Leoni) formam um casal que vive confortavelmente, até ele ser demitido. As dívidas se acumulam cada vez, deixando-os em estado caótico. Para manter o padrão de vida que levavam eles decidem realizar pequenos roubos. Após um início cheio de problemas, eles se vêem diante do golpe que pode deixá-los milionários.''
''Desde seu primeiro sucesso, O Máskara (1994), Jim Carrey fez de seu humor careteiro e histérico sua marca pessoal. Quando aceita um bom roteiro ou trabalha para um diretor que sabe controlá-lo, ele consegue agradar. Solto, improvisando em cima de um texto frouxo, peca pelo exagero. Em "As Loucuras de Dick & Jane", refilmagem feita em 2005 de Adivinhe Quem Vem para Roubar (1977), Carrey tem um roteiro redondinho, cheio de situações bem amarradas e engraçadas. Jim Carrey é muito mais divertido do que George Segal, que fez no original o papel de executivo Dick que, quebrado financeiramente, começa a praticar assaltos em parceria com a mulher - aqui Téa Leoni, substituindo a Jane Fonda do primeiro filme." (Thales de Menezes)
O carisma dos protagonistas e as suaves citações à atualidade o tornam agradável e superior aos concorrentes do gênero.
''Jim Carrey. Quando ouvimos esse nome em alguma produção cinematográfica, indubitavelmente o associamos ao gênero comédia, é fato. Contudo, o ator canadense, até este "As Loucuras de Dick e Jane", refilmagem de Adivinhe Quem Vem Para Roubar, de 1977, esteve atuando em filmes mais dramáticos - como o sensível "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças - e em comédias ingênuas repletas de elegância - como o apenas mediano Desventuras em Série. Nesta empreitada, Carrey retorna ao gênero que o consagrou. Dick (Carrey) e Jane Harper (Téa Leoni) formam um casal que resolve recorrer ao crime quando a empresa onde Dick trabalha vai à falência - isso, após o patriarca da família ser promovido ao cargo de Vice-Presidente de Comunicações da Globodyne Corporation, a tal empresa falida -, em virtude das falcatruas de seu presidente, o desonesto Jack McCallister (Alec Baldwin). Desempregados, Dick e Jane, depois de tentarem desesperadamente de tudo para conseguir manter o padrão de vida que tinham, acabam tornando-se ladrões. A trama, escrita por Judd Apatow (O Virgem de 40 Anos) e Nicholas Stoller, no geral, não esconde o que a motiva. Alguns pontos provam que o projeto tem semelhanças com as várias comédias sem graça produzidas por Hollywood. Na primeira cena em que Dick aparece, por exemplo, um truque bobo e desgastado de humor é utilizado, contribuindo logo de cara com essa idéia de semelhança. Além disso, temos, no sentido como a história é mostrada, alguns diálogos rasos e muito pouco inspirados. O filme apresenta também, na maior parte de seu desenvolvimento, uma diagramação gritante, tornando-o previsível - inclusive, podemos aplicar isso ao desfecho do filme: embora o clímax seja interessante, segue o prognóstico concebido desde o início pelo espectador. Porém, a vulgaridade é superada pelo fato do roteiro apresentar, autenticamente, minúcias notáveis. Se na parte mais jocosa o enredo não consegue obter plenamente o sucesso, quando há a ocorrência de delicadas referências à atualidade - como o escândalo envolvendo a sétima maior companhia do mundo nos anos 90, a Enron - o longa ganha jeito de um produto um pouco mais bem acabado. O vilão do filme, interpretado por Baldwin, por exemplo, é uma clara referência aos dirigentes da empresa falida no final de 2001. Dentre outros pequenos detalhes nesse sentido, os créditos da projeção apresentam uma ótima anedota ao caso Enron. Vale ressaltar que ironias ao governo de George W. Bush também estão presentes, mas de um modo inteligente e nem um pouco forçado. Afora isso, o que do mesmo modo ajuda o filme a andar é o casal Dick & Jane. Muito bem delimitados na trama, as personagens centrais criam facilmente uma afinidade com o público, fazendo com que a penosa condição pela qual passam e as atitudes reacionárias (uma espécie de surto, na verdade) advindas dessa situação sejam compreendidas. Vemos em Dick um típico pai de família, trabalhador - ele leva, para conseguir chegar à vice-presidência da empresa, exatos 15 anos de serviço - e gente boa com amigos e vizinhos (quando se encontra bem financeiramente, lógico). Ao seu lado, sua esposa Jane em nenhum momento fraqueja ou pensa em abandoná-lo quando a coisa aperta, proporcionando algumas sinceras risadas. São raras, mas realmente sinceras. Obviamente, para isso funcionar, os atores necessitam estar muito bem entrosados nas cenas. Tanto o Dick de Carrey quanto a Jane de Leoni funcionam muito bem, provando que a química da dupla é bem apurada para o gênero. Há, todavia, excessos nos trejeitos de Carrey, apelando para suas conhecidas caricaturas - mas nada que prejudique seu personagem, um típico cidadão norte-americano que não quer ser visto como um perdedor (aqui, esse clichê passa longe de ser irritante). Já Leoni também tem bons momentos isolados, como quando Jane tenta mascarar aos seus conhecidos que sua situação econômica não está boa, sempre inventando alguma desculpa. Completando o elenco, temos um Alec Baldwin pouco explorado e um Richard Jenkins apenas correto, sem maior brilho. O diretor Dean Parisot, egresso da TV, consegue tirar boas atuações do elenco que tem em mãos, muito ajudado, claro, pelo talento dos atores. Embora não haja tomadas inovadoras e dirija de forma comedida (o que atrapalha em certos momentos), seu trabalho mostra-se harmonioso com os dos companheiros da parte técnica - tanto a fotografia de Jerzy Zielinski, proporcionando panorâmicas positivas, quanto a direção de arte da dupla Gregory S. Hooper e Troy Sizemore (algumas fantasias utilizadas pelo casal nos assaltos são de fato hilárias) auxiliam no resultado adequado dos planos de Parisot. Já as músicas de Theodore Shapiro soam irregulares: enquanto umas são decentemente aplicadas, outras não conseguem o mesmo feito, já que se apresentam intensas na distração. "As Loucuras de Dick e Jane" , a despeito dos furos e exageros evidentes, é um passatempo interessante e indicado a todos. O filme não tenta passar a mensagem moralista de que o dinheiro não traz felicidade - afinal, a alegria das personagens está intimamente ligada à grana. Produzido pelo próprio Jim Carrey e por Brian Grazer (responsável por vários sucessos comerciais, como Uma Mente Brilhante e, mais recentemente, O Código Da Vinci), o longa encaixa-se perfeitamente no estilo comédia despretensiosa. O carisma dos protagonistas e as suaves citações à atualidade incrementam o filme, tornando-o agradável e superior aos concorrentes do gênero. Seja você fã ou não de Jim Carrey, é uma boa pedida.'' (Carlos Vinícius)
''As Loucuras de Dick e Jane” é um filme estranho e irregular. Em tese, a produção tinha tudo para garantir diversão de boa qualidade, desde que trabalhasse dentro dos limites do gênero ao qual pertence. As desventuras de um casal de classe média cujo desemprego provoca dificuldades financeiras apontavam dois caminhos: uma sátira, filme adulto de conteúdo social ácido, ou uma comédia rasgada mais popular, o tipo de material que Jim Carrey carrega com um pé nas costas (e muitas caretas). O diretor estreante Dean Parisot aparentemente ficou indeciso entre as duas coisas, e tentou flertar com ambas. Não se saiu muito bem. Na verdade, “As Loucuras de Dick e Jane” não é uma sátira de humor refinada, como os filmes do Monty Python, e nem uma comédia slapstick, como os norte-americanos gostam de chamar as coleções de piadas no estilo de Todo Poderoso, com o mesmo Carrey. Trata-se de um meio-termo, um híbrido das duas coisas. O resultado é que espectadores interessados em um filme mais ameno podem dar menos gargalhadas do que o normal, e gente mais afeita à sátira tem boas chances de ficar incomodada com o excesso de clichês que marca a produção. A premissa básica é baseada em um filme de 1977, chamado Adivinhe Quem Vem Para Roubar. A informação demonstra como Hollywood anda desesperada por boas histórias, pois já tornou rotina a refilmagem de obras do segundo escalão. A abertura investe na sátira. Dick (Carrey) é um alto executivo de uma megacorporação. Jane (Tea Leoni) trabalha como vendedora. Os dois têm um padrão de vida de classe média alta: uma casa tipicamente americana (dois andares e gramado artificial), carro novo na garagem, vizinhos cheios de pose e pouco tempo para o filho pequeno, que é criado pela empregada hispânica (Angie Harmon). Quando querem fazer sexo, os dois marcam um encontro conjugal nas respectivas agendas. Uma situação incomum que o filme explora, e bastante interessante, é a situação do filho do casal. Devido à influência da empregada, com quem passa mais tempo, o garoto entende espanhol perfeitamente, adora a MTV Latina e fala inglês com sotaque de mexicano. Depois que o mundo da família desaba quando a empresa de Dick vai à falência, quase ao mesmo tempo em que Jane pede demissão porque o marido acabara de ganhar uma promoção, temos outra situação bastante interessante a ser explorada: uma família acostumada a ter muito luxo que precisa, progressivamente, reduzir seu nível de vida. O problema é que o diretor Dean Parisot, egresso da TV, parece indeciso entre trilhar a sátira, e com isso tecer comentários sociais sobre coisas como a degradação da família e a selvageria do mundo empresarial, ou mergulhar de vez na comédia rasgada. Existem os dois elementos em “As Loucuras de Dick e Jane”, o que rende boas cenas aqui e acolá, mas entre elas o filme se arrasta, sem fazer rir ou comentar os problemas sociais que aborda ligeiramente. A ótima seqüência em que Dick tenta arrumar um trabalho temporário na comunidade mexicana, enquanto Jane testa um novo cosmético e se arrisca a enfrentar uma alergia grave, é o melhor momento, um vislumbre do ótimo filme que “As Loucuras de Dick e Jane” poderia ter sido. É a única cena longa que consegue fundir com eficiência as duas pontas que a produção tentar unir. No geral, contudo, a produção saltita entre um tipo de humor e outro, o que resulta em falta de ritmo. As cenas de alto poder cômico ficam em um compartimento e as satíricas, em outro; há pouca comunicação entre as duas coisas. A seu favor, o filme conta com um casal protagonista competente, dois atorers da pesada, que se sai bem na sátira e ainda melhor na comédia rasgada (observe todo o trecho em que Dick e Jane resolvem assaltar para poder pagar as contas, e em especial a hilariante cena em que Carrey, mascarado como um ninja, brinca com o comunicador eletrônico que usa para falar com a parceira de crime). Por outro lado, incomoda a falta de originalidade das piadas, pinçadas de outros sucessos do cinema americano recente. A gag que envolve uma coleira para cães capaz de dar choques, por exemplo, foi roubada do longa-metragem animado “South Park” sem a menor cerimônia (lá, o objeto era um implante capaz de liberar descargas elétricas quando seu portador diz um palavrão). Além disso, existem erros de continuidade imperdoáveis para um filme de grande orçamento. Em determinada cena, quando Dick e Jane conversam dentro da sala de estar da família, a iluminação muda subitamente de um tom azulado de meio-dia para um amarelo crepuscular. Em outra, Dick veste uma calça preta que volta e meia vira branca. Além disso, no último terço o filme busca inspiração em longas como Onze Homens e Um Segredo (até na trilha sonora) e afunda de vez, buscando um final burocrático e sem sentido, que não combina com o perfil do casal protagonista. De qualquer forma, esse tipo de detalhe não costuma ser notado pela platéia habitual dos Multiplex, cujo nível de exigência para elementos como originalidade e fluência narrativa anda muito abaixo do tolerável. Pensando assim, e levando em consideração a excelente receptividade que o público brasileiro costuma dar a comédias apenas razoáveis, não é difícil dizer que “As Loucuras de Dick e Jane” tem boas chances de emplacar como diversão inconseqüente." (Rodrigo Carreiro)
''Clyde Barrow arrastou Bonnie Parker para o mundo do crime porque a vida na Grande Depressão não estava fácil pra ninguém. No ano 2000, quando a übertransnacional em que Dick Harper trabalha vai à falência por fraudes contábeis, assim, de repente, só lhe resta pegar sua esposa pela mão e também se aventurar pela bandidagem. O contexto econômico de 1930 era um dos protagonistas do clássico Uma rajada de balas (Bonnie & Clyde, 1967). De igual maneira, o cenário de quebradeira que marca o início do governo Bush é o catalisador ''As loucuras de Dick e Jane'', do diretor Dean Parisot (telessérie Monk). Não é preciso aguardar os irônicos créditos finais, que agradecem às finadas Enron e WorldCom, para perceber que as corporações e o presidente da nação que as legitima são o alvo da comédia. Não foi assim no Fun with Dick and Jane original, de 1977, estrelado por George Segal e Jane Fonda, que agora Parisot refilma. Na verdade, o primeiro era bem alienado. Nada de assaltos com máscaras de ex-presidentes, naquela época. O Dick de Segal precisava roubar porque a Jane de Fonda gastava demais o que os dois não tinham. Hoje, Dick e Jane surgem mais como seres conscientes e menos como consumistas. Novos tempos conturbados pedem atitude. Ainda mais quando a sua casa, sua poupança, enfim, sua vida, estavam forrados de ações da empresa que foi à bancarrota. O então executivo promissor Dick (Jim Carrey) perde absolutamente tudo quando a Globodyne fecha as portas. A primeira reação é buscar um emprego equivalente, mas o mercado não ajuda. Até quando se mete no meio dos mexicanos para arriscar um trampo temporário Dick acaba confundido com um imigrante. Enquanto isso, a grama do vizinho cresce bonita. Até pegar a pistola de brinquedo do filho e partir para os assaltos, é um passo. Dick encara a coisa mais como revolta do que como desespero. Jane (Téa Leoni) vai atrás. Carrey até que está contido no papel principal. Sabe se esborrachar na hora certa, sem exageros. As caretas continuam lá, mas o ator está menos cartunesco. Não parece a mesma pessoa, por exemplo, de Desventuras em série (2004), seu trabalho anterior. Acompanha-lhe, com menos vocação para a comédia rasgada, a Sra. Duchovny. A sorte de Téa Leoni, e de ambos, é que o material escrito é dos melhores. O roteirista Judd Apatow mostrou em O virgem de 40 anos que sabe encadear gags. Não é tão bom desenvolvendo tramas, mas basta um diretor que tenha senso de timing para as piadas de Apatow ganharem vida plena. Os dois primeiros terços do filme são um exemplo dessa conjunção bastante feliz entre texto, ritmo e imagem. Em tempos de recessão, filas de candidatos a empregos parecem uma multidão de Agentes Smiths clonados - e a maneira como Parisot filma a cena nos remete rapidamente a Matrix. Outros comentários inteligentes aparecem de forma discreta, seja na TV quando Bush discursa a favor das corporações, seja num assalto em que os dois chegam fantasiados de Clinton e Hillary. Essa porção ágil, muito bem editada de filme termina com o ápice da empreitada do casal no crime. Daí tudo muda. A partir do momento em que Dick é amargamente relembrado da falência da Globodyne, a impressão é que começa um filme diferente. Nada contra a virada, ela já estava implícita lá no começo. O problema é que os realizadores não se encontram nessa nova proposta, espécie de thriller pastelão. Não cabe aqui revelar os pormenores. Só vale dizer que o timing se dilui, as cenas se estendem demais, Carrey cansa, os personagens se perdem, a câmera de Parisot termina indecisa. Ainda há ótimas piadas a seguir - como aquela protagonizada por Alec Baldwin, no papel do canalha ex-presidente da Globodyne, que parodia a célebre declaração indignada de Bush, sobre terroristas, no meio de um jogo de golfe (Isso me deixa muito irado... Agora veja essa tacada). Lembra? É a frase que Michael Moore reproduziu em Fahrenheit 11 de setembro. É sempre ótimo ver gente com algo a dizer no meio do escapista mundo do consumo descartável, mas o fato é que As loucuras de Dick e Jane não segura o tranco até o final. Não é, em resumo, um Bonnie & Clyde." (Marcelo Hessel)
''Depois de protagonizar produções sérias (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças) e de comédias infantis cheias de estilo (Desventuras em Série), eis que Jim Carrey volta ao tipo de produção que lhe trouxe fama: comédias escrachadas, repletas de humor físico. Sua atuação em ''As Loucuras de Dick e Jane'' remete às de filmes como O Mentiroso e Ace Ventura, marcando a "volta" de Carrey nesse terreno da comédia cheia de caretas. Refilmagem de Adivinhe Quem Vem para Roubar (1977), As Loucuras de Dick e Jane é uma comédia na qual o casal Dick (Jim Carrey) e Jane Harper (Téa Leoni) do título resolve apelar para o crime quando a empresa onde o patriarca trabalha entra em falência de repente graças a trapaças de seu presidente, vivido por Alec Baldwin. Desempregados, sem móveis em casa, ou mesmo gramas no jardim, os Harpers se vêem sem saída. Armados com a pistola d'água do filho pequeno, resolvem assaltar lanchonetes e mercadinhos para conseguir recuperar o que tinham. Pelo menos uma parte. Afinal, como diz o próprio Dick, eles não conseguiram nada seguindo as regras. Então é melhor quebrá-las de vez. Em países como o Brasil, esse tipo de atitude cria grandes chefes do tráfico ou presidiários que dividem celas com outras centenas de pessoas que também apelaram para o crime quando o desemprego gritou. Mas, aqui, o desfecho não é o mesmo. Hollywood, meu bem. A contextualização da inserção do casal Harper na vida dos trambiques é muito bem feita e atual. Afinal, numa economia moderna, baseada na especulação de ações, a quebra repentina da empresa onde Dick trabalha não é real, mas plausível. O problema acontece quando os dois são inseridos no mundo do crime. Tudo acontece de forma exagerada demais, culpa, também, da escolha dos protagonistas. Se Jim Carrey já tem esse humor caricatual, a atuação de Téa Leoni é sempre, no mínimo, histérica. Por isso, o que temos aqui é uma comédia irregular que pende para o histerismo de ambos os protagonistas. Mesmo assim, ''As Loucuras de Dick e Jane'' consegue cumprir a função de divertir sem compromisso. Mas uma coisa não podemos afirmar: não se trata de uma atuação contida dos protagonistas. Bem, acho que pedir uma atuação contida de Téa Leoni é algo impossível. Pelo menos eu ainda não vi algo do gênero. O que não é ruim, neste caso, pois trata-se de uma comédia propositalmente escandalosa. Se Cameron Diaz tivesse incorporado Jane, como eram os planos iniciais da produção, o resultado seria completamente diferente. Para melhor? Não sei. Fato é que a comédia histérica é algo que tanto Téa quanto Carrey sabem fazer muito bem. Aqui, inclusive, o ator prova que as rugas a mais em seu rosto não significam que ele perdeu a forma no humor físico, muito pelo contrário. Mesmo assim, vale um aviso do tipo: "crianças, não façam isso em casa." (Angelica Bito)
Columbia Pictures Corporation Imagine Entertainment JC 23 Entertainment
Diretor: Dean Parisot
107.564 users / 1.947 faceSoundtrack Rock
Sam Cooke / Cypress Hill / The Mooney Suzuki / Devo / Rancid / Money Mark / Johnny Cash / Sublime / Sade / Dr. John
Check-Ins 682 33 Metacritic 4.256 Down 157
Date 05/09/2014 Poster - # - DirectorTarsem SinghStarsJennifer LopezVince VaughnVincent D'OnofrioAn F.B.I. Agent persuades a social worker, who is adept with a new experimental technology, to enter the mind of a comatose serial killer in order to learn where he has hidden his latest kidnap victim.[Mov 05 IMDB 6,2/10 {Video/@@} M/40
A CELA
(The Cell, 2000)
"O leitor agüenta mais uma história sobre serial killers psicopatas? Então, lá vai: estréia neste feriadão prolongado o thriller "A Cela", com Jennifer Lopez no papel principal. A história mostra Carl Stargher (Vincent D´Onofrio), um homem perturbado que seqüestra, tortura e mata mulheres com características em comum. Minucioso, ele constrói uma cela de vidro inquebrável que é lentamente inundada, afogando suas prisioneiras de forma desesperadora. Tudo é fotografado e filmado pelo assassino que, depois de matar, executa bizarros rituais com os corpos de suas vítimas. O agente do FBI - e sempre tem um agente do FBI - Peter Novak (Vince Vaugh), finalmente descobre o esconderijo do maníaco. Mas, inexplicavelmente, Stargher está em coma, incapaz de informar a localização do cativeiro onde mais uma garota aguarda desesperada pelo seu terrível destino. A única chance de salvar a moça é convencer a Dra. Catherine Deane (Jennifer Lopez), a cooperar. Psiquiatra de talento, Deane está desenvolvendo uma nova técnica baseada na realidade virtual, através da qual ela pode penetrar na mente de seus pacientes, para resolver melhor seus problemas. Porém, mergulhar nos pensamentos de um psicopata não vai ser tarefa das mais fáceis para a doutora. "A Cela" marca a estréia no cinema do diretor indiano Tarsem Singh (ele assina somente Tarsem), mais conhecido pelos seus comerciais de televisão e videoclipes premiados, como Loosing My Religion, que dirigiu para o grupo R.E.M. Esta formação de Tarsem explica o caráter eminentemente visual do filme. A Cela é, antes de mais nada, um imenso delírio. Um mergulho de cores, formas e sensações que tenta reproduzir as mais terríveis loucuras que poderiam estar escondidas dentro de uma mente psicopata. Neste sentido, o filme é ao mesmo tempo deslumbrante e perturbador (algumas cenas podem sensibilizar estômagos mais delicados). Não por acaso, alguns especialistas de Hollywood já apontam A Cela como presença praticamente assegurada na próxima festa do Oscar, concorrendo principalmente nas categorias de Direção de Arte e Figurinos (estes assinados por Eiko Ishioka, a mesma de Drácula de Bram Stoker). Porém, como tem acontecido muito no cinema americano, faltou história, faltou roteiro. Para quem curte cinema como espetáculo cênico e visual, ''A Cela'' é uma ótima pedida para o feriadão. Já quem prefere conteúdo deve escolher outro filme." (Celso Sabadin)
"Jennifer Lopez se sentindo o último bom-bom da caixa naqueles figurinos horrendos é hilários de tão risível." (Heitor Romero)
"Se alguém pudesse entrar dentro de sua mente, o que essa pessoa veria. Veria uma paisagem belíssima, edifícios futuristas, uma civilização utópica ou perversões fora de controle. No caso de Carl Stargher (Vincent D´Onofrio) a última opção é a que vale... Stargher é um assassino-em-série com distúrbios psicológicos que o levaram a construir A Cela, uma câmara de vidro onde tortura mulheres inocentes preparando-as para um sádico ritual fetichista.
Quando o FBI encontra seu esconderijo, uma surpresa os aguarda... o assassino está em coma profundo e o agente Peter Novak (Vince Vaughn) ainda precisa localizar a última vítima, seqüestrada há poucas horas. Tudo o que o agente Novak sabe é que, de acordo com o modus-operandi de Stargher, a moça ainda está viva, tem apenas 40 horas de vida e o único que pode encontrá-la é o próprio assassino em coma. A resposta para os problemas do FBI é a Dra.Catherine Deane (Jennifer Lopez), uma terapeuta infantil que estuda um avançado processo de cura de distúrbios neurológicos financiada por um casal bilionário cujo filho, cobaia do processo, está em coma. Resta saber se a Dra. Deane aceitará o perigoso desafio... entrar em uma mente doentia sabendo que pode não sobreviver ao processo. "A Cela" é um thriller envolvente, cujo visual passeia de paisagens oníricas a cenários perturbadores, mostrados através de cortes bruscos, ângulos e movimentos de câmeras completamente inusitados, explicados facilmente quando analisamos a carreira do diretor estreante Tarsem Singh, que até então só havia dirigido comerciais de TV e videoclipes (entre eles Loosing my religion do R.E.M., vencedor de um Video Music Awards da MTV). Precisa de mais motivos para ver o filme. Os efeitos especiais são excelentes e os figurinos de Eiko Ishioka, vencedora do Oscar por Drácula de 1992 e qualquer semelhança não é mera coincidência, pois os trajes de realidade virtual são referências explícitas à armadura de carne utilizada pelo Príncipe Vlad no começo do filme. Também foi o filme que arrancou do topo das bilheterias americanas O Homem sem sombra (box-office 18 a 20/11). As comparações com Matrix e Seven são inevitáveis e necessárias, dado que o primeiro reinventou o estilo dos filmes de ficção e o segundo, juntamente com O Silêncio dos Inocentes, os thrillers de suspense. "A Cela" é um filme obrigatório aos amantes dos gêneros. Mas avisamos... algumas pessoas sairam no meio do filme na pré-estréia. Que pena, perderam um filmão." (Erico Borgo)
73*2001 Oscar
New Line Cinema Caro-McLeod Radical Media Katira Productions GmbH & Co. KG Avery Pix
Diretor: Tarsem Singh
69.813 users / 2.848 face
Check-Ins 286
Dare 16/08/2013 Poster - # - DirectorGlenn FicarraJohn RequaStarsSteve CarellRyan GoslingJulianne MooreA middle-aged husband's life changes dramatically when his wife asks him for a divorce. He seeks to rediscover his manhood with the help of a newfound friend, Jacob, learning to pick up girls at bars.[Mov 08 IMDB 7,4/10 {Video/@@@@@} M/68
AMOR A TODA PROVA
(Crazy, Stupid, Love, 2011)
"Apesar de não fugir dos clichês do gênero, é interessante o jogo de opostos que se estabelece entre os personagens de Steve Carrell e Ryan Gosling, e suas diferentes visões do sexo feminino, do casamento e das responsabilidades perante a vida" (Regis Trigo)
"Apesar de seguir fielmente as fórmulas das comédias românticas, especialmente em sua estrutura previsível, o filme convence ao construir bons personagens e fazer a plateia se interessar por eles, muito em função do elenco. Diverte e entretém, mas só." (Silvio Pilau)
"Segue sem medo a cartilha das comédias românticas: as idas e vindas do relacionamento, o humor extraído do embaraço e a catarse esbanjada nas cenas finais. Mas, de algum modo, me fez vibrar como há algum tempo não ocorria com filmes do gênero. Adorável!" (Junior Souza)
"Ainda que tente evitar - e brinque com isso -, em seu desenvolvimento rende-se ao apelo amoroso e alguns clichês do gênero. Mas tem um roteiro legal, é muito engraçado e contagiantemente tenro." (Rodrigo Torres de Souza)
"Steve Carell em um de seus melhores momentos desde O Virgem de 40 Anos, nesta deliciosa comédia sobre divórcio e amor. Ou amor e divórcio." (Alexandre Koball)
A comédia romântica dos homens.
"São elas que espantam os homens com seu romantismo exagerado, sua visão idealizada dos relacionamentos, sua doçura excessiva e sua previsibilidade enfadonha. São elas que começam simpáticas e divertidas, tornam-se melodramáticas e terminam em ideais ilusórios de viveram felizes para sempre. São elas que entram e saem de nossas vidas aos montes e quase nunca deixam alguma marca muito significativa na memória. Sim, são elas mesmo. Não, não estou me referindo às mulheres; o que está sendo descrito aqui são as tão clichês comédias românticas. Capazes de botar os marmanjos para fugir com a mesma competência em atrair a mulherada aos cinemas, as comédias românticas em geral dividem opiniões e quase nunca se preocupam em retratar a realidade com afinco. Eis um exemplar do gênero que estreou há pouco no Brasil e que se dispõe a mudar a tradição: Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love, 2011), do diretores Glenn Ficarra e John Requa. Se é recorrente nas comédias românticas aquelas personagens femininas fortes e determinadas a se apaixonar, no caso do filme em questão há uma pequena inversão de prioridade – quem sofre, luta e anseia pelo amor são eles. Com uma esperteza ágil e divertida, os cineastas de "Amor a Toda Prova" colocam seus personagens masculinos no cargo de protagonistas e os submetem às mesmas neuras costumeiras das mulheres. Agora é a vez de eles superarem suas dificuldades de relacionamento e sair por ai na difícil luta por um amor real. Cal Weaver (Steve Carell) aparentemente já encontrou o amor de sua vida: sua esposa Emily (Julianne Moore), com quem tem uma bela família. Toda sua felicidade, no entanto, desmorona quando Emily confessa (nos mínimos detalhes) ter um caso com seu colega de trabalho (interpretado por Kevin Bacon). Agora desiludido, ele encontra na figura de Jacob Palmer (Ryan Gosling), um garanhão nato que conhece por acaso, a ajuda para superar essa fase e voltar à ativa no terreno da paquera e da conquista. Jacob, por outro lado, é 100% seguro de sua capacidade, até conhecer a bela Hannah (Emma Stone), que o despreza por completo e assim acaba atraindo sua atenção como nenhuma outra jamais conseguiu. Em resumo, temos nesse filme a história de três homens em momentos delicados de suas vidas afetivas. Cal, apesar de tentar superar o chute que levou da esposa, ainda a ama e não consegue tirá-la da cabeça. Jacob, um cara que nunca precisou se preocupar com mulheres, se vê agora desesperadamente apaixonado por uma que mal lhe dá atenção. Por último, mas não menos importante, temos os conflitos do pré-adolescente Robbie (Jonah Bobo), filho de Cal, que se descobre apaixonado por sua babá, Jessica (Analeigh Tipton). Frustrados com suas respectivas situações, esses três caras precisam enfrentar aquilo que todos temos cedo ou tarde, mas que nos filmes só ganha representação na pele de personagens femininas. As situações vindas de um ponto de partida tão comum para nós, mas ao mesmo tempo tão estranho para um filme do gênero, são hilárias. O sexo feminino na certa vai se divertir em ver em Cal, Jacob e Robbie aquilo que sempre lhe afligiu. Os homens, por outro lado, certamente se identificarão com pelo menos um dos três personagens. Isso se dá pela forma como os diretores buscam usar clichês já tão batidos em prol de situações invertidas e curiosas (começando pela escolha em deixar as mulheres como personagens periféricas e subjetivas [as cafajestes da vez], enquanto os homens ganham um aprofundamento sensível e dramático). Cientes de que aquilo tudo não passa de uma bela brincadeira com as maiores obviedades do gênero, os cineastas usam até certa dose de metalinguagem ao jogar na tela momentos em que os próprios personagens reconhecem estar passando por situações já vistas antes. Esse senso de humor fica então preso em uma linha tênue entre o lugar-comum e a originalidade. Para que a fórmula desse certo, foi escalado um elenco muito competente, que soube entrar em sintonia e fazer das situações do roteiro algo ainda mais refrescante. Começando pelos mais experientes, Steve Carell e Ryan Gosling, que caem como luvas em seus papéis. Carell por saber aproveitar a oportunidade de dar vida a um personagem que está dentro de seus limites como ator dramático, e Ryan por personificar um garanhão de uma maneira pouco convencional. Julianne Moore e Emma Stone, como foram mais ignoradas pela direção, têm poucas chances de apresentar seus dotes artísticos, mas ainda assim fazem milagres quando entram em cena. A surpresa vem mesmo por parte dos novatos Jonah Bobo e Analeigh Tipton, que brilham em momentos de pura inspiração do roteiro. Sim, há algo de nonsense nessa composição de Ficarra e Requa. No entanto, não é surpreendente ver toda a originalidade e frescor descer pelo ralo quando a trama engata para os momentos finais. Afinal, mesmo que diferente, ainda se trata de uma comédia romântica, e todas elas devem ter sim uma dose de previsibilidade aparecendo cedo ou tarde. O deslize feio, no entanto, vem na hora de tentar introduzir uma carga dramática um tanto quanto elevada nos desfechos, quando já é tarde demais para dramatizar a situação em excesso. Para os do sexo masculino que torcem o nariz diante das comédias românticas bobinhas, "Amor a Toda Prova" pode ser uma boa chance de se fazer uma média com a namorada ou esposa e ainda assim se divertir genuinamente. Capaz de agradar a ambos os sexos, essa diferente comédia se foca mesmo é em mostrar os sentimentos masculinos diante do amor. Se para os homens isso pode parecer constrangedor ou até embaraçoso, para as mulheres se mostra uma boa oportunidade para conhecer o lado sensível e nem sempre externado por seus companheiros. Se não render uma sessão de boas risadas, pelo menos promete uma reavaliada nos conceitos tradicionais de um relacionamento amoroso." (Heitor Romero)
"Diretores de I Love You, Phillip Morris, que no Brasil foi lançado como O Golpista do Ano, Glenn Ficarra e John Requa estão menos arrojados em sua volta ao cinema. Amor a Toda Prova é irregular, garantindo sequências genuinamente cômicas, mas também momentos de profundo moralismo. Na trama, Cal Weaver (Steve Carell) é um corretor de seguros com uma emprego estável, casamento longevo e dois filhos brilhantes. Com um porém: sua esposa, Emily (Julianne Moore), cansou dos 25 anos de união e quer o divórcio. Cal, que desde a adolescência só conheceu os prazeres sexuais providos por uma mulher, terá de voltar à caça, dessa vez com a ajuda de Jacob (Ryan Gosling), um tipo arrasa-quarteirão que conquista todas. "Amor a Toda Prova" transita entre a frustração e a realização de seus personagens. Texto cômico inteligente, boas interpretações e direção que não deixa o trem descarrilar garante personagens críveis, com os quais o espectador pode se identificar. No meio do caminho, situações engraçadas de desencontro e personagens que não se entendem. Apesar de o título remeter à resistência, ou não, do amor entre duas pessoas, "Amor a Toda Prova" fala mesmo das escolhas da vida: no meio do turbilhão de possibilidades, o que queremos de fato? Sermos garanhões ou construir família? Claro que, como qualquer outro filme comercial americano, discussão superficial e demasiadamente preto-no-branco: ou isso, ou aquilo. Com direito a um desfecho moralista, que estraga muito das risadas que já compartilhadas durante a sessão. Ficarra e Requa estão mais comportados do que em O Golpista do Ano, mas ainda assim engraçados. Entretenimento rápido e risadas que duram até a última pipoca mastigada." (Heitor Augusto)
Muito além da comédia romântica.
"O casamento é uma instituição falida, dizem aqueles que não acreditam no amor. Os que acreditam só dizem eu te amo. E essa é uma das frases mais ouvidas em Amor a "Toda Prova" (Crazy, Stupid Love, 2011). Porém, poucas vezes você vai ouvir o tradicional "eu também. Afinal, estamos falando de uma dramédia-romântica, uma junção muito bem feita dos três gêneros, e que tem justamente na parte dramática a proximidade de uma realidade que poderia ser a sua. Muita coisa no filme não é dita com palavras, mas com gestos, atos ou olhares - e isso só é possível porque o elenco reunido é excelente. No centro da trama está um casal que se acomodou e perdeu o tesão, mas não necessariamente deixou de se amar. Steve Carell, que além de protagonizar também produz o longa, é Cal, um marido que imaginava ter tudo sob controle, até ouvir de sua esposa (Juliane Moore) que foi traído. Seu mundo cai enquanto ele desaba. Mas para provar principalmente a si mesmo que a fila anda, ele começa a ter um treinamento com o maior pegador da região, Jacob (Ryan Gosling). A primeira coisa a mudar é o guarda-roupa, jogando fora aquele tênis sem graça e a carteira de velcro, partindo para ternos feitos sob medida e até um novo corte de cabelo. Em seguida - e esta é a parte mais difícil para quem está tanto tempo "fora do mercado" - é preciso mudar a atitude. Jacob é confiante e já tem o seu jogo pronto. Ele não fala de si mesmo e não dá muito tempo também para elas falarem, rapidamente dá o ippon que termina com as suas vítimas saindo dali ao seu lado. A relação dos dois rapidamente extrapola o vínculo entre professor/discípulo, virando uma amizade. "Amor a Toda Prova" está mais próximo das comédias indies do que das comédias românticas. Ele com certeza tem mais cara de Pequena Miss Sunshine do que qualquer coisa estrelada pela Reese Witherspoon. E apesar de ter essa vertente um pouco mais realista, carrega também o seu lado de humor físico, principalmente em uma das sequências finais, aquela em que os conflitos são resolvidos (ou pelo menos deveriam). Essa mistura toda traz ao filme um frescor, algo que nenhum outro projeto em cartaz atualmente carrega. Seu grande problema é a presença de Marisa Tomei. Ela está repetindo mais o tipo solteirona com problemas emocionais do que Charlie Sheen faz o boa vida. Tudo nela é extremamente caricato, a ponto de perder a graça. Nada, porém, que consiga estragar o filme, que tem ótima química entre Steve Carell e Juliane Moore, é divertido na sua porção Extreme Makeover, mostra o drama adolescente sem infantilizá-lo, brinca com um ícone dos anos 80 e cria situações inesperadas. O drama, a comédia e o romance estão equilibrados na medida certa e podem colocar em xeque os sentimentos das pessoas. No final, apaixonados e desiludidos podem sair do cinema achando que seus sentimentos estavam certos ou completamente errados. E que forma melhor para medir a qualidade de um filme do que ver que ele te faz pensar?" (Marcelo Forlani)
69*2012 Globo
Carousel Productions (II)
Diretor: Glenn Ficarra, John Requa
304.787 users / 41.669 face
Soundtrack Rock = The Acorn + Nina Simone + Goldfrapp + Talking Heads + The Dead Weather + Spandau Ballet
Check-Ins 288
Date 18/08/2013 Poster - ## - DirectorGeorge CukorStarsCharles BoyerIngrid BergmanJoseph CottenTen years after her aunt was murdered in their London home, a woman returns from Italy in the 1880s to resume residence with her new husband. His obsessive interest in the home rises from a secret that may require driving his wife insane.[Mov 08 IMDB 7,9/10] {Video/@@@@@}
A MEIA LUZ
(Gaslight, 1944)
TAG GEORGE CUKOR
{inteligente}Sinopse
''Alice Alquist, tia de Paula, é assassinada em sua casa e encontrada pela sobrinha. A polícia não obtém sucesso na investigação, e o tempo passa. Dez anos depois, Paula voltará a viver na mesma casa em Londres, agora com seu marido, que a mantém cada vez mais isolada da sociedade, por apresentar cada vez maiores problemas psicológicos dentro daquele lugar.''
"Cukor acerta ao privilegiar o lado psicológico sobre a insossa história policial. Ajudam nisso os cenários e a fotografia, criando um clima claustrofóbico. Boyer e Bergman constróem bons personagens, ainda que hoje as interpretações pareçam exageradas." (Silvio Pilau)
"Em plena Segunda Guerra Mundial, os bastidores das indústrias cinematográficas inglesa e americana se viram agitados por uma perigosa contenda comercial: às vésperas do lançamento do remake de "À Meia-Luz" (1944), os executivos da MGM armaram uma operação para comprar e destruir os negativos da versão original inglesa, realizada quatro anos antes. A operação falhou, e a versão original sobreviveu para ser lançada hoje, em DVD de lado A e B, junto -mas como espécie de reverso da moeda- do remake hollywoodiano. São ambas adaptações de "Gaslight", peça de Patrick Hamilton -o dramaturgo inglês que inspirou o Hitchcock de Festim Diabólico- publicada em 1938. Na Londres do final do século 19, uma jovem mulher vitoriana é torturada psicologicamente pelo marido arrivista. O enredo não muda muito, mas os quatro anos de diferença entre as duas versões se multiplicam em razão da guerra: as limitadas profundidade e nuança psicológicas dos personagens da versão inglesa, um thriller psicológico de parcos recursos, estão mais próximas da era do primeiro cinema falado, dos filmes do princípio da década de 30. A inocência e a unidimensionalidade desses personagens, o cinema do pós-guerra já não conhecerá. Os abismos da alma humana haviam sido devassados naqueles anos: o noir norte-americano dos anos 40 seria a primeira evidência de que o cinema falado se tornara psicologicamente mais complexo. As teorias freudianas aportavam em Hollywood, trazidas na bagagem de cineastas europeus refugiados do nazismo. Prova disso é que a mulher vitoriana da versão americana (Ingrid Bergman, no papel que lhe valeu seu primeiro Oscar) segue à risca o retrato freudiano da histeria feminina. No remake, a psicologia dos personagens renasce vigorosa. Se não fosse encampado pela MGM, "À Meia-Luz" talvez tivesse se tornado um autêntico noir, gênero cujos melhores frutos nasceram de produções modestas. Caso inversamente proporcional ao do longa-metragem original de Thorold Dickinson, que tendia a crescer se realizado como uma produção de primeira linha da indústria inglesa, se protagonizado, por exemplo, por Lawrence Olivier e dirigido por Hitchcock, ex-titulares do cinema britânico que filmaram, no mesmo ano, em Hollywood, Rebecca, a Mulher Inesquecível, obra irmã de "À Meia-Luz". Estúdio da elite hollywoodiana, a MGM sustentava um esquema de produção dos mais hierarquizados, com pouco espaço para a contribuição pessoal dos diretores (no caso, George Cukor). Sob os moldes da MGM, o thriller se faz drama psicológico para donas-de-casa de classe média americanas. E a riqueza cenográfica hollywoodiana se faz opulência vazia. Como diria Frank Capra, referindo-se ao padrão MGM, nem sempre os esquemas mais bem planejados resultam nos melhores filmes." (Tiago Mata Machado)
''As peças do dramaturgo inglês Patrick Hamilton renderam três ótimos filmes: Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock; Concerto Macabro, de John Brahm (1945); e "À Meia Luz" (1944), de George Cukor. Com um elenco de primeira grandeza que reúne Ingrid Bergman -premiada com o Oscar de melhor atriz-, Charles Boyer, Joseph Cotten e Angela Lansbury, "À Meia Luz" é a próxima atração da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível em 12 de julho. No início dos anos 1940, as teorias de Freud chegaram ao cinema com força total, conferindo um novo impulso ao "suspense psicológico" . Conto de uma mulher frágil que acredita estar enlouquecendo graças às artimanhas de seu marido, "À Meia Luz" é um belo exemplo da influência do pai da psicanálise no cinema. O filme se passa em um labiríntico casarão londrino cujos cômodos são repletos de objetos inúteis - cenário perfeito para os propósitos de Gregory Anton (Charles Boyer), um homem sinistro que tem como objetivo enlouquecer a mulher, Paula (Ingrid Bergman). Só assim, ele acredita, poderá procurar livremente as joias que a tia de Paula, uma famosa cantora de ópera, teria escondido antes de morrer assassinada pelo próprio Anton, anos atrás. Considerado um grande diretor de atores, George Cukor empresta ao suspense psicológico sua notória sofisticação narrativa. A fragilidade da protagonista e os truques de seu marido para levá-la à loucura permitem que Cukor imprima seu estilo ao filme, visível no barroquismo dos cenários e, sobretudo, nos ângulos e na movimentação da câmera. Para o crítico da Folha José Geraldo Couto, autor do ensaio sobre o filme que faz parte deste volume, "À Meia Luz" pode ser visto como um jogo de sanidade e loucura entre o casal protagonista. Esse confronto se expressa não apenas no duelo entre os dois grandes atores (Ingrid Bergman e Charles Boyer), mas também numa série de fortes contrastes: sombra/ luz, noite/dia, neblina/transparência. Nesse aspecto, a fotografia de Joseph Ruttenberg, indicada ao Oscar, desempenha um papel especial, assim como a direção de arte de Cedric Gibbons, que levou o prêmio. O filme também recebeu indicações nas categorias de melhor atriz coadjuvante (para Angela Lansbury, então com apenas 19 anos), melhor roteiro e melhor filme (perdeu para O Bom Pastor, de Leo McCarey)." (FSP)
17*1945 Oscar / 02*1945 Globo / 1944 Palma de Cannes
Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Diretor: George Cukor
16.188 users / 3.585 face
Check-Ins 685
Date 08/09/2014 Poster - ### - DirectorDouglas SirkStarsRock HudsonRobert StackDorothy MaloneStory of the fraught friendship between an eccentric journalist and a team of daredevil flying acrobats.[Mov 09 IMDB 7,2/10 {Video}
ALMAS MACULADAS
(The Tarnished Angels, 1957)
''Este filme virou cult na França quando foi redescoberta a obra do mestre do melodrama Douglas Sirk (1900-87), que filma William Faulkner (o pouco conhecido romance "Pylon") com o mesmo elenco central de "Palavras ao Vento" (Written on The Wind, 1956), um de seus grandes sucessos. Só podia ter resultado em um filme interessante e muito pouco visto no Brasil. Uma história trágica e melancólica, narrada de forma elíptica e estilizada, com diálogo memorável, e Hudson mais uma vez mostrando o quanto era subestimado como ator. Ele faz com sutileza e economia de recursos o repórter alcoólatra que tenta reconquistar sua razão de viver e dignidade ajudando um degradado herói de guerra (Stack), que tem uma relação estranha e conturbada com sua infeliz mulher (Dorothy Malone, a rainha do overacting). Foi a primeira atuação creditada do futuro ídolo jovem Troy Donahue (que faz o piloto que enfrenta Stack no ar). Amargo e ousado para a época, em edição com cópia excelente." (Rubens Ewald Filho)
"Fala-se mal, com razão, de muitos títulos brasileiros. Nenhum, é claro, será pior do que essa coisa covarde que consiste em reproduzir o título original. Mas "Almas Maculadas" é um nome não só belo como exato para este filme exato (e magistral) de Douglas Sirk que, no original, tem o nome de Tarnished Angels. Temos aqui um herói de guerra reduzido, nos anos 30, a viver de apresentar-se nos circos aéreos. Quando o descobre, um repórter entusiasma-se com a história. Com o tempo, vai se entusiasmar mais ainda pela mulher do aeronauta. Douglas Sirk recorreu ao mesmo trio de atores de seu Palavras ao Vento, Robert Stack, Dorothy Malone e Rock Hudson. Mas aqui optou por branco-e-preto e cinemascope.'' (* Inácio Araujo *)
Universal International Pictures (UI)
Diretor: Douglas Sirk
1.685 users / 75 face
Check-Ins 294
Date 03/09/2013 Poster - #### - DirectorDaniel MannStarsAnna MagnaniBurt LancasterMarisa PavanA Sicilian seamstress who idolizes her husband must deal with several family crises upon his sudden death.[Mov 07 IMDB 7,1/10 {VIdeo}
A ROSA TATUADA
(The Rose Tattoo, 1955)
''Viúva é obcecada pela memória do marido e, em virtude disso, acaba se isolando cada vez mais e influenciando sua filha adolescente. Quando ela menos espera, surge em sua vida um caminhoneiro.'' (Filmow)
"Um filme quase que inteiramente construído por diálogos. O duelo de atuações de Anna Magnani e Burt Lancaster transforma todo esse falatório por vezes cansativo em uma sucessão de grandes momentos cênicos." (Heitor Romero)
28*1956 Oscar / 13*1956 Globo
Paramount Pictures
Diretor: Daniel Mann
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Date 04/09/2013 Poster - #### - DirectorSidney LumetStarsSean ConneryTrevor HowardVivien MerchantA burnt-out British police detective finally snaps whilst interrogating a suspected child molester.[Mov 06 IMDB 7,1/10 {Video}
ATE OS DEUSES ERRAM
(The Offence, 1972)
''O oficial britânico Johnson (Sean Connery) é um veterano da força policial britânica. Em seus vinte anos de carreira, ele enfrentou incontáveis assassinatos estupros e demais crimes bárbaros - que, ao que tudo indica, deixaram uma marca terrível em sua alma. Na busca por um homem que vinha molestando uma série de jovens meninas, Johnson encontra no aparentemente entorpecido Kenneth Baxter (Ian Bannen, de 'Coração Valente') seu principal suspeito. E durante um interrogatório, a fera adormecida dentro de Johnson explode com violência, mostrando que, ao conviver com seres tão monstruosos durante tanto tempo, talvez ele tenha se transformado em um deles. Começa aí uma busca incessante do policial por sua própria alma. Afinal, a melhor forma decombater o mal é com um mal maior ainda? Um profundo drama psicológico que traz Connery num dos melhores momentos de sua carreira!'' (Filmow)
"É bem esquisito em se tratando de Sidney Lumet, e prende muito a atenção por conta da atuação de Connery, mas o cineasta se dava melhor mesmo em cima de material mais tradicional." (Vlademir Lazo)
Tantallon
Diretor: Sidney Lumet
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Date 05/09/2013 Poster - ##### - DirectorMarco BellocchioStarsToni ServilloIsabelle HuppertAlba RohrwacherA mosaic of several intertwined stories questioning the meaning of life, love and hope, set during the last six days in the life of Eluana Englaro, a young woman who spent 17 years in a vegetative state.[Mov 07 IMDB 6,3/10] {Video/@@} M/72
A BELA QUE DORME
(Bella addormentata, 2012)
TAG MARCO BELLOCCHIO
{interessante}Sinopse
''Novo filme de Marco Bellocchio, baseado na história real de Eluana Englaro, italiana que passou 17 anos em estado vegetativo após um grave acidente, o que causou um enorme embate entre os opositores e os apoiadores da eutanásia.''
"A estrutura episódica, não muito digna de um cineasta do porte de Bellochio, gera alguns problemas óbvios (tramas e personagens em demasia ou redundantes), e o final abrupto também não ajuda. Algumas boas passagens e atuações, mas a saldo é de decepção." (Régis Trigo)
"De uma eloquência cinematográfica contida e as vezes operística." (Vlademir Lazo)
(Cedo ou tarde todos morreremos. A vida é uma sentença de morte, não há tempo a perder} (ESKS)
As questões entre vida e morte.
''Marco Bellocchio é um dos poucos cineastas atuais que sabem cutucar feridas e discutir temas delicados em seus filmes sem cair na tentação de fazer apenas um filme polêmico chamativo, porém vazio. Em um dos seus trabalhos mais recentes, Vincere (idem, 2009), abordou política, relações familiares e loucura sem jamais parecer apelativo ou gratuito. O mesmo aconteceu quando decidiu chocar um personagem ateu com um conflito familiar que envolveria enfrentar alguns dogmas da religião católica em A Hora da Religião (L’ora di religione, 2002). A religião, que parece ser um dos maiores tabus discutidos pelo diretor, também é uma das peças-chave em seu novo trabalho, ''A Bela que Dorme'' (Bella addormentata, 2012), filme que visa retratar através de múltiplas histórias a complicada questão da eutanásia. O centro do redemoinho de personagens e situações que envolvem o tema principal é o caso real da italiana Eluana Englaro, uma moça que entrou em estado vegetativo depois de um acidente de carro, e permaneceu assim por inacreditáveis 17 anos. Seu pai lutou contra Deus e o mundo para conseguir a liminar que permitisse o desligamento dos aparelhos, uma batalha de anos que provocou inúmeros protestos e discussões judiciais, até que por fim conseguiu a permissão. Obviamente, com o Vaticano ali do lado, houve também o levantamento de discussões morais e religiosas, e é nesse ponto que Marco Bellocchio faz sua grande intervenção. Em volta desse acontecimento real, Bellocchio constroi os conflitos de seus personagens fictícios, entre eles um senador em dúvida se deve ou não aprovar a liminar no seu partido no senado, levando em conta um caso do passado envolvendo sua própria filha, e uma ativista pró-vida que se apaixona por um simpatizante da eutanásia. Isabelle Huppert entra na trama com uma beata que se esquece de toda sua vida, seus amigos e seus familiares, apenas para cuidar da filha em coma, enquanto acredita piamente que Deus um dia vá acordá-la. Infelizmente, a habilidade do diretor em lidar com temas delicados parece ter sido sabotada pela ideia de fazer um filme de múltiplas histórias. Assim como acontece em Crash - No Limite (Crash, 2004), A Bela que Dorme é sufocado por situações forçadas, jamais críveis, demasiadamente planejadas para se encaixarem em um uníssono tom de conclusão. Não há sutileza, só polêmica e sensacionalismo, tal qual houve durante a cobertura da mídia no caso real de Eluana. Mesmo sob o ponto de vista religioso da obra há certo desconforto, e o principal motivo disso parece ser a indecisão de seu diretor. Ao invés de se posicionar, Bellocchio opta por transitar entre as diversas questões sem jamais dizer a que veio. Sem a coragem e a maturidade apresentadas nas já citadas obras Vencer e A Hora da Religião, o cineasta parece perdido, como se não estivesse convencido de nenhum dos argumentos, prós ou contras, que ali discute. Se a intenção era se manter em um campo neutro, deixando por conta do público decidir que lado tomar, talvez tivesse sido necessário um tom mais sóbrio e menos forçado. Ecos de Mar Adentro (idem, 2004), são usados como guia por Bellocchio, mas no fundo acabam assombrando a produção, ao invés de auxilia-la. Os acertos de A Bela que Dorme estão em alguns rápidos momentos em que uma questão muito mais interessante é levantada: há mesmo a chance de uma pessoa voltar do coma, mesmo depois de anos? Vale a pena se dedicar a uma pessoa nessas condições caso haja a remota esperança? Embora apenas flerte de longe com essas questões, o filme acerta quando o faz, assim como Almodóvar fez divinamente em Fale com Ela (Hable con Ella, 2002). Nesse momento, já não importam os questionamentos morais sobre o poder de decidir sobre a vida de uma pessoa querida, mas sim a perspectiva prática de um dia talvez, de fato, surgir a possibilidade dessa pessoa voltar a recobrar a consciência. ''A Bela que Dorme'' procura ir longe, se aprofundar em um assunto complicado, onde jamais existirá um consenso, seja moral, profissional, ou mesmo ético. Poderia ter sido bem mais se conseguisse evitar as armadilhas mais óbvias para filmes com temas polêmicos como esse. Estranho ver um diretor já experiente como Bellocchio cair nesse tipo de abordagem geralmente presente em obras de diretores principiantes ou pueris. Por conta disso o trabalho escorrega naquilo que mais era temido: começa e termina sem nada acrescentar a uma discussão tão polêmica como a eutanásia." (Heitor Romero)
*****
''A Marco Bellocchio atraem as anomalias. E poucas são maiores do que o caso de Eluana Englaro, jovem em coma há 17 anos, cujo caso chega ao parlamento italiano. Desligar os aparelhos e deixá-la morrer ou prolongar sua vida vegetativa? Eis o que provoca "A Bela que Dorme". O que parece mais importar para Bellocchio não é o caso em si, mas as diversas maneiras de encarar a eutanásia. De necessidade médica a pecado, pode-se pensar em quase tudo. Mas as ideias como que existem em si, como se Eluana fosse apenas o lugar vazio onde elas vão se depositar. Esse é o ponto que marca a visão original do cineasta italiano (um dos raros em atividade a sobrar da grande época do cinema italiano) em um de seus filmes mais duros, mas também um dos mais interessantes." (* Inácio Araujo *)
''Em "A Bela que Dorme", temos uma série de personagens com histórias trágicas ou dilemas existenciais e religiosos. Poderia ser mais um filme em que diversas histórias se cruzam do modo mais forçado possível, caso o diretor não fosse Marco Bellocchio. O que liga todos esses personagens é a história real de Eluana Englaro, vítima de um acidente de carro que passou 17 anos vivendo artificialmente. Seu drama causou comoção, e reacendeu na Itália a discussão sobre eutanásia. Os personagens acompanham seus últimos dias pela TV. A história mais forte é a do médico que zela por uma dependente química com tendências suicidas. Há o núcleo político, no qual um senador tenta estreitar laços com a filha, que por sua vez se envolve com um jovem responsável pelo irmão problemático. Há ainda a atriz que acredita em um milagre que faça sua filha despertar de um coma profundo. O cinema de Bellocchio é como uma pirâmide em que a Itália está no topo, e na base estão a política e a religião. Seus filmes geralmente são respostas contundentes a discussões que envolvem esses elementos, como o brilhante Vincere (2009). "A Bela Que Dorme" , de outro modo, está menos interessado em dar respostas do que em explorar questões: o destino do país, de seus políticos e de sua população, como também o sentido da vida e o peso do Vaticano. Não é um filme perfeito como "A Hora da Religião" (2002), mas comprova a ótima fase do cineasta italiano mais importante em atividade. A leitura mais óbvia, autorizada pelo próprio diretor em entrevistas, é que a bela adormecida do título na verdade é a própria Itália, paralisada por suas tradições. Bellocchio mostra personagens desiludidos e fala sobre o direito de morrer. Mas acredita no despertar. É o que fica claro na última cena." (Sergio Alpendre)
Desperdiçando uma oportunidade de refletir sobre a temática da eutanásia, longa italiano se desenvolve entre diversas perspectivas, todas, porém, vazias.
''Em 1992, na Itália, Eluana Englaro, de 38 anos, sofreu um acidente de carro que resultou em um estado de coma que não teria recuperação. Sem apresentar avanços, sua condição estagnada deu início à batalha judicial de seus pais pelo direito de desligar os aparelhos que a mantinham viva. Após 17 anos de processo, em fevereiro de 2009, Eluana morre incitando uma questão sobre o direito de vida e morte e a prática da eutanásia. Conflitando opiniões em um país tradicionalmente católico, o caso de Englaro serve como eixo condutor para “A Bela que Dorme”, novo longa do diretor Marco Bellochio (Vincere). Vigésimo quinto trabalho do diretor em uma carreira de mais de 40 anos, o filme capta o momento do ápice da discussão sobre o direito de morte, quando manifestações expressando diversas opiniões se desdobravam em meio à crise econômica pela qual a Itália passava. Utilizando uma estrutura narrativa menos comum de seguir diferentes histórias e personagens que se conectam pela temática principal da trama, o diretor nos coloca em quatro linhas de situações diferentes: a de um senador de esquerda cujos princípios divergem das diretrizes de seu partido e das convicções da própria filha, que rege a segunda linha, acompanhando seu envolvimento com um jovem a favor da eutanásia; a de uma famosa atriz que abandona sua carreira gloriosa para cuidar de sua filha, em estado vegetativo, e a de uma viciada em drogas que tenta suicídio e é amparada por um médico idealista que a tenta convencer do valor da vida. Apesar de conseguir intercalar as quatro guias fundamentais de maneira simples e clara, o roteiro segue um ritmo arrastado, que prejudica todo o desenvolvimento do longa. Com cenas repetitivas (o exagero de vezes em que um iPhone entra em detalhe quase sugere que a Apple subsidiou a produção) que poderiam ser solucionadas facilmente por uma direção mais inventiva, e mesmo uma situação inteira que não se encaixa bem na trama, como o romance insosso e forçado entre Maria e Roberto (a exagerada Alba Rohrwacher e o apagado Michele Riondino), a lentidão do filme pode arrancar suspiros de monotonia. Adotando uma atitude bastante política de não pronunciar diretamente as opiniões de seu realizador sobre a eutanásia, diferentes pontos de vista podem ser interpretados no desenvolvimento do script, do mais religioso ao médico-científico, passando pela burocracia dos interesses políticos. Entretanto, a fagulha acesa para essa discussão não se encorpa, já que todas as perspectivas apresentadas não são desenvolvidas e mesmo as metáforas utilizadas tornam-se, por vezes, óbvias e sem nada a acrescentar, como o beijo que desperta a Bela Adormecida para a vida, ou uma janela, que iluminada por um farol de carro, desenha uma cruz que se apaga do rosto do senador enquanto sua filha católica discorda dele. De modo geral e inesperado, as linhas narrativas que mais despertam atenção são justamente as de menor tempo em tela: as que se focam na atriz e no médico, respectivamente. A primeira, interpretada por Isabelle Huppert, toma os holofotes da projeção, sempre com um olhar perdido, quase autoindulgente, emociona ao descrever a um padre o motivo de seu falso apego a fé. Por outro lado, a relação que se desenvolve entre o Dr. Pallido (Pier Giorgio Bellochio) e a suicida Rossa (Maya Sansa) conduz a discussão para um lado mais poético ao relacionar o fim da vida a uma desilusão mais ligada ao psicológico do que a uma condição do corpo em si. A fotografia utiliza frequentemente a escuridão e abusa do efeito de contraluz para ressaltar o clima depressivo da temática abordada, além de reduzir a profundidade de campo na grande maioria dos planos, reproduzindo a solidão e o peso da decisão a ser tomada nos casos de eutanásia. Enquanto isso, uma montagem truncada, com cortes artificiais e robóticos, torna difícil uma apreciação maior dos diálogos e reações dos personagens, que mal terminam uma fala e já somem do quadro. No fim, perdendo a oportunidade de restabelecer uma interessante discussão sob diversos pontos de vista, “A Bela que Dorme” não consegue manter o foco em sua própria temática e desenvolvê-la de modo satisfatório, tornando seu andamento tedioso e seu propósito vazio de maiores sentidos. Obs.: Vale mencionar que, ainda sobre o mesmo tema, o espanhol Mar Adentro (2004) é muito superior em forma e execução." (Mateus Almeida)
2012 Lion Veneza
Cattleya Babe Film Rai Cinema La Banque Postale Images 5 Sofica Manon 2 Friuli Venezia Giulia Film Commission
Diretor: Marco Bellocchio
1.176 users / 188 faceSoundtrack Rock
David Bowie / Brian Eno
Check-Ins 688 12 Metacritic
Date 10/09/2014 Poster - ## - DirectorGiuseppe PiccioniStarsLuigi Lo CascioSandra CeccarelliGalatea RanziAn established and famous actor and an aspiring young actress develop a relationship while working together on films. Their mutual attraction and passion draw them together while also pulling them apart.[Mov 04 IMDB 6,8/10 {Video/@@@@}
A VIDA QUE EU SONHEI
(La vita che vorrei, 2004)
''Casal de atores se conhece durante filmagens de um romance e se apaixonam. Ele, mais velho e conhecido, precisa lidar com os ciúmes da fama crescente dela, mais jovem e destinada ao estrelato." (Filmow)
Lumière & Company Mikado Film Ministero per i Beni e le Attività Culturali (MiBAC) Rai Cinemafiction
Diretor: Giuseppe Piccioni
284 users / 16 face
Check-Ins 302
Date 05/09/2013 Poster - # - DirectorErnst LubitschStarsOssi OswaldaHermann ThimigVictor JansonForced into marriage by his uncle, a man decides to fool him by marrying a life-like mechanical doll instead.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video}
A BONECA DO AMOR (unnofficial)
(Die Puppe, 1919)
TAG ERNST LUBITSCH
{nostágico}Sinopse
''Aristocrata monta uma farsa amorosa por interesse financeiro, mas se apaixona pela boneca que mandou fabricar para que fingisse ser a sua futura esposa.''
Projektions-AG Union (PAGU)
Diretor: Ernst Lubitsch
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Check-Ins 690
Date 11/09/2014 Poster - #### - DirectorMathieu KassovitzStarsMathieu KassovitzIabe LapacasMalik ZidiDissidents in a French overseas territory attack a police station and take hostages.[Mov 05 IMDB 6,9/10 {Video/@@@}
A REBELIÃO
(L'ordre et la morale, 2011)
Mathieu Kassovitz faz seu filme de guerra à moda Apocalypse Now para discutir a política francesa.
"Depois que se estabeleceu como diretor em 1995, com O Ódio, o francês Mathieu Kassovitz passou a experimentar com gêneros habituais do cinema hollywoodiano, como o thriller psicológico (Rios Vermelhos), o terror de reviravoltas (Na Companhia do Medo) e a ficção pós-apocalíptica (Missão Babilônia). Em ''A Rebelião'' é a vez de um tipo muito particular de filme de guerra, o febril. A cena em que Kassovitz está deitado na cama olhando para o ventilador no teto, cujas pás giram com o som de helicópteros ao fundo, deixa evidente o modelo que ''A Rebelião'' emula o tempo todo: o de Apocalypse Now. Sai a Guerra do Vietnã, entra a revolta de 1988 na colônia francesa de Nova Caledônia, mudam os trópicos mas o choque de realidade é o mesmo: de um lado o jovem militar idealista, do outro a máquina de guerra das intervenções militares do Ocidente. O arquipélago localizado a mil quilômetros a Leste da Austrália é território francês desde 1853. No ano de 1988, com a aprovação de uma lei que limitaria mais a autonomia do povo kanak na Nova Caledônia, um grupo separatista mata policiais franceses e se esconde na selva com reféns. Entra em ação o GIGN, força especial do exército especializado em contraterrorismo, encarregado de negociar com os separatistas e chefiado pelo capitão Philippe Legorjus, papel de Kassovitz. Assim como a produção de Apocalypse Now, o longa francês também passou por longos revezes até ficar pronto; foram nove anos de negociações com o povo local e de filmagens. Na tela, Kassovitz faz questão de pontuar a febre da selva com planos constantes de contraluz. Filmar contra o sol ou encerrar planos virando a câmera para a luz é a forma (um tanto literal demais, na verdade) que ele encontra para nos colocar no ponto cada vez mais cego de Legorjus, o negociador que se vê encoberto pelos múltiplos interesses em jogo. Os principais estão a 16 mil quilômetros de distância, em Paris, onde Jacques Chirac e François Miterrand disputaram naquele ano a eleição presidencial. Então primeiro-ministro, Chirac tinha interesse numa resolução rápida para o conflito no Pacífico Sul, e pintar os kanak como terroristas atrairia o eleitorado francês de direita. Sobra para Legorjus, de um lado, satisfazer as exigências dos separatistas armados e, do outro, impedir que o exército entre na selva atirando em nome da ordem e da moral, como diz o título original do filme. Kassovitz se sai melhor quando filma as disputas retóricas de gabinete, nas costuras de Legorjus, do que no front propriamente dito, onde sua câmera busca reproduzir o calor do combate mas não vai além de emulá-lo - como na hora em que o zoom da câmera em primeira pessoa vai e volta para imitar a respiração ofegante de Legorjus, ou quando a ação é filmada em plano-sequência para soar mais realista. De qualquer modo, A Rebelião termina tendo mais em comum, no fim, com a tendência do cinema francês de medir os limites da democracia do que com o horror da guerra dos filmes dos EUA." (Marcelo Hessel)
{Se a verdade machuca, as mentiras matam} (ESKS)
''Fazia uma manhã nublada e um pouco fria em São Paulo quando entrei numa sala de cinema da avenida Paulista para participar da sessão de imprensa de ''A Rebelião'', filme do ator e diretor francês Mathieu Kassovitz, em cartaz no país no longa A Vida de Outra Mulher.Em poucos minutos fui transportado para Nova Caledônia, um ensolarado e paradisíaco território ultramarino francês localizado na Oceania - ainda fico fascinado com essa capacidade do cinema de nos transportar em instantes para lugares e situações tão distantes de nossa realidade. Em 2014, o povo desse arquipélago vai decidir em plebiscito se continua pertencendo à República Francesa ou se torna independente. Antes, em 1988, um episódio violento marcou a relação dos habitantes da região com o governo francês, quando guerreiros da tribo Kanak tomaram 27 policiais franceses como reféns e, numa ação desastrada, acabaram matando dois homens. Em resposta, o governo francês enviou ao país seus militares e um grupo especial antiterrorismo para negociar a rendição pacífica dos rebeldes. Mas a França vivia uma disputa eleitoral acirrada entre Jack Chirac e François Mitterrand e o desfecho do episódio acaba sendo determinado por interesses políticos, panorama pouco propício a decisões acertadas e coerentes. Desde o início do filme o espectador fica sabendo que algo deu muito errado. Vemos o capitão Philippe Legorjus (Kassovitz), do GIGN, grupo de elite francês especializado em terrorismo, atônito em meio a um trágico cenário de guerra onde não faltam corpos espalhados pelo chão. Depois do preâmbulo, o filme retrocede e vamos conhecendo o desenrolar dos acontecimentos que desencadearam o final trágico. ''A Rebelião'' é bem filmado, tem boas sequências de ação e mantém um estado de tensão constante no ar, algo necessário a um filme que envolve negociações de vida e morte. Sua abordagem aprofundada de como funcionam os meandros políticos, em que interesses pessoais e partidários sobrepujam questões humanitárias, também é elogiável. Ver Legorjus tentando uma saída pacífica e se sentido cada vez mais impotente diante dos interesses políticos é bem revelador de como, infelizmente, funciona o poder no mundo, seja aqui ou numa potência militar e econômica como a França. O filme, no entanto, sofre de um problema de execução. Se alonga demais, tenta ser minucioso em cada detalhe do episódio e termina por se tornar cansativo e burocrático a certa altura. Perde um tempo em explicações factuais que poderia ser gasto na humanização de certos personagens, como os militares, por exemplo, que são mostrados de forma maniqueísta como brutos armados. Faltou dinâmica para contar a história e, quando finalmente se chega ao embate final, tem-se a sensação de que o filme poderia ter 20 minutos a menos sem que isso prejudicasse o entendimento da trama." (Roberto Guerra)
"Ator e diretor consagrado na França, Mathieu Kassovitz já passou por Hollywood, assinando Na Companhia do Medo (2003) e Missão Babilônia (2008) – filmes que podem ter acrescentado dólares à sua conta bancária, mas não lustraram a estrela do magistral diretor de "O Ódio", vencedor do prêmio de melhor direção em Cannes e de três César, inclusive melhor filme, em 1995. Em seu novo trabalho, "A Rebelião", em que atua e dirige, além de assinar em parceria a produção, o roteiro e a montagem, Kassovitz voltou para a cultura francesa e a política, campos em que exercita o melhor de seu talento. Sempre em cena, ele cria um clima tenso e envolvente, ao recontar um episódio verídico, uma rebelião ocorrida em 1988 na Polinésia Francesa, baseando-se em livro de um participante direto dos fatos, o capitão Philippe Legorjus, Ouvéa, la republique et lamorale. Kassovitz interpreta o capitão da GIGN, uma força altamente preparada e especializada na negociação de crises. Ele e seu pelotão são chamados a agir quando um grupo de 30 militares franceses é tomado como refém por rebeldes Kanak, que procuram a independência da ilha de Ouvéa, Nova Caledônia - até hoje, país ultramarino dependente da França. Chamada para evitar um banho de sangue, a GIGN não vem só. Centenas de militares franceses de outras unidades, fortemente armados, já desembarcaram. O comando da operação não é da GIGN, o que obriga Legorjus e seus homens a acatar ordens num contexto político delicado. Nesse momento, está para acontecer o segundo turno das eleições presidenciais francesas, opondo o então já presidente socialista François Mitterrand e seu primeiro-ministro centrista, Jacques Chirac. É o ponto de vista do capitão, onipresente em cena e, em alguns momentos, participando pela narração em off, que comanda a narrativa. Suas exaustivas idas e vindas no território conflagrado procuram criar um diálogo entre todas as partes, que terão voz no decorrer da trama, fornecendo um retrato límpido de uma crise extremamente complicada. O esforço incessante do capitão, tendo como interlocutor o líder rebelde Alphonse Dianou (Iabe Lapacas), evidenciará também seu isolamento diante das intrigas de gabinete cujas origens conduzem ao Champs Elysées, sede do governo central francês – onde salta aos olhos a pouca diferença entre esquerda e direita quando se trata de uma postura diante do neocolonialismo. Não por acaso, o filme pode evocar a situação da Argélia colonial, mostrada à perfeição no clássico do cinema político A Batalha de Argel (1966), do italiano Gillo Pontecorvo." (Neusa Barbosa)
2012 César
MNP Entreprise Cofinova 7 Nord-Ouest Productions
Diretor: Mathieu Kassovitz
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Date 06/09/2013 Poster - # - DirectorPaul HyettStarsRosie DaySean PertweeKevin HowarthSold at a brothel deep in the woods to work as a caretaker, a hapless deaf girl must summon the courage to fight for her life.[Mov 09 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@@}
A CASA DE TOLERÂNCIA (unofficial)
(The Seasoning House, 2012)
TAG PAUL HYETT
{aterrorizante}Sinopse
''The Seasoning House é o nome do lugar onde moças são prostituídas aos militares durante uma guerra não especificada. Angel, uma moça surda-muda, é mantida aprisionada ali para cuidar de outras jovens quando induzidas por drogas a estados de estupor. Desapercebida pelos seus captores, Angel se move entre as paredes do local, observando e planejando a sua fuga e vingança pela morte de sua família e de sua colega Vanya.''
''A Casa de Tolerância'' é um longa de horror sobretudo porque é sobre o horror do humano. E o filme de Paul Hyett começa de forma sintomática: com paciência, vai esquadrinhando o espaço que vai ser seu campo de batalha, dando forma àqueles rostos rasgados e ferozes, construindo o ambiente degradante e opressivo para o qual jovens meninas são levadas após serem arrancadas de suas casas, diante de familiares assassinados em meio à guerra. Lá, servem de objetos sexuais aos militares que o dono da casa, Viktor (Kevin Howarth), recebe de bom grado. Lugar distante do espaço urbano, escondido, ponto de difícil acesso, portanto perfeito para o negócio. Quem paga bem, pode espancar e estuprar à vontade. As vítimas, amarradas e dopadas constantemente para estarem prontas para o próximo usuário de seus corpos, nada podem fazer a não ser ensaiar um grito – mas a voz trava, engasga. O trabalho de uma delas, Angel (Rosie Day), consiste em drogar as outras e prepará-las para o abuso militar. Os militares que chegam ao local agem com determinada violência, cheios de si, dominantes, poderosos, brutos. Mas todo poder é um poder de argila. Angel logo encontra uma possibilidade de combatê-los, e começa logo pelo maior e mais forte deles. A poesia violenta do filme de Hyett é a medida dessa luta, é a ausência das palavras que não saem da boca de Angel (ela é muda), mas que correm por seus olhos que vibram e que não escondem sua sangria. Palavras que se transformam em imagens: força total, sutileza ao mostrar o esfacelamento do domínio de um corpo (mais forte), sobre o outro (mais fraco), no ritmo alucinante de uma guerra que é travada internamente enquanto outra é conduzida externamente. Esse paralelo com a guerra e com um estado de inércia política é algo que A Serbian Film (2010), tentou fazer infantilmente. Mas aqui as coisas funcionam sempre como uma relação de poder, de força e resistência, pois A Casa de Tolerância é também sobre os limites desse poder. Angel, nos momentos em que não há ninguém por perto, entra na tubulação da casa, o que permite que ela consiga chegar até qualquer peça. Mas ela só consegue isso por ser do tamanho que é, por agir como age, por impulsos, sem muito ponderar. Instinto de sobrevivência. Entre a forma, que consiste em pensar como agenciar as imagens e dispô-las no espaço cênico, e o resultado delas (o conteúdo), o filme de Hyett é a síntese de um cinema que se opõe a outro que é muitas vezes histérico e banal, para quem a imagem do horror e do medo é apenas a duração de um choque, a presença de um susto, mas que morre enquanto matéria. Nas cenas graficamente violentas, Hyett mantém o plano por um tempo não muito longo, nem curto demais, ao mesmo tempo em que mantém a câmera respeitando uma distância média, sem tremer gratuitamente (o que nos permite ver, mas que não quer vejamos apenas isso) o que é suficiente para evitar a aventura fácil da violência e do estilo de certa herança maldita do pior cinema americano do gênero. Assim, ele combate esteticamente a própria ideia de representação, de sentido e de valor do jorro de sangue e de cérebros. Voltamos ao corpo. Ela se contorce para caber nos cantos da casa, por entre as paredes e pelo interior de sua própria consciência. Incapaz de falar, mas não inapta para amar e para odiar, ela sobrevive ao inferno (não é por acaso que seu nome é Angel) por uma graça divina, seu corpo é seu mais poderoso instrumento de resistência, sua beleza e seu sangue, sua inocência e sua violenta coragem. Ela se desenvolve poeticamente capturando toda a violência do espírito humano com firmeza, respondendo a ela com o desespero súbito e raivoso que seu olhar coloca contra seus oponentes. Sua maior fraqueza converte-se em sua grande potência. Não há como vencê-la em terrenos fechados, lugares de espaço limitado, pois a geografia do seu corpo a favorece, a torna grande e venenosa. A poética impregnada nas imagens é, portanto, uma relação entre esses espaços e com os buracos preenchidos (significados, valorizados, potencializados) pela necessidade candente em usá-los como trincheiras." (Pedro Henrique Gomes)
Sterling Pictures Ltd. Templeheart Films Filmgate Films
Diretor: Paul Hyett
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Date 13/09/2014 Poster - #### - DirectorTimur BekmambetovStarsBenjamin WalkerRufus SewellDominic CooperAbraham Lincoln, the 16th President of the United States, discovers vampires are planning to take over the United States. He makes it his mission to eliminate them.[Mov 04 IMDB 5,9/10 {Video/@@} M/42
ABRAHAM LINCOLN - CAÇADOR DE VAMPIROS
(Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012)
"Uma aventura genérica, que abusa do uso dos efeitos visuais - pífios em algumas sequências -, mas com outros aspectos técnicos e cenas de luta bons e um roteiro até bem desenvolvido, mesclando bem a ficção em torno do presidente americano com fantasia." (Rodrigo Torres de Souza)
{Um cara só bebe tanto quando quer beijar uma garota ou matar um homem} (ESKS)
"Vampiros me dão sono naturalmente, e esta mistureba pouco faz para animar: é previsível e a ação é razoável no máximo. Apenas a construção de época ficou muito boa, mas isso não enche barriga." (Alexandre Koball)
"Interminável!" (Josiane K)
''Não é preciso muito - o título talvez - para saber que "Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros" é uma tremenda bobajada. Tim Burton produz filme em que presidente dos EUA caça vampiros. Dito isso, é possível ao espectador vê-lo sob dois ângulos. Um, mais rigoroso, que o demolirá por furos de roteiro, imprecisões históricas, atuações sem brilho e abuso da suspensão da descrença. O outro é encará-lo como um daqueles filmes em que se cai zapeando a TV (e vê-se até o fim sem se sentir ofendido) ou depois de ouvir o conselho do balconista da locadora e levar para casa um título sobre o qual não seja preciso pensar muito. E há na obra - adaptação do romance escrito por Seth Grahame-Smith - mais desta opção do que daquela. No filme, Lincoln (Benjamin Walker) é transformado numa mistura de Van Helsing (caçador altivo) e Batman (aquele binômio vida pública/identidade secreta). Após perder a mãe, atacada por um próspero comerciante de escravos, ele se imbui de vingança. Antes de consumá-la, no entanto, descobre que não se tratou de uma morte comum, mas de um ataque vampiresco. E, daí em diante, vira um dedicado caçador dessas criaturas, que, como se sabe, estão por toda parte e, há milhares de anos, entre nós. A ambição dos hematófogos desemboca na Guerra de Secessão, quando os Estados do Sul viram uma espécie de trampolim da vampiragem para dominar o país. Numa batalha ferrenha, repleta de efeitos talhados para o 3D, Lincoln não apenas une os EUA sob o signo da liberdade como expurga o trauma da infância. Sem perder uma gota de sangue sequer, dá para tomar uns sustos e dar boas risadas." (Rodrigo Levine)
Pretensão de Seth Grahame-Smith sabotada por Timur Bekmambetov, o diretor de aventuras genéricas.
''A posição de best-seller alcançada pelo livro ''Abraham Lincoln: O Caçador de Vampiros'' e o estabelecimento de seu conceito como novo gênero literário, mash-up novel, são ótimo indicativo de sua aceitação perante o leitor. Na contramão foi a (baixa) expectativa de grande parte dos cinéfilos com o anúncio de sua adaptação ao cinema, mesmo que roteirizada por seu criador, Seth Grahame-Smith, de Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012). E se a ideia de transformar um dos mais importantes presidentes americanos em caçador de vampiros seja de fato absurda, surpreende positivamente que Grahame-Smith tenha tido boas sacadas intertextuais em sua obra, mesclando história e ficção de maneira criativa – o que quase livra o filme de ser apenas mais uma aventura genérica. Quase! O conceito híbrido de Grahame-Smith é bem estabelecido desde os minutos iniciais, quando alia fato histórico comprovado (as dificuldades financeiras na infância de um órfão Lincoln) a elementos ficcionais próprios ao cinema, como o momento em que Thomas Lincoln (Joseph Mawle) esmurra um senhor que maltrata um pequeno escravo (Curtis Harris). Em represália, o homem esmurrado, Jack Barts (Martin Csokas), assassina Nancy Lincoln (Robin McLeavy) durante a noite, sugando todo seu sangue – momento este que, testemunhado pelo filho Abraham (Luz Haney-Jardine), torna-se responsável pelo senso de justiça (leia-se justiça com as próprias mãos) do garoto. Desse modo, o primeiro ato é eficiente por apresentar rapidamente tanto a trama principal (a busca por vingança contra aqueles seres), como a formação do caráter do Lincoln adulto (Benjamin Walker) – eventos que o motivariam a tornar-se advogado e ingressar na vida pública – como as inesperadas (e benvindas) subtramas que envolvem o engajamento do futuro presidente com a escravatura e a participação dos vampiros na Guerra de Secessão. Os esforços de Grahame-Smith também são satisfatórios ao posicionar o governo do presidente Lincoln e o exército liderado por Adam (Rufus Sewell) como opositores inclusive no âmbito político, trança que dá profundidade ao filme. No ápice dessa disputa, o mentor Henry (Dominic Cooper) desencoraja o discípulo Abraham de lutar pela abolição, alertando que tal movimento faria os vampiros perderem seu principal alimento (os escravos), visão essa que resume o pensamento de muitos governos até hoje. Pretensioso? Talvez, porém não deixa de ser uma grata surpresa. Infelizmente, o roteiro mostra uma grave deficiência em seu desfecho, quando uma conclusão óbvia de Lincoln põe fim à Guerra Civil Americana. Resta presumir que, na ficção, com o mínimo de coerência, o confronto tenha durado pouquíssimos meses. Ainda assim, o roteiro é de qualidade, assim como todo elenco, que em nenhum momento compromete. Os vilões interpretados por Sewell, Csokas e Erin Wasson (Vadoma) são unidimensionais, mas os protagonistas Benjamin Walker (misto de Liam Neeson com Eric Bana que funciona nas cenas de ação e drama), Mary Elizabeth Winstead (que emprestou seu ímpeto a Mary Todd), Jimmi Simpson (ótimo como o ambíguo Speed) e Anthonie Mackie (este, pouco exigido como Will) correspondem nas diferentes fases de seus personagens. Nesse sentido, ainda vale ressaltar o bom trabalho da maquiagem, natural e convincente, qualidades que a equipe de J. Edgar (idem, 2011), por exemplo, não alcançou por muito. Tecnicamente, o filme alterna entre o eficiente (a recriação do século XIX através de figurino e direção de arte) e o equivocado: a montagem comete erros primários, repetindo os hematomas de Lincoln — com direito a olho precariamente fechado — em cenas completamente distintas no início do filme; os efeitos visuais são ruins, atingindo o bisonho numa cena de perseguição com cavalos que parecem aberrações; o 3D é novamente utilizado de modo inorgânico (jamais explora a profundidade de campo), como ferramenta interativa barata, atirando objetos e pessoas no público; e a fotografia, que em clara busca de impor certo estilo se torna confusa, definição que pode ser atribuída ao diretor do filme, Timur Bekmambetov. E não é difícil perceber que alguns desses aspectos negativos se deram por puro exagero proveniente do ímpeto do cineasta russo em inserir sua marca – o que em O Procurado (Wanted, 2008), acredite, ocorreu de forma muito mais natural (a cena em que uma gota de vinho cai sobre o mapa, indicando o local das batalhas mais sangrentas da Guerra de Secessão, é pura artificialidade). Com isso, a conclusão é de que ''Abraham Lincoln: O Caçador de Vampiros'' (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012) realmente se leva a sério demais. Embora crie uma história independente, que faz sentido apenas ao universo criado a partir de seu argumento – o que provocará certa resistência nos mais preciosistas, mas é muito válido; afinal, Abraham Lincoln já foi transformado em Blade –, é evidente a preocupação de Seth Grahame-Smith em manter as principais características (principalmente políticas) do protagonista e certo tom de sobriedade e realismo em sua obra. Tal pretensão é até benvinda, como dito antes, mas destoa de todo o entorno, já que Bekmambetov se desprende de qualquer convenção na condução de cenas de ação que, ao invés de empolgantes, são apenas genéricas. Assim, o cineasta russo sabota o roteirista estadunidense e vice-versa." (Rodrigo Torres de Souza)
''Uma parcela considerável dos filmes recentes de Steven Spielberg pode ser interpretada como uma série de metáforas sobre a política americana. Seja nas obras históricas ou nas ficções futuristas, há quase sempre uma mensagem para o presente. Em Lincoln, a tendência se aprofunda, a metáfora nunca foi tão direta. Estamos em janeiro de 1865, com um país destruído pela guerra civil, radicalmente dividido em torno da questão da escravatura e Abraham Lincoln reeleito para a presidência. Mas também estamos em janeiro de 2013, com o país abalado pela crise econômica, rachado politicamente e Barack Obama empossado para seu segundo mandato. De distinção mais relevante entre um tempo e outro, há uma inversão de papéis partidários: no passado, os republicanos carregavam a bandeira progressista, a favor da abolição; e os democratas eram, grosso modo, o Tea Party do momento. Nesse cenário, Lincoln (Daniel Day-Lewis) surge como o único homem capaz de liderar o país para abolir a escravidão e acabar com a guerra. É um recado claro ao presente, mas um recado sóbrio: o cinema de Spielberg nunca foi tão falado e tão pouco espetacular; tão clássico e, em certos momentos, tão solene. O melhor do cineasta seguem sendo suas peças de divertissement (Tubarão, o primeiro Indiana Jones). Mas "Lincoln" junta-se ao núcleo de seus filmes adultos, logo abaixo de Munique. Para tanto, o trabalho de Day-Lewis é essencial. Seu Lincoln é por vezes humano e por vezes monumental. Mas ele é, acima de tudo, um fantasma moral, vagando pela Casa Branca, sussurrando para seus contemporâneos, mas também para um longínquo sucessor: Obama, faça a coisa certa." (Ricardo Calil)
Abraham Productions Bazelevs Production Tim Burton Productions
Diretor: Timur Bekmambetov
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Sountrack Rock = Linkin Park
Chrck-Ins 307
Date 07/09/2013 Poster - ##### - DirectorNicholas CoreaBill BixbyStarsBill BixbyLou FerrignoJack ColvinHopefully on the verge of curing his Hulk condition, Banner meets his colleague, Don Blake, who is mystically linked to a Viking warrior, Thor.[Mov 05 IMDB 5,5/10 {Video/@}
A VOLTA DO INCRIVEL HULK
(The Incredible Hulk Returns, 1988)
''Dois anos depois de sua última transformação, o doutor David Banner (Bill Bixby) desenvolve um novo aparelho que possa curá-lo de sua sina e salvá-lo do monstro verde que se esconde em seu íntimo. No entanto, Banner se vê em complicações com a chegada de um ex-colega responsável por despertar de uma tumba perdida na neve para as ruas do século XX , o guerreiro Thor. Irá Hulk, o gigante esmeralda, se defrontar com o poderoso Thor ou os dois se juntarão para salvar a vida da mulher que David Banner ama?" (Filmow)
Bixby-Brandon Productions New World Television
Diretor: Nicholas Corea
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Date 11/09/2013 Poster - #### - DirectorBill BixbyStarsBill BixbyLou FerrignoElizabeth GracenWhen Scientist Dr. Ronold Pratt and his wife are kidnapped, David Banner must become The Incredible Hulk for one last time[Mov 05 IMDB 5,5/10 {Video/@}
A MORTE DO INCRIVEL HULK
(The Death of the Incredible Hulk, 1990)
''O Dr. Bruce Banner tenta solucionar de vez o seu maior problema - quando fica irritado, o cientista se transforma em uma gigantesca e poderosa criatura. Banner receberá a ajuda do Dr. Ronald Pratt (Sterling) para acabar com a maldição. Mas a espiã Amy (Tarbuck) planeja roubar as descobertas do Dr. Pratt e entregá-las a terroristas.'' (Filmow)
B & B Productions New World Television
Diretor: Bill Bixby
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Date 11/09/2013 Poster - #### - DirectorJean RenoirStarsJean GabinJulien CaretteSimone SimonIn this classic adaptation of Emile Zola's novel, a tortured train engineer falls in love with a troubled married woman who has helped her husband commit a murder.[Mov 07 IMDB 7,7/10 {Video}
A BESTA HUMANA
(Bête Humaine, La, 1938)
Uma boa obra que mistura o amor e os distúrbios.
''Renoir nasceu em Paris rodeado de arte. Seu pai - Auguste Renoir - era um pintor impressionista tão dedicado, que o apartamento onde ele morava era cheio de quadros pendurados em todos os cantos. Nos anos 1920, começou a vendê-los para bancar seus primeiros filmes mudos. Renoir serviu seu país na primeira Guerra Mundial, na parte de aviação. Ele levou um tiro durante os combates, e a partir desse acontecimento, começou a ver o cinema de outro jeito, ou seja, com mais apreciações. Mesmo com todos esses problemas, Renoir foi um dos maiores pacifistas da história do cinema e criticava demais a sociedade na Europa pós-Primeira Guerra. Vale destacar também, que o diretor arrumou o cinema francês para a nouvelle vague. Mais tarde, François Truffaut reconheceu Jean Renoir como um dos maiores diretores da história do cinema. As técnicas não são ruins, mas a grande salvação do longa é o talento do diretor francês. O roteiro é bom. Baseado no romance de Emile Zola, os diálogos são bem escolhidos com as cenas. Além disso, a história é apresentada sem problemas e sem o uso de falas, interessando mais ainda o bom espectador. O elenco é agradável. O belíssimo comando de Renoir, leva aos atores mais qualidade, Jean Gabin atua muito bem e é o destaque, Simone Simon leva o charme ao longa e conquista o público. A trilha sonora também aparece bem. Logo nos créditos iniciais ela encanta, e ao longo da história, vai regulando o ritmo. A fotografia ao lado da direção de arte são frutos de uma fantástica produção. ''A Besta Humana'' está longe de ser o melhor trabalho de Jean Renoir, mas mesmo assim é um filme interessante e de qualidade. Recomendo aos adoradores do cinema francês e do cinema clássico.'' (Leonardo Freitas de Carvalho)
''Enquanto assistia ''A Besta Humana'', filme dirigido e roteirizado pelo francês Jean Renoir, a partir do romance homônimo de Émile Zola, a condição peculiar do protagonista Jacques Lantier (Jean Gabin) me remetia diretamente ao conto O Demônio da Perversidade do escritor americano Edgar Allan Poe. Embora pareçam obras distintas, não deixam de guardar semelhanças pertinentes. Para quem não leu o conto de Poe (recomendo), o texto divaga sobre os motivos que levam os seres humanos a cometeram atrocidades, levantando questões sobre a inerente atração pelo perigo e sobre a alma humana estar condicionada tanto para o bem quanto para o mal. No mesmo conto, o escritor ainda explana sobre o prazer advindo da maldade e o seu poder altamente viciante, assim como nos repele, também nos atrai com força brutal. Desafiador, Poe não nos observa uma conclusão precisa, mas deixa em aberto boas propostas para reflexão. O Jacques Lantier, de ''A Besta Humana'', é um sujeito simples, maquinista de uma linha tradicional de Paris. Respeitado pelos colegas, ele sofre de fortes enxaquecas, alterações de humor e tenta a todo custo esconder seus impulsos maléficos. Seu único prazer é conduzir a locomotiva que chama por um nome feminino: “Lison”. Certamente, nos dias de hoje, Lantier seria clinicamente taxado como um sociopata ou até mesmo um potencial psicopata. Avesso a tradicionalismos, ele não consegue se adequar às normas da sua sociedade e tem sérias tendências a já citada perversidade. Em uma cena bem particular, montada no corte final apenas para explicitar o conflito do caráter do personagem, Lantier, após beijar uma namorada de adolescência (em sequência conduzida de maneira belíssima), tem um ataque súbito e tenta estrangular a moça. Confuso com seus sentimentos, ele se justifica dizendo estar sendo castigado por ter tido inúmeros antepassados perdidos para o alcoolismo e que seu sangue também estaria contaminado. No entanto, as circunstâncias vão muito além da dependência. A trama ganha novos contornos quando Lantier presencia o assassinato do dono da companhia de trens onde trabalha. Decidido a não revelar os autores do crime, principalmente por sentir atração pela cúmplice do homicídio, a bela Séverine (Simone Simon). Logo, ele torna-se intimo do casal de assassinos, onde o marido, Roubad (Fernand Ledoux), ainda é o subchefe de uma estação de trem. Conhecido e respeitado, Roubad não levanta nenhuma suspeita de sua culpa, todavia, logo seu ciúme doentio por Séverine torna-se evidente. Passando longe de ser apenas uma vítima, Séverine ainda é uma manipuladora ferrenha e não demora a seduzir Lantier, fazendo-o acreditar que, de fato, o ama. Embora as seqüências dos dois se enamorando sejam cheias de poesia visual, com uma iluminação que favorece tanto o rosto de Simone Simon quanto o de Jean Gabin, adicionando-se ainda uma trilha sonora rusticamente romântica, acredito que tais cenas sejam concebidas assim para levantar dúvidas ao público sobre a relação dos amantes. Será que é verdadeira? Séverine realmente quer uma segunda chance? Bem, estamos falando de um romance entre um desajustado com sérias patologias e uma moça de caráter bastante duvidoso. Para materializar seu roteiro de forma coesa e crível, Jean Renoir aposta em um trabalho minucioso e ainda que traga qualidades de ordem estética, como o uso das sombras para compor cenas de suspense, o diretor nunca deixa de favorecer seu elenco. Seu filme é repleto de longos closes nos rostos dos interpretes, procurando captar com destreza sutil a emoção de cada momento. Tendo atuado em quase cem filmes da história cinematográfica francesa, o ator Jean Gabin, em A Besta Humana, demonstra porque se tornou uma lenda. Sua atuação marcante, visceral até, ainda que um tanto teatral (mesmo por ser uma característica comum da época), é repleta de nuances. O seu Lantier sofre por não poder controlar seus instintos, e seu caráter plácido, sério, comum também ao ator, some quando é tomado por sua fúria interna. A bela atriz Simone Simon entrega uma interpretação das mais sedutoras, aos moldes das grandes divas, repleta de trejeitos femininos, diria que a tentação em pessoa. O seu andar que parece deslizar sobre uma passarela, faz a esposa de um coadjuvante, em certo momento, afirmar: Séverine parece uma princesa. Se ela é uma princesa, está em um conto de fadas as avessas, amoral, distópico e Jacques Lantier é seu príncipe encantado de alma suja e corrompida. Essa bela e contundente realização é um dos expoentes do movimento conhecido como Realismo Poético Francês. Surgido em meados dos anos 30, logo após a sedimentação do cinema falado, enfatizava o trabalho dos roteiristas, em sua maioria jornalistas, trazendo sempre histórias pessimistas e trágicas. Não estranhem se perceberem semelhanças entre o Realismo Poético e o Film Noir, pois o segundo é considerado um filho direto do primeiro, assim como o neorrealismo italiano dos anos 40. Portanto, ainda que aparentemente esquecido, o Realismo Poético é muito mais importante do que parece. Dentro desse panorama, ''A Besta Humana'' é um dos trabalhos mais incensados do diretor Jean Renoir, talvez só perca para A Regra do Jogo. Em uma época em que o cinema, em sua maioria, era feito dentro de estúdios, Renoir aposta em muitas tomadas externas, trazendo longos e vistosos planos-sequência acompanhando o trajeto dos trens. A montagem, apesar de apresentar pouca naturalidade em alguns momentos, não chega a ser um problema, assim como os dois ou três erros de continuidade que são facilmente percebidos em algumas cenas. ''A Besta Humana'' é excitante, diria que obrigatório, com uma temática ainda atual, trabalhada com esmero e eficiência por um realizador dos mais competentes.'' (Celo Silva)
''Inebriante e pulsante. Renoir mais do que nunca se mostrando como um precursor de neologismos cinematográficos, mas aqui não retrata nenhum auto-social (mesmo sempre que seus personagens sejam sempre movidos por impulsos passionais e à dialogos de níveis humanos). Os microorganismos comunitários são agora a mente, o corpo, o olhar, e não mais estudamos contextualizações históricas, politícas, sociais, mas sim as variáveis mais complexas que movem o mundo e seus meios, com conflitos intrinsecos, o individuo humano. O fogo sendo alimentado inaugura ''A Besta Humana'' (La Bête Humaine, 1938). E à toda velocidade, também. Renoir está sempre querendo enaltecer o que comove um momento. No inicio, em um recorte de cotidiano de um ferroviário qualquer intepretado por Jean Gabin e seu amigo de trabalho, acompanhamos o mecanismo de um trem em movimento, depois embarcamos nele, entramos em um túnel; à princípio ainda pouco enxergamos, depois e durante alguns segundos, nada vemos. É estar sempre à mercê, até finalmente chegarmos à um destino final. Em ''A Besta Humana'', o cinema vai do mais puro lúdico (de um thriller de personagens envolvendo paixão, adultério e manipulação) com o dispositivo da imagem em sua forma mais discursiva, no espectro de feições e apelos sensoriais de cinema expandido e altamente interativo, até ao ponto mais intimista e determinista de leitura, no qual entra seu aspecto mais pessoal, a união da mentira sendo dita em tela, e ao mesmo tempo com uma irônica e diabólica iluminação over no rosto da femme-fatale, que a descara sem piedade, ou em outra cena (agora sem dialogo algum) um zoom vertiginoso vai aos poucos se fragmentando (de uma imagem inicialmente embassada) em direção ao olhar cínico da personagem. A Séverine de Simone Simon, não é exatamente bonita, nem confere a simetria das bonecas de porcelana de Hollywood, mas é enaltecida à todo momento pelas conotações pervertidas (que às vezes se consumam) de Renoir – à todo tempo exalando desejo e sexualidade. Tamanho senso de fluxo, ''A Besta Humana'' se aproxima de uma evolução de Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans, 1927), o revolucionário filme de Murnau, menos ingênuo e mais sombrio, com a espacialização de ambientes considerando sua beleza ou não, de todo modo, à exploração de sua natureza. Do universo corpulento simbólicamente conectado à todo instante com seus personagens; da lama à noite enternecedora. A trilha-sonora é à todo tempo motor ao caos labiríntico de A Besta Humana, é amor e perdição no mesmo suspiro, soa sempre intensa à medida que as notas chegam ao clímax com os pratos batendo, dimensionalmente à todo aquele inferno pessoal, assim é melodrama customizado e subvertido, descabido ao conto nada homérico, mas sempre com a mesma densidade. Os personagens são sempre vítimados pelas circunstâncias. Notávelmente pode ser analisado, na cena em que Jacques tem um colapso e tenta enforcar a ex-amante, depois sendo impedido pelos próprios estímulos quando passa o trem, ele solta a amante, e após o corte, agora em um plano geral (e sensibilizado pela trilha-sonora estonteante de sensação desestabilizadora), anda cambaleando até sentar, e logo atrás, vem caminhando sua ex-amante, em busca de compreensão. Mesmo com o momento belissímo, e a sábia justaposição de imagens propostas por Renoir, Jacques já é desvelado por signos maiores, de sua própria natureza como figurado pelo título, e por não resistir às mentiras de uma mulher fatal, até abrir os olhos e levar tudo ao abismo, após um longo e ciclíco percurso de degradação. No fim, suas qualidades técnicas são irretocáveis e vanguardistas, e a sua humanidade vertiginosa e até inconstante causa estranheza, e aparentemente, um grande efeito de subjetivação. Se trata de um dos mais efetivos utilizadores do raccord no cinema.'' (Lucas do Carmo)
1939 Lion Veneza
Top Década 1930 #34
Paris Film
Diretor: Jean Renoir
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Date 12/09/2013 Poster - ### - DirectorJohn SchlesingerStarsMartin SheenHelen ShaverHarley CrossCal Jamison, a police psychologist, is forced to deal with a series of ritualistic murders and a malevolent cult.[Mov 05 IMDB 6,1/10] {Video/@@}
ADORADORES DO DIABO
(The Believers, 1987)
TAG JOHN SCHLESINGER
{assustador}Sinopse
''Depois que sua mulher morre eletrocutada num bizarro acidente na cozinha, o dr. Cal Jamison, um psiquiatra nova-iorquino, descobre sobre a existência de uma violenta seita de praticantes de magia negra, que realiza rituais com sacrifícios humanos (de crianças) e pretende utilizar seu filho pequeno como a próxima vítima. Mas a polícia não acredita nele, e os membros da seita parecem estar infiltrados em todo lugar, inclusive na alta sociedade. Segue-se uma luta desesperada do pai contra os adoradores do diabo.''
''A mistura entre crenças católicas com a tradicional iorubá, passada de geração para geração pelos escravos africanos, fez surgir um sistema religioso chamado Santeria, um termo pejorativo atribuído pelos espanhóis à devoção excessiva aos santos. Praticada por seus descendentes em Cuba, Brasil, Porto Rico, República Dominicana e no Panamá, ela envolve rituais secretos que incluem sacríficio animal, danças e invocações, acompanhadas de tambores. Confundida com candomblé e vudu, a prática é muitas vezes associada erroneamente com a magia negra, com o cinema mencionando Santeria em filmes de possessão, vingança sobrenatural e espíritos assassinos como Coração Satânico, A Maldição dos Mortos-Vivos, O Mistério de Candyman, A Chave Mestra e Santeria: The Soul Possessed. Inclusive, é possível encontrar referências à prática em Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal (2014), entre outros exemplares do gênero fantástico. Em 1987, foi lançados nos EUA o horror The Believers, vindo para a indústria brasileira de fitas VHS com distribuição pela Flashstar com a tradução extremamente equivocada de ''Adoradores do Diabo''. Numa época em que o terror era relacionado ao humor – o tal do terrir – felizmente ainda havia cineastas que levavam o gênero a sério. Nesse período, entre slashers e comédias, houve uma tendência a filmes sobre seitas malignas como os dois já citados acima na década de 80. As incertezas e os mistérios religiosos do final dos anos 80 faziam o público se sentir atraído por essas produções, refletindo nas bilheterias essa curiosidade por feitiçaria e eventos sem explicação. Além disso, as películas eram bem produzidas, com um elenco bem constituído e um enredo macabro, baseados em romances de sucesso. Adoradores do Diabo conquistou 18 milhões nos cinemas e trouxe uma boa credibilidade ao diretor-ator John Schlesinger, que depois faria um outro filme que gosto bastante: Olho por Olho (1996). Na trama, Cal Jamison (o espetacular Martin Sheen) perde a esposa num acidente doméstico e, nove meses depois, se muda para Nova Iorque com seu filho Chris (Harley Cross) numa tentativa de enterrar as dores do passado. Ele assume um emprego como psiquiatra da polícia, ajudando o departamento a resolver problemas emocionais que levam muitos policiais ao suicídio, e começa a flertar com a dona do apartamento, a bela Jessica (Helen Shaver, da série Poltergeist – O Legado). Num passeio pelo Central Park, seu filho encontra uma concha comum em rituais de Santeria e um gato sem cabeça, vítima de algum ritual de sacrifício. Algum tempo depois, Cal é chamado pelo tenente Sean McTaggert (o experiente Robert Loggia, de Scarface) para tentar desvendar o aparente estado de loucura de um policial, Tom Lopez (um novinho Jimmy Smits, de NYPD Blue), encontrado próximo ao corpo de um menino. Tom não conta o que aconteceu, apenas profere frases sem sentido como Eles sabem quem sou eu, Eles vão me pegar, Eles estão me vendo, tornando-se o principal suspeito pelo crime. O corpo de uma outra criança é encontrado, além de pistas que remetem os estranhos acontecimentos a uma clínica de auxílio a jovens intitulada ACHE, com grande contribuição de Robert Calder (o também experiente Harris Yulin, de A Sétima Alma). O que parece estar distante de sua realidade começa a incomodar Cal, quando a empregada inicia uns rituais de proteção, e seu filho passa a ser aterrorizado por pesadelos cada vez mais assustadores. É só o início de uma descida cada vez mais agressiva a um inferno pessoal, envolvendo sacrifícios e desconfiança. Trabalhando mais o horror psicológico, o filme de Schlesinger, a partir de um roteiro de Mark Frost (Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer) baseado num romance de Nicholas Conde, teve uma sutil relação com um caso real de dois assassinos em série, Adolfo Constanzo e Sara Aldrete, que matavam seres humanos em prol de Santeria. Por conta dessa visão deturpada, ''Adoradores do Diabo'' sofreu criticas na época de seu lançamento por parte de membros do sistema religioso, alegando uma distorção nos propósitos dos rituais. Independente desses conceitos e avaliando a produção apenas como uma obra de horror, pode-se dizer que é um bom filme, mas que está bem distante de comparações com O Bebê de Rosemary, como alguns críticos fizeram por aí. Há cenas arrastadas e desnecessárias como a chegada do misterioso Palo (Malick Bowens, de Lágrimas do Sol) no aeroporto já evidenciando seus olhos brancos, ou até mesmo o ritual mostrado no início. E o clímax do filme também tem uma condução bastante previsível, salvo pela sequência final, com tons pessimistas. É interessante ver o sofrimento de Jessica, quando em seu rosto surge uma ferida pustulenta, ou o destino de Tom no restaurante, apesar de ambos os momentos não serem inéditos no gênero. Contudo, o ponto forte da produção é o elenco experiente. Além dos já citados, Cal é irmão do advogado (e mágico nas horas vagas) Marty, interpretado por Richard Masur, um rosto conhecido de obras como Enigma de Outro Mundo e It – A Obra-Prima do Medo. Não é difícil notar a presença também de Elizabeth Wilson, do clássico Os Pássaros, de Hitchcock. Para concluir, segue um detalhe curioso sobre a produção, dito em fóruns pela internet. Segundo relatos, a mãe do diretor John Schlesinger faleceu assim que o filme foi finalizado – um fato que ele acreditou durante muito tempo que houvesse uma relação pela escolha do tema. Ele teria dito também que um atriz que interpretou uma sacerdotiza no filme simplesmente desapareceu, sem explicação alguma para seu sumiço. São lendas como essa que alimentam as teorias míticas da internet e que tornam a curiosidade por filmes como O Exorcista e Poltergeist ainda maiores." (Marcelo Milici)
Orion Pictures
Diretor: John Schlesinger
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Date 21/09/2014 Poster - ## - DirectorGiuseppe De SantisStarsVittorio GassmanDoris DowlingSilvana ManganoTwo criminals on the run end up working in a rice field and decide to recruit other workers for their next robbery.[Mov 10 Fav IMDB 7,5/10 {Video/ @@@@@}
ARROZ AMARGO
(Riso Amaro, 1949)
''Arroz Amargo'', sabe-se, é um filme de grande importância histórica. Feito em 1948 na Itália arrasada pela Segunda Guerra Mundial, é tido como um dos marcos do neo-realismo, um dos movimentos mais importantes do cinema, que influenciou profundamente diversos outros movimentos cinematográficos no mundo inteiro, da nouvelle vague francesa ao cinema novo brasileiro e ao cinema independente americano, chegando ao iraniano do breve período de alguma liberdade, pós-Khomeini e pré-Ahmadinejadi. É também o filme que lançou ao mundo uma atriz que viria a ser uma das maiores estrelas do cinema de todos os tempos, Silvana Mangano, uma mulher de magnífica beleza, das mais magníficas que as telas já conheceram, e que teria interpretações admiráveis em filmes importantíssimos de Pasolini e Visconti. É preciso, portanto, antes de mais nada, reconhecer a importância de ''Arroz Amargo'', e respeitá-lo. Isso posto, tenho a dizer que nunca tinha me chocado tanto com a ruindade de um grande clássico quanto com ''Arroz Amargo'' – e olha que faz quase meio século que vejo grandes clássicos. Tá bom, posso estar exagerando; tenho uma certa tendência às afirmações absolutas, quando se trata de gosto. Poderia relativizar: pouquíssimas vezes, ao longo de meio século, fiquei tão chocado com a ruindade de um grande clássico quanto ao ver Arroz Amargo. É um filme extremamente ambicioso – em boa parte de suas seqüências, vemos, em planos gerais de grande beleza visual, vastas multidões. Dezenas, centenas de pessoas. Apenas três anos após o fim da guerra, a produção – a cargo de Dino de Laurentiis, um maiores produtores de grandes espetáculos cinematográficos da Europa no século, talvez o maior de todos – bancou o pagamento de centenas e centenas de extras. Dino de Laurentiis é assim uma espécie de Cecil B. de Mille europeu – e há tomadas de ''Arroz Amargo'' que lembram a grandiosidade de um Os Dez Mandamentos. O que se mostra são as multidões de mulheres que, a cada mês de maio, final da primavera, véspera do verão, acorriam para uma região do Norte da Itália para a colheita de arroz. Chamadas mondines, labutavam durante semanas naquele trabalho duro, conforme mostram as belas imagens do diretor Giuseppe De Santis e um locutor de rádio realça, enfatiza, pleonasma bem no início da narrativa: tinham que se meter nos campos encharcados, com água até os joelhos, o sol forte batendo sobre elas, curvadas em direção ao solo, as costas encurvadas. Depois de horas e horas nesse trabalho desumano, recolhiam-se a grandes galpões, para descansar os corpos exaustos em cima de colchões de palha feitos por elas mesmas. Em troca desse trabalho quase escravo, receberiam, ao final da colheita, alguns quilos do arroz que haviam colhido e uma paga magra, aviltante. A primeira intenção de De Santis é nítida, clara, límpida: um grito de denúncia contra aquele tipo de trabalho, contra a exploração daquelas mulheres. Um clamor contra esse aspecto gritante, chocante, absurdo, do regime capitalista italiano. E isso o filme faz muito bem. As tomadas gerais das centenas de mulheres trabalhando nos arrozais são, sem dúvida alguma, de uma beleza espetacular, e a força da denúncia daquela situação desumana é violentíssima, poderosa. São impressionantemente belas e poderosas até hoje, 62 anos depois que o filme foi feito. Serão para sempre. Dá para compreender perfeitamente o impacto que essas imagens provocaram na época, como elas deixaram embasbacados todos os críticos de cinema do mundo. Ao ver o filme hoje, no entanto, me pareceu claro que essas imagens maravilhosas são sua única qualidade. O roteiro é um emaranhado de bobagens, de situações ridículas, mal costuradas, mal ajambradas. Entre os coadjuvantes, certamente havia muitos atores não profissionais – nada contra; mas os atores principais, o grande Vittorio Gassman, o importante Raf Vallone, a revelação Silvana Mangano, estão péssimos, assim como todos os coadjuvantes principais. São atuações caricatas, grotescas, de dar vergonha no espectador. Bem. É preciso fazer uma sinopse; para não contaminar uma rápida descrição da história com a minha visão extremamente crítica do filme, recorro a dois respeitabilíssimos mestres franceses da história do cinema. Georges Sadoul: Num acampamento de mondines penetram um ladrão (Vittorio Gassman) e sua cúmplice (Doris Dowling), cujo butim é roubado por uma das operárias (Silvana Mangano). Após uma luta com um sargento (Raf Vallone), ela… E aqui censuro o grande Sadoul, corto-lhe a palavra, já que ele conta o fim da história. Jean Tulard: Um ladrão, Walter, e sua cúmplice Francesca encontram refúgio em um acampamento de mondines (colhedoras de arroz) empregadas nos arrozais do Pó. Entre elas está a bela Silvana, que denuncia Francesca ao sargento Marco. Ela se transforma na amante de Walter. Marco se lança ao encalço deles. Marco e Walter lutam… E aqui censuro o grande Tulard, corto-lhe a palavra, já que conta o fim da história. O filme não é ambicioso apenas porque é cheio de planos gerais que mostram multidões. Isso, repito, ele faz bem demais. É ambicioso sobretudo porque, com aquele pano de fundo de denúncia social, resolve embaralhar um drama romântico, um quadrado amoroso, com uma trama policial. E ainda por cima não consegue evitar, tendo diante das câmaras aquela Silvana Mangano toda, absurdamente deslumbrante aos 18 aninhos de idade, um tom de erotismo que acaba permeando toda a narrativa. Denúncia social, drama romântico, trama policial e apelo erótico – o resultado foi um melê disforme, uma salada de elementos conflitantes profundamente indigesta. Muita ambição, querer fazer tanta coisa ao mesmo tempo. Fico pensando: algumas das mais impressionantes obras do neo-realismo foram e continuam sendo impressionantes exatamente por sua simplicidade, por sua secura, por ir direto ao ponto. Ladrão de Bicicletas, de Vittorio De Sica, por exemplo: o pintor precisa da sua bicicleta para poder trabalhar, é seu instrumento de trabalho, é a forma de ganhar seu pão; roubam-lhe a bicicleta, e ele está perdido. Simples, seco, direto ao ponto. O Teto, também de De Sica: a família precisa construir seu barraco e colocar nele um teto; se o barraco for concluído, tiver um teto, a polícia não poderá botá-lo abaixo; mas, se a polícia chegar antes que o teto seja colocado, tem o direito de destruir o barraco. Simples, seco, direto ao ponto. De Santis foi ambicioso demais, quis misturar diversos elementos, coisa demais. Produziu uma trama em que todo mundo – personagens e espectador – ficam mais perdidos que cego em tiroteio. Poucas vezes vi – e aí não estou falando apenas dos grandes clássicos; estou incluindo todo tipo de filme ruim – personagens tão descozidos, tão descosturados, tão pobremente engendrados. Walter, o ladrão feito por Gassman, Francesca, a pobre empregada e camareira de hotel seduzida por ele, interpretada por Doris Dowling, o sargento do Exército Marco, que detesta o Exército e a polícia, feito por Raf Vallone (na foto), e sobretudo Silvana, o papel que transformou La Mangano em estrela, são personagens absolutamente frágeis, inconsistentes, mal construídos, mal delineados – assim como a maior parte das situações da trama. Por que Francesca, achando-se possuidora de um colar no valor de milhões, optaria por passar aquelas semanas todas trabalhando como quase escrava? Por que Silvana, depois de ter roubado o colar de Francesca, não foge dali com seu butim? Por que Silvana primeiro tenta ajudar Francesca, para em seguida tornar-se sua inimiga mortal? Por que Silvana apaixona-se perdidamente por Walter depois de levar dele uma surra e uma curra? À fragilidade, à inverossimilhança das situações e dos personagens, somam-se erros grotescos de produção. Como é possível que aquelas mulheres pobres, quase miseráveis, tenham tantas roupas diferentes em suas pequeninas valises? Como é possível que, após um dia inteiro de trabalho desumano no meio do barro, em lugar sem chuveiros, aquelas mulheres apareçam à noite, no dormitório, limpinhas, com os cabelos lindíssimos, as roupas imaculadas? Tão falsos quanto a cara e a roupa limpa e os cabelos belíssimos das mondines me pareceram as oscilações das multidões – num momento estão todas em guerra contra as sem contrato, no momento seguinte estão todas de bem, felizes, trabalhando juntas. Na sua paixão incontida pelas massas sofredoras, De Santis põe para cantar em coro aquelas centenas de mulheres que estão trabalhando com os corpos atolados na água do arrozal, o sol quente queimando as costas vergadas e doloridas. Ao mesmo tempo em que quer denunciar o regime quase escravo de trabalho, ele quer também louvar o espírito inquebrantável das mesmas mulheres – e o resultado desse choque, as mulheres sofrendo como mouras e cantando alegres, me pareceu apenas patético, ingênuo, fora de qualquer propósito. Fico pensando aqui que, em parte, Silvana Mangano tem parte da culpa – involuntariamente, é claro, mas tem. Silvana, repito, estava com 18 anos em 1948, quando o filme foi feito. Nascera em Roma, em 1930. Tinha estudado dança e trabalhado como modelo. Aos 16 anos, em 1946, o primeiro ano após a Segunda Guerra, havia sido eleita Miss Roma. O diretor De Santis e seus diversos co-roteiristas tinham para fazer seu filme aquela Silvana Mangano toda. Como não aproveitar? Como não exibir sua beleza? E então temos uma Silvana Mangano dançando logo no início da ação, quando mulheres de diversas regiões da Itália estão chegando para trabalhar na colheita do arroz. Walter, o ladrão, vai dançar com ela no meio do povo. A situação não tem muito sentido, é falsa que nem nota de 3 – mas, cacilda, como não botar Silvana Mangano para dançar logo no começo do filme? As mondines trabalham com água até os joelhos. Como não botar Silvana, a personagem de Silvana Mangano, mostrando as coxas maravilhosas, perfeitas, sensacionais, abissais? Como resistir à tentação de colocar-lhe umas meias pretas, para ao mesmo tempo exibir o fetiche e realçar as coxas? Como não mostrar, no acampamento, na cama, as coxas de Silvana Mangano? Como não fazer demorados closes do rosto com aquela força da natureza de adolescente lindérrima, uma explosão de magnetismo? Dá para entender que o filme aproveite tanto a beleza da mulher estonteante. Mas fica fora de propósito, no meio de um panfleto de denúncia social, que ao mesmo tempo é também drama romântico e trama policial. Como atriz, Silvana ainda era uma jovem modelo e miss. Já disse, mas repito: não me pareceu bem, a Silvana atriz. A mulher é estonteante, a atriz ainda era, em Arroz Amargo, uma jovem miss e modelo tateando na interpretação. Doris Dowling (à esquerda, na foto, ao lado de Silvana), que faz sua rival Francesca, é a única de todos os atores que me pareceu ter bons momentos na interpretação. Doris, americana de Detroit, nascida sete anos antes de Silvana, cambitinhos magros que somados não fazem uma das coxas monumentais da outra, não deixaria grande marca na história do cinema. Trabalhou bastante – o IMDB registra 59 filmes e/ou episódios de séries de TV –, mas jamais teve um centésimo da glória de Silvana. Incensada pela imprensa americana como a Rita Hayworth italiana, alçada a símbolo sexual em todo o mundo, Silvana recusaria insistentes convites de produtores americanos para filmar em Hollywood, ao contrário do que fizeram Sophia Loren, Anna Magnani, Gina Lollobrigida, Claudia Cardinale. Preferiu ficar na Itália e casar-se com o próprio Dino De Laurentiis, o produtor deste seu primeiro grande sucesso. Com o tempo, se transformaria em uma grande atriz. Foi a Jocasta do Édipo Rei de Pier Paolo Pasolini, em 1967; foi a mãe da família muito rica revirada ao avesso em Teorema, também de Pasolini, de 1968; foi a aristocrática mãe do garotinho Tadzio em Morte em Veneza, do mestre Visconti, de 1971. Começou a partir da beleza descomunal, desenvolveu talento imenso. Grande Silvana.Peço desculpas a quem – como 11 entre 10 críticos de cinema desde o final dos anos 40 até hoje – considera Arroz Amargo um dos melhores filmes de todos os tempos. Outro dia recebi um comentário indignadíssimo de um cinéfilo que adora Faces, de John Cassavetes: Quando se argumenta com base no gosto pessoal Apenas e o coloca como Absoluto, perde-se toda e qualquer credibilidade ante uma análise mais séria, beirando o infantil, disse ele. Não sou dono da verdade, de forma alguma. Mas argumento, sim, com base no meu gosto pessoal. Não me importo se beiro o infantil. O que exponho aqui é com base no meu gosto pessoal. Procuro sempre registrar as informações objetivas e as opiniões diferentes das minhas – e apresento também a minha opinião. Como não sou crítico de cinema, e já passei muito da idade em que as pessoas se sentem obrigadas a incensar aquilo que a maioria incensa, não tenho medo de falar mal de ícones. Georges Sadoul: Através de uma intriga deliberadamente de suspense, o jovem cineasta dedica-se a mostrar a vida das mondines, operárias agrícolas sazonais, trabalhando duramente nos arrozais piemonteses, e a destacar dois tipos: o sargento logo desmobilizado, que odeia a guerra e os policiais, generoso e cavalheiresco; e sobretudo uma mondine, com a cabeça virada por correios sentimentais, histórias em quadrinhos e maus filmes, que vive enterrada na lama até as coxas mas tem a mente perdida numa fábrica de sonhos. Para De Santis, ela era o tipo de jovem inconsciente, incapaz de compreender a condição em que vive e de lutar ao lado dos seus, por ter sido desviada para uma vida fictícia que a condena ao aniquilamento. Talvez, criticando essa americanização de gosto, ele tenha cedido um pouco demais a ela, num roteiro bastante engenhoso. O sucesso de seu filme nos Estados Unidos superou o de Paisà e Sciustà, além de revelar duas estrelas italianas de primeira grandeza: Silvana Mangano e Raf Vallone, até então um jovem jornalista. A visão americana atual, do AllMovie, em texto de Hal Erickson: Bitter Rice foi um dos filmes marcantes do movimento neo-realista italiano do pós-guerra. Silvana Mangano interpretada uma das centenas de mulheres trabalhando nos campos de arroz do Vale do Pó. (…) As cenas no arrozal são realistas o suficiente para passar como documentário, embora tendam a ser sub-apreciadas na versão em inglês pela dublagem amadorística. Os críticos foram unânimes em seus elogios a Bitter Rice; suas palavras, no entanto, foram ignoradas pelos fãs machos que foram ver o filme apenas pela força da foto hoje famosa de Silvana Mangano no arrozal usando calção e meias negras. Tá vendo? O cara quis denunciar uma cruel mazela do capitalismo mas o ser humano, ó horror, prestou atenção foi nos coxões da Silvana. O ser humano é foda. Jean Tulard não faz apenas loas: Muitos temas em um: uma reportagem sobre as mondine e suas condições de trabalho; uma intriga policial e melodramática; um filme erótico que tornou célebres no mundo inteiro as coxas de Silvana Mangano. Por causa delas, ainda dá para ver o filme." Epa: não estou sozinho!" (50 Anos de Filmes)
O dissabor da miséria inexorável.
''Marco do realismo social italiano enquanto conjuntura da miséria do país imediatamente o pós-guerra, ''Arroz Amargo'' é um expoente social que vigora junto ao neorrealismo devido seu apresso ao tangível, numa concepção que sugere inferências do cinema documental. Escrito e dirigido por Giuseppe De Santis – o roteiro teve contribuição de Mario Monicelli, que lançava naquele mesmo ano seu segundo longa, a comédia Totó Procura Casa. A obra de De Santis é um clássico que teve repercussão mundial tempos após seu lançamento, quando finalmente venceu a censura. Em suma, visa mostrar a vida das mondines, nome dado às mulheres cultivadoras de arroz. E são justamente as mulheres as envolvidas com a plantação, uma vez que eram consideradas melhores e sensíveis ao trato durante a apanha. Nesse viés, o roteiro traça uma representação que vai além desse apontamento, já que traz a fertilidade como cerne alegórico. Não à toa, uma dessas mulheres está grávida. O que vemos é uma Itália ruída, com a crise instalada e pessoas se sujeitando a qualquer oportunidade. E diante tantas dificuldades herdadas pelo fim da segunda guerra mundial, o que parece restar são as perspectivas idealizadas por uma solução para a miséria a qual resistem. São as esperanças colhidas quando não se tem ao que mais apegar, a não ser pelos raros instantes de prazer – como a música – e aos amores como consolos. No filme em questão, uma joia é disputada, vislumbrada como alguma divindade, algum tipo de salvação que possa inclusive roubar a condição de pobreza. A história não julga as ações dos personagens, as mostra. Na linha narrativa está a denúncia declarada, pretendendo mostrar a situação de mulheres que trabalham quase que em regime escravo. Mulheres que, anualmente, no fim da primavera, migram para a região a fim de conseguir algum trabalho enquanto coletoras de arroz. Em troca do serviço, levam um saco com míseros quilos e uma quantia irrelevante em dinheiro. No início do filme, quase que num prólogo reservado, um homem anuncia em um programa de rádio a chegada dessas mulheres ao local, bem como a situação as quais irão se submeter, desde o sol escaldante em suas cabeças até seus corpos que sofrerão com tanto esforço. Em pesquisa, li que este locutor é uma representação dos locutores dos regimes fascistas, que detinham o poder em rádios regionais. O diretor Giuseppe De Santis, que não teve carreira tão notável quanto a de outros cineastas contemporâneos de sua época, demonstra imenso potencial na direção, aproveitando-se de maquinaria para criar belas imagens através de planos sequenciais onde a câmera dá conta de dar dimensão contextual aos espaços resididos por muitos; ou quando consegue absorver a dimensão dos campos de arroz do Vale do Pó, estando os empregados dividindo metros, fazendo parecer uma espécie de balé de movimentos mecânicos e cíclicos. Com a contribuição da montagem irrequieta, a obra ganhou agilidade em suas cenas bem fundamentadas entre os planos que exigiam dinamismo. Essas são práticas e operacionais. No caráter de linguagem e recursos, Arroz Amargo se diferencia do, hoje, reconhecido neorrealismo italiano, ainda que preserve uma temática conveniente ao movimento. Se diferencia pela abordagem e meios. Nesse ponto, destaco sua técnica e seu modelo de concepção, já que diante a simplicidade característica dos filmes lançados à época no país, parece demasiado luxuoso, tendo um argumento vigoroso. O filme não se resolve com simplicidade, se delonga em subtramas, justificando assim as decisões de cada personagem. E ainda vaga por outras características de subgêneros, importando traços do noir, movimento até então vigente nos Estados Unidos. Foi em ''Arroz Amargo'' que o diretor Giuseppe De Santis revelou uma autêntica sex symbol italiana. Aos 19 anos, Silvana Mangano fez história ao se apresentar com uma personagem erotizada e polêmica em sua ventura, cuja vivacidade de seus movimentos durante sua vibrante dança despertou os olhares dos personagens e também do público; chamou ainda mais atenção quando aventurou-se na água a fim da colheita, ostentando suas generosas pernas com as meias escuras que alcançavam o meio de suas coxas. O fato ganhou censura, o que complementou sua fama. E não só de sensualidade construiu sua carreira. Mangano trabalhou com célebres cineastas como Pasolini, Visconti, de Sica e Bava, tornando-se uma atriz respeitadíssima na Itália. Silvana Mangano vive Silvana, uma das incontáveis trabalhadoras que chegam à região em busca de trabalho. No mesmo local, um sinônimo de oportunidade para muitos, surgem policiais frustrados e descrentes com a situação econômica do país, bandidos em fuga após conflitos impetuosos e centenas de mulheres imersas em ilusões. Em certo instante, há duros embates entre trabalhadores registrados contra aqueles que trabalham sem registro, ameaçando com sua mão de obra barata todos que batalharam para chegar até ali. Não deixa de soar como outro cenário de guerra. Um quarteto romântico ocupa boa parte do tempo da história. Eles se indagam e se conflitam. Há aí uma oposição entre duas mulheres, a loira contra a morena. As razões são muitas. Não obstante, envolve paixões e posse. O arroz amargo do título vem exprimir o investimento caro e necessário o qual todos se dedicam. E seu significado simbólico é pertinente no que diz respeito aos sonhos de conquistas, ameaçados pelas noções de racionalização que inevitavelmente se esbarram. Idealiza-se grandeza enquanto saboreia-se a miséria, de mão sujas. Frente à perspectiva de realidade e ambição, notamos um trato artístico proporcionado por um dos objetos mais preciosos no filme: o chapéu. Se em certo ponto eles são arremessados quase no intuito de celebração pela conquista de um trabalho, também apontam um pesar numa cena final bastante tocante. Infelizmente, Arroz Amargo não tem a mesma popularidade de outras de sua geração, mas é uma obra absolutamente valorosa, especialmente diante a forma com a qual desenvolve criticamente seu tema, conservando todo o peso de seu argumento. Em 100 anos, provavelmente seguirá funcionando. E, além de tudo, é impreterivelmente categórico no que propõe. Inexorável!" (Marcelo Leme)
''É uma obra chocante pela volúpia física da sedução. Trouxe ao cinema um erotismo incomum para a época [1949], bem filmado, porém sem matizes. Drama-denúncia de mulheres plantadoras de arroz, o filme [do italiano Giuseppe de Santis, DVD Versátil Home Vídeo] parece ter sido criado como pano de fundo para a beleza estonteante de Silvana Mangano (bem diferente do que viria a ser, anos depois, dirigida por Luchino Visconti). A atuação de Vittorio Gassman no papel de um vilão-canalha é um tanto superficial e sem relevo." (Maurren Bisilliat)
23*1950 Oscar / 1949 Palma de Cannes
Lux Film
Diretor: Giuseppe De Santis
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Date 13/09/2013 Poster - ######## - DirectorJacques DerayStarsAlain DelonRomy SchneiderMaurice RonetLovers Marianne and Jean-Paul spend their vacation in a villa on the French Riviera near St-Tropez. Marianne invites her former lover, Harry, and his teenage daughter, Penelope, to stay. Tension rises between them, especially when Jean-Paul seduces Penelope.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video/@@@@}
A PISCINA
(La piscine, 1969)
TAG JACQUES DERAY
{excitante / inesquecível}Sinopse
''Jean Paul (Alain Delon) é um escritor passando férias em St. Tropez com a namorada Marianne (Romy Schneider), jornalista de sucesso, quando ela recebe um telefonema de Harry (Maurice Ronet), um antigo amante, que está chegando com a filha Penélope (Jane Birkin). Ao se encontrarem, Harry tenta uma reaproximação com a antiga amante, enquanto Jean Paul se encanta com a filha do rival.''
"É um filme de dois polos e muitas dualidades. Uma primeira metade crua, em que os conflitos dos personagens se expõem à luz do sol, e uma segunda ambígua, oculta pela escuridão noturna. Nesse meio, os atores impressionam com as nuances dos personagens." (Heitor Romero)
"Um filme de olhares, gestos, corpos e interrupções cuja trama e o conflito se encontram na incomunicabilidade de se expressar verbalmente e sexualmente. Quando se adiciona Delon e Birkin, então, se torna uma obra no mínimo hipnótica. Isto é cinema!" (Guilherme Spada)
Société Nouvelle de Cinématographie (SNC) Tritone Cinematografica
Diretor: Jacques Deray
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Date 03/10/2014 Poster -###### - DirectorBrian RobbinsStarsEddie MurphyCliff CurtisKerry WashingtonAfter stretching the truth on a deal with a spiritual guru, literary agent Jack McCall finds a Bodhi tree on his property. Its appearance holds a valuable lesson on the consequences of every word he speaks.[Mov 05 IMDB 5,7/10 {Video/@@} M/26
AS MIL PALAVRAS
(A Thousand Words, 2012)
"É interessante que o verborrágico Murphy tenha apenas 1000 palavras restantes para falar; é frustrante ver que isso rende tão pouco comicamente falando." (Alexandre Koball)
"Um filme que estava em planejamento desde 2008,foi adiado várias vezes pela separação dos estúdios antes parceiros DreamWorks e Paramount,e em 2011 suas gravações tiveram início,mas Eddie Murphy foi convidado para ser apresentador do Oscar,e depois recusou por problemas de bastidores,o filme finalmente em 2012 foi lançado,esperando o burburinho da recusa,empurrando o filme para uma data anterior a abertura de verão dos cinemas americanos,foi um fracasso de bilheteria,sendo um filme caro de custo de 40 milhões, e uma receita pífia de 20 milhões,mais um prejuízo que manchou Murphy mais uma vez.O enredo conta a história de um poderoso editor de livros,que consegue tudo o que quer com o dom de falar e convencimento,e se gaba por isso,e ainda tem um temperamento horrível para com seus subordinados,e ao saber de um guru,que está em alta com mais uma daquelas metodologias de descobrimento interior e que rende muito dinheiro,ele vai a procura dele para tê-lo no portfolio da editora,mas ele não cumpre com sua palavra,e uma árvore especial nasce no seu quintal,e ela tendo mil folhas,ele não percebe até certo ponto que a cada palavra que diz uma das folhas cai ele vai ficando fraco e doente como ela até o momento em que ambos iram morrer.O filme foi recebido de forma muito dura,a crítica foi pesadíssima,dando a ele uma nota de 0% em efeito de comparação com as resenhas dos críticos,e teve três indicações a Franboesa De Ouro,um evento que sacaneia as indicações do Oscar, só que os indicados são os piores do ano,mas deve-se resaltar que o filme não é tão péssimo assim,merecia uma atenção melhor,ele tem uma mensagem muito bonita,que não fala de uma dosagem da boca,do que se fala e machuca,mas do perdão,o erro está no elenco e na montagem geral,que para início de conversa não tem nada a ver com Eddie Murphy no papel título,ele não convece,um ator mais jovem e realmente dosado no que o filme quis passar seria bem melhor,já que Murphy faz o mesmo estilo do qual estamos acustumados e não surte mais o efeito de risadas,pois o filme em seus primeiros 40 minutos são cômicos,mas se perde em um drama posterior no seu final,o filme tem drama,o que é bom,mas não surte o efeito que deveria,como se o filme estivesse dividido em uma hora de comédia e uma hora de drama e acaba,fazendo o telespectador rir no começo e depois não rir mais,deviam ter feito uma dramédia de qualidade,tendo em suas 1h e 50m de um jogo inteligente de risos e introspecção,não busca fazer as histórias paralelas algo de relevância,o personagem de Eddie é casado e mora com a família ainda em uma casa de solteiro,sua mulher pouco influi na história,sendo que quando ela aparece,o desconforto e grande para com o que estamos vendo,o filho deles só aparece em cenas pingadas e nada fala nada,o assistente dele é um daqueles que estamos acustumados,o filme merecia mais,só o que conta são as imagens de paisagens bem trabalhadas,a luz que está boa e a lição que tiramos,por que de resto ele tinha tudo para dar certo em outro contexto,dando a ele uma nota de 20% de aprovação." (Cinematógrafo)
DreamWorks SKG Saturn Films Work After Midnight Films Varsity Pictures
Diretor: Brian Robbins
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Date 26/09/2013 Poster - # - DirectorAng LeeStarsSuraj SharmaIrrfan KhanAdil HussainA young man who survives a disaster at sea is hurtled into an epic journey of adventure and discovery. While cast away, he forms an unexpected connection with another survivor: a fearsome Bengal tiger.[Mov 01 IMDB 8,1/10 {Video/@} M/79
AS AVENTURAS DE PI
(Life of Pi, 2012)
"A dualidade do final de Pi é mais uma engenhoca do filme/livro (divertida e interessante) do que algo super profundo como é vendido. Funciona bem como uma aventura, porém, apesar do tom de pregação religiosa diminuir a universalidade da obra." (Alexandre Koball)
"A proposta final deixa o filme bem mais interessante e poético do que vinha sendo até então. Bom filme." (Rodrigo Cunha)
"Além de eficiente como aventura e exercício de narração, é um raro caso em que o uso de efeitos e elementos digitais potencializa a beleza dos planos ao invés de apenas sustentar a cacofonia visual pós-moderna que deslumbra o pessoal de Hollywood." (Daniel Dalpizzolo)
"Imigrar para o Canadá não é fácil." (Demetrius Caesar)
"Depois de um primeiro ato irregular, o filme se encontra quando vai para o mar. Ali, a fantástica história ganha força, tanto no lado dramático quanto no visual, com Lee orquestrando algumas das mais belas imagens do ano. Esperança, fé e a beleza da vida." (Silvio Pilau)
"Os dois primeiros atos não cumprem o papel de discutir a religião e a fé em um deus superior (é raso). O terceiro justifica e preenche esta lacuna, mas é tarde para dar real significado à mensagem - com tom de pregação. Não há espaço para questionamentos." (Emilio Franco Jr)
"Belo olhar e reconstituição de alguns traços da cultura indiana - sem exotismos publicitários, como Danny Boyle -, rica e expressivamente visual, melhor filme de naufrágo em anos, envolvendo fácil com as péripécias em busca da sobrevivência em alto-mar." (Vlademir Lazo)
"A maior contribuição de Yann Martel é fazer de Pi, exemplo de amizade, solidariedade, perseverança e, principalmente fé, um produto da coexistência de religiões. Coube a Ang Lee transpor essa bela mensagem para as telas - e o resultado é estupendo." (Rodrigo Torres de Souza)
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
"Há um impasse que coloca o jovem Pi (Suraj Sharma) em um dilema durante quase toda a duração de "As Aventuras de Pi" (Life of Pi, 2012): ele e um tigre de bengala adulto e faminto foram os únicos sobreviventes de um naufrágio no meio do Oceano Pacífico. Não é preciso explicar qual o primeiro e mais óbvio problema encontrado nessa situação delicada, mas o que projeta esta história para além de seu mote inicial é a discussão de um tema muito maior do que o instinto de sobrevivência. Mais do que encontrar um jeito de conviver com uma fera selvagem em um espaço útil tão reduzido, Pi precisa de uma razão para lutar, e acreditar que pode sair daquela situação com a ajuda de uma força maior. Apesar do teor religioso presente em seu cerne, em especial por conta do conteúdo do livro em que se baseia, As Aventuras de Pi acaba se mostrando mais válido quando aposta em outros temas. Depois de um primeiro ato meio morno, porém necessário, o filme parte para sua atração principal, com base nos temas levantados inicialmente, sobre a insaciável sede de Pi por conhecer mais a Deus, entender os porquês dos porquês, e descobrir alguma ligação entre as tantas religiões que decidiu conhecer. Tal ligação parece ser a fé naquilo que não podemos ver, mas que de alguma forma podemos sentir cedo ou tarde em maior ou menor intensidade. Então, teoricamente, depois de perder sua família no naufrágio e se encontrar sozinho em um vasto oceano empestado de tubarões na companhia de um tigre dentro de um bote minúsculo, Pi deverá acreditar em sua força interior para sobreviver, buscando ajuda em sua fé em Deus. Na teoria isso tudo pode ter algo de heroico, profundo ou mesmo teológico, mas na prática o diretor Ang Lee acabou acertando de verdade naquilo em que não estava mirando. Podemos notar isso quando deixamos de lado toda essa aura espiritual que permeia o filme, realçada por ensinamentos e provérbios indianos que parecem sempre tão sábios em território ocidental, e ficamos apenas com o bruto da situação. Mais especificamente, quando percebemos que toda a luta de Pi para arranjar um jeito de coexistir com o tigre, mesmo depois de desperdiçar diversas oportunidades de simplesmente se livrar do animal, nada mais é do que uma luta para não perder sua única companhia. Richard Parker, o tigre em questão, figura neste filme não como uma metáfora exótica sobre a luta do homem contra a natureza, ou sobre o poder da fé, mas sim como uma cura momentânea para a solidão do homem. Mais perigoso do que ser devorado por Richard Parker é ser largado naquele vasto oceano, sozinho consigo mesmo. A solidão é o que de fato assusta Pi e, para fugir dela, o garoto fará de tudo para preservar vivo seu único amigo. De certa forma, essa sempre foi uma questão muito permanente no cinema de Ang Lee. Antes de um casal de cowboys gays apaixonados, os protagonistas de O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, 2005) não passam de duas almas solitárias, encontrando um no outro algum tipo de apego em meio a tanta frieza. Antes de amantes sofridos em período de guerra, o casal principal de Desejo e Perigo (Se, Jie, 2007) se mostra uma união de dois seres assustados com a situação que os rodeia, e que encontra um no outro alguma chance de vencer o medo e a solidão. Para as irmãs de Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility, 1995), a companhia de um homem é a única escapatória para um destino de eterna solidão, agora que não possuem mais um pai ou uma figura masculina necessária, tão essencial para a época, para cuidar dos assuntos da família. Mesmo em sua escolha de adaptar a história do herói Hulk para as telonas se mostra de acordo com sua sensibilidade e minimalismo para explorar a alma de personagens que se encontram em ambientes de extrema frieza e potencial perspectiva de futura solidão. Não é de se admirar então que toda a técnica vislumbrante (o tigre computadorizado é de um realismo impressionante), todo o apuro visual, e toda a beleza das imagens compostas por Lee nada mais sejam que recursos periféricos para enfeitar uma história que, no fundo, é exatamente a mesma contada pelo cineasta em boa parte de sua trajetória. Portanto, não é aconselhável se deixar levar pelos discursos de teor religioso (que no começo transitam em território neutro, mas que do meio para o final claramente tendem para a apelação de que todos devem acreditar em Deus, haja o que houver), pois isso pode se mostrar uma faca de dois gumes; para alguns um ponto em comum que com certeza enriquecerá a experiência, enquanto para outros talvez soe irritante e por vezes desrespeitosa.Talvez a intenção de Lee não fosse exatamente essa, de focar na solidão de Pi, mas com certeza foi nessa abordagem que ele acertou em cheio. Tanto que o tigre acaba assumindo um poder de captar a atenção do espectador do começo ao fim, não necessariamente por sua natureza exótica e perigosa, mas por despertar em nós o mesmo sentimento que desperta em Pi, de estar sempre alerta prezando pela segurança do personagem, o que de certa forma o mantém vivo e desperto para continuar. Desistir de sua própria vida implicaria em deixar Richard Parker morrer também, assim como simplesmente arranjar uma maneira de matar a fera seria uma forma de suicídio para Pi. E perder Richard Parker em toda sua exuberância visual seria devastador para a história em si, para o próprio Pi e principalmente para nós, que nos veríamos ali sozinhos naquela imensidão azul, mais solitários e miseráveis do que nunca." (Heitor Romero)
Um show técnico, mas nada mais.
"As Aventuras de Pi" (Life of Pi, 2012) é, antes de mais nada, um filme com um visual belíssimo e com fotografia exemplar, que não deixa nada a dever para O Hobbit e seus quarenta e oito quadros por segundo. Mas isso, entretanto, era algo que o público podia notar desde a apresentação do trailer do filme. Como um todo, Pi conta uma história - não tão absurda como o personagem principal quer que acreditemos - de um garoto que fica à deriva depois do naufrágio do navio em que ele se encontrava. As comparações que podem ser feitas são muitas, então, vamos a elas. Pi é uma produção que tira sua força de quatro pilares que podem ser observados claramente durante o filme: a narração, a fotografia, o desenvolvimento dos personagens e a questão filosófica por detrás da produção. Note que não me referi a esses pontos, necessariamente, como os pontos fortes do filme, mas sim como aqueles que mais se destacam. Ainda que com os primeiros minutos passados de forma desajeitada, a narrativa de Pi é concisa, apesar de não apresentar traços ou picos de dramaticidade ou emoção. Ela ocorre no melhor estilo Titanic (idem, 1997), ou seja, com um sobrevivente contando a aventura pela qual passou. Não deixa de ser um ato arriscado por parte de Ang Lee. Diferentemente do maior blockbuster hollywoodiano de todos os tempos, Pi não é um filme com muitos personagens a serem desenvolvidos, portanto, entregar o destino final de seu elemento principal, logo de cara, torna o filme um tanto quanto previsível e maçante, principalmente de sua metade para frente. Mas entendo que o estilo adotado tenha sido essencial para que o diretor expusesse sua visão filosófica acerca do filme, comentada mais adiante, mantendo-se fidedigno à obra escrita. Ainda no que tange à narrativa, Irrfan Khan, que faz o papel de Pi em sua fase adulta, o principal elo narrativo do filme, apresenta-se de forma calma, tão calma e inexpressiva que nos faz acreditar que o ator está interpretando a si mesmo, e não a um personagem. Não há um elemento surpresa que percorra sua personalidade, como acontece com Gloria Stuart em Titanic. Elemento esse só revelado com claridade por Gloria nos momentos finais de produção. Em um dos poucos momentos em que se sobressai, Khan brilha ao, por meio de uma metáfora, contar como acabou sozinho no bote em que ficara com o tigre. O filme é assertivo ao desenvolver seus dois principais personagens: o tigre e Pi. Porém, falha ao entrelaçar esses dois elementos. O resultado final é uma tragédia: uma despedida sem muita emoção entre os dois, apesar do esforço de Suraj Sharma, o Pi em questão. A título de comparação, em Náufrago (Cast Away, 2000), a despedida de Tom Hanks e da bola de vôlei Wilson é muito mais comovente e tocante, tendo, esses últimos, não passado metade do tempo em cena que Richard Parker e Pi compartilharam. Tempo esse demasiadamente esticado, ainda que servisse ao propósito maior de construir a relação entre o garoto e o tigre, com fim de dar ar extratemporal à amizade entre os dois. Apesar de, assumidamente, não ter lido a obra escrita, que deu origem ao filme, tenho a convicção de que essa relação é melhor edificada no livro. As aventuras de Pi preza muito por sua parte técnica. O 3D convence, ainda que não seja o forte do filme. A fotografia, essa sim, é belíssima, extraordinária. Foi assinada por Claudio Miranda, o chileno que já havia trabalhado em outras grandes produções, com destaque significativo para Tron - O Legado (Tron Legacy, 2010) e O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, 2008). Apesar das discordâncias com certos rumos seguidos em Pi, Ang Lee adota, assertivamente, uma postura mais cautelosa frente à produção. Se o diretor foge da simplicidade ordinária que permeia uma de suas produções mais famosas, O Segredo de Brokeback Moutain (Brokeback Mountain, 2005), ao mesmo tempo, abstém-se de dar asas excessivas à sua imaginação, que o marcara tanto por O Tigre e o Dragão (Wo hu cang long, 2000). Deixado por último propositalmente, a questão filosófica – ou, explicitamente, teológica - é o último dos pilares que sustentam o trabalho de Ang Lee que abordarei. Também é o mais polêmico. Logo no início do filme, somos apresentados a um repórter que procura por Pi Patel (Irrfan Khan), para que ele apresente-o a uma história que o faria acreditar em Deus. Até aí, tudo bem. O problema é que a história de “As Aventuras de Pi” não é tão profunda assim quanto Ang Lee quer que acreditemos. É, de fato, uma aventura, mas não uma busca pela espiritualidade. Definitivamente, não é uma busca por Deus, não importa a quantas religiões Pi Patel tenha sido apresentado. É um fato curioso, interessante no começo do filme, mas que não justifica a importância dada em seu fechamento. Ademais, é mister dizer que a cena final do repórter, aos prantos, seria trágica, se não fosse cômica. A questão teológica fora, portanto, supervalorizada por Ang Lee. Caso houvesse espaço, aqui, para relativizações, creio que situações mais corriqueiras do dia-a-dia, especialmente do indiano, condicionariam melhor a busca do repórter. As aventuras de Pi é, acima de tudo, uma viagem, uma história de sobrevivência a um naufrágio; porém, sem elementos ou toques de genialidade, além de uma parte técnica conduzida com maestria. Esse, justamente, parece ser um dos problemas mais corriqueiros de Ang Lee na atualidade. Afinal, o que teríamos de novo em Brokeback Mountain, em termos romance, não fosse o envolvimento de um homem e uma mulher, mas sim de um casal homossexual? O que teríamos de novo, em termos de uma história de um naufrágio, não fosse o envolvimento de Pi com Richard Parker? Provavelmente, não muito. E é, justamente, esse o gosto que os filmes de Ang Lee têm deixado: o de uma obra simples, marqueteada como se fosse uma megaprodução." (Tony Pugliese)
"O cinema aprende, aos poucos, a lidar com o 3D. Não é o lugar do realismo, aquele que melhor reproduz a visão humana. Não é bem isso: os objetos de fundo parecem não raro distantes demais da imagem central; o desfoque compromete a proximidade com a visão natural... Em "As Aventuras de Pi", Ang Lee narra luta de garoto contra mar. Autor de livro que inspirou "As Aventuras de Pi" foi acusado de plagiar Moacyr Scliar. Não, o 3D é o lugar da fantasia. Isso ficava bem claro no passado reconstituído em A Inveção de Hugo Cabret. Fica ainda mais evidente neste "As Aventuras de Pi", de Ang Lee. A fantasia domina a partir da ficção proposta. Temos, no centro, um jovem chamado Pi, que cresce em um zoológico na Índia. Por proposta do pai, toda a família entra em um navio com destino à América, levando o zoo junto. Durante uma tempestade, o navio em que viaja naufraga. No caso, aqui, a questão não é omitir o final, e sim os detalhes, uma série deles pelo menos. O essencial é que essa história, contada a um agente de seguros, parece claramente absurda. Cabe ao agente (e ao espectador) escolher: será tudo isso delírio, mentira, exagero, pura e simples falsidade? O agente da seguradora, assim como nós, é forçado a raciocinar em torno da questão: o que será verdadeiro na ficção? Ou ainda: pode a ficção ser verdadeira? É a ela que cada filme, cada livro precisa dar resposta. E uma resposta satisfatória o bastante para prender a atenção do espectador. Se "As Aventuras de Pi" parece um filme inteiramente satisfatório, isso se deve não tanto ao 3D quanto à sensibilidade de Ang Lee para se aproximar dos fatos da natureza: os animais, certamente, mas também o mar, as tempestades e mesmo as miragens (seriam miragens ou realidades, coisas como a estranha ilha a que chega a horas tantas?). É claro que, sendo um filme em 3D, não faltam coisas como água respingando em nosso nariz. São quase obrigações desse sistema. No entanto, Lee realiza uma impressionante sequência de tempestade. Não só pela tempestade em si como pela maneira como Pi invoca todas as forças da natureza, como se fosse ele também parte delas. Talvez fosse, pelas qualidades que demonstra depois: um homem-natureza. Os episódios se sucedem, muitos deles dizendo respeito à convivência com seu tigre - companheiro de infortúnio e de viagem, ameaça tão terrível quanto tubarões. Momentos em que o cineasta demonstra sua convicção. A rigor, o que temos é um homem, um bote, um tigre. Com isso, Lee faz um filme belo, assustador, pleno de reviravoltas. Por que pedir mais?" (* Inácio Araujo *)
''A coisa mais compreensível do mundo é alguém detestar "As Aventuras de Pi"; 10 anos) por causa do prólogo e do epílogo. Com efeito, aquilo é uma bela xaropada. Mas se pensarmos no 3D como processo ainda não dominado, "Pi" não se sai nada mal. Nessa aventura em que, após um naufrágio, um jovem convive com um tigre num bote salva-vidas, tudo existe para melhor explorar a profundidade da imagem. E funciona." (** Inácio Araujo **)
Ang Lee cria uma adaptação de visual incrível para uma história cheia de simbolismos.
"A Vida de Pi (The Life of Pi), de Yann Martel, é um daqueles livros que você começa a ler e é sugado para dentro da história. Cada detalhe da saga do menino Piscine Molitor Pi Patel é descrito nos mínimos detalhes. Há dois narradores, o próprio Pi (que explica a origem de seu nome, inspirada em uma luxuosa piscina pública francesa e o apelido que ele tanto lutou para "pegar") e um escritor, que fica sabendo da saga deste menino que se mudava de navio da Índia para o Canadá quando uma tempestade afunda a embarcação, deixando-o à deriva em um bote, com uma zebra, uma hiena, um orangotango e Richard Parker, um tigre de bengala. Por anos, Hollywood vinha tentando adaptar a obra para as telonas. O cineasta M. Night Shyamalan, também de ascendência indiana, foi o primeiro cotado para assumir a direção, mas decidiu se afastar do projeto justamente por saber que o seu envolvimento repercutiria muito no desfecho da obra. Em seguida surgiu o nome do mexicano Alfonso Cuarón, que acabou trocando a aventura em alto mar pelo futuro apocalíptico de Filhos da Esperança. Outro que passou muito tempo trabalhando no projeto foi o francês Jean-Pierre Jeunet (O Fabuloso Destino de Amelie Poulin), que acabou abandonando o barco em 2006, depois de muitos meses de pesquisa e até mesmo uma data para iniciar as filmagens. Coube então ao chinês Ang Lee o trabalho de criar para as telonas os cenários fantásticos descritos pelo protagonista ao curioso e incrédulo escritor. Peixes voadores e ilhas desertas servem para recarregar, de tempos em tempos, a esperança de quem está em algum ponto qualquer do Oceano Pacifico acompanhado pelo tal felino de belas listras e dentes afiados. Quase que inteiramente rodado dentro de um estúdio, que possibilita a criação de um mar infinito e que, por inúmeras vezes, se confunde com o céu, o filme é de uma beleza ímpar. Ang Lee, que já nós fez acreditar em lutadores que voam sobre bambus e criou uma história em quadrinhos do Hulk no cinema, mostra aqui novamente a sensibilidade de quem encantou o mundo com a história de amor entre dois cowboys americanos em O Segredo de Brokeback Mountain. A relação de Pi com Richard Parker, que envolve respeito, medo e companheirismo, não para de evoluir e é difícil imaginar como ela vai acabar. Sobre o tigre, é preciso dizer também que é impressionante o grau de realismo do animal, que foi recriado digitalmente em quase todo o filme. É um trabalho de captura de performance e estudo da movimentação do animal tão real quanto o conseguido em O Planeta dos Macacos - A Origem, fruto do trabalho da Rhythm & Hues Studios, a mesma que criou o leão de Nárnia. Todo este esmero digital e a boa utilização do 3D levam a uma imersão completa também nos cinemas. O final, porém, me pareceu simplista demais em comparação ao livro. Em ambos a temática religiosa explicitada no início da história é trazida de volta, mas enquanto o livro aponta de forma bastante gráfica uma inesperada mudança de rumos, o filme prefere manter isso apenas no diálogo, enfraquecendo a moral da história." (Marcelo Forlani)
"As Aventuras de Pi" nos leva, novamente, a pensar na ideia da câmera como o ponto de vista de Deus. Não há subjetivismo no cinema de Ang Lee. Em seus filmes, as coisas logo vão tomando forma, buscando aproximar o espectador do universo desconhecido. O que é justo: toda imagem construída é um agenciamento de formas. O filme (aquilo que é importante dele) resta solitário, meio indisposto e, a seu modo, impostor (em nenhum sentido, por isso, de diminuição – seus problemas são de outra ordem). A história é de uma redenção, de uma conexão com o divino como possibilidade de dar sentido a existência que altera ora entre o olhar puramente cosmético, ora opera na vontade de ser grande, de “fabular o espetáculo”. Assim, ele passa as mãos nas costas de Deus e pisa no rabo do Diabo, mas apenas na superfície. Seu maniqueísmo e sua facilidade filosófica, frutos de um roteiro delineado para ser assim (meio tosco, meio leviano), lhe tiram força. Seu respiro categorial está mais na crítica à religião do que na defesa da fé, mesmo que não pareça à primeira vista. Tanto o epílogo quanto o prólogo (e as intervenções entre eles, mediadas pelas conversas entre o narrador e o receptor) esfriam a narração, fazem da inocência das discussões que expõem (que são elas mesmas vencidas desde Santo Agostinho) no que toca a religião e seus deuses uma parte de seus pecados cinemáticos. Ora, em um filme de imagens que chamam a atenção para si (isto é, um filme que precisa a todo custo que o espectador não se preocupe com a verdade dessas imagens e sim que as observe com admiração e complacência), sua substância não pode se eximir de culpas e abraçar o discurso das ideias circulares (aquelas que, num argumento, pressupõem como premissa aquilo que se está tentando estabelecer como conclusão). Se o filme gira em torno da história de um homem que pretende provar a existência de Deus através de uma anedota, nada mais justo do que esperar dele um aprofundamento das questões teológicas tais quais são discutidas na própria ideia de Deus. É nesse sentido que o personagem é esmagado pelo roteiro. Mas "As Aventuras de Pi" é traiçoeiro (no sentido de que pode ser transgressor), pois enquanto o discurso dos personagens é frouxo e ingênuo, a ideia central do filme é pouco sutil. Se por um lado a discussão interna do filme, aquela que Pi discute com o escritor, abraça uma convenção e uma caricatura do pensamento religioso mais óbvio e vazio para poder desconstrui-lo mais facilmente, todavia a tese do filme é explícita: uma história fabulosa, mesmo que falsa, pode servir melhor ao espírito – portanto a fé é falsa, mas lhe serve bem. Isto é, a própria ideia de Pi se dizer adorador de várias religiões, não seguindo apenas uma narrativa escatológica para sua existência e seu propósito, consiste em nivelar a experiência religiosa para enfraquecê-la. Mas há consequências para Pi Patel (Suraj Sharma). Filho do dono de um zoológico na Índia que resolve vender o parque em função de novas responsabilidades financeiras. De mudança para o Canadá, a bordo de um navio, Pi e sua família são surpreendidos por uma tempestade e, no acidente, quase todos acabam morrendo, exceto o jovem herdeiro e alguns animais, entre eles o tigre de bengala que será sua companhia durante os próximos dias. O tigre, chamado Richard Parker, quer comê-lo. Essa luta pela sobrevivência (é claro que há a ideia de colocar, pelo menos de raspão, o evolucionismo em disputa com Deus) é tanto seu mote quanto sua aquiescência dramática. "As Aventuras de Pi" é dependente dessa sua grandeza em que cada imagem precisa ser maior que a anterior, surpreender o espectador (o anestesiando). O que o filme tem de mais poderoso (ainda que insuficiente para impedir a caricatura das relações internas criadas pelo roteiro), que está longe de questões relacionadas à sua “aparência”, é mesmo esse pano de fundo crítico que se esconde atrás do discurso do amor e da fé – a priori tida como virtude. A moleza dos personagens, especialmente nas cenas que compõem o presente narrativo (as conversas entre Pi e o escritor), é fruto desse desequilíbrio entre o discurso do autor e a suas vozes." (Pedro Henrique Gomes)
85*2013 Oscar / 70*2013 Globo
Top 250#221
Fox 2000 Pictures Dune Entertainment Ingenious Media Haishang Films
Diretor: Ang Lee
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Date 30/09/2013 Poster - # - DirectorD.A. PennebakerStarsBob DylanAlbert GrossmanBob NeuwirthDocumentary covering Bob Dylan's 1965 tour of England, which includes appearances by Joan Baez and Donovan.[Mov 10 Fav IMDB 7,7/10 {Video/@@@@@}
A CAMINHO DO LESTE
(Don't Look Back, 1967)
''Dont Look Back" cobre a turnê de 1965 de Bob Dylan no Reino Unido. O filme mostra um jovem Dylan: confiante, se não arrogante, conflituoso e contrário, mas também carismático e encantador. Em 1998 o filme foi selecionado para preservação pela National Film Registry como sendo "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo.'' (Filmow)
"Uma marco na história do documentário." (Juliano Mion)
Leacock-Pennebaker
Diretor: D.A. Pennebaker
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Date 09/09/2013 Poster - ########## - DirectorAgnès VardaStarsAgnès VardaAndré LubranoBlaise FournierAgnès Varda explores her memories, mostly chronologically, with photographs, film clips, interviews, reenactments, and droll, playful contemporary scenes of her narrating her story.[Mov 10 Fav IMDB 7,7/10 {Video/@@@@@} M/89
AS PRAIAS DE AGNES
(Les Plages d'Agnès, 2008)
"Um documentário auto-biográfico tão particular que recorre constantemente à encenação e à recriação para dar conta do poder imaginário de sua autora, recordando suas memórias com delicadeza, inventividade e muito humor." (Daniel Dalpizzolo)
"Colagem de A. Varda sobre o seu passado, o cinema e o mundo em que cresceu e viveu, em um mosaico plural e individual em torno de memórias pessoais, intimas e coletivas em regresso às praias que lhe são caras e lhe servem de espaços poéticos e inventivos." (Vlademir Lazo)
Documentário autobiográfico de Varda tem grande fôlego criativo.
"Para mim a realidade não importava e eu não sabia nada da vida. Com a frase acima a cineasta francesa Agnès Varda entrega uma das chaves para entendimento de seu cinema e de seu olhar quase infantil sobre o mundo. O interessante neste documentário dirigido por ela e sobre ela é que do alto dos seus 80 anos e da sua condição de cineasta que esteve envolvida com as origens da Nouvelle Vague, sua história coincida com a história de vários movimentos culturais importantes da 2ª metade do século XX, do que o filme acaba se tornando também um painel. Seu cinema se esclarece quando conhecemos a trajetória intelectual de Varda. Filha de um imigrante grego, aos 18 anos ela passou um período vivendo e trabalhando numa comunidade de pescadores, o que diz muito de sua atenção em documentar vidas comuns. Seu engajamento às lutas feministas a favor do direiro de dispor do próprio corpo em questões como o aborto pode se relacionar com a maneira como Agnés lida com o corpo em seus filmes, sempre recheados de nus, ajudando a transpor um pequeno tabu sobre a gratuidade da nudez no cinema, levando o corpo a ser encarado de outra perspectiva. Sua explicação sobre o surgimento da Nouvelle Vague mostrou-se bastante diferente do comum maravilhamento dos relatos que retornam ao movimento: com sua sensibilidade quase infantil, a diretora descreve o momento em que Goddard é perguntado por outra pessoa que faça um cinema como o dele – barato – ao que ele indicou Varda. Dentre os momentos de intimidade mostrados pelo filme, vemos a cineasta dizer que não é cinéfila, ao que podemos concluir sua relação quase orgânica com o cinema. Em vários momentos do filme ela conta sobre alguns pintores cuja influência podem ser percebidas na criação de suas imagens e também como alguns acontecimentos de sua vida se transformaram em cenas de filme. É nessa perspectiva que Varda explica o filme que fez em homenagem ao marido Jacques Demy, que já doente, escreveu suas memórias e pediu que ela as filmasse. A cineasta fala de como alguns acontecimentos da infância do marido podiam ser claramente vistos em cenas de filmes dele. Com grande fôlego criativo, Agnès Varda transforma o que poderia ser apenas uma monótona coleção de histórias sobre sua vida num documentário que ensina também a fazer cinema." (Geo Euzebio)
''Nas viagens, montagens e fantasias que começam na Bélgica e vão até os vilarejos litorâneos franceses, Agnès Varda encontra vestígios de uma vida. Descobertas entre seus próprios filmes (suas imagens), pululam expressivos os planos e as personagens. ''As Praias de Agnès'' reforça na memória de Varda (que é também um pedaço da memória do cinema) um mundo que não pode se apagar – a câmera e a película são parceiras nessa luta pelo registro da memória que desafia nossa falibilidade. Está aí a poesia: filmar o mundo não é simplesmente uma maneira preguiçosa de proteger o espírito, mas significa impedir que ele desbote. A câmera é uma forma de acesso intermediada pelas palavras – ou pela possibilidade delas. Aqui: as palavras e as coisas, o imaginário e o real, a política e revolução das ideias. As palavras e a memória do mundo (a câmera, o filme/película, os espelhos) são antes matéria de resistência da vida e da arte do que substância da poesia. Em Varda, esta é muito mais o resultado de uma imersão escatológica na agonia da espécie e no descobrimento das manifestações humanas que, em sua obra, bem representam a arte e a política – e a sua política, sua polis, não é nada apegada a psicologismos e significâncias; ao contrário, é das práticas dos movimentos e das articulações populares que se faz poética e potente. Sem desvios de perspectivas, mas com a verve de uma obra inteira deslocada das sensibilizações cartunescas ficcionais (a ficção é ela mesma entendida em suas limitações), As Praias de Agnès estabelece sua força no limiar entre o registro (memória) e a história de um povo, de um filme, de um mundo, mas sobretudo de uma cineasta. Não raro, em sua obra temos uma série de filmes extremamente falados, onde a palavra não é mero jogo de discursos e sim olhares sobre homens e mulheres narrando desejos e aspirações, sejam aqueles da juventude e das lutas sociais por igualdade (Panteras Negras) ou os dos amores utópicos que, afinal, constituem as sociedades (Cléo de 5 à 7). Antes de aproximá-la a Nouvelle Vague (uma aproximação, aliás, sempre delicada, já que Varda nunca reivindicou seu pertencimento ao grupo de Godard, Truffaut, Chabrol, Rohmer, Rivette, Demy e Resnais, e que sempre foi mais uma forma de união realizadora de filmes que de um movimento engajado esteticamente), vale notar a cinefilia discreta da cineasta. Segunda ela, até aos 25 anos, só tinha visto uns 9 ou 10 filmes. Nem precisava ter visto mais que isso, já que sua obra está estritamente ligada muito antes às vicissitudes da vida que à pretensão mandante em construir um projeto de cinema. Seus filmes sempre reivindicaram a imagem, as palavras, e aí a poesia – e o fizeram mais explicitamente os documentários. Como, para a cineasta, fazer filmes sempre foi um método de acesso as experiências humanas e suas relações mais íntimas (políticas), tornou-se muito claro aos espectadores mais apressados que sua narrativa sempre consistiu em algo como simplesmente abraçar o real – um filme nunca é só uma coisa. A câmera de Varda é, todavia, mais cativante e surpreendente que a leitura fácil impregnada nos olhares treinados pela ficção (algo a que o documentarista canadense Pierre Perrault fazia oposição, e que deixava claro, como demonstra sua filmografia e seus escritos). As Praias de Agnès não é só a vida em uma obra, tampouco a obra de uma vida: é substrato da existência corporificada em retratos/pinturas, imagens e montagens de cenários que flertam com o surrealismo (heresia) e que beijam e mordem a arte para vê-la sangrar. Eis, pois, sua beleza. Um filme é a salvaguarda da memória. Explorá-la é, antes de tudo, abrir a câmera para o registro das fabulações, dos movimentos, da História ou dos sonhos (Varda, cineasta naturalista que é, nunca deixou o onírico se perder em nome da tal verdade ou de um realismo nefasto; ainda assim, interpretação dos sonhos não é creditada ao sobrenatural). Quaisquer que ainda sejam suas aspirações como realizadora, ela ainda respira saudável e vibrante. Um filme não exatamente sobre uma obra, mas sobre uma pessoa." (Pedro Henrique Gomes)
{O que é o cinema? É a luz que incide e é retida por imagens escuras ou claras} (ESKS)
"Agnès Varda foi o solitário nome feminino a penetrar no Clube do Bolinha dos diretores da nouvelle vague francesa. Não apenas. Ela foi uma espécie de precursora do movimento com seu filme La Pointe Courte (1954), nome de uma localidade à beira-mar, na Riviera, a qual, em meio a uma história de amor, ela registra os hábitos e rostos dos moradores. Uma praia, como outras tantas. No prólogo desse seu lindo filme de memórias, Agnès diz que, se fosse aberta, o que se veria em seu interior? Praias, tamanha é sua afinidade com o mar, o litoral e suas gentes. De modo que o que se vê é uma sucessão de praias, pelas quais a diretora passou ao longo de sua existência. A praia, claro, tem sentido literal, pois assinala a geografia afetiva da cineasta, mas também valor simbólico do limite, da navegação, da iminência da descoberta. O filme é uma reavaliação subjetiva da diretora, em seus 80 anos de vida, de sua relação com o cinema, desde quando, com La Pointe Courte, ela fez-se ao mar. Primeira grande viagem em Sète, cidade perto da qual fica o vilarejo de pescadores chamado La Pointe Courte. Lá, ela conta, à maneira ficcional, a história de um casal. Mas, mais do que isso, capta uma mentalidade, a maneira de ver o mundo, as festas, o cotidiano daquela gente. Agnès passa, também, pela recordação da infância, do nascimento em Bruxelas, família de origem grega, da aventurosa viagem a Paris, onde se decide pela fotografia, até refazer o rumo e decidir-se pelo cinema. Varda vai se recordando de tudo isso, falando para a câmera, montando suas instalações pelas praias por onde passa, e, em falta delas, mesmo à margem do Sena. Visita casas onde viveu e foi feliz. Lembra-se da cineasta iniciante, numa França machista, na qual eram raras as mulheres que se dedicavam ao cinema, a não ser se quisessem ser atrizes. Agnès queria dirigir. Nesse primeiro filme, prefiguração da nouvelle vague, que assinala com sucesso sua transição da fotografia para as imagens animadas, Agnès já mostra a característica da sua obra, o gosto pelo real. Preferência que percorre sua filmografia, ainda tão pouco conhecida no Brasil, embora ela tenha ganhado uma retrospectiva anos atrás no Centro Cultural Banco do Brasil. Lembra-se daquele que é talvez seu filme mais conhecido, Cléo das 5 às 7 (1961), sobre as horas aflitivas, filmadas quase em tempo real, em que a personagem (Corine Marchand) espera o resultado de um exame clínico decisivo. Enfim, em seu trabalho memorialístico, Agnès vai repassando ao espectador a trajetória invulgar de uma vida. Relembra seu período na China e nos Estados Unidos, onde filmou, com admiração, os Panteras Negras. A memória afetiva não se dissocia da memória política – muito pelo contrário, ambas estão enlaçadas, como praias contíguas. Lembra, também, daquele que é seu filme mais impressionante, Os Rejeitados (Sans Toit ni Loi, 1985), reconstituição da vida (e morte) de uma rebelde mochileira, obra que lhe valeu o Leão de Ouro em Veneza. E há um espaço especial para o que de mais particular existe em sua vida, o casamento com seu grande amor, o diretor Jacques Démy, para quem fez o belíssimo Jacquot de Nantes (1990). Com emoção, ela fala da morte prematura de Démy, atingido pela aids num tempo em que o tratamento da doença era ainda precário. Original e profunda em seu trabalho, Agnès também o é quando refaz o percurso de sua vida." (Luiz Zanin)
2009 César
Top Biografia #27 Top Documentário #44
Ciné Tamaris arte France Cinéma Canal+ Région Ile-de-France Région Languedoc-Roussillon Centre National de la Cinématographie (CNC) France 2 (FR2)
Diretor: Agnès Varda
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Date 29/09/2013 Poster - ######## - DirectorMartin RittStarsJoanne WoodwardSheree NorthTony RandallIn California, four couples who have bought houses near one another face problems, alcoholism, racism, promiscuity, and discrimination against lack of education, until a tragic event forces them to reassess their lives.[Mov 08 IMDB 7,3/10] {Video}
A MULHER DO PRÓXIMO
(No Down Payment, 1957)
TAG MARTIN RITT
{interessante}Sinopse
''Este drama de Martin Ritt conta a história de quatro casais que moram num conjunto habitacional no sul da Califórnia. As dificuldades conjugais, as diferentes rotinas e até a intimidade de cada um deles acabam se tornando de conhecimento geral entre eles. E a proximidade entre pessoas tão diferentes traz implicações diversas. Algumas até mesmo perigosas.''
Jerry Wald Productions (for) Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Martin Ritt
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Date 09/10/2014 Poster - - DirectorMarty FeldmanStarsMarty FeldmanAnn-MargretMichael YorkAn aging Sir Hector Geste (Trevor Howard) takes a young greedy wife who's after his famed Blue Water sapphire, but his sons hide the gem and join the French Foreign Legion in North Africa.[Mov 08 IMDB 5,8/10 {Video}
A MAIS LOUCA AVENTURA DE BEAU GESTE
(The Last Remake of Beau Geste, 1977)
''O preço da água azul safira é cobiçado pelos herdeiros de Sir Hector Geste (Trevor Howard), sua nova esposa, Flavia (Ann-Margret), sua filha, Isabel (Sinéad Cusack) e seus filhos gêmeos adotados, Beau (Michael York) e o heróico Digby (Marty Feldman). Quando Sir Hector leva para seu leito de morte (onde ele permanece durante toda duração do filme), Beau foge com a pedra, para mantê-lo longe de sua madrasta. Flavia persegue ao Norte da África a fim de promover seus regimes." (Filmow)
Universal Pictures
Diretor: Marty Feldman
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Date 02/10/2013 Poster - #### - DirectorMervyn LeRoyStarsEdward G. RobinsonDouglas Fairbanks Jr.Glenda FarrellA small-time criminal moves to a big city to seek bigger fortune.[Mov 08 IMDB 7,3/10 {Video}
ALMA NO LODO
(Little Caesar, 1931)
Apesar das falhas, é obrigatório para aqueles que estudam a história do cinema.
''Alma no Lodo é o tipo de filme que funciona mais numa sala de aula de um curso de cinema do que propriamente pelos seus méritos artísticos. Do ponto de vista acadêmico, a fita serve como importante ferramenta para se entender alguns momentos chaves do desenvolvimento do cinema, especialmente o americano: a passagem dos filmes mudos para os sonoros; o sistema de estúdio que vigorava nos EUA no início dos anos 30 (e que se encerrou no fim dos anos 40, com a Lei Anti-Truste e a chegada da televisão); a viabilização do projeto como veículo para determinados atores, entre outros fatores. Por outro lado, do ponto de vista técnico, Alma no Lodo possui evidentes defeitos de construção narrativa, de desenvolvimento de personagens e de interpretação. É certo que tais problemas, analisados hoje, mais de 70 anos depois, são até compreensíveis. Afinal, naquela época, mesmo já sendo uma arte bastante evoluída em relação às suas origens, o cinema ainda vivia muito da experimentação dos profissionais envolvidos (especialmente, os produtores). Abstraindo a questão do tempo, no entanto, estas falhas comprometem a aura de clássico intocável que o filme ostenta nos dias de hoje. A história é bastante conhecida: os imigrantes italianos Caesar Enrico Bandello (Edward G. Robinson) e seu amigo Joe Massara (Douglas Fairbanks Jr.) vivem de pequenos golpes em postos de gasolina. Suas refeições são realizadas em espeluncas de beira de estrada. Enrico é o mais ambicioso da dupla. Ao ler no jornal as manchetes sobre Pete Montana (Ralph Ince), o grande chefão da Máfia, sonha em igualar seus feitos. Seu companheiro, por outro lado, tem desejos menos escusos: ganhar dinheiro através da dança. Enrico o convence, então, a vir até a cidade grande (embora nunca citada, a referencia à Chicago é evidente). Ele logo se associa a Sam Vettori (Stanley Fields), um dos muitos representantes da máfia local. Ao mesmo tempo, Massara é contratado como parceiro de dança de Olga (Glenda Farrell), na boate Clube Palermo. Com o passar do tempo, Enrico, a esta altura já conhecido no meio simplesmente como Rico, demonstra sua força dentro da organização criminosa. Rapidamente adquire o respeito de seus integrantes e, naturalmente, assume o comando da gangue. A partir daí, acompanhamos a tomada do poder das demais associações mafiosas, sua relação conflituosa com o amigo Massara e a inevitável derrocada final. Seria injusto não reconhecer em Alma no Lodo sua condição de um dos pilares do gênero dos filmes de gangsteres. Ao lado de Inimigo Público, lançado no mesmo ano, e Scarface – A Vergonha de uma Nação, que estreou em 1932, Alma no Lodo forma a regência trina de fitas responsável por fincar as principais características do estilo, muitas delas absorvidas até os dias de hoje: a imigração italiana, a ascensão meteórica dos fora-da-lei através das práticas ilegais, o linguajar das ruas, a violência e a crueza das negociações (neste caso, em menor escala), a lealdade entre os amigos e parentes (ou a falta dela), que em certos casos representa um valor até maior que o próprio dinheiro (neste quesito, Alma no Lodo comporta até mesmo uma leitura homossexual entre os protagonistas). Fitas desta natureza, quando realizadas nos anos 30, quase sempre acrescentavam ainda mais dois elementos à trama: a Lei Seca e a Grande Depressão Americana gerada pela quebra da bolsa em 1929. Na sua essência, pode-se dizer que os filmes de gangsteres representam a própria idéia do sonho americano. Em todos eles, ainda que por meio escusos, observamos a obsessão dos personagens pelo reconhecimento individual, pelo sucesso, por vencer na vida. Essa característica da América como terra das oportunidades está arraigada na cultura ianque há mais de três séculos. É um sentimento que se transmite através de gerações. Não é à toa, portanto, que o gênero sobrevive há mais de 70 anos, já rendeu diversas obras-primas para o cinema, e não demonstra qualquer sinal de cansaço, ao contrário, por exemplo, dos faroestes ou musicais. Quando Alma no Lodo foi lançado, o cinema ainda engatinhava no som. Não fazia nem três anos que Al Jonson tinha soltado a voz ao piano em O Cantor de Jazz. Os filmes falados ainda estavam se consolidando, mas o público os abraçara de tal forma que a nova técnica não tinha mais volta. Rapidamente, todos os estúdios da velha Hollywood tiveram que se adaptar ao novo sistema. Nesta fase, a Warner conheceu seu período de maior expansão, já que O Cantor de Jazz, de quem era produtora, estourara nas bilheterias. Nesta fase, o estúdio era dirigido pelos irmãos Harry e Jack Warner. No entanto, à frente da execução dos projetos estava a figura de Darryl Zanuck. Homem indispensável na estrutura organizacional, ele estava para a Warner, assim como o lendário Irving Thalberg estava para a MGM, o maior dos estúdios. Apesar de viver num período de bilheterias favoráveis, a Warner também enfrentava os efeitos da Grande Depressão. A ordem, portanto, era não gastar. Para tanto, Zanuck mantinha controle rígido das filmagens e dos respectivos orçamentos. Não sendo um estúdio tão rico quanto a MGM, a Warner passou a se especializar em fitas de crimes, se possível com um conteúdo social. Elas tinham duas vantagens: as histórias eram diretas e sem frescuras, o que implicava em menos tempo de filmagem e menor custo de produção, tanto da parte dos cenários quanto dos figurinos (característica típica dos filmes de época, que eram a marca registrada da MGM). Além disso, quase sempre eram protagonizadas apenas por um astro, o que eliminava o papel da parceira românitca (nova redução de curstos). Dentre as diversas produções realizadas sob estas condições, ''Alma no Lodo'' foi a que primeiro chamou a atenção do público. O papel principal foi entregue a Edward G. Robinson, romeno de nascença, que imigrara para os EUA no princípio do século e que se encontrava sob contrato com a Warner já há alguns anos. Ao contrário do seu personagem, Robinson era um homem refinado, culto e que gostava de colecionar quadros de pintores famosos. No entanto, o ator ficou eternamente marcado por papéis deste tipo, para os quais era escalado com freqüência pelo estúdio (vide O Último Gângster, de 1937, e Paixões em Fúria, de 1948). Este tipo de vinculação entre ator/personagem nos revela outra característica da Hollywood daqueles tempos. Os executivos dos principais estúdios analisavam a viabilidade dos projetos como veículos para seus astros. Os direitos de adaptação de um livro ou de uma peça já eram comprados tendo-se em vista a adaptação do material a determinado ator ou atriz. É como se os filmes da época fossem realizados sob determinadas nomenclaturas, sempre tendo o(a) protagonista como ponto de referência. Assim, a MGM, por exemplo, dava o sinal verde para suas novas produções como verdadeiros produtos relacionados a seus contratados, como Spencer Tracy, Mickey Rooney, Greta Garbo, John Garfield, John Barrymore, John Crawford ou Wallace Berry. A Paramount, por sua vez, já vislumbrava na elaboração do roteiro se o astro principal seria Gary Cooper ou, no caso de uma mulher, se a escolha recairia ou não sobre Marlene Dietrich. A Universal tentava ao máximo se livrar da sua fama de especialista em filmes de terror de baixíssimos orçamentos, criando novos trabalhos para sua estrela mirim Deanna Durbin, uma espécie de resposta à Judy Garland (MGM) e Shirley Temple (Fox). A Columbia tinha o diretor Frank Capra como seu principal garoto propaganda, fato raríssimo para uma época conhecida por cineastas mais operários do que artistas na acepção da palavra. Com a Warner não era diferente. Mantinha sob contrato astros do porte de Edward G. Robinson, James Cagney, Bette Davis, George Arliss, Paul Muni, Humphrey Bogart, Leslie Howard, Errol Flynn, Olívia de Havilland e George Raft. Dependendo das características de cada um destes atores, projetos específicos eram viabilizados. Robinson, Cagney, Raft, Muni e Bogart recebiam preferencialmente os roteiros dos filmes de crimes (A Floresta Petrificada, Dentro da Noite, Heróis Esquecidos, Anjos da Cara Suja, etc.). Bette Davis ficava com os dramas sentimentais, voltados ao público feminino (Jezebel, Vitória Amarga, A Estranha Passageira, A Carta, etc.); Os capas-espada tinham a dupla Flynn e De Havilland como titulares (Capitão Blood, As Aventuras de Robin Hood). Diante deste cenário, Alma no Lodo insere-se como um típico filme de estúdio, rodado nos moldes ditados pelo padrão estabelecido: astro identificado com o gênero, orçamento reduzido e controlado e filmagem montada sob um sistema de linha de produção, semelhante às de uma indústria automotiva. Talvez a única exceção a esta regra tenha sido o diretor Mervyn Le Roy, certamente o cineasta de maior prestigio dentro da Warner ao longo dos anos 30, e que detinha uma certa autonomia sobre o resultado final. Naquele tempo, a concessão de tamanho prestígio a um profissional de trás das câmeras era algo pouco comum de se observar, já que o sistema de estúdios estava todo baseado no poder de atração e sedução que as estrelas exerciam sobre o grande público. Com honrosas exceções – e Le Roy era uma elas –, os diretores eram considerados meros operários, saindo de um filme para outro, sem nem mesmo ver a montagem final da obra. Bom, todo esse contexto histórico é muito legal, mas... e o filme? Analisando a obra propriamente dita é inevitável não identificar suas falhas. A principal delas está na própria construção narrativa: a ascensão de Rico é desenvolvida de forma muito apressada. Na primeira cena, ele está vivendo de golpes rasteiros e servindo-se em bares de quinta categoria. Tão logo é tomada a decisão de vir à cidade grande, o personagem já aparece sendo aceito numa associação criminosa. Para quem veio do interior, desconhecido dos grandes mafiosos de Chicago, Rico é admitido sem muito questionamentos e investigações sobre seu passado. Quando percebemos, ele já está assumindo o convite para administrar inclusive os territórios de mafiosos rivais. É certo que a intenção do roteiro é mostrar que a rapidez com que se sobe no tecido social, é proporcional à da queda. O problema, no entanto, é outro: Rico ainda não tinha demonstrado tanto talento para conquistar espaços tão grandes nas organizações. Seu poder torna-se, de certa forma, inverossível aos olhos do espectador. O que contamina todo o segundo e terceiro terço do filme, ambos baseados nessa escalada do personagem. Outro ponto que compromete são as interpretações. Com exceção de Edward G. Robinson, verdadeiro motor do filme, os demais atores geralmente super-representam. Exemplo disso é o motorista da gangue que, arrependido, caminha até a igreja para confessar seus pecados com o padre. Douglas Fairbanks Jr. exagera na candura ao contracenar com a personagem Olga, transparecendo uma ingenuidade próximo à infantilidade. O chefe de polícia, então, é o poço da canastrice, fazendo suas investidas contra os mafiosos através de ironias regadas a caras e bocas. Todos esses problemas na atuação nem devem ser creditados tanto ao diretor ou aos atores, mas sim à característica de interpretação da época, ainda impregnada com o estilo exagerado do cinema mudo. Por último, o roteiro comete a falha de não demonstrar qual a atividade ilícita que move aquelas organizações. Pelas circunstâncias, sabemos que se trata de tráfico ilegal de bebidas. No entanto, ao longo de todo o filme, não há uma só ação criminosa revelando Rico e seus comparsas vendendo álcool para os bares da região. Na verdade, o único delito mostrado na fita é o assalto ao Clube Palermo, o que não justificaria tamanha estrutura criminosa. ''Alma no Lodo'', no entanto, está repleto de belos momentos. Esta mesma seqüência de assalto é brilhantemente filmada, do ângulo das pernas dos assaltantes, montada inteiramente com fusões. O assassinato na escadaria da igreja nos remete imediatamente a um dos homícidios que selam o acerto do contas na cena do batismo em O Poderoso Chefão. A apresentação da gangue ao novato Rico, com tomadas rápidas entre todos seus integrantes. O atentado em Rico no meio da rua. Entre outras. Mas a principal qualidade da fita é, sem dúvida, a interpretação de Edward G. Robinson. Considerado por muitos como um dos melhores atores de todos os tempos, Alma no Lodo nos obriga a quase concordar com essa opinião (talvez acima de Robinson, somente Spencer Tracy). Robinson caracteriza seu Rico através do linguajar rápido, da gíria, da exploração da vaidade e ambição do personagem (que se tornam evidentes na cena em que ele se deixa fotografar e da experimentação do fraque em frente ao espelho). Poucos tinham tamanha presença em cena e naturalidade na arte da representação. Duas seqüências ficaram famosas: a primeira delas, é a tomada em primeiro palno, dentro do abrigo (Robinson, batido pelo álcool, parece um cão ferido, rosnando a cada notícia que os sem-teto lêem sobre ele no jornal); a outra, é a que fecha o filme, na qual Rico, após pronunciar, com uma aparente surpresa no olhar, uma das frases mais famosas do cinema, depara-se finalmente com seu destino. Indicado apenas ao Oscar de melhor roteiro adaptado e agraciado, em 2000, com o National Film Registry para aqueles filmes que, pela qualidade cultural e artística, mais resistiram ao tempo, Alma no Lodo é considerado por quase toda a crítica, especialmente a americana, um dos maiores clássicos do cinema de gangsteres. Umas daquelas obras raras, que representam ao mesmo tempo a gênese e o símbolo de um gênero. Compartilho em parte com estas manifestações, embora sem o mesmo entusiasmo. Apesar disso, não posso deixar de considerar Alma no Lodo, por tudo o que ele representa, ainda que seja mais pelo ponto de vista histórico do que técnico, um filme obrigatório." (Régis Trigo)
5*1932 Oscar
First National Pictures
Diretor: Mervyn LeRoy
6.300 users / 279 face
Check-Ins 352
Date 04/10/2013 Poster - ########## - DirectorJules DassinStarsGina LollobrigidaPierre BrasseurMarcello MastroianniIllicit passions pervade an Italian town, where men gather nightly for the cynical "game of the law."[Mov 07 IMDB 6,7/10 {Video/@@@@}
A LEI DOS CRÁPULAS
(La Legge, 1959)
''Cesare é a mulher mais bonita de uma vila de pescadores italiana onde os homens se juntam todas as noite numa taverna. Entre conversas e bebidas, eles realizam o que chamam de "jogo da lei", ritual no qual escolhem aleatoriamente um dos presentes para mandar e humilhar. Assuntos sobre a moral e paixões proibidas também são reveladas." (Filmow)
Le Groupe des Quatre Cité Films Titanus G.E.S.I. Cinematografica
Diretor: Jules Dassin
442 users / 91 face
Check-Ins 353
Date 05/10/2013 Poster - ##### - DirectorBrian KlugmanLee SternthalStarsBradley CooperDennis QuaidOlivia WildeA writer at the peak of his literary success discovers the steep price he must pay for stealing another man's work.[Mov 06 IMDB 6,9/10 {Video/@@@} M/37
AS PALAVRAS
(The Words, 2012)
"A ideia de um livro dentro de um livro dentro de um livro (ou não?) é bem interessante e rende um thriller envolvente." (Alexandre Koball)
''Elogiado em O Lado Bom da Vida, hoje nos cinemas, Bradley Cooper já mostrava talento neste drama de 2012. Ele é Rory Jansen, que há anos tenta ser escritor. Ele encontra um manuscrito num antiquário, gosta do que lê e publica o livro com seu nome. O sucesso chega. Mas aí Jansen conhece um velho misterioso (Jeremy Irons) que lhe conta sua vida, que é exatamente o enredo do livro. O filme tem clima, bom desfecho e a bela presença de Olivia Wilde, de House." (Thales de Menezes)
''Não há nada de particularmente especial neste longa, a não ser o fato dele girar em torno delas, as palavras, e de quanto são capazes de influenciar a vida das pessoas. Ao menos de quem as amam, fazem delas seu meio de vida ou catarse, como os personagens principais deste filme. Começa com o escritor Clay Hammond (Dennis Quaid) preparando-se para uma leitura pública de seu best-seller, que dá nome ao filme. Uma plateia atenta aguarda o autor que começa a contar a história do aspirante Rory Jansen (Bradley Cooper), jovem que batalha para publicar seu primeiro romance. Recém-casado com Dora (Zoe Saldana), Jansen dedica sua noites a criar aquele que será seu livro de estreia. A obra, apesar de bem avaliada por agentes, não consegue nenhum editor disposto a publicá-la. Tempos depois, sua mulher o presenteia com uma velha valise comprada num antiquário e nela Jansen acha os originais de um livro, uma obra virtuosa que o deixa abalado por sua qualidade e força da verve literária de seu autor inominado. Quem tem o hábito de ler se identifica fácil com as reações do personagem de Bradley Cooper diante do belo texto. Há livros, poucos, capazes de nos prender e emocionar. Hammond está diante de uma dessas obras e a inveja por ser onde quer chegar como autor. A vontade de sentir aquela enxurrada de palavras surgindo de suas mãos - e algumas contingências mais - acabam por fazer o escritor assumir o texto como seu. Ato-contínuo, o livro é publicado e o sucesso de crítica e público o transformam numa estrela da pena. A farsa, naturalmente, cobra seu preço. Este, no entanto, não está na possível retaliação jurídica de seu verdadeiro autor, um velho homem – interpretado por Jeremy Irons - destruído por ter perdido sua grande obra, mas ainda mais arruinado por ter se desprendido do significado de sua vida por seu amor às palavras contidas ali. O calvário de Jansen, que depois emplaca outros livros de sua verdadeira autoria, está em sua consciência de autor: não ter escrito o primeiro nem nada tão brilhante. Todo esse drama está intrinsecamente ligado ao personagem de Clay Hammond, que abre o filme. Talvez como mero autor, talvez como personagem real dessa trama. O que é realidade e o que é ficção, não sabemos com total convicção. Assim é o mundo fascinante da literatura. Ratifico: não há nada de particularmente especial como obra de cinema em ''As Palavras''. Apenas o fascínio de seu mote, elas, as palavras escritas, de onde nascem todas as tramas cinematográficas, afinal. Esplêndidas, ruins ou medianas como essa." (Roberto Guerra)
Drama com ambição de ser um novo As Horas não tem meias... palavras.
''Hollywood pode ser muito impiedosa às vezes quando cria seus character actors - atores marcados por determinados perfis de personagens. Bradley Cooper, por exemplo, é enxergado como um potencial galã que ainda não conseguiu estourar sozinho na bilheteria (só dividindo espaço com outros protagonistas em Se Beber, Não Case!), e ele acaba marcado por isso. ''As Palavras'' (The Words) é mais um filme que coloca Cooper no papel de um talento frustrado. Se em Sem Limites (2011) ele fazia um aspirante a escritor que alcança fama e fortuna quando recorre a uma nova droga, que expande o potencial do cérebro, agora ele faz outro aspirante a escritor, também cheio de promessas e sonhos, mas que só conquista o mundo quando recorre ao plágio. ''As Palavras'' é basicamente uma versão de Sem Limites sem senso de humor, o que fica evidente no começo, com a trilha sonora angustiada de Marcelo Zarvos já plenamente estabelecida, sem perder tempo, no melhor estilo Philip Glass. Rory (Cooper) não quer decepcionar a namorada (Zoe Saldana), urge em honrar a dívida que acumula com as mesadas do pai (J.K. Simmons)... Quando Rory acha um romance datilografado sem dono, dentro de uma bolsa velha, parece que a única alternativa é mesmo assumir a autoria da obra-prima e pensar nas consequências depois. Além da música ininterrupta, os roteiristas e diretores Brian Klugman e Lee Sternthal tomam vários desvios e estufam o discurso para dar a seu filme - que no fundo é só um conto moral sobre conviver com os atos que cometemos - uma cara de romance-de-fôlego, como aquele que Rory tanto sonha escrever. O filme lembraria um pouco Meia-Noite em Paris na sua metalinguagem e nos seus passeios no tempo pela Europa, se sua estrutura grandiloquente de boneca russa não tivesse tanto a ver com As Horas - que foi musicado por Glass, a propósito. Há uma prepotência implícita nesses títulos definitos, as horas, as palavras... Obras com nomes assim pretendem dar conta de todo um universo - uma ambição legítima; não se fazem grandes filmes com modestas intenções -, mas a queda pode ser proporcional à altura. As Palavras tem um ótimo elenco (Cooper fica pequeno do lado de Jeremy Irons, o que acaba combinando com a história) a serviço de uma lição sem meios termos, como se para fazer Arte fosse preciso antes carregar cadáveres na guerra ou passar anos cultivando flores." (Marcelo Hessel)
''Após esperar impacientemente a visita da musa da inspiração, encontrar o que julgara ser um tópico relevante e uma boa abordagem, esboçar ideias na cabeça e as organizar em uma folha de papel em branco na esperança de criar um texto pertinente e agradável de ler, o esforçado Rory Jansen (Bradley Cooper) sofre um dos maiores baques que um escritor poderia viver: ter as suas preciosas palavras rejeitadas pelas editoras, instante em que encara as suas próprias limitações e descobre não estar à altura dos ambiciosos sonhos traçados para si mesmo. Assim, ''As Palavras'' é uma boa surpresa em capturar as aflitivas noites em claro de um escritor iniciante, sentado diante do cursor piscante de um programa de texto do computador, e a frustração de ter a sua profissão enxergada com indiferença, ou como sendo apenas um hobby, por aqueles que mais deveriam incentivá-lo. Escrito por Brian Klugman e Lee Sternthal, que também dirigem, o roteiro propõe o dilema moral de Rory que, durante a sua viagem de lua-de-mel à Paris com Dora (Zoe Saldana), descobre o velho manuscrito de um livro escondido dentro de uma pasta. Encantado pela qualidade do misterioso trabalho, o escritor dá início ao que seria somente um exercício de palavras fluindo por entre seus dedos, mas que se torna plágio depois da esposa ler e adorar o material, insistindo na sua publicação. Ao invés de contar a verdade, Rory toma o manuscrito como sendo "de sua autoria" e obtém um sucesso editorial sem precedentes, inevitavelmente facilitando a publicação da sua obra mais intimista, antes reputada impublicável. Eis que surge o real autor da obra, o ressentido idoso vivido por Jeremy Irons que poderá por em cheque a carreira meteórica do protagonista. Narrando literalmente a história, está o renomado escritor Clay Hammond (Dennis Quaid), que diante de uma plateia de ávidos fãs, dentre eles a enigmática Daniella (Olivia Wilde), inicia um diálogo entre realidade e ficção que ultrapassa as páginas da sua nova obra. Através do formato metalinguístico de um livro dentro do outro, os diretores eficazmente descrevem a personalidade dos autores simplesmente pela maneira com que contam as suas histórias: se Clay é de uma dicção fria e distante, reforçada na direção de arte impessoal do seu grande duplex, o personagem de Jeremy Irons tem a eloquência imponente, pausada de quem aprendeu a escolher meticulosamente as palavras e investindo em doses equilibradas de sarcasmo e melancolia. Revelando um crescente desapontamento ao ser exaltado pelo sucesso de um livro que não escreveu, o que a boa e discreta atuação de Bradley Cooper reforça nos sorrisos embaraçados, Rory percorre um caminho de auto-martírio auxiliado pela sabida recusa da história em se aprofundar em sub-textos já conhecidos. Afastadas as consequências criminais e a reprovação midiática e social caso o plágio viesse à tona, a narrativa explora o íntimo de Rory ao se enxergar literariamente inferior ao autor original e as suas inúteis tentativas de remendar o passado. A propósito, ignore o restante do parágrafo se você ainda não assistiu ao filme, se você enxergar que Clay e Rory são a mesma pessoa - uma dentre duas interpretações, não um fato -, é oportuno destacar o mau-caratismo da versão mais velha do cara que, não contente em só furtar o trabalho de outro, ainda escreve um livro de ficção sobre um tema autobiográfico. Introduzindo detalhes que acentuam a verossimilhança da narrativa (a garota que lê o livro de Rory no ônibus e o aparelho de audição do velho escritor), rimas visuais (o mesmo enquadramento de Clay e Rory de costas discursando em direção a uma plateia) e um instante poético que, embora improvável, uma vez que facilitaria desmascarar o plagiador, indica o retorno da obra às mãos do seu autor, a narrativa ainda conta com a fotografia acertada de Antonio Calvache, retratando mediante cores lavadas o envelhecimento das memórias, porém sem esquecer o caráter lúdico nelas existente.Exibindo a realidade do universo editorial para aspirantes a escritores e uma punição bem mais amargurante do que se poderia esperar do crime de plágio, As Palavras tem elementos de um bom livro, faltando-lhe somente aquela pequena fagulha existente nas grandes obras que faz com que as devoremos compulsivamente, página após página." (Cinema com Critica)
Also Known As Pictures Benaroya Pictures Animus Films Serena Films Waterfall Media
Diretor: Brian Klugman
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Date 01/12/2013 Poster - ####